O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 362

O Ponto de Vista do Vilão

Segurando a cabeça, Frey tropeçou para frente.

"Que diabos esses desgraçados me fizeram beber?! Algum tipo de álcool?"

Ele questionou—mas rapidamente rejeitou a ideia.

"Não... isso é impossível. Álcool não afeta corpos de Pessoas Despertas."

Não podia ser álcool. Se fosse, ele não estaria sentindo dessa maneira.

"O que... diabo está acontecendo comigo?!"

A dor aumentava a cada passo. Em breve, ele mal conseguia caminhar.

"Clana... precisamos sair daqui. Agora."

Ele já tinha tido o bastante. Estava cansado daquele lugar. Mas quando chamou por ela—

"Clana?"

—não houve resposta.

"Clana?!"

O pânico o atingiu como um raio. Ele empurrou a multidão, gritando o nome dela—mas ninguém parecia se importar. Em vez disso, o puxaram como se fosse um deles, rindo e dançando ao redor dele como se ele pertencesse àquele lugar.

A dor de cabeça piorou ainda mais, como se algum tipo de magia tivesse sido lançada sobre ele.

"Droga! Onde você está?!"

Ele segurou alguém que achava ser ela—apenas para ver Ada Starlight encarando-o confusa.

"O que raios—?!"

Ele automaticamente recuou, só percebendo ao olhar de relance que era uma garota completamente diferente que continuava na festa, impassível.

"Estou tendo alucinações..."

Ele continuou cambaleando pela multidão, cercado por maniacos que ainda bebiam aquele líquido vermelho espesso.

"A bebida..."

"A bebida..."

"A bebida..."

’Licor vermelho pegajoso... uma substância capaz de me deixar assim...’

"A bebida..."

"A bebida!"

"A bebida!"

"Uma coisa imunda está passando pelas minhas veias, se misturando com meu sangue..."

"O sangue!"

"O sangue!"

"O sangue!"

Enquanto a palavra ressoava em seus ouvidos, Frey finalmente percebeu algo importante.

"Sangue...?! Sangue demoníaco?!"

Seus olhos se arregalaram ao segurar imediatamente a boca, percebendo que o que tinha bebido estava contaminado com sangue demoníaco agora retorcendo-se dentro dele.

Ele tentou vomitar instantaneamente—mas já era tarde demais.

Quando Frey se levantou de novo, a antiga loucura que ele tinha enterrado durante sua época na Seita das Sombras começou a retornar à tona.

O mundo girou ao seu redor mais uma vez e, para seu choque, viu Smiley e Sad dançando com entusiasmo próximos—agora juntando-se a Angry.

As estranhas estátuas dançavam de alegria, como se finalmente tivessem sido libertas.

Atrás deles, sentado a uma mesa redonda com um copo do mesmo drink na mão, estava o Engenheiro de olhos azuis, levantando seu copo em direção a Frey.

Em um acesso repentino de raiva, Frey avançou e deu um soco no Engenheiro, fazendo-o voar até se chocar contra outra mesa.

Mas quando Frey olhou novamente... ficou pasmo ao encontrar um estranho ali, inconsciente após o soco.

Virando-se mais uma vez, Frey viu uma turba de Abominações com Foice marchando pelo cômodo, algumas atacando humanos de vez em quando sem aviso.

"Parece que estou ficando louco..."

Ele recuou cambaleando, desorientado, até trombar com alguém mais.

"Quem é agora?!"

Ele virou com raiva na direção da figura—apenas para se deparar com seu próprio rosto.

"Você!"

"Sou Frey!"

Era outro Frey, com cabelo preto—uma versão dele dos dias dentro da Seita das Sombras.

Então, um terceiro homem esbarrou neles.

"Ei! Não fiquem aí parados como idiotas!"

"Frey!" gritaram tanto o primeiro quanto o segundo Frey em uníssono, reconhecendo o terceiro—Frey antes da transmigração, aquele que viveu uma vida miserável antes de acordar neste mundo.

"Vocês não conseguem ficar quietos por um minuto? Tô tentando relaxar aqui."

Os três encararam confusos o quarto Frey—o Escritor. O homem que tinha criado a história e vivido a vida perfeita que sempre quis.

Agora, os quatro estavam sentados à mesa, se olhando desconfiados.

A quebra de silêncio veio do Frey Escritor.

"... Meu romance está arruinado."

"Cala a boca," interrompeu o Frey de cabelo negro. "Se seu idiota não tivesse escrito essa porcaria, a gente nem estaria aqui pra começar!"

"Por que você está brigando com ele?" defendeu o Frey pré-reencarnação. "Não tinha como ele saber que isso ia acontecer."

"Estamos em apuros, pessoal..." suspirou o Frey atual, compartilhando do mesmo desespero.

"O Rei Demônio está nos observando... tem um Engenheiro jogando com nosso destino... e agora ele tenta despertar algum rei sem nome dentro de nós?! Que tipo de loucura amaldiçoada é essa?!"

"Não quero ver esse Rei Sem Nome entre nós," comentou o Frey Escritor, concordando com seu alter ego.

"Mas o que podemos fazer mesmo?" disse um deles. "Por mais que resistamos a esse destino, continuamos na nossa trilha... Nem o suicídio funcionou..."

"É uma maldição, pessoal."

Todos pularem assustados quando um zumbi estranho jogou um cérebro dissecado na mesa.

"Quem diabos é você?!"

Os quatro Freys gritaram juntos, enquanto o zumbi os encarava com raiva.

"Sou o Frey que vocês enterraram na terra, seus babacas!"

Seus olhos apodrecidos brilhavam de raiva.

"Idiotas... vocês realmente tinham que me desenterrar assim?!"

O zumbi virou-se para o Frey atual, dirigindo-se diretamente a ele.

"Tudo isso é sua culpa! Sua mãe não lhe ensinou a nunca beber coisa que estranho te dá?!"

"Eu—"

" Cala a boca, seu bêbado!"

O Frey zumbi grovou e coçou o crânio—apenas para lembrar que estava vazio.

"Por Deus, malditos todos vocês..."

"Ninguém se mexa!!"

De repente, o Frey da Seita das Sombras gritou assustado, chamando a atenção dos outros.

"Acho que deixei o Balerion por aí..."

Sua voz tremia de pânico enquanto o Frey zumbi jogava seu cérebro nele com nojo.

"Perdeu sua espada?! Tá achando que é ruim?! Olha só isso!"

O Frey zumbi levantou o tronco do braço esquerdo, revelando uma ferida fétida e podrida.

"Você perdeu a lâmina—eu perdi a mão inteira! E várias outras partes vitais também!"

Ele abaixou a cabeça, fazendo os demais fazerem o mesmo—só para recuar de choque com o vazio entre as pernas do zumbi.

"A vida não foi gentil com os mortos-vivos..."

Sentado entre eles, o zumbi deu uma longa golada na bebida da mesa e olhou diretamente para o Frey atual.

"Escuta, mano... Sei que você está começando a perder a cabeça com tanta pressão..."

Apontando para os outros com o único dedo restante na mão direita, o Frey zumbi falou, com sangue escorrendo da boca.

"Você ainda está na fase inicial da jornada. O que viu aqui, e o que virá—quer nesse lugar, no Império ou em qualquer outro—o destino não vai poupar você. Mas lembre-se disso, Frey."

Ele engoliu mais um gole da bebida estranha, falando sem parar.

"Você é você. Nunca perca sua essência."

"..."

Frey quis dizer algo—but permaneceu em silêncio.

"... Hora de acordar. Boa sorte, mano."

Sem aviso, todas as outras versões de Frey desapareceram, e uma luz ofuscante virou seu mundo de cabeça para baixo, levando-o a mergulhar na escuridão.