
Capítulo 352
O Ponto de Vista do Vilão
Capítulo 352: Mais escuro que o preto (1)
O que separa a vida da morte?
O que distingue um humano de uma besta?
Na verdade, as diferenças são claras e bem conhecidas.
Mas quando se trata de uma terra amaldiçoada governada pela lei da selva—onde poucos escolhidos são favorecidos enquanto o restante é deixado para apodrecer no inferno—nada disso importa.
Aqui, no continente dos Ultras, a lei da selva reina suprema.
Batalhas brutais até o limite da morte são a norma...
E só os fortes sobrevivem.
...
...
...
"Não pare! Estamos sem tempo para lutar!"
"Deixa eu dilacerá-los, porra!"
Cercados por um grande grupo de inimigos...
Dois homens avançaram, rompendo tudo o que estivesse no caminho enquanto a perseguição ficava mais intensa.
Danzo liderava, vestindo a armadura prateada completa, quebrando paredes de edifícios uma após outra com força bruta, seguido de perto por Ragna, empunhando uma lança enorme quase do seu tamanho.
Do outro lado, os Ultras tinham atacado implacavelmente por dias.
"Venham! Eu tô aqui, seus filhos da puta!"
Ventos violentos se erguiam ao redor da lança de Ragna enquanto ele desferia golpes de corte após corte, atravessando os perseguidores e manchando o chão com o sangue sujo deles.
Embora tivesse abatido muitos, mais e mais continuavam vindo desde que ele e Danzo caíram na armadilha nesta cidade desolada dos Ultras.
Ragna insistia em lutar, mas Danzo puxava-o à força, recusando-se a deixá-lo parar.
"Te falei pra não parar de correr, seu idiota!"
"Vamos acabar com eles!"
"É exatemente isso que eles querem, seu retardado!"
À medida que o cerco se fechava, Danzo liberou sua aura, deixando os músculos incharem ao máximo. Uma energia explosiva pulsava através de sua armadura de dragão prateada.
"Manobra de Luz: Punho Rasgador do Céu!"
Ele atingiu o solo da cidade com força devastadora, reforçado por sua armadura de dragão, causando uma explosão maciça.
O impacto provocou um terremoto sentido por toda a cidade, derrubando casas e soterrando os Ultras que os cercavam.
Usando a fumaça e a poeira como cobertura, Danizo e Ragna desapareceram, deixando os Ultras circulando uma cratera gigante e vazia.
Não levou muito tempo até que eles começassem a gritar de raiva, percebendo que a presa havia escapado.
Um tumulto caótico estourou—alguns até começaram a se atacar.
"Encontraram eles!!"
"Procure em todos os lugares!!"
Os Ultras dispersaram como cães raivosos, desesperados para recuperar sua presa em fuga.
Mas a presa não tinha ido longe...
Na verdade, Danzo tinha imediatamente corrido para dentro de um prédio, escondendo-se com Ragna, bem sob o nariz de seus perseguidores.
Agora, seguros no porão da antiga estrutura, assim que o perigo passou...
Danzo deu um soco em Ragna, jogando-o contra uma parede, os olhos ardendo de fúria.
"Que diabo está errado com você?! Luta? Elimina eles? Quem você acha que é?!"
Pegando Ragna pelo colarinho e levantando-o, Danzo estremeceu de raiva pelo primeiro companheiro que encontrou desde a teleportação caótica.
Ragna também estava furioso.
"Quer fugir? Então vá sozinho!"
Ele quebrou a pegada de Danzo, gritando insensatamente, apesar do risco de serem descobertos.
"Você não ouviu o que aqueles filhos da puta disseram?! Está fingindo que não ouve?! Fala pra mim, Danzo!!"
"..."
Danzo ficou em silêncio enquanto Ragna continuava.
"Foi o Lawrence, Danzo... Aquele filho da mãe do Lawrence é o chefe deles! É o nome do cara que matou meu pai!"
Danzo instantaneamente se lembrou do ataque imperial aos Ultras—o dia em que Isaac Cloud, o pai de Ragna, foi morto.
Depois, disseram que era um monstro chamado Lawrence por trás de tudo... Um nome que agora ouvia novamente de boca dos perseguidores.
Desde aquele momento, Ragna tinha ficado completamente insano. Mas, diferente dele, Danzo permaneceu racional.
"E aí? O que você pretende fazer?"
"Matá-lo, é claro!!"
"E exatamente como vai fazer isso?" perguntou Danzo, frio.
Em resposta, Ragna cravou sua lança enorme no chão, enviando uma storm de vento selvagem que tremeu a sala.
"Tenho a lança do meu pai... Wynnyd, a Lança das Tempestades. Vou matar aquele maldito com ela!"
Uma das cinco lanças lendárias—Wynnyd, classificada como S+—que lhe fora deixada por seu pai.
Ragna estava consumido pelo desejo de vingança, mas Danzo segurou-o pela nuca e forçou-o a encará-lo olho no olho.
"Escuta aqui!"
Controlando seu amigo furioso com força, Danzo falou de forma impaciente.
"Quem você acha que lutou contra aquele Lawrence no dia do ataque?"
"..."
"Foi meu pai! E o seu pai! Meu pai, vestindo esta maldita armadura de dragão prateada—e seu pai, empunhando aquela maldita Lança da Tempestade que você fica se gabando!"
"Dois guerreiros de patente S+ completamente armados não conseguiram derrotá-lo! O que espera alcançar com sua força patética?!"
Danzo não conseguiu segurar o impulso de socar Ragna enquanto gritava:
"Vingar é ótimo—inclusive o melhor! Mas o que você está planejando não é vingança... é suicídio, seu filho da puta!"
Ofegante, Danzo tentou impedir Ragna de fazer uma jogada imprudente.
Ele entendia. Se seu próprio pai tivesse morrido naquele dia em vez de o dele, talvez também não tivesse conseguido se segurar.
Mas mesmo assim... ele tinha que pará-lo.
"Controle-se, cara. É isso que seu pai teria querido? Você morrer de forma tola depois dele?"
"E o que é que você sabe?!!"
BOOM!
Danzo deu outro soco em Ragna, segurando-o firmemente.
"O que eu sei é que se você for, você vai morrer. E já que estou aqui, não vou deixar que isso aconteça—mesmo que eu precise te espancar até parar ou arrastar seu corpo inconsciente. Então ou você para com essa loucura... ou eu te enterro aqui e agora!"
Em resposta à ameaça de Danzo...
Ragna apertou a Lança da Tempestade, Wynnyd, com força, o maxilar tenso e um olhar furioso para Danzo, que encarava de volta com uma expressão séria de morte.
Mas o confronto nunca aconteceu.
Ragna relaxou sua pegada.
Danzo o deixou ir.
Derrotado e frustrado, Ragna caiu no chão, baixando a cabeça.
"O que eu tenho que fazer, Danzo? O assassino do meu pai... ele está tão perto. Mais perto do que nunca. Pode ser que eu nunca mais tenha essa chance."
Tudo isso—cada reviravolta—foi um acidente. Se não fosse aquela armadilha, eles nunca teriam pisado neste continente amaldiçoado.
Mas o mundo costuma ficar pequeno. E agora, Ragna estava ao alcance do homem que levou seu pai embora.
"O que eu faço agora?"
Ele continuava perguntando.
Até que Danzo respondeu.
"Viva, Ragna. Viva."
Removendo a armadura do dragão prateado, Danzo sentou-se diante do amigo.
"Tenho certeza que era isso que seu pai gostaria. Viva, torne-se mais forte e depois busque sua vingança novamente—do seu jeito."
...
Aquela foi a última conversa entre eles.
Ficaram em silêncio, perdidos em seus pensamentos.
Ambos permaneciam escondidos, esperando o perigo passar antes de se moverem novamente.
...
...
...
Dez dias no Continente dos Ultras...
Não passou muito tempo, mas foi suficiente para muita coisa acontecer.
Especialmente quando o suprimento da classe de elite acabara de forma assustadora. Nem todos eram monstros com corpos estranhos que não sentiam fome nem cansaço.
Humanos têm seus limites—e alguns já estavam quebrando.
Mas aqueles dois eram exceções claras.
"Ei, achou alguma coisa?"
Daemon Valerion perguntou enquanto vasculhava um dos edifícios administrativos dos Ultras que tinha encontrado por acaso.
"Cessa de perguntar e foca."
"Tenho que fazer algo com esse seu tom de voz."
Ghost também procurava, escaneando o local inteiro enquanto ignorava os montes de corpos ao redor.
Depois de se reencontrarem, os dois formaram uma equipe improvável, invadindo o lugar na esperança de encontrar algo—qualquer coisa—que pudesse ajudá-los a voltar para casa.
Mas os resultados foram decepcionantes.
"Nada útil. É tudo sobre transfusões de sangue amaldiçoadas e experimentos que eu não entendo."
Daemon lançou um palavrão, chutando um armário de metal que voou pelo ar.
"Vamos ter que se mexer."
Ghost também não tinha encontrado nada.
"Você quer procurar pelos outros?"
Ghost assentiu.
"Certo."
"Na verdade, a maioria desses idiotas é peso morto que só vai atrasar meu caminho... Ghost Umbra, você realmente quer procurar por eles?"
Daemon caminhou calmamente até Ghost, estudando-o.
"Você não é assassino? Acha que assassinos trabalham sozinhos?"
Ele não se importava de ter Ghost na equipe—ele era forte, útil, confiável.
Mas o mesmo não se podia dizer do restante.
Se fosse por Daemon, ele formaria um grupo só com aqueles que considerasse dignos—e deixaria o lixo para trás.
Mas nem ele era louco suficiente para fazer algo assim abertamente.
Esperando que Ghost compartilhasse da mesma ideia, foi pego de surpresa quando o assassino silencioso levantou o braço de repente, revelando uma tatuagem brilhante—a mesma que a bruxa Selina tinha marcado nele.
"Um de nossos companheiros está por perto. Vamos encontrá-los."
Ignorando completamente as palavras de Daemon, Ghost focou em seu objetivo, sem dar importância a mais nada.
Especialmente agora, quando a marca de Selina estava brilhando novamente...
A mesma marca que ela usou neles durante a teleportação.
Assim que foram teleportados, a marca atuava como um radar—brilhando mais intensamente à medida que membros de classe de elite se aproximavam uns dos outros.
Essa era a forma como Ragna conheceu Danzo antes, e agora como Ghost conheceu Daemon.
O último suspirou em derrota, já tendo desistido de tentar mudar a cabeça de Ghost há muito tempo.
"Faça o que quiser..."