
Capítulo 344
O Ponto de Vista do Vilão
Capítulo 344: O Custo de Alguns (1)
– Ponto de vista de Frey Starlight –
Ainda caminhava pelos desertos infinitos do continente dos Ultrass, avançando enquanto uma tempestade de areia violenta uivava ao meu redor, destruindo tudo em seu caminho.
Mas mesmo assim, não parei. Envolvi uma parte da minha roupa ao redor do rosto, deixando apenas os olhos expostos, e segui adiante através da areia cegante.
Já se passavam quatro dias desde que me afastei dos outros estudantes após nossa batalha contra a bruxa Beatrice.
Aquilo tinha sido uma correria louca, procurando por eles sem parar, mas não encontrei nada. Nenhum rastro.
Existem poucas pessoas neste mundo cuja morte realmente me abalaria. As mais próximas de mim eram tão poucas que eu poderia contar com os dedos de uma mão.
Ironicamente, a maior parte delas agora estava entre os outros estudantes de elite...
Não sou do tipo que desmorona se as pessoas ao meu redor morrem de repente. Já fui ficando insensível depois de perder aqueles que amava, uma e outra vez.
Mas não podia aceitar a ideia de perder os poucos que ainda restavam.
Passei a me esforçar, passo a passo, enfrentando a tempestade, recusando-me a parar.
Sempre que tinha oportunidade, abria a interface do sistema para verificar como eles estavam...
Pontos de Afeição:
Snow Lionheart: 50
Sansa Valerion: 75
Danzo Smasher: 50
Ghost Umbra: 50
Esses eram os únicos quatro cujos pontos de afeição ultrapassavam 50, o que significava que eu ainda podia localizá-los usando a habilidade Visão em Terceira Pessoa.
Foi assim que confirmei que todos estavam vivos.
Mas saber a localização deles era outra história completamente. Todo o terreno aqui neste maldito continente parecia igual.
Continuei fixando meu olhar nos nomes na tela, mesmo com a areia batendo no meu rosto.
Às vezes, hesitava em usar a habilidade, com medo do que poderia encontrar. Medo de que estivessem mortos. Despedaçados pelos Ultrass. Não conseguia tirar esses pensamentos da cabeça.
Mas lá no fundo daquele coração ansioso, eu sabia que era um hipócrita.
Pois ainda estava agarrado à Máscara do Sem Nome. Ainda lembrava do Rei Sem Nome, aquele que um dia enfrentou Agróth pessoalmente.
E em algum lugar no meu coração exausto, eu o temia mais do que temia perder meus amigos.
Se as pessoas que me importavam fossem morrendo uma a uma... o que restaria de mim?
Conheço a mim mesmo melhor que qualquer um. Se isso acontecesse, eu me tornaria nada além de uma máquina de matar fria e insensível... incapaz de me importar com alguém novamente.
E isso... é a própria definição de um homem.
Um rei sem um traço de emoção — Sem Nome.
Quanto mais eu me assemelhasse a ele, mais alguma coisa dentro de mim começava a morrer. Tinha medo de estar perdendo a mim mesmo pouco a pouco.
Talvez isso seja exatamente o que o de olhos azuis desejava... aquele que conhecia o meu futuro e o pavimentava a qualquer custo.
Diante de um poder tão imenso, tudo o que eu podia fazer era lutar contra a corrente do destino que continuava me levando a novos sofrimentos, na esperança de que o que eu tinha fosse suficiente.
Nunca consegui escapar do meu próprio pessimismo — essa mentalidade amaldiçoada que sempre transformava meus piores pensamentos em realidade. Isso me dava insônia. Esses olhos meus já viram horrores suficientes para durar uma vida inteira...
Então, em um momento passageiro, meus olhos caíram sobre outro nome — um que tinha deixado de lado.
Pontos de Afeição:
Ada Starlight: 99
Minha irmã Ada, o último membro da minha família. A única que tinha tanto carinho por mim...
Me perguntei como ela estaria do outro lado.
Como ela estaria lidando com tudo? Ela tentaria me salvar?
“É claro que tentaria.”
Com um sorriso suave, continuei avançando, sem perceber a tempestade que se desenrolava pelo mundo afora...
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...
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O desaparecimento dos estudantes do templo — da geração mais forte — não foi pouca coisa.
Uma guerra entre o Império e os Ultrass já era inevitável. O que aconteceu só acelerou o processo.
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– Baía de Shezclar –
Parte do Mar Demoníaco que separa os dois continentes... localizada na costa leste do continente dos Ultrass.
Essa baía era conhecida por sua neblina constante — tão densa que bloqueava toda a visibilidade durante todo o ano.
Normalmente, permanecia silenciosa, repleta de criaturas de pesadelo que nadavam livres abaixo.
Mas agora, aquela calma foi quebrada.
Mesmo a neblina espessa não podia mais esconder o que se aproximava.
Pela primeira vez na história, a Baía de Shezclar virou um campo de batalha... uma zona onde exércitos se preparavam para se destruir.
A poderosa frota do Império, com seus navios colossais projetando sombras enormes sobre o mar, havia rompido corajosamente as defesas navais dos Ultrass, colidindo com eles em alto mar.
Por horas incontáveis, o estrondo dos canhões mágicos de longo alcance e dos estilhaços de morte ecoou sem parar.
As criaturas de pesadelo que vagavam pelos mares fugiram aterrorizadas, incapazes de compreender a loucura dos humanos tão ávidos por se matar.
“Ataquem, seus inúteis! Sei que vocês ainda têm carga de balas — foi eu quem deu pra vocês, droga!”
Iris Sunlight gritou do mastro principal do navio capitânia da família Sunlight, sua barba em chamas dançando com o vento. A própria família tinha assumido o comando desse ataque repentino.
“Ataquem!”
Com cada comando, as balas de canhão rasgavam o céu como chuva, bombardeando o inimigo de cima.
Ao mesmo tempo, as mãos de Iris inflamaram em fogo enquanto ele lançava bolas de fogo explosivas com o próprio corpo... transformando-se numa artilharia ambulante, destruindo navios inimigos sozinho.
Mas eles não eram os únicos atacando.
Os Ultrass retaliaram com força igual, causando danos pesados em troca.
“Droga…”
Iris cerrou os dentes, fixando o olhar na batalha caótica.
Centenas de navios Imperiais enfrentando centenas de Ultrass, que se recusavam a deixá-los avançar sequer um centímetro.
Iris tinha ido às linhas de frente assim que soube do que tinha acontecido com seus filhos — e com seu sobrinho.
Mas, para sua surpresa, parecia que a frota inimiga havia estado esperando por ele.
“Iris! A situação está feia!”
Ele virou-se para a voz ao seu lado — um jovem vestido com um traje de combate vermelho, com cabelos vermelhos ardentes e patch de um olho.
Era Gal Varion Sunlight, vice-comandante da família Sunlight e pai do Fênix Sunlight.
“Gal... o que aconteceu?”
Com uma expressão sombria, Gal apontou para o oeste.
“Tem algo destruindo nossos navios naquela direção.”
Iris estreitou os olhos, tentando enxergar através da densa névoa. Então, viu — destruição varrendo aquele flanco.
“Que diabos está acontecendo?”
*Raaaaaaaagghhhhhh!!*
Antes que pudesse compreender a situação, um grito monstruoso, que cortou sua garganta como uma lâmina, perfurou seus ouvidos.
Em sintonia perfeita com aquele grito amaldiçoado, um dos navios foi dilacerado em pedaços.
Então, ele viu.
Um cavaleiro de armadura escura, carregando uma espada colossal nas costas.
Ele pulou no mar, correndo loucamente pela superfície com três membros — seu corpo desafiando a lógica enquanto o oceano se tornava seu campo de caça.
Com um único golpe, destruiu outro navio e massacrou todos a bordo.
Aquele cavaleiro não era uma criatura comum.
Era um dos Vazios.
Era Pontífice Sulyvahn.
Assim como destrói tudo ao redor, o Pontífice estava pronto para continuar sua matança — até que uma grande rajada de fogo o atingiu do céu, empurrando-o centenas de metros para trás.
Caiu ileso, encarando furiosamente Iris, que agora pairava no ar, acima da batalha.
“Então, você é a pessoa que eles estavam falando? O Vazios, ou seja lá o que for você.”
O corpo de Iris inflamou com um calor ardente, fazendo o mar sob ele ferver.
“Então queime no inferno!”
Canalizando uma torrente de chamas, Iris lançou uma bola de fogo do tamanho de um meteorito direto no Pontífice, com o objetivo de apagá-lo da face da Terra.
Mas Sulyvahn rugiu e pulou no ar, sua espada envolta em aura escura.
Com um golpe, ele dividiu a bola de fogo em duas e continuou avançando rapidamente.
Naquele instante, Gal Varion apareceu ao lado dele e deu um soco semelhante a um míssil na lateral do Pontífice.
O impacto o fez voar novamente.
Gal, ainda no ar, olhou assustado enquanto Sulyvahn se levantava... completamente ileso.
“Tenha cuidado, Gal. Esse filho da mãe é de nível SS+.”
“Já tinha percebido isso, irmão.”
Ignorando a barragem incessante de balas sobre suas cabeças, os irmãos Sunlight focaram atenção no monstruoso Pontífice, que rosnou e investiu contra eles.