
Capítulo 345
O Ponto de Vista do Vilão
Capítulo 345: O Custo de Alguns (2)
Passaram-se dias desde o início da guerra.
Já haviam sido perdidas incontáveis vidas.
E, no meio da batalha incessante, ninguém percebeu que o sangue lentamente começava a subir dos cadáveres deixados para apodrecer — agora nada mais do que cascas vazias, secas e sem vida.
Aquele sangue elevou-se ao ar, formando uma massa celestial colossal que pairava sobre o campo de batalha.
Ela cresceu tanto que até mesmo os guerreiros abaixo começaram a notar.
A esfera impregnada de sangue girou lentamente por um longo tempo...
...até explodir — a seu comando.
O sangue caiu do céu como uma tempestade carmesim.
Mas aquelas gotas não eram água — eram sangue concentrado que explodia no instante em que tocava seus alvos.
A névoa gradualmente tornou-se carmim, tingida pelo enorme número de mortes causadas pela chuva de sangue que detonava pelo campo, massacrando centenas de uma só vez.
A parte mais assustadora era como o sangue dos mortos se reunia novamente, formando outra esfera de sangue, repetindo o ciclo de maneira brutal, gerenciado por uma única pessoa.
"Ah... que tédio."
Sentada na proa de uma das embarcações inimigas, impassível diante dos gritos e choros ao seu redor, a Rainha do Sangue Evelyn reclamou da situação.
A mulher que uma vez surgiu nua do estômago de um homem agora vestia uma armadura negra completa. Seus cabelos pretos e o rosto limpo expunham a tatuagem de aranha no pescoço.
Ao suspirar, um relâmpago em forma de uma flecha gigante atingiu e destruiu a embarcação à sua esquerda, mas ela não reagiu.
Seus olhos rubros vasculharam o campo de batalha até se fixarem em um homem com cabelo loiro bem penteado segurando um arco enorme — aquele que foi responsável pelo ataque anterior: Ivar Valerion.
"Um combatente de classificação SS..."
Sua mirada mudou novamente, agora focada em uma mulher de roupa esfarrapada, usando um capacete dourado e com cabelos vermelhos.
"Outro lutador de classificação SS..."
Além deles, só haviam os velhinhos da Luz Solar.
"Nenhum deles é atraente."
Com um movimento de mão, outra esfera de sangue surgiu das vidas ainda escapando ao seu redor.
Entre as embarcações do Império, havia uma pertencente à família Moonlight, carregando seu atual Senhor — Frost Moonlight.
A princípio, ele parecia interessante para ela, mas logo perdeu o interesse.
"Ele vai morrer após uma ou duas rodadas."
Frost, que havia acabado de alcançar a classificação S, não era atraente o suficiente, e ordens haviam sido dadas para mantê-lo vivo — alguém mais queria ele assim.
"Isso é tão entediante."
Com uma expressão carrancuda, Evelyn questionou por que ela havia vindo até ali.',
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"Seria melhor ficar com minhas brincadeiras."
"Vejo que a Rainha do Sangue já se cansou desta batalha."
Evelyn virou-se ao ouvir a fumaça de um homem grande e enfaixado aparecer atrás dela do nada.
"E quem é você?"
Ela o observou de cima a baixo, meio sorrindo.
’Ele vai durar um pouco... mas é feio.'
Como se tivesse lido seus pensamentos, o homem musculoso se apresentou rápidamente.
"Meu nome é Gvardiol, o empíreo designado ao Lorde Godfrey."
"Empíreo? Você?"
Evelyn ficou surpresa. O estranho que estava diante dela era claramente de classificação SS, colocando-o em igual pé de igualdade com ela e os demais senhores.
Gvardiol confirmou com um aceno de cabeça.
"Exato."
Fazia pouco sentido alguém de seu poder ser apenas um empíreo, mas Evelyn rapidamente perdeu o interesse ao perceber que estavam do mesmo lado.
"Então, por que veio aqui, Gvardiol, Empíreo? Acho que foi bem claro quando mandei aqueles malditos senhores ficarem pelo menos três naves distantes de mim."
Ela reclamou alto enquanto Gvardiol se desculpava com um sorriso humorístico no rosto grotesco.
"Peço desculpas, peço desculpas... Aquele arqueiro explodiu minha nave há um tempo, e acabei vindo parar aqui por acidente."
"Então saia daqui."
Ela deu um movimento casual com a mão, como se ele fosse uma pulga irritante.
Mas ele permaneceu no lugar, encarando o campo de batalha caótico, abalada por explosões e cadáveres gritando, engolidos pelo mar.
O exército do Império continuava avançando graças ao seu número esmagador. Os Ultras tinham menos da metade do tamanho deles, e sua única esperança era confiar nos combatentes de elite. Ao lado do Pontífice e de Evelyn, estavam Madame A, o Hollow Smough e Gvardiol.
"Estranho, não é? Como a vida nos lembra constantemente que as vidas humanas nunca são iguais."
Gvardiol apontou para o número crescente de cadáveres.
"Nós os massacrámos, trucidamos seus parentes, destruímos suas terras... e eles mal reagiram."
"Mas agora—agora eles iniciam uma guerra só porque sequestramos algumas crianças que nem representam 0,1% da população deles."
Ele riu, continuando:
"Um filho de imperador. Um herdeiro de lord. Uma escolha da igreja. Nomes que carregam tanto peso para seus líderes que ofuscam as dezenas de milhares de vidas restantes, perdidas sem nem pestanejar."
"Fico pensando em como os povos comuns daquele Império devem se sentir, sendo forçados a lutar por ordens de pessoas que nem sequer olharam na direção deles. Hehehehe—"
"Ei."
O monólogo de Gvardiol foi interrompido por Evelyn, cuja aura carmesim sufocante inflamou diante dele.
"Não te avisei pra sair já?"
Enfrentando a pressão esmagadora dela, Gvardiol não demonstrou sinais de medo. Pelo contrário — parecia acolhê-la, rindo alto.
"Desculpe, desculpe! Vou sair do seu espaço pessoal, milady."
Apesar da postura cortês, Gvardiol respondeu à sua pressão com a sua, liberando uma onda de aura negra.
Mas ele não era burro o suficiente para provocar uma luta interna.
Ninguém ainda.
Com um sorriso sujo e persistente, Gvardiol deixou o navio de Evelyn, deixando-a sozinha mais uma vez.
"É exatamente por isso que odeio esses nobres de sangue azul."
Evelyn suspirou, continuando a conjurar mais esferas de sangue.
"É melhor eu encontrar alguém para brincar... ou eles não vão gostar do que farei a seguir."
Ela atacou de longe, enquanto o Pontífice segurava a linha de frente.
Embora o Império avançasse lentamente, graças ao número esmagador de suas forças...
As perdas deles não eram pequenas. Pior ainda, o ritmo era lento demais para uma missão que exigia urgência — especialmente ao tentar resgatar um grupo de jovens cujo paradeiro eles nem sequer sabiam se ainda estavam vivos.
As palavras que Gvardiol proferiu antes não estavam erradas...
Quantos maridos deixaram suas esposas para trás?
Quantos pais abraçaram seus filhos pela última vez antes de marchar para a guerra?
Quantos sonhadores tiveram suas esperanças roubadas, morrendo em vão — destruídos por uma bala de canhão ou assassinados por um inimigo que eles nunca chegaram a ver?
Era essa a guerra que os líderes do Império haviam imposto ao povo do nada.
Confirmava o que Gvardiol havia dito...
As vidas humanas nunca eram iguais.
"Por que está demorando tanto?"
Sem aviso, toda a atmosfera mudou repentinamente. Uma tempestade violenta rugiu no céu, descendo do alto.
"Seus inimigos estão na sua frente... então por que ainda não estão mortos?"
Com cada palavra, serpentes de relâmpagos explodiam pelo céu, enquanto todos os olhos se voltavam para a aura aterrorizante que se aproximava deles.
Um homem solitário permanecia ali — vestindo uma armadura dourada majestosa de cabeça aos pés, empunhando uma lança assustadora numa mão, e uma outra feita de pura eletricidade na outra.
O imperador — Maekar Valerion — finalmente entrara no campo de batalha.
Seus olhos dourados olhavam de cima para os Ultras abaixo.
Com um simples gesto, relâmpagos caíram como serpentes furiosas, destruindo a frota dos Ultras de forma brutal.
Os golpes de relâmpago continuaram, um após o outro, enquanto Maekar incinerava seus inimigos sem misericórdia... virando a maré da batalha sozinho.
"Vamos acabar com essa farsa... de uma vez por todas."
Com essas palavras, Maekar desceu sobre os Hollow e os demais senhores, enquanto o Império desdobrava todo seu poder em uma investida final e implacável.