O Cão Louco da Propriedade do Duque

Capítulo 143

O Cão Louco da Propriedade do Duque

Capítulo 143. Assuma Total Responsabilidade

Na manhã seguinte, o distrito central da academia, onde se erguia o grande auditório, fervilhava com mais estudantes do que nunca.

'Devido ao número esmagador de participantes, prosseguiremos com um sistema de sorteio!'

'Por favor, mantenham a ordem adequada, como esperado dos orgulhosos estudantes da academia.'

'Os sorteios estão sendo realizados por ordem de chegada! Qualquer tentativa de furar a fila resultará em desqualificação do sorteio...'

A magnitude da multidão refletia a reputação imponente de Caron. Os estudantes estavam comprimidos ombro a ombro, seus rostos iluminados pela expectativa de ouvir a palestra de um herói.

Em meio à agitada multidão, uma figura suspirou pesadamente. Era Caron.

'Ugh. Isso não é bom', murmurou para si mesmo.

'O que você acha?', perguntou o Diretor Octavio, esfregando as mãos ansiosamente. 'Você sente o quanto nossos alunos estavam esperando por você?'

Caron balançou a cabeça em desaprovação ao ouvir a bajulação do diretor. Ele respondeu: 'Não, isso não é bom'.

'Perdão?', perguntou Octavio.

'Não era isso que eu queria', respondeu Caron.

Ele queria ser visto como um encrenqueiro cujo próprio nome fizesse todos tremerem de medo. Mas, a essa altura, parecia que ele tinha ido longe demais para realmente se tornar um encrenqueiro. Sua imagem estava muito distante disso.

Ainda assim, ele não se deixou sentir muito desapontado. Mesmo que o céu desabasse, sempre havia um caminho. A palestra de hoje era uma oportunidade—uma chance de eliminar seus rivais logo no início. Isso sozinho já seria uma vitória considerável.

Halo também deve ter grandes expectativas de mim, pensou Caron.

Não havia decepção maior do que ver alguém que antes era considerado inteligente cometendo um erro.

Caron sabia que ainda tinha tempo. Se ele seguisse seu plano passo a passo, chegaria o dia em que ele se tornaria o maior encrenqueiro do império.

'Ah, certo. Diretor', disse ele.

'Sim, Sr. Caron?', perguntou Octavio.

'Os membros fundadores do Clube da Reforma já devem ser suficientes, certo?', perguntou Caron.

'Absolutamente! Você excedeu os requisitos. Já coloquei as coisas em movimento para estabelecê-lo assim que sua palestra terminar', explicou Octavio.

O diretor se lembrou da lista que Caron lhe havia entregue naquela manhã—uma lista dos famosos encrenqueiros de cada ano. Ele não sabia por que os herdeiros de casas nobres notórias por sua arrogância haviam se inscrito em um clube sobre reformar a si mesmos, mas uma coisa era certa.

'Um intruso desconhecido invadiu os dormitórios, Diretor. Você deve convocar a Guarda Imperial imediatamente e conduzir uma investigação completa sobre este assunto sério...'

As histórias que os guardiões do dormitório haviam compartilhado com ele estavam, sem dúvida, conectadas a isso. No entanto, ele os havia descartado sem pensar duas vezes. Quem era o culpado não importava. O resultado sim.

Minha vida depende dele agora, pensou Octavio.

Caron era sua última esperança. Se a palestra especial de hoje corresse bem, e se ele pudesse suavizar as coisas com a Família Ducal de Leston, então seus sonhos de estender seu mandato não seriam uma mera fantasia.

Enquanto o diretor vagava em doces visões de sucesso, Caron observava os estudantes com uma expressão calma.

...Que estranho, pensou ele.

Hoje deveria ser um dia alegre—o dia em que ele reuniria todos os encrenqueiros da academia de uma só vez. Mas algo o fazia se sentir incrivelmente inquieto. Parecia que algo estava cutucando seus sentidos a manhã toda.

'Eu dormi muito bem', murmurou Caron para si mesmo.

Depois de espancar completamente os encrenqueiros do dormitório, ele havia dormido profundamente por oito horas seguidas. Seu corpo se sentia ótimo, bom demais para essa sensação perturbadora ser apenas uma questão de humor. A experiência o ensinou que um sentimento como esse sempre tinha uma causa.

Balançando a cabeça lentamente, ele se virou para o diretor e perguntou: 'Tem havido assassinatos por toda a capital ultimamente. A academia está segura?'

'A academia sempre foi proibida para estranhos, exceto para funcionários e estudantes. Mesmo armas não são permitidas aqui, exceto para alguns cavaleiros autorizados', explicou Octavio.

A academia, situada perto do Palácio Imperial e da Torre de Magia, era um dos lugares mais fortemente protegidos da capital.

'Desde a sua fundação, nunca foi exposta a ameaças externas', acrescentou Octavio com confiança.

'Só porque um escudo não foi perfurado não significa que nunca será. A complacência sobre a segurança é perigosa', retrucou Caron.

Talvez não fosse nada. Talvez seus instintos estivessem errados. Mas tais assuntos eram melhor tratados com certeza.

Observando os estudantes entrarem no auditório, Caron perguntou calmamente: 'Quantos entraram até agora?'

'Cerca de mil estudantes entraram até agora', respondeu Octavio.

'O auditório comporta 1.500 pessoas, então está cerca de dois terços cheio', observou Caron.

'Sim, Sr. Caron. Não deveria entrar e começar a se preparar para sua palestra especial em breve?', perguntou Octavio.

'Eu não estou escalado para começar logo, então não há necessidade de pressa', respondeu Caron.

Ele havia trazido um convidado especial para a ocasião—uma conexão que ele havia formado há quatro anos, alguém que ele havia conhecido durante sua última visita à capital. Essa pessoa havia dito que cuidaria da parte inicial da palestra, o que deu a Caron muito tempo. Era melhor ser minucioso quando seus instintos gritavam que havia algo errado.

Caron assentiu para si mesmo e chamou Plutão.

Miau.

'Faça o seu trabalho, Plutão', instruiu Caron.

A pequena criatura inclinou a cabeça em reconhecimento e mergulhou nas sombras entre os estudantes, desaparecendo em um instante.

Com os olhos arregalados em admiração, Octavio perguntou: 'Você também aprendeu magia?'

'Algo assim', disse Caron com indiferença. 'De qualquer forma, Diretor, por que você não entra? Eu vou observar os estudantes um pouco mais antes de entrar'.

'Eu realmente não deveria—'

Um olhar afiado de Caron o paralisou. Octavio estremeceu e assentiu, então disse: 'Entendido'.

O diretor pensou que Caron tinha que ter uma razão e, portanto, não precisava de uma explicação. Inclinando-se profundamente, Octavio correu para dentro do auditório.

Agora que Caron estava sozinho, ele ouviu uma voz familiar ecoando em sua mente.

'Dono, não há mana negra aqui.'

'Esse é o problema', murmurou Caron.

'Por que?'

'Significa que a ameaça não é algo que previmos', explicou Caron.

Seu olhar se voltou para um estudante do sexo masculino próximo que parecia tenso e com os olhos inquietos, olhando ao redor como se esperasse que algo terrível acontecesse.

Caron estreitou os olhos e disse: 'Vamos dar uma olhada nele'.

Se era um mero sentimento ou uma ameaça genuína em uma nova forma, ele pretendia descobrir. Então, com um aceno decisivo, ele começou a caminhar.


Os estudantes que haviam entrado ansiosamente no grande auditório, esperando ouvir a palestra de um jovem herói, foram recebidos por uma visão totalmente bizarra.

'Espera... O que é aquilo?', murmurou um estudante.

'Não é ele? Bourbon, o lixo do quarto ano?', outro sussurrou em descrença.

'E ali... Parece ser Garfield, a escória da academia'.

Os encrenqueiros mais notórios da academia estavam sentados na primeira fila.

Mas o que chocou os estudantes ainda mais foi o estado de suas cabeças—completamente raspadas, brilhando sob as luzes enquanto eles se sentavam rígidos e subjugados. Era uma imagem que nenhum dos espectadores poderia ter imaginado, e sussurros de espanto se espalharam pelo salão enquanto os participantes tomavam seus assentos.

Em meio aos murmúrios, o Diretor Octavio subiu ao palco, sua expressão de profunda satisfação enquanto examinava a multidão.

'Bom dia, alunos. Estou honrado em apresentar alguém muito especial para vocês hoje', começou ele, sua voz amplificada pelo conjunto de magia sonora que preenchia todos os cantos do auditório.

'Antes de conhecermos nosso distinto convidado, gostaria de dar as boas-vindas a um de nossos graduados mais renomados, alguém com uma mensagem para compartilhar com todos vocês. Por favor, deem as boas-vindas ao filantropo em ascensão, Drogol Kian!'

Aplausos estrondosos irromperam quando um homem com um sorriso ligeiramente envergonhado subiu ao palco.

Era Drogol Kian, que já foi famoso como o delinquente mais desprezível da capital, um descendente da Casa Kian e uma ex-vítima das surras implacáveis de Caron. Mas agora, ele era um filantropo que liderava inúmeros esforços de caridade.

'Saudações, meus jovens amigos', disse Drogol alegremente, exibindo um sorriso que revelava dentes brancos brilhantes contra sua pele profundamente bronzeada.

O auditório irrompeu em aplausos. Não era surpreendente, porque Drogol havia sido recentemente eleito o 'Ex-Aluno Mais Admirado' pelos estudantes.

'Depois de todo esse tempo, ainda sou uma pessoa terrível, então inicialmente recusei o convite da academia. Mas... Eu não pude dizer não para aquele que mudou minha vida', continuou Drogol.

Os estudantes murmuraram, com os olhos arregalados. Todos sabiam que Drogol já havia estado entre os piores encrenqueiros da história da academia. Agora, vê-lo transformado era um espetáculo surpreendente.

Drogol olhou para a multidão, relembrando a bagunça de seu passado.

E então—

Creeeeaak.

As portas do auditório se fecharam e um homem entrou. Mesmo à distância, sua presença era inconfundível.

Era Caron Leston. O próprio homem que havia colocado Drogol no caminho da reforma.

'Me decepcione e você morre.'

Drogol estremeceu com a lembrança indesejada do que Caron lhe havia dito. Ele havia vivido a vida de um encrenqueiro uma vez. E aquele que o havia guiado para o caminho certo, mesmo depois que ele vagou imprudentemente pelo mundo sem perceber seus perigos, era essa mesma pessoa.

Caron o havia espancado até a inconsciência, apenas para trazê-lo de volta com uma poção para continuar espancando-o.

O medo que sentia superava qualquer gratidão. Drogol ainda acordava em suores frios de pesadelos daquele dia, quatro anos atrás. Ele não ousava imaginar que horror fresco poderia se desenrolar se ele não correspondesse às expectativas ali, de pé na frente de todos.

Com um sorriso que mal escondia seu pânico, ele começou: 'Há apenas uma coisa que quero dizer a vocês hoje: vivam uma vida da qual não se envergonhem. Deixem-me compartilhar um pouco da minha história...'

Suor escorria por sua testa enquanto ele falava. O descontentamento de Caron era um risco que ele não podia correr. Ele não sabia que tipo de desastre varreria este lugar se o fizesse.

'...As pessoas cometem erros ao longo de suas vidas', disse Drogol, sua voz ecoando pelo grande auditório. 'Alguns aprendem com seus erros e crescem. Outros, como eu, teimosamente os repetem sem nunca refletir'.

Mesmo que estivesse se dirigindo aos estudantes, os olhos de Drogol permaneceram fixos em Caron.

Aparentemente tendo notado o olhar de Drogol, Caron acenou de volta calorosamente, até mesmo exibindo um sorriso.

Era um sorriso que instantaneamente aguçava os sentidos de alguém.

Drogol cerrou o punho e o ergueu bem alto, despejando fervor em suas próximas palavras. 'Mas tudo mudou quando conheci um certo benfeitor. Uma dor esmagadora me transformou em um novo homem! Dizem que as pessoas não mudam facilmente, mas isso é mentira! As pessoas podem mudar facilmente. Reforma? Não é difícil!'

A atmosfera tomou um rumo estranho, quase febril. Naquele momento, trinta estudantes de cabeça raspada na primeira fila pularam de seus assentos, aplaudindo com entusiasmo selvagem.

'Reforma! Reforma!'

'Vivam com retidão!'

'Amem o próximo!'

Os delinquentes mais notórios da academia—agora cantando slogans de virtude—atraíram olhares arregalados do resto dos estudantes. Alguns se perguntaram o que diabos havia acontecido com eles da noite para o dia.

'Todos!', gritou Drogol. 'A transgressão sempre leva à punição!'

O auditório se transformou em algo semelhante a uma reunião de reavivamento fanático.

Envolvido no fervor, Drogol gesticulou para um menino com o rosto inchado sentado na frente. O menino hesitou antes de caminhar penosamente para o palco.

Era Engel Leroy—o mesmo menino que Caron havia esbofeteado no dia anterior.

Apontando dramaticamente para a bochecha machucada de Engel, Drogol declarou: 'É assim que a punição se parece! E através disso, Engel se tornará uma nova pessoa! Você não acha que pode mudar? Não se preocupe! Nós temos a resposta. O método é simples—apenas leve uma surra! Alguns bons tapas e qualquer um entrará em seus sentidos!'

O Diretor Octavio e o Professor Ulysses, observando das laterais, empalideceram visivelmente. Eles se perguntaram se isso poderia ser chamado de palestra. Eles podiam sentir isso instintivamente.

Indenização... Quanta indenização eu poderei receber?, pensou o diretor.

Querida, me desculpe. Acho que estou prestes a ficar desempregado, pensou Ulysses.

Murmúrios de descrença varreram os estudantes.

Então, Drogol apontou dramaticamente para um homem na multidão e gritou: 'Agora, deixe-me apresentar o homem que salvou minha vida, meu maior mentor e o herói do império—Caron Leston! Por favor, deem a ele uma recepção estrondosa!'

O auditório irrompeu em aplausos.

Caron finalmente subiu ao palco, saudado por aplausos tão altos que abafaram o caos anterior.

'Olá. Prazer em conhecê-los, alunos da academia', disse ele com um sorriso calmo e caloroso. Ele olhou ao redor, absorvendo a multidão, então disse em uma voz suave, mas dominante: 'Por favor, ouçam atentamente o que estou prestes a dizer'.

Após uma breve pausa, Caron emitiu um aviso aos estudantes. 'Estou fechando este auditório agora. Vocês devem seguir minhas instruções se quiserem permanecer vivos'.