
Volume 1 - Capítulo 86
O Sistema de Auto-Salvamento do Vilão Escória
Zhuzhi-Lang não viu com os próprios olhos o primeiro encontro entre Tianlang-Jun e Su Xiyan, pois estava na fila para comprar um livro recém-lançado de um autor famoso a pedido de Tianlang-Jun.
Originalmente, ele não era tão curioso assim. Mas depois disso, Tianlang-Jun ficou nesse estado por um longo tempo:
Enquanto o transportava em sua forma de serpente, Tianlang-Jun dizia do alto de sua cabeça:
“Em todos os roteiros que vi, as donzelas do mundo humano eram todas gentis e atenciosas. Pensei que todas as donzelas eram assim também. Mas descobri que fui enganado. Oh, Zhuzhi-Lang, não se pode assistir a peças assim demais.”
Na próxima vez, Junshang já teria esquecido suas próprias palavras de que "não se pode assistir a peças assim demais", e diria com entusiasmo:
“Eu pareço alguém que não consegue levantar as próprias mãos? Tipo, estou tão pobre que nem tenho dinheiro para a passagem de volta para casa?”
Enquanto Zhuzhi-Lang lavava suas roupas, Tianlang-Jun se agachava ao seu lado graciosamente e dizia:
“Zhuzhi-Lang, como está meu rosto? Não sou bonito? Em geral, quando donzelas jovens veem um rosto como o meu, não se comovem imediatamente?”
Zhuzhi-Lang sacudia e torcia as roupas até secá-las antes de pendurá-las em um bambu. Enquanto atendia respeitosamente a Tianlang-Jun, ele pensava silenciosamente em todos aqueles roteiros bagunçados que vira junto com Junshang. Ele não poderia falar por ninguém além dele, mas a maneira como Junshang se comportava agora era mais parecida com aquelas donzelas cujo coração havia sido conquistado.
Assim, ele não pôde deixar de sentir curiosidade.
Na imaginação de Zhuzhi-Lang, uma donzela que frequentava sozinha uma cidade deserta onde abundavam demônios, que mandou Tianlang-Jun levar suas gracinhas para outro lugar e não ser um empecilho enquanto ela estava se livrando do mal, e que até jogou para Tianlang-Jun três moedas de prata para suas despesas de viagem de volta para casa depois de acabar de matar demônios… mesmo que ela não fosse grande e corpulenta, com ombros largos e cintura farta, ela ainda teria pelo menos um bom físico e um brilho assassino nos olhos.
Até que ele encontrou a culpada que fez Tianlang-Jun refletir sobre si mesmo e o atormentou por dias, Zhuzhi-Lang descobriu que ela não era nada do que ele havia imaginado.
Tianlang-Jun gostava de vagar pelo mundo humano. Vagabundear pelo mundo humano custava dinheiro, mas ele nunca se lembrava de levar dinheiro junto. Assim, Zhuzhi-Lang lembrava para ele. No entanto, ele não tinha noção de dinheiro e nunca sabia como se controlar quando se tratava de gastar dinheiro. Ele apostava mil peças de ouro em um único lance sempre que sentia vontade e Zhuzhi-Lang não conseguia pará-lo. Gastar dinheiro dessa forma tornava difícil lidar com isso mesmo que ele carregasse uma montanha de ouro e prata todos os dias, e, eventualmente, haveria momentos em que seus fundos ficariam lamentavelmente baixos.
Enquanto esses dois visitantes estrangeiros estavam de pé, vermelhos de vergonha na rua, uma donzela alta de preto com uma espada nas costas passou por eles.
Tianlang-Jun disse: “Pare.”
Ao passar, a donzela ergueu levemente as sobrancelhas. Um sorriso malicioso surgiu nos cantos de sua boca, e ela parou.
Tianlang-Jun disse: “Quando você encontra alguém que sofreu uma injustiça, você não deveria desenbainhar sua espada e ajudar?”
A outra parte disse: “Eu poderia considerar desenbainhar minha espada, mas terei que me recusar a afrouxar as cordas da minha bolsa de dinheiro[1]. Você ainda não me devolveu aquelas três taéis de prata que emprestei a você outra vez para suas despesas de viagem.”
Tianlang-Jun disse: “Eu? São apenas três taéis de prata. Tudo bem, se você me emprestar mais três, você pode me comprar por três dias.”
Ela se recusou categoricamente: “Você parece alguém que não consegue levantar ou carregar nada, nem fazer nenhum trabalho físico ou distinguir arroz de trigo[2]. De que adianta te comprar?”
Depois de observar por tanto tempo, Zhuzhi-Lang disse francamente: “Zhushang, essa senhora… provavelmente acha você muito caro.”
Tianlang-Jun ser desprezado por alguém não era novidade; às vezes, as empregadas e guardas que o serviam também o evitavam secretamente, especialmente quando ele lia em voz alta com grande emoção. Mas nunca ao ponto de ser rejeitado mesmo com o preço reduzido a três taéis.
Tianlang-Jun disse: “Vamos esquecer o resto. Mas meu rosto não vale três taéis de prata?”
A outra parte engasgou, examinou seu rosto por um tempo e depois riu: “Mhm, com certeza vale.”
Um movimento de sua mão revelou um pesado lingote de ouro.
Desde então, os gastos de Tianlang-Jun no mundo humano foram como uma inundação rompendo uma represa, tornando-se cada vez mais descontrolados a ponto de se tornar insuportável. Ele tinha encontrado uma patrocinadora rica. Desde que Zhuzhi-Lang tirasse uma bolsa bordada vazia com uma expressão embaraçada, ele batia na porta daquela patrocinadora rica alegremente e sem hesitação.
Zhuzhi-Lang sempre sentiu que algo estava errado, como se algo tivesse sido invertido.
Por que Su Xiyan parecia o filho de uma família rica e prestigiada em toda aquela literatura dramática?
Por que Tianlang-Jun parecia uma jovem mimada e ingênua que havia fugido de casa?
E por que ele era tão parecido com uma pequena e prudente criada enviada como parte do dote de sua jovem patroa para atendê-la e fazer suas tarefas?
Zhuzhi-Lang tentou lembrar Junshang de enfrentar essa aberração e recuperar sua dignidade como soberano dos demônios, mas Tianlang-Jun gostava da relação de manter alguém e ser mantido. Ele derramou toda sua paixão pela humanidade, por mais cega que fosse, em uma única pessoa.
Su Xiyan era realmente uma pessoa implacável, mas também intrigante.
Quando eles se encontravam, ela os levava para encontrar todos os tipos de coisas raras e ir a todos os tipos de lugares interessantes: os livros proibidos que Zhuzhi-Lang não conseguia encontrar, o estranho Lingzhi crescendo em uma caverna escondida, o lago com águas como orvalho de cristal fluindo e a cortesã não muito famosa que tocava o pipa com habilidade e beleza. E quando não se encontravam, ela desaparecia por dez a quatorze dias sem deixar rastros.
Sem fazer barulho, sem mostrar sua paixão, sem expressar seu anseio. Ela tinha seus próprios planos, e ela fazia tudo observando friamente de camarote.
Por causa de sua metade de ascendência de serpente, Zhuzhi-Lang tinha o instinto natural de um animal. Ele podia sentir vagamente que essa pessoa se aproximando deles era um assunto extremamente perigoso.
Ela não era moldada na mesma forma das demônios que eram todas encantadoras ou fascinantes; ela era séria, focada e até parecia gentil e refinada. No entanto, ela realmente só “parecia ser gentil”; Zhuzhi-Lang não ousava dizer se poderia ter vantagem sobre ela quando o derramamento de sangue realmente começasse.
Por baixo da superfície daquela gentileza havia arrogância e indiferença, suas ambições selvagens escondiam seus esquemas. Como a segunda pessoa no poder no Palácio Huan Hua, ela ocupava uma posição elevada e frequentemente comandava milhares de pessoas. Desde os tempos antigos, as quatro grandes seitas, incluindo o Palácio Huan Hua, eram inimigas dos demônios. Para eles, Su Xiyan era uma pessoa muito perigosa.
Zhuzhi-Lang relatou todas as informações que havia reunido a Tianlang-Jun, mas Tianlang-Jun não estava preocupado.
Uma vez que ele ficava obcecado por algo, ele se esquecia de tudo sobre vida e morte e colocava todos os seus ovos em uma cesta só. Não era que ele não soubesse, mas que ele nunca duvidou dela.
O preço que ele pagou por “nunca duvidar” foi ficar preso sob a Montanha Bailu por mais de dez anos em total escuridão, sem chance de justiça e redenção.
“Eu quero matar humanos.”
Nestes dez anos, esta foi a frase que Tianlang-Jun repetiria mais vezes. No entanto, a coisa que Tianlang-Jun mais gostava era a humanidade; ele nunca havia matado um ser humano antes.
Sem uma forte fonte de energia demoníaca para manter a forma humana de Zhuzhi-Lang, ele havia voltado à sua forma meio-serpente. Cada vez que Tianlang-Jun o via rastejando com dificuldade no chão, ele lhe jogava uma palavra: “Sai fora.”
“Seu rastejar é muito feio”, disse ele.
Zhuzhi-Lang então se contorcia silenciosamente para encontrar um lugar que não fosse exposto à luz do sol e da lua e continuava a praticar sua habilidade enferrujada de rastejar.
O temperamento de Junshang havia piorado além da imaginação, mas Zhuzhi-Lang não tinha forças para ficar com raiva ou ressentido.
O que o “sai fora” de Tianlang-Jun realmente significava era para ele ir embora para o reino dos demônios, para ir embora para Nan Jiang, para ir embora para sua antiga casa, para ir embora para qualquer lugar, exceto ao lado de Tianlang-Jun.
Tianlang-Jun não conseguia tolerar que outros o vissem em um estado tão patético e miserável, onde ele não conseguia nem pedir por vida nem buscar a morte. Ele havia nascido o príncipe mais honroso do reino dos demônios. Ele nunca sofrera dificuldades e sempre fora calmo e elegante; ele rejeitava qualquer coisa grosseira que pudesse prejudicar sua imagem, e ele até tinha uma leve obsessão por limpeza. Ele não gostava de coisas feias, mas na verdade, a maneira como ele estava agora era muito mais feia do que qualquer outra pessoa.
Coberto de sangue e preso sob setenta e duas correntes de ferro e quarenta e nove feitiços poderosos, ele só podia assistir seu corpo apodrecer e cheirar mal a cada dia. No entanto, ele ainda estava extremamente lúcido e nem conseguia desmaiar mesmo que quisesse. As pessoas do mundo da cultivação não conseguiam matá-lo, então fizeram o possível para torturá-lo. Talvez a forma meio-serpente feia de Zhuzhi-Lang parecesse ainda melhor do que a de Tianlang-Jun nesse estado.
Zhuzhi-Lang não conseguia mais falar depois de sua degeneração, então Tianlang-Jun começou a falar sozinho. Quase metade do tempo todos os dias, ele repetia os diálogos e árias daquela literatura dramática. Às vezes, enquanto Tianlang-Jun cantava, as palavras ficavam subitamente presas em sua garganta. Zhuzhi-Lang sabia então que essa devia ter sido uma das peças que Su Xiyan os levou a ver.
No entanto, após um período de silêncio, Tianlang-Jun de repente continuava em voz ainda mais alta. A melodia persistente era arrastada por muito tempo naquela voz rouca dele enquanto reverberava no vale desabitado – prolongada e triste.
Zhuzhi-Lang não conseguia falar, então não conseguia dizer a ele para “parar de cantar”. Ele não conseguia levantar as mãos, não conseguia tampar os ouvidos, não conseguia parar de ouvir essa voz. Dessa maneira, ele começou a entender o que realmente significava ser “impotente”.
Já que você está com o coração partido, já que você está sofrendo, então por que se forçar?
A única coisa que ele podia fazer era perseverar dia após dia. Ele usava sua boca para segurar as folhas que continham a água do Lago Lu e, pouco a pouco, limpava as feridas no corpo de Tianlang-Jun que nunca cicatrizariam.
Nesses dez anos, eles nunca souberam da existência de Luo Binghe. Su Xiyan não conseguiu ascender a uma posição de poder como esperavam e, em vez disso, desapareceu sem deixar rastros. Por muito tempo depois de serem libertados da prisão, eles ainda não descobriram nada sobre ela.
Assim, quando Zhuzhi-Lang viu aquele rosto pela primeira vez em Nan Jiang, ele ficou tão chocado que esqueceu a tarefa que lhe foi confiada. Depois de uma luta, ele voltou imediatamente para relatar a Tianlang-Jun.
E assim, houve a batalha no Mausoléu Sagrado.
Depois de cuspir Shen Qingqiu de sua boca e colocá-lo no chão, Tianlang-Jun olhou para Zhuzhi-Lang, que estava concentrado em abanar o carvão, e perguntou: “Você acha que ele se parece mais comigo ou com ela?”
Zhuzhi-Lang entendeu o que esse “ele” e “ela” significavam. Ele disse: “Junshang não disse antes? Parece com sua mãe.”
Tianlang-Jun balançou a cabeça e riu: “Isso foi apenas eu fingindo ser frio…”
Na verdade, todos sabiam que o apego e a dependência de Luo Binghe pelos seres humanos, bem como sua teimosia e sentimentalismo ao se lançar para frente e nunca recuar, eram mais parecidos com Tianlang-Jun.
Apoiando o queixo em uma mão, Tianlang-Jun olhou para Shen Qingqiu, que tinha os olhos fechados, e suspirou: “Mas ele é muito mais abençoado do que eu.”
Foi realmente uma sorte que o homem de quem Luo Binghe nunca se desgrudaria fosse uma pessoa como Shen Qingqiu. No mínimo, Shen Qingqiu definitivamente não reuniria todo o mundo da cultivação e prenderia Luo Binghe sob a Montanha Cang Qiong.
Além disso, apenas duas pessoas neste mundo nunca olharam para aquela aparência horrível de Zhuzhi-Lang com horror e aversão. Um era Tianlang-Jun, e o outro era Shen Qingqiu.
Tianlang-Jun perguntou: “E daí? Você quer roubar essa bênção?”
Depois de olhar por um tempo, ele finalmente entendeu o que Tianlang-Jun quis dizer. Seu rosto ficou vermelho de vergonha: “Junshang!”
Tianlang-Jun disse: “Só o leve. Nós somos todos demônios, não precisamos ser tão específicos sobre isso. Além disso, vocês são primos, do que você tem medo? O Senhor Mobei da geração anterior roubou abertamente a esposa legítima de seu próprio irmão mais novo também.”
Zhuzhi-Lang respondeu: “Eu nunca tive esse pensamento!”
Tianlang-Jun perguntou curioso: “Então por que você está corando?”
Zhuzhi-Lang disse tolerantemente: “Junshang… Talvez se você não me fizesse caçar tantos daqueles livros, ou me pedisse para olhar para eles junto com você, ou me forçasse a revisar constantemente lendo em voz alta, então este subordinado definitivamente não coraria.”
Isso sempre fazia coisas estranhas ecoarem em seus ouvidos, tanto que ele não conseguia olhar diretamente para o Mestre Imortal[3] Shen com a consciência limpa.
Ele entendeu por que Tianlang-Jun sempre gostava de provocá-lo assim. Por trás da provocação, ele também estava o sondando e o incentivando.
Desde o dia em que foram libertados da Montanha Bailu, Tianlang-Jun não tinha planos de usar esse corpo a longo prazo, nem tinha planos para o futuro.
Mas quando ele viu Shen Qingqiu, Tianlang-Jun realmente sentiu que podia respirar aliviado. Ele pensou: “Finalmente tem alguém para cuidar desse sobrinho bobo.”
Um cabeça-dura como Zhuzhi-Lang só girava sua vida em torno dos outros, e não por si mesmo. Se houvesse outra pessoa que ele pudesse seguir, ele não estaria tão perdido e sozinho no mundo depois que Tianlang-Jun se atormentasse até a morte. Ele sentiu que Shen Qingqiu era uma pessoa decente para seguir, independentemente do tipo de “seguir”.
Com essa misteriosa paz de espírito, Tianlang-Jun tornou-se cada vez mais atrevido e desperdiçou grandes quantidades de sua energia demoníaca. A degeneração e a deterioração de seu corpo cresciam a cada dia, com um braço ou um dedo ou outras partes do corpo frequentemente se rompendo. Zhuzhi-Lang estava pressionado a encontrar uma maneira de consertá-lo.
Desta vez, ele tentou usar linha e agulha para costurar seus membros. Tianlang-Jun deixou que ele segurasse seu braço e o costurasse. Ele disse: “Sua intuição sempre foi muito precisa.”
Zhuzhi-Lang respondeu afirmativamente. Tianlang-Jun disse: “Então, entre eu e Luo Binghe, quem ganharia e quem perderia?”
Após um momento de silêncio, ele disse sem pressa: “Mesmo que você não diga nada, eu também sei. Eu estou destinado a perder.”
Zhuzhi-Lang mordeu o fio e deu um nó.
Tianlang-Jun disse meio brincando: “Por que você não segue o Senhor do Pico Shen a partir de agora? Se ele puder cuidar de Luo Binghe, não importaria cuidar de você também.”
Zhuzhi-Lang disse: “Vamos apenas dormir, Junshang.”
Tianlang-Jun ainda estava falando bobagens: “Você não vai para a tenda do Senhor do Pico Shen esta noite para remover o fio QingSi? Você me ouviu perguntando a ele hoje se ele e Luo Binghe tinham cultivado em dupla, e pela expressão dele, eles definitivamente não tinham. Quem ataca primeiro ganha a vantagem, sabe o que eu quero dizer?”
Zhuzhi-Lang fingiu não ouvir e se curvou para tirar suas botas, mas suas mãos ficaram vazias. Tianlang-Jun dobrou as pernas e colocou as botas em cima da pele de uma fera. Ele perguntou com um rosto sério: “O que posso fazer para esmagar sua autoestima e desanimá-lo para que você se afaste de mim com o coração partido?”
Zhuzhi-Lang disse: “Depois de ver tantas peças e roteiros, esta cena não é mais novidade. É impossível para você esmagar a autoestima deste subordinado. Então, vamos apenas dormir, Junshang.”
Tianlang-Jun disse: “Não estou com vontade de dormir tão cedo. Vá depressa para a tenda do Senhor do Pico Shen. Irei vê-los mais tarde.”
Zhuzhi-Lang disse sem jeito: “Junshang, você é muito teimoso.” Em causar problemas, deixando sua imaginação correr solta e dando conselhos ruins.
Tianlang-Jun disse: “Não tenho sido tão teimoso por tantos anos? Então, como é? Você quer considerar me deixar?”
Era como se Junshang estivesse bêbado hoje, sua habilidade de deixar as pessoas sem palavras – de fazê-las incapazes de chorar ou rir – era dez vezes mais intensa. Zhuzhi-Lang balançou a cabeça, estendeu a mão em cerca de cinco ou seis tentativas para pegar suas botas antes de finalmente pegá-las e tirá-las à força. Ele repetiu: “Vamos dormir, Junshang.”
Tianlang-Jun foi empurrado para a cama e coberto com um cobertor contra sua vontade. Ele comentou: “Você está ficando cada vez mais como uma mãe.”
Ele suspirou: “Você acha que seu tio estava apenas tirando sarro de você? Você não me pediria para parar, e você não pensaria em uma rota de fuga. Zhuzhi-Lang, se você continuar assim, o que acontecerá com você no futuro?”
“Como esperado, eu ainda não consigo odiar os humanos.” Foi o que Tianlang-Jun disse a Shen Qingqiu.
Quando ele ouviu isso, o coração de Zhuzhi-Lang estava realmente um pouco feliz por ele.
Junshang finalmente havia admitido seus pensamentos sinceros e inabaláveis. Ele não precisava mais se forçar a fingir.
No meio das pedras que caíam, Tianlang-Jun murmurou: “Ai, Zhuzhi-Lang, você realmente não está bonito assim.”
Não havia necessidade de reclamar. Ele pensou, ainda tinha um pouco de força sobrando, o suficiente para aguentar um pouco mais. Ele não deixaria Junshang morrer junto com ele. Não havia necessidade de se preocupar que morrer junto com ele lhe faria perder pontos estéticos.
Quando a Serra Maigu se transformou em poeira e fumaça com um estrondo estrondoso, uma grande serpente mergulhou no rio Luo cintilante.
Na verdade, Shen Qingqiu não ouviu o resto das palavras de Tianlang-Jun. Houve uma frase pronunciada baixinho no final, e somente Zhuzhi-Lang a ouviu.
Ele disse: “Mas, por que é tão difícil gostar de uma pessoa?”
Naquela época, Zhuzhi-Lang não conseguiu esboçar um sorriso, nem dizer uma palavra. Ele só conseguia olhar pensativo, mexer a língua e sibilar até que o rosto de Tianlang-Jun estivesse cheio de saliva de cobra.
Ele pensou, era realmente difícil. Mas, não importa o quão difícil fosse, era ainda mais difícil para um coração parar esse amor.
[1] - Taéis de prata: unidade monetária chinesa antiga.
[2] - Distinguir arroz de trigo: expressão idiomática que significa ser inepto ou sem conhecimento prático.
[3] - Mestre Imortal: título honorífico para cultivadores de alto nível no mundo da cultivação.