Capítulo 380

— Perigoso? — Ishakan respondeu, sorrindo. Ele conseguiria matar alguns ladrões, será que ela pensava que o marido era tão fraco?

Lesha, que estava cochilando nos braços de Ishakan, de repente levantou a cabeça. Seu cabelo estava espetado.

— Papai? — ele disse, ainda meio adormecido enquanto olhava para o pai. — Papai!

Ele bateu no peito do pai com sua pequena mão.

— Eu tive um sonho. Sobre aquele presente. O vermelho, para a Mamãe.

Ishakan sempre ficava sério com qualquer menção à Fruta Rubra [1]. Ele ainda não tinha conseguido encontrá-la.

Lesha apontou.

— Ali.

Tanto Ishakan quanto Leah olharam naquela direção. Em direção à caravana.

Ishakan imediatamente deslizou do camelo e entregou Lesha a Leah. Ele sorriu enquanto sua mão ia para a espada curva no quadril.

— Já volto.

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Bachmann, o líder da caravana, era um homem ambicioso.

Quando jovem, já havia alcançado grande sucesso nos negócios, com um talento para farejar onde estava o lucro. Desta vez, seu nariz o havia levado a Kurkan. Era o reino mais perigoso do continente, mas muito atraente, apesar das muitas guerras travadas para libertar os escravos de Kurkan.

Eles haviam vencido todas as guerras que lutaram.

Tendo herdado o sangue de feras, era natural que humanos comuns não pudessem derrotar os kurkanianos. Após sua aliança matrimonial com Estia, eles só aumentaram sua influência.

Poder era um ímã. Havia muitos que queriam buscar parcerias com Kurkan agora, e outros tantos que ainda os desprezavam, apegando-se a um passado onde podiam chamá-los de bárbaros.

A única coisa que Kurkan não era, era ignorada.

Nem Leah De Estia.

Sua fama no continente era grande. O céu lhe havia concedido grande beleza, e os homens mais poderosos do mundo lutavam por seu favor. Embora o Rei de Kurkan tivesse se tornado seu marido, havia muitos que ainda a cobiçavam. A cabeça decepada do Rei de Balkat era um exemplo horripilante.

Mas, embora muitos elogiassem sua beleza, eles também a ridicularizavam secretamente, acreditando que ela só havia se tornado Rainha por causa disso.

Bachmann pensava diferente. Ela não poderia ter mantido uma posição tão tênue apenas com um rosto bonito. Estia havia ascendido a uma glória maior com seu reinado, e ela havia habilmente usado os kurkanianos para fortalecer tanto seu país quanto o deles.

Essa era a prova de suas habilidades políticas, em sua mente, mas Bachmann também estava curioso sobre sua beleza. Ele queria ver seu rosto por si mesmo.

Depois de hoje, no entanto, ele não se importava mais, pois certamente havia visto a mulher mais bonita do mundo.

Aproximando-se do oásis, ele viu uma mulher com uma criança pequena. Qualquer um teria escolhido ficar ali, e a mulher estava desfrutando de um pouco de sossego sob uma palmeira, com uma aura estranha sobre ela.

Como uma miragem no deserto, ele sentiu uma estranha compulsão de se aproximar dela.

Então a tempestade de areia arrancou o véu de seu rosto, e ele ficou abalado até o âmago. Ele nunca em sua vida tinha visto uma mulher tão bonita. Nem mesmo a Rainha de Estia poderia superá-la.

Levou um momento para que ele voltasse a si e, então, ele começou a falar, aproveitando a oportunidade para construir um relacionamento com a mulher.

[1] - Fruta Rubra: Fruto raro e valioso, conhecido por suas propriedades medicinais e rejuvenescedoras.