
Capítulo 21
Casamento Predatório
As criadas, assustadas, congelaram e reagiram tarde demais. A Condessa Melissa agarrou a saia, furiosa, e berrou para ele.
“Que falta de educação!”
Mas assim que Melissa olhou nos olhos de Ishakan, petrificou. Seu rosto ficou pálido, a respiração presa na garganta. O corpo tremia de puro medo. Leah imediatamente se colocou na frente da Condessa Melissa, protegendo-a do seu olhar.
“Ele é o rei.”
Ishakan se virou para Leah. A Condessa Melissa suspirou aliviada ao ver que a atenção se desviara dela. Leah então olhou diretamente em seus olhos.
“Tocar o corpo de um membro da realeza sem permissão é uma falta de respeito em Éstia. Enquanto estiver aqui, gostaria que você seguisse a etiqueta de Éstia.”
As criadas apenas estavam cumprindo seu dever. Ishakan também deveria fazer o mesmo. Mas, surpreendentemente, ele admitiu seu erro.
“Eu errei.”
As criadas, assim como Leah, recuaram surpresas. Elas não conseguiam acreditar que um pedido de desculpas saía tão facilmente da boca de um rei. Nenhum membro da realeza jamais agia assim; admitir um erro significava abrir mão do próprio orgulho.
Mas Ishakan admitiu sua culpa como se fosse nada e olhou gentilmente para Leah. Ela lutou contra a vontade de desviar o olhar e encontrou seu olhar firme.
“Caçar é como uma segunda natureza para os Kurkans…” Ele começou a explicar.
Seus lábios se curvaram em um sorriso. “Então, se você virar as costas para mim, meu instinto natural seria persegui-la e pegá-la.”
Em contraste com seu sorriso relaxado, suas palavras carregavam um significado assustador, causando uma tensão no ambiente. Sua maneira de falar e se comportar era como se Leah fosse uma presa para ele. Mas ela não cedeu. Ela considerou o silêncio uma opção muito melhor do que ter uma discussão sem sentido com ele.
Ishakan a encarou e, lentamente, seus lábios se curvaram em um sorriso.
“Você pode me mostrar o palácio?”
Suas palavras eram como veneno. A noiva de Byun Gyonbaek saindo com o Rei dos Kurkans? Seria a fofoca do século.
Ela tinha certeza de que, se aceitasse, um boato de que o Rei dos Kurkans estava dando em cima da princesa de Éstia se espalharia como um incêndio.
Apesar de estar ciente disso, ela não podia rejeitar seu pedido. Comparado à poderosa arma que Ishakan poderia usar contra Leah, o boato era nada.
Ishakan estendeu a mão, pedindo que ela o escoltasse. Relutantemente, ela colocou a mão sobre a dele em sinal de aceitação.
“Princesa…”
Assustadas, as criadas chamaram Leah. A Condessa Melissa tremeu ao lembrar do medo que sentiu ao confrontar Ishakan.
“Estou bem. Vocês podem ir.”
“Mas—”
“Tenho que entreter o convidado.”
Depois de confortar as criadas apavoradas, Leah guia o caminho enquanto mostra o palácio. Ishakan a seguiu em um ritmo tranquilo. Ela tentou ir para um lugar isolado, mas era impossível evitar completamente os olhares curiosos das pessoas. A cada passo que davam, mais olhares os seguiam.
Para Leah, aqueles olhares pareciam picadas de abelha sem parar.
Ela andou mais rápido. Somente depois de chegar a um jardim silencioso, sua respiração voltou ao normal.
Ao redor, arbustos e moitas escondiam suas figuras dos transeuntes. No meio do jardim, havia uma fonte instalada sobre uma laje quadrada de pedra, da qual a água jorrava serenamente.
A fonte tinha a forma de uma escultura, esculpida por um artista famoso. Essa obra-prima era trabalhada de acordo com a bela forma nua de uma divindade masculina. Por todo o palácio de Éstia, tais obras de arte ficavam sem atenção em jardins.
Ishakan parou quando Leah parou na frente da fonte. Depois de confirmar que finalmente estavam sozinhos, ela se virou e o encarou.
Ao contrário do delicado e finamente adornado palácio de Éstia, Ishakan era forte e selvagem. Ele se destacava contra o esplêndido palácio como uma gota de sangue contra uma pele branca imaculada.
“Você sabia disso desde o início?”
Ishakan ergueu as sobrancelhas, então Leah repetiu sua pergunta, seu rosto sem expressão.
“Estou perguntando se você se aproximou de mim sabendo que sou a princesa de Éstia.”
Fazer essa pergunta exigiu muita coragem. Em vez de se explicar, Ishakan simplesmente disse:
“E se eu disser que sim?”
“…”
Agora que estavam sozinhos, Ishakan imediatamente revelou suas verdadeiras cores, abandonando qualquer pretensão de etiqueta. Sua atitude era grosseira e direta.
Leah não conseguiu responder. Ishakan riu e se aproximou dela. “E se eu soubesse e me aproximasse de você? O que você faria?”
“Estou me perguntando se você vai se aproveitar da minha fraqueza e usá-la contra mim.” Seus olhos brilharam enquanto ele escutava suas palavras com grande prazer, achando tudo o que ela dizia fascinante.
“Ishakan.” Ele interrompeu-a de repente.
Ela não entendeu o que ele quis dizer. Em um tom amigável, ele continuou.
“Não se refira a mim como o rei dos Kurkans. Me chame de Ishakan.”
Era uma ordem ou um pedido? De qualquer forma, ela não tinha escolha, então tentou chamá-lo pelo nome.
“Ishakan…”
Parecia estranho chamá-lo com tanta informalidade. À medida que o nome rolava de sua língua, seu coração disparou. Para esconder sua agitação, ela endureceu o tom.
“Quero que você esclareça suas ações. Você me considera uma princesa?” Ela retrucou calmamente. “Sua percepção de mim vai ditar como devo tratá-lo — seja como o rei dos Kurkans… ou um prostituta.”
Para isso, Ishakan caiu na gargalhada, achando sua explosão bastante adorável. Leah, por outro lado, estava fixada em suas caninas pontudas, que ficaram visíveis quando sua boca se abriu.
“Se eu te pedir para me tratar como uma prostituta, você vai me pagar pelos meus serviços?”
De fato, ele adorava brincar com suas palavras. Leah apertou os lábios e manteve sua ira sob controle. “Eu te darei o quanto você quiser.”