Casamento Predatório

Capítulo 20

Casamento Predatório

Os olhos de Leah se arregalaram levemente, surpresa, mas ela permaneceu impassível. Em segredo, fechou a mão livre, escondida nas dobras da saia, em um punho cerrado.

Os dentes raspando sua pele pareciam lembrá-la da noite que passaram juntos. Chega! Ela retraiu a mão, mas Ishakan agarrou-a com mais força e finalmente afastou os lábios.

Muitos olhos os observavam, mas isso não o impediu de fazer uma saudação tão ousada! A palavra "ousado" nem sequer era suficiente para descrever o ato dele.

Mais ainda, seu rosto sereno e confiante permaneceu, e seu sorriso nem por um instante vacilou. Só a princesa parecia nervosa — o rubor em suas faces era um indicativo claro.

Logo, Ishakan soltou sua mão e, como se estivesse queimada, Leah a envolveu com a outra. O sol do meio-dia estava brilhante, e os lustres do salão pareciam deslumbrantes, cintilando vibrantemente.

Mas o coração de Leah estava envolto em trevas. Sufocado, sentia-se como se estivesse afogando em areia movediça.

♔♔♔

Finalmente, o banquete de boas-vindas chegou ao fim. Leah levantou-se imediatamente de seu assento e, como se um demônio estivesse em seu encalço, deixou o salão às pressas. Não conseguiu se despedir dos nobres como manda o protocolo, mas não se importou.

Com ar petulante, caminhou sem parar, desejando apenas voltar para seu quarto imediatamente, trancar todas as portas e se esconder debaixo dos cobertores. Um forte desejo instintivo de fugir para um lugar seguro era a única coisa compreensível em sua mente naquele momento.

Suas damas de companhia a seguiram rapidamente. Rostos confusos atrás dela, mas Leah manteve o silêncio.

Depois de se confinar em seu quarto, ficou acordada a noite toda. Ela queria dormir, mas, de alguma forma, não conseguia. Os pensamentos sobre o homem causavam um caos em sua cabeça.

A noite que passaram juntos, as histórias que compartilharam e o calor apaixonado — tudo isso a assombrava.

Revolvendo-se na cama a noite toda, mal piscou os olhos.

Ao abrir os olhos no dia seguinte, acordou um desastre. Olheiras eram visíveis mesmo através da espessa camada de maquiagem, que ela tentou esconder com pó compacto.

Então, ela foi para o trabalho.

E, nossa, ela tinha um monte de trabalho a fazer.

Enquanto o acordo de paz estava sendo estabelecido, os Kurkans decidiram permanecer no Palácio Real de Estia. Após o banquete, as duas partes, esperançosamente, chegariam a um acordo completo.

A essa altura, o Rei de Kurkan já havia percebido que o antigo rei de Estia não era páreo para ele. Não havia dúvida sobre isso, pensou Leah com desprezo.

O tratado era a última coisa em sua mente agora — o próximo banquete de boas-vindas para os Kurkans tinha a maior urgência. Só de pensar em encontrar todo tipo de gente, incluindo Byun Gyongbaek na conferência, a deixava tonta.

As perspectivas do tratado planejado seriam deixadas de lado durante o banquete, já que os Kurkans teriam que se misturar com Byun Gyongbaek — uma pessoa atroz que nutria má vontade contra sua gente. Portanto, falar sobre o tratado poderia gerar uma disputa.

Deixando a pena de lado, Leah assinou o último documento em sua mesa. Franziu a testa quando uma forte dor de cabeça a atingiu, dificultando a concentração no trabalho.

Ela se levantou para limpar a cabeça. Caso contrário, cometeria erros, o que garantiria infortúnios irreversíveis.

“Vou sair para respirar um pouco de ar fresco”, anunciou.

A Condessa Melissa, que a estava ajudando, lançou um olhar preocupado. Fazia um tempo que Leah não usava essas palavras. Essa situação estava afetando a princesa.

Leah saiu para um passeio com suas damas de companhia, depois de assegurar a Melissa que estava bem.

Ela caminhou pelo corredor ao lado do pátio e respirou o aroma orvalhado das ervas, que logo acalmou seus nervos.

Leah olhou para o jardim.

No meio das plantas ornamentais, havia um canteiro de açucenas. Os botões de flores brancas dessa planta, que se formavam em cachos, pareciam adoráveis. Um pouco mais de tempo e estariam em plena floração.

Mas, primeiro, essas flores precisavam de cuidados extras. Leah estava prestes a pedir ao jardineiro para cuidar das açucenas quando seu olhar captou uma figura familiar ao longe.

Ao perceber quem era, ela imediatamente congelou. O ar foi arrancado de seus pulmões.

Ele estava lá.

Sob os raios de sol que se espreitavam através das folhas, Ishakan estava encostado em uma árvore, fumando preguiçosamente.

Era sabido que os Kurkans gostavam de fumar tabaco, mas seus cigarros eram diferentes dos do continente. A névoa que se dispersava da fumaça era bastante peculiar. O aroma fresco, mas sutilmente doce, que enchia suas narinas, combinava com ele.

Imediatamente, suas damas de companhia começaram a sussurrar atrás dela.

“É ele o Rei dos Kurkans?”

“Meu Deus. Ele é real? A beleza dele!”

“Mas ele não é muito feroz? Estou com medo dele.”

A Condessa Melissa aproximou-se de Leah e disse: “Princesa, o que devemos fazer?”

Elas tinham que sair dali naquele instante. Porque o relacionamento dela com o homem não era oficialmente conhecido. Mas mesmo que ela já soubesse disso, ela hesitou e olhou para Ishakan.

Ele estava olhando para seus pés quando ouviu as damas de companhia rindo à distância. Então, ele levantou lentamente seus olhos cansados — revelando seus orbes dourados, semelhantes aos de uma águia.

Instantaneamente, seus olhos se encontraram — mas o contato foi interrompido quando Ishakan desviou o olhar dela.

Ele tirou um pequeno maço de cigarros do peito e descartou o tabaco que estava fumando. Enquanto ele se ocupava, Leah adentrou a parte mais sombreada do corredor onde estava anteriormente. O tempo todo, observando atentamente os movimentos do homem.

Alguns passos depois, ele estava fora de sua vista. Leah virou as costas, decidida a deixá-lo em paz.

“Pare por aí.”

Ela estava guiando as damas de companhia para fora do corredor quando, de repente, grandes mãos agarraram seus braços.

“…Ahh!”

Leah gritou e cambaleou quando ele puxou seu braço, fazendo-a bater em seu peito sólido. Ela rapidamente olhou para cima, e seus olhos se encontraram em um instante.

“Para onde você está indo, Princesa?”, disse ele em um tom baixo e malicioso.

Nesta posição, o calor de seu corpo a envolveu. Seu sussurro suave a agitou intensamente.

“Tenho certeza de que você tem algo a dizer.”