Reformation of the Deadbeat Noble

Capítulo 409

Reformation of the Deadbeat Noble

História Paralela – 6 Entrevista Especial

Duas semanas se passaram desde a avaliação intermediária, um dos dois obstáculos para que aprendizes aspirantes se tornem aprendizes oficiais da Academia de Esgrima Krono. O clima durante esse período estava extremamente caótico. Mais da metade dos aprendizes havia criado laços, apesar de serem concorrentes, mas muitos foram eliminados e forçados a partir.

Nesse meio-tempo, um garoto chamado Kai entrou no meio do processo, por razões difíceis de aceitar para os demais. Para piorar a situação, a mentora de Kai, Ignet Crecensia, sequestrou temporariamente Elena. Por isso, não era surpreendente que os aprendizes estivessem com dificuldades para focar nos treinamentos.

O diretor Airen Farreira estava bem ciente disso, então preparou uma contramedida.

— Desta vez, eu aconselharei todos os aprendizes que passaram, não apenas os cinco primeiros na avaliação intermediária.

Sons de comemoração irromperam.

— Sério?

— Uau, que alívio… Eu fiquei tão chateado por ter ficado em sexto…

— O que eu pergunto? Que conselho eu peço?

Desde a vigésima sétima turma, também conhecida como a Geração Dourada, surgiu uma nova tradição em Krono. Os cinco melhores da avaliação intermediária tinham a oportunidade de se encontrar pessoalmente com o diretor. Airen, o atual diretor, era ainda mais renomado que Ian por ter derrotado o Rei Demônio.

Por isso, as expectativas eram ainda maiores. No entanto, a maioria dos aprendizes só podia observar com inveja, incapazes de participar dessa honra. Mas agora, ele estendia essa oportunidade de ouro a todos. Os aspirantes estavam radiantes. Mesmo que falhassem na avaliação final, ainda teriam uma história da qual se orgulhar pelo resto da vida.

— Tem certeza? Não vai desperdiçar tempo demais assim?

— É puxado, mas tudo bem. Agora há mais bons instrutores para tomar conta do salão de treinamento principal.

— Hmm, isso é verdade.

Russell Farreira, em uma rara visita em seu dia de folga, apareceu montado no animal mágico de sua tia Kiril Farreira. Ele assentiu enquanto mastigava uma maçã da mesa. Com Krono desfrutando de ainda mais sucesso que antes, Airen estava tão ocupado que nem dois dele dariam conta. Se o exame de entrada tivesse começado um ano antes, talvez ele não pudesse ter se dado ao luxo de ser tão generoso com os alunos.

No entanto, graças ao bom relacionamento que formou com o Rei da Espada do Sul, Inasio Karahan, e com a Aurora do Oriente, Devan Kennedy, durante o Torneio dos Heróis, ambos ingressando como instrutores no início do ano, ele pôde dividir muitos encargos com eles.

Claro, não era como se Airen estivesse assumindo tarefas com má vontade. Na verdade, ele estava disposto e até ansioso por isso. No topo da montanha que era a espada, ele era cercado por pessoas semelhantes. Por isso, oportunidades de ouvir histórias daqueles que estavam no meio da montanha, ou mesmo na base, eram raras.

“Estou curioso sobre que tipo de perguntas essas crianças vão me fazer.” Só de imaginar, um sorriso surgiu em seus lábios.

Nesse momento, seu filho, deitado no sofá após devorar rapidamente uma maçã, murmurou:

— Bom, que tal eu dar uma espiada no nível das perguntas desses novatos?

Airen encarou o filho.

— O quê? — reagiu Russel.

— Não, não é nada… Você não vai me ouvir se eu disser pra sair, certo?

— Claro que não. Você me conhece.

— Conheço… Mas ao menos fique escondido, tá?

— Já que é um pedido do meu pai, tudo bem.

Como uma criança brincando de esconde-esconde, Russell entrou no armário e fechou a porta. Airen balançou a cabeça em reprovação ao ver aquilo. Mas não era um grande problema. Na verdade, podia ser considerado um esforço genuíno para romper a parede que ele enfrentava.

Depois de perder os pés, seu filho passou a ‘ouvir’ o mundo, em vez de enxergá-lo diretamente. Ele fazia o possível para ampliar sua perspectiva e adquirir experiência de uma forma diferente.

“Só queria que ele mudasse esse jeito de falar…” Airen balançou a cabeça novamente.

Então, uma voz veio do armário: — Para de suspirar.

— Eu não suspirei. Só fiz uma cara de reprovação.

— Vou deixar passar dessa vez. Ah, certo, quer apostar comigo?

— Apostar? Que tipo de aposta?

— Sobre os aprendizes aspirantes. Entre todos os pirralhos, quem vai fazer o pedido mais surpreendente e inesperado… Que tal? Não vai ser divertido?

“Ele fala ‘pirralhos’ como se não fosse um também…”

Apesar de criticar mentalmente as palavras do filho, Airen achou a sugestão bem interessante.

Não seria fácil surpreendê-lo com um pedido qualquer. Era até constrangedor dizer, mas ele era, afinal, um dos quatro grandes espadachins do continente. Sua experiência e sabedoria acumuladas estavam em outro nível. Seria difícil se surpreender com perguntas de crianças que nem sequer tinham quinze anos.

Mas se tivesse que escolher um entre todos… O aprendiz aspirante com mais potencial para surpreendê-lo seria…

— Eu escolho o Kai.

— Kai? O novato que chegou recentemente? O que a Ignet trouxe?

— Sim. Não o observei por muito tempo, mas ele não parece uma criança comum.

As palavras de Airen eram verdadeiras. Embora Kai recebesse treinamento separado de Ignet, ainda assim era notável que um garoto que nunca tinha empunhado uma espada até um ano atrás já tivesse obtido resultados de alto nível. Ele ouviu que Kai crescera em um ambiente difícil, como Judith, mas Airen acreditava que devia haver um motivo para ele ter chegado tão longe sem desistir.

No entanto, a escolha de Russell foi diferente.

— Eu escolho a Elena.

— Elena? Por quê?

— Bom, pra começo de conversa, eu só conheço a Elena.

— Então por que sugeriu uma aposta?

— Porque é divertido. E aí, vamos apostar o quê… Quem perder realiza um desejo do outro?

Airen engoliu em seco. “Isso é assustador.”

Russell era seu filho, mas era imprevisível. Ele era grato por ele assumir o papel de brincalhão, já que ele mesmo, sua esposa e sua filha eram todos rígidos, sérios e austeros… Mas as pegadinhas de Russell também eram severas, então Airen tinha muito medo do tipo de desejo que ele poderia fazer se perdesse.

Mas no fim, Airen aceitou a proposta do filho. Se não aceitasse, certamente seria provocado com um ‘Tá com medo?’ Como pai, ele não podia simplesmente fugir depois de ouvir isso.

— Certo, então… Vamos começar? O primeiro é… Kai, hein?

Normalmente, as entrevistas seriam feitas na ordem da pontuação da avaliação intermediária, mas ele decidiu encontrar Kai primeiro, apesar de o garoto ter entrado após a primeira prova. Além da aposta, Airen estava muito curioso para saber que tipo de pensamentos a criança escolhida por Ignet carregava.

Russell sentia o mesmo e, por isso, se escondeu silenciosamente no armário para não ser descoberto. Ele poderia ser percebido por um Mestre, mas não por um mero aprendiz aspirante.

Assim, Kai entrou pela primeira vez na sala de entrevistas. A pergunta que saiu de sua boca foi tão única que fez com que tanto Airen quanto Russell arregalassem os olhos.

— Você quer que eu conte minha história?

— Sim, Diretor.

— É um pouco embaraçoso dizer isso, mas há vários livros por aí sobre mim.

— Eu acho que… ouvir a história diretamente do senhor, Diretor, seria diferente dos livros. Assim como… a dança da espada que o senhor mostrou pra gente expressava sua vida de uma forma totalmente diferente, com uma sensação completamente nova.

Ao ouvir essas palavras, Airen ficou em silêncio por um instante.

— Não é possível? — Kai perguntou após alguns segundos.

— Não, não. É mais do que possível. É só que… isso me fez lembrar de alguém.

Airen lançou um olhar para o armário. Seu filho provavelmente também estava olhando para ele. Uma criança com um talento parecido com o seu, ele devia estar bem surpreso.

“Parece que eu ganhei a aposta.”

Ele se sentiu satisfeito, não só porque provavelmente venceria a aposta, mas porque a pergunta de Kai era extraordinariamente incomum. Por isso, Airen contou sua história com sinceridade, enfatizando as partes que considerava importantes. Kai ouviu, às vezes fazendo perguntas, às vezes refletindo, e às vezes assentindo em concordância.

Depois que um bom tempo se passou, Airen observou Kai fazer uma reverência e deixar a sala.

— Eu ganhei, né? — Airen perguntou.

— Ainda não acabou.

Embora não admitisse de imediato, Russell já estava sentindo o gosto da derrota. Não tinha como evitar. Sua irmã mais nova tinha ainda mais talento do que ele e era considerada uma gênia. Mas a pergunta dela provavelmente seria entediante, algo bem padrão.

“Ela provavelmente vai pedir uma luta séria ou algo do tipo.”

Claro, só de ousar fazer esse tipo de pedido a um dos quatro grandes espadachins do continente já era algo incrivelmente surpreendente por si só… mas ainda assim ficava aquém do que Kai fez. Kai estava curioso sobre a vida e os pensamentos de Airen. A expressão de Russell no armário escureceu.

Mas um momento depois, a entrevista de Elena terminou, e ela saiu da sala. Russell não resistiu e enfiou a cabeça para fora do armário.

— A essa altura, acho que não perdi, né? — ele perguntou com uma expressão animada.

— Hmm. — Airen assentiu com dificuldade.

O pedido de Elena foi simples. Ela queria ver Lulu, a feiticeira dragão e gata. Alguém poderia pensar que era um pedido comum, quase trivial, como uma filha pedindo ao pai que a apresentasse a um conhecido. E seria mesmo, caso Elena fosse uma filha típica.

Mas Elena estava no auge da adolescência. Seus sintomas eram tão severos que ela falava em não usar nem o sobrenome do pai nem o da mãe. Ela queria se tornar independente. E uma filha assim pediu para ver a Lulu…

— Fazer um pedido assim… tão normal… e fofo… — disse Airen lentamente.

— Eu sei… — Russell concordou.

— Ignet, ela é assustadora, afinal…

— Eu só tinha ouvido falar dela, e não senti tanto… mas agora eu entendo.

Os dois assentiram ao mesmo tempo. Apesar de ter perdido muito de sua antiga glória, Ignet ainda era Ignet.

Claro, não podiam ficar focando em assuntos paralelos para sempre. Havia cem crianças, e Airen havia terminado apenas duas entrevistas. Embora as entrevistas de Kai e Elena tivessem sido tão marcantes que era impossível definir um vencedor, tanto Airen quanto Russell ficaram com um sentimento inquietante… Era preciso deixar a aposta de lado para o próximo aprendiz aspirante.

E assim, um momento depois, Darian Cox, segundo colocado na avaliação intermediária geral, entrou na sala de entrevistas. Ele fez uma pergunta que ninguém esperava.

— Eu… hm, como eu faço para me redimir com alguém…? Quero dizer, como posso me aproximar de alguém com quem eu não me dava bem antes?

Airen ficou sem palavras.

— Hm, Diretor?

Airen cobriu o rosto com as duas mãos e o esfregou para cima e para baixo várias vezes. Sentia uma estranha e intensa sensação de déjà vu. Era como se tivesse voltado aos seus dias de aprendiz aspirante, aos quinze anos.

Então, Airen fez uma pergunta:

— Por acaso… — começou, mas mudou a abordagem. — O nome da pessoa com quem você quer se re-aproximar é Elena?

— S-Sim, isso mesmo… Hm, como… o senhor…

Por um momento, uma chama intensa brilhou nos olhos do pai ao pensar na filha.