Reformation of the Deadbeat Noble

Capítulo 410

Reformation of the Deadbeat Noble

História Paralela – 6 Entrevista Especial

Uau… O diretor está aí dentro? Será que finalmente… posso ter uma entrevista cara a cara com ele?

Darian Cox era um nobre de alta linhagem do Reino de Gaveirra. Um jovem completamente devotado ao caminho da espada, que jamais cogitara outro rumo na vida. Essa determinação vinha, em grande parte, do livro ‘Lenda dos Heróis: O Mito dos Quatro’, que ele lera quando criança.

Claro, o que ele mais admirava era Brett Lloyd. Darian sentia um imenso orgulho por aquele homem jamais ter desistido, mesmo treinando ao lado de dois gênios como Airen Farreira e Illia Lindsay. No fim, Brett dominou o Caminho da Água, e era de seu próprio país.

E agora, o garoto estava prestes a ter uma entrevista particular com o Diretor de Krono, um herói que ele respeitava e admirava quase tanto quanto Brett.

“Que perguntas devo fazer? O que devo pedir? Como devo usar esse tempo precioso para não me arrepender depois?” Darian se perguntava. “Devo pedir conselhos para forjar um físico mais perfeito? Ou sobre o bloqueio recente na manipulação da minha aura, especialmente no sentido de aura?”

Mordeu o lábio. “Ou talvez deva perguntar algo relacionado à esgrima? Será que ele aceitaria um pedido para treinar pessoalmente comigo?”

Literalmente tudo relacionado à espada inundava sua mente como possíveis perguntas. Eram opções demais, todas importantíssimas, a ponto de deixá-lo entorpecido. E isso não era tudo. Desde que confirmara a entrevista, um pensamento vinha lentamente à tona do fundo de seu coração.

Esse pensamento específico não tinha nada a ver com espada, e era algo que ele sentia vergonha até de pensar em perguntar a qualquer um…

“Será que ele também responderia perguntas… sobre relacionamentos pessoais?”

Darian se assustou, surpreso, ao imaginar o rosto de Elena. — Mas o que eu tô pensando?!

Seu primeiro encontro com ela foi um desastre. Ficou irritado porque ela não recuava, mesmo sendo apenas uma plebeia. Além disso, o fato de ela ser mais habilidosa que ele o enfureceu. Quando percebeu que não conseguiria alcançá-la, por mais que se esforçasse, um sentimento negativo intenso cresceu dentro dele, fazendo seu peito doer.

Mas, em contraste com isso, um sentimento quente e gentil… foi florescendo aos poucos.

Ele admirava a forma como Elena superava adversidades com a própria força, como tratava todos da mesma forma, independentemente de quem fossem, e como não era forte desde o início, mas se esforçava todos os dias para se tornar mais forte… Sua imagem passou a aparecer constantemente em sua mente. Na verdade, desde que ela voltou das mãos de Ignet, os sentimentos ternos superaram os negativos.

Essa mudança de emoção confundia Darian, a ponto de ele não conseguir mais focar no treinamento.

“Pensando bem, resolver isso é o mais urgente…”

Mas como ele teria coragem de fazer esse tipo de pergunta na frente do Diretor de Krono?

“Melhor não.” Darian balançou a cabeça com firmeza. Então, empurrou a porta com determinação.

Ele perguntaria sobre espada. Aura. Condicionamento físico. Qualquer uma das três serviria. Qualquer coisa para fugir da confusão em sua mente… ou pelo menos era o que pretendia.

— Eu… hm, como eu faço para me redimir com alguém…? Quero dizer, como posso me aproximar de alguém com quem eu não me dava bem antes?

“Ah não, escapou sem querer…!” Darian pensou, completamente aflito.

Mas, ao mesmo tempo, sentiu um estranho alívio. Era uma pergunta imprópria, até embaraçosa, para o momento e o lugar. Era algo que ele hesitava até em dizer em voz alta… mas agora que já tinha falado, não dava pra voltar atrás. E isso tirava um enorme peso de seus ombros, como se estivesse se libertando de um fardo antigo.

Só que a reação do Diretor foi peculiar.

— Hm, Diretor? — disse Darian cautelosamente.

Sentia a inquietação crescer. O coração batia mais forte do que no dia em que entrou em Krono. Teve um pressentimento estranho, de que jamais conseguiria encarar o Diretor de novo de igual pra igual, nem como espadachim, nem como ser humano, quando ouviu algo chocante vindo da boca dele.

— Por acaso… O nome da pessoa com quem você quer se re-aproximar é Elena?

— S-Sim, isso mesmo… Hm, como… o senhor…

Instantaneamente, Darian viu algo parecido com chamas nos olhos de Airen. Seu olhar era incrivelmente intenso e feroz. Mas, ao mesmo tempo, carregava um afeto profundo por alguém.

Mas como? Como ele sabia que Darian tinha sentimentos por Elena? E por que estava emanando uma aura tão assustadora por causa disso…?

Antes que pudesse terminar o pensamento, alguém falou:

— Pai, se acalma!

— Me solta! Me deixa ir!

— Não, o que você tá fazendo?! É perfeitamente normal um garoto se interessar por uma garota! Que cena vergonhosa é essa…

— Vergonhosa?! Espera até você ter um filho! Todo mundo que eu conheço agia assim!

— Quem é ‘todo mundo’?!

— Meu sogro!

“O que…?”

De repente, um jovem loiro, cópia cuspida do Diretor, pulou pra fora do armário. Avançou no Diretor com movimentos bem habilidosos. Mesmo sem usar toda a força, conteve os movimentos de Airen com firmeza.

Claro, a luta não durou para sempre. Já mais calmo, Airen sentou-se, respirando pesadamente. O jovem loiro, com uma perna protética, também se sentou, enxugando o suor da testa. Tomou o assento logo ao lado de Darian.

— Meu amigo, qual seu nome?

— Darian, da família Cox…

— Certo, certo, Darian Cox. É um nome respeitável. Ficou em segundo lugar, então deve ser bem talentoso… Mas o que você gosta na nossa Elena?

— Nossa Elena?

Ao ouvir isso, os olhos de Darian se arregalaram, como se tivesse percebido algo profundo. Observou atentamente os rostos de Airen e do jovem. Depois fechou os olhos e visualizou Illia Lindsay, uma das Quatro Grandes Espadachins, e Elena.

— É… parece que você juntou as peças. Já entendeu, né?

— N-Não pode ser…

— Sou o irmão mais velho da Elena — disse o jovem. — E o Diretor aqui, que agora tenta bancar o digno… é o pai da Elena.

Darian virou a cabeça lentamente. Diante dele ainda estava o respeitável Diretor, mas agora, repleto da energia superprotetora de um pai coruja… e ligeiramente amuado.

— Então… quer se aproximar da nossa Elena? — perguntou Airen.

— Sim.

— E o que quer dizer com ‘se aproximar’, hein? Quer dizer como amigo, né?

Uma aura poderosa explodiu do corpo de Airen. Ele não estava usando todo o poder, se o fizesse, Darian teria cuspido sangue na hora. Afinal, Airen superava até mesmo um Mestre Espadachim.

Mas também não estava pegando leve. Darian teve que suportar uma pressão considerável só pra conseguir abrir a boca, lutando contra aquela força.

Foi por orgulho e teimosia, por se recusar a ceder, que revelou seus sentimentos. Darian estava determinado a manter sua posição.

— Não. Quero me aproximar de forma romântica, Diretor — disse Darian. — Não, sogro.

— Seu moleque, seu…!

— Aaaah, pai! Para com isso!

A luta entre pai e filho recomeçou. Darian os observava com olhos firmes e resolutos. Agora estava claro como o céu: ele estava apaixonado por Elena.

Com o coração enfim livre, o garoto olhou para o Diretor Airen com um sorriso decidido.


— Acho que a aposta pode ser considerada um empate.

— Hmm, suponho que sim.

Ao ouvir as palavras do pai, Russell assentiu em concordância. As entrevistas com Kai e Elena foram certamente especiais e memoráveis, mas nenhuma superava a performance extraordinária de Darian Cox. Enquanto ele estivesse em primeiro lugar, a aposta se tornava nula.

Na verdade, a aposta já havia sumido da mente dos dois como uma lembrança distante. Agora, o foco estava em se o relacionamento entre Darian e Elena floresceria ou murcharia.

— Pai, aquilo foi meio… pesado demais, sabe?

— O que quer dizer?

— Dizer que se ele ficar em primeiro lugar na avaliação final, a Elena vai olhar pra ele de outro jeito… Isso não foi meio cruel? Quem entre os colegas dela conseguiria vencê-la?

— Mesmo assim, ele precisa estar nesse nível. Elena não teria interesse em alguém significativamente inferior a ela em habilidade.

— Isso é verdade, mas…

Depois de conter seu lado pai superprotetor, Airen deu um conselho a Darian. Disse que, se ele vencesse Elena e conquistasse o primeiro lugar na avaliação final, ela o veria com outros olhos. Ele não estava errado, sua filha admirava pessoas fortes, e se Darian atingisse essa força por esforço e dedicação, ela o admiraria ainda mais.

“Além disso… com esse método, posso maximizar o foco de Darian, que anda vacilando ultimamente. Vou forçá-lo ao limite.”

Airen era espadachim e feiticeiro, então sabia melhor que ninguém o quanto o estado mental e a motivação eram importantes. Darian possuía linhagem e talento excepcionais; se direcionasse sua mente a um único objetivo e concentrasse toda sua energia nisso, talvez um milagre pudesse acontecer. Airen acreditava que era possível.

Claro que… isso também significava que, a menos que algo realmente extraordinário ocorresse, Elena também conquistaria o primeiro lugar desta vez.

— Bem, não tem o que fazer. A Elena herdou por completo os talentos da Mãe e do Pai, ao contrário de mim.

— Do que você tá falando… Você também é talentoso.

— Claro, eu sou capaz. Sou capaz, mas… — Russell balançou a cabeça. — Enfim, a Elena está em um nível completamente diferente dos outros aprendizes. É uma pena pro nosso Darian. Ele não vai virar meu cunhado a menos que se esforce até os ossos, ultrapassando todos os seus limites…

Bang!

— Cunhado?! Do que você tá falando!

— Você não disse que apoiaria o Darian se ele ficasse em primeiro lugar?

— Chegar perto disso é algo que ele tem que conquistar por conta própria. E além disso… ir além disso é uma questão completamente diferente! Ainda é cedo demais pra isso!

Russell suspirou fundo, balançando a cabeça. — Se acalma, por favor, se acalma, Pai.

Airen costumava ser um pai tão frio, centrado e respeitável… por que perdia totalmente a razão sempre que o assunto eram seus filhos, especialmente Elena?

“Será que eu vou ser assim se tiver filhos?”

Ele não sabia. Por enquanto, Russell Farreira ainda se interessava mais por outras coisas do que namoro, casamento e paternidade.


Após a entrevista especial com o Diretor, o fato de Darian ter desafiado Elena se tornou um assunto acalorado entre os aprendizes aspirantes. Muitos dos jovens debochavam dele. Mesmo sendo o segundo colocado geral, sabiam da enorme diferença entre ele e Elena, e por isso consideravam o desafio algo completamente ridículo.

Mas, após um mês… depois dois… a avaliação final se aproximava. Aqueles que observavam Darian começaram, aos poucos, a fechar a boca e a encará-lo com olhos sérios e contemplativos.

Seu esforço ia além do talento. Era uma vontade inabalável que tornava tudo possível. Os resultados milagrosos que surgiam dessa dedicação, junto de suas habilidades em rápida evolução, eram sinais claros de seu crescimento.

Ao verem Darian progredir em um ritmo assustador, os aprendizes aspirantes não conseguiam evitar pensar: “Será que ele pode vencê-la?”

E assim, a avaliação final, que decidiria o destino dos aprendizes aspirantes, finalmente começou.

Infelizmente, Elena ainda ficou em primeiro lugar. Darian desafiou a campeã reinante com sangue, suor e lágrimas, mas, no fim, não conseguiu sucesso em sua rebelião. Teve de se contentar com o fato de apenas ter reduzido a diferença. No entanto, até dizer que ele a reduziu era impreciso.

— Segundo lugar na avaliação final: Kai.

Darian parecia completamente atordoado. Nunca considerou Kai uma ameaça. O Diretor Airen o observava com uma expressão grave.

Então Brett Lloyd, que veio visitar seu velho amigo, falou:

— Não se preocupe.

— Brett? O que…

Brett sorriu, pensando no velho amigo que, sem dúvida, ainda hoje repetia os mesmos movimentos.

— Meu amigo vai resolver isso.