Reformation of the Deadbeat Noble

Capítulo 401

Reformation of the Deadbeat Noble

História Paralela – 4 O Caminho da Independência

Aquele ano marcava o 33º exame de admissão oficial para a Academia de Esgrima Krono. A maioria das outras escolas tomava decisões rápidas com base em documentos, entrevistas e uma única luta de avaliação. Mas Krono era diferente.

Krono valorizava o potencial futuro de uma pessoa tanto quanto sua habilidade atual. Valorizava o caráter tanto quanto, ou até mais do que, a nitidez da espada. Nesse sentido, havia um valor que brilhava ainda mais do que a esgrima para os aspirantes a alunos, o esforço.

— Haa, haa, haa…

Às cinco da manhã, duas horas antes de todo mundo, Elena começava seu treinamento. Alongava-se meticulosamente para evitar lesões e corria um percurso inclinado para aumentar sua resistência geral. Após concluir com uma natação e exercícios de relaxamento, forçou-se a tomar café da manhã, reprimindo o impulso de vomitar.

“Comer também faz parte do treinamento. Eu preciso comer direito.”

E então ela fez ainda mais treinamento físico.

Mais de cem aprendizes executavam vários movimentos seguindo os ensinamentos e posturas perfeitas dos instrutores. Alguns já haviam desabado de dor, enquanto outros recuperavam o fôlego sob o pretexto de pedir dicas. Mesmo percebendo isso, os instrutores não chamavam atenção, seria crueldade demais forçar ainda mais os jovens candidatos.

“Não é que esses garotos sejam ruins… É que os melhores são excepcionais demais. Especialmente aqueles três…”

Havia Kai, um órfão do sul que foi transferido no meio do ano a pedido de Ignet Crecensia. Depois havia Darian Cox, filho mais velho da família Cox, uma família comparável à dos Lloyd do Reino Gaveirra. E, embora fosse segredo entre as crianças, havia alguém na academia com a linhagem mais impressionante de todas.

— Elena está se esforçando de novo hoje.

— Me preocupo que ela esteja exagerando, mas… isso não pode ser. Ela é do tipo que considera o descanso parte do treinamento.

Os instrutores observavam o desempenho de Elena com olhares cheios de admiração e sem nenhuma preocupação. Porém, apesar dos elogios ao seu redor, Elena não demonstrava alegria alguma.

“Ainda não é suficiente.”

Ela pensava em seus grandes pais, Illia Lindsay e Airen Farreira. Uma era a Mestre Espadachim mais jovem da história do continente, que desenvolveu a habilidade incomparável conhecida como Espada dos Céus, e o outro era o diretor de Krono, respeitado por todos no mundo. Além disso, ambos haviam derrotado o Rei Demônio.

Alguns diziam que nascer como filha de pessoas tão grandiosas era uma bênção dos deuses, mas para Elena, não era. Para ela, os nomes Farreira e Lindsay eram como maldições e correntes.

Por isso… ela precisava se tornar mais forte. Não podia depender da glória dos pais. Precisava rejeitar os doces privilégios dados aos filhos dos heróis. Precisava ficar forte e seguir sozinha.

Ela precisava se tornar Elena, e não ‘a filha de Airen’.

— Preciso ser eu mesma, e não a filha da Illia — murmurou Elena, finalizando seus pensamentos em voz alta.

Elena continuou seu treinamento pessoal por mais uma hora após a aula, repondo rapidamente seus nutrientes com o almoço. Sentou-se, forçando-se a não cochilar durante a aula de educação de caráter.

Kai e Darian não conseguiam acompanhar ela nessa aula. Na verdade, até os instrutores eram mais brandos por ser logo após o almoço, quando todos estavam cansados. Nem cinco minutos haviam se passado quando metade da turma começou a cochilar.

— Vamos só descansar hoje.

— Oh? Sério?

— Oooh!

— Mas, só pra deixar claro… nada de treinar por conta. Exagerar não faz bem. Fiquem na sala e descansem. Se quiserem fazer algo, revisem o conteúdo da última aula.

— Sim!

— Ah, tô salvo!

— Então… preciso dormir…

— Ronco…

— Huff… Haa…

Ahmed, o instrutor, ainda era enérgico e intimidador apesar de ter mais de setenta anos, e deu uma pausa para os alunos. Seria porque ele sentia pena dos candidatos? As crianças comemoraram e logo caíram no sono.

Até mesmo o durão Kai e o teimoso Darian deitaram a cabeça nas mesas imediatamente, mostrando o quão exaustos todos estavam. Mas, enquanto todos dormiam, Elena não conseguia.

Com o tempo livre repentino, os pensamentos que ela havia suprimido com esforço voltaram com força.

“O Dragão, Lulu… fico imaginando como ela se parece…”

Elena era muito mais madura que os colegas, mas ainda era uma garota de doze anos. Por isso, não conseguia evitar se interessar por dragões, que só apareciam em lendas e mitos. Então considerou por um momento:

“Será que eu deveria ir com meus pais ver o despertar do dragão? Isso não seria aceitável? Não é como se eu fosse receber um tratamento especial da escola de esgrima… Eu só iria uma vez? Só uma vez não faria mal… tá tudo bem confiar nas conexões que meus pais construíram só uma vez.”

Mas rapidamente abandonou a ideia. Sabia melhor do que ninguém o quanto esse tipo de pensamento abalaria sua determinação.

Elena deu alguns tapinhas de leve nas próprias bochechas com as palmas e assentiu para si mesma.

“Calma. Eu vou crescer com a minha própria força.”

Ela ficaria de pé sozinha, sem ajuda de ninguém. Faria seu nome no continente, de forma honrada, alguém que poderia encontrar um dragão sem depender dos pais. E com certeza conseguiria.

Enquanto conseguia acalmar seu coração vacilante, ouviu a voz do instrutor Ahmed:

— Elena, estão te chamando.

— Hein? Assim do nada?

— Sim. Você tem uma visita.

— Uma visita? Mas não podemos ver ninguém de fora durante o treinamento…

— Apenas vá. A visita está na minha sala particular.

Elena olhou para Ahmed com uma expressão rígida. O contato com pessoas de fora era uma regra de alto nível, e Ahmed estava na Academia de Esgrima Krono há muito tempo, impossível que não soubesse disso. Mesmo assim, ele lhe disse para ir, o que significava que alguém a quem ele não podia recusar estava chamando.

“É a mamãe? Talvez o tio Brett ou a tia Judith.”

Nenhuma dessas opções era boa. Elena escondia o máximo de informações possível de todos em Krono para poder viver sem tratamento especial, como uma plebeia. Justamente essas pessoas deveriam entender sua decisão, mas mesmo assim a chamaram? Então outro pensamento surgiu.

“Será que o dragão veio? Será que a Lulu veio me ver?”, ela quase sorriu sem perceber. “Calma, se controla, Elena!”

Elena controlou a expressão pensando em coisas tristes, precisava disso. Não importava o quanto quisesse ver o dragão, ou o quanto estivesse curiosa, ela não podia. Como uma mera candidata, não, uma aprendiz preeliminar, ela não podia encontrar um dragão só por ser filha de heróis…

“Mas se quem quer me ver for ela, então não dá pra evitar, né?”

Mesmo que fosse o dragão quem quisesse vê-la, diziam que Lulu tinha uma natureza amigável como a de um gato. Não havia razão para que um ser assim não quisesse ver a filha de sua conexão mais preciosa. Então o que deveria fazer se fosse esse o caso? Seria educado recusar o encontro nessa situação? Não seria falta de educação com o dragão?

“Não, se controla.” Elena balançou a cabeça com força ao sair da sala.

Claro, a situação atual era inevitável, mas… será que ela deveria estar tão feliz? Ou não deveria? Ou deveria? Sua mente estava toda embaralhada, como um novelo de lã complicado, com pensamentos indo em todas as direções.

Mas sua expressão se tornava cada vez mais sincera, Elena mal conseguia conter a empolgação ao chegar no escritório do Instrutor Ahmed. Normalmente, ela nem ousaria olhar naquela direção.

— Sim. Isso é inevitável.

Ela não queria aquilo, mas também não podia recusar. Não podia virar as costas para uma visita que viera de longe só para vê-la. Então, então…

“Então… a primeira coisa que devo dizer quando encontrar a Lulu é…”

— Por que está parada aí na porta sem entrar?

Um som idiota escapou da boca de Elena:

— Hã?

A porta se abriu e ela viu três figuras esperando do outro lado. Ao perceber que eram seres extraordinários, ela ficou rígida e os avaliou.

“Eles são monstros…”

A bela mulher à esquerda vestia um elegante vestido preto que parecia pertencer a um baile, e sua maquiagem carregada lhe conferia um ar misterioso. Julgando pela estranha pressão que não vinha de mana nem de aura, provavelmente era uma feiticeira habilidosa.

A pessoa à direita transmitia um poder mais direto, um Mestre. Elena percebia isso de imediato. Tendo crescido vendo muitos Mestres, ela tinha confiança de que sua percepção era melhor que a de qualquer outro aprendiz. De sua perspectiva, aquele espadachim grisalho estava claramente em um nível acima do Instrutor Ahmed, que havia se tornado Mestre dois anos antes.

Então seu olhar caiu sobre a pessoa no meio. No instante em que a viu, Elena lutou para não desabar no chão. Foi a impressão mais intensa que já tivera ao encontrar alguém.

Ela sabia quem era. Cabelos negros e olhos penetrantes… o uniforme formal de um cavaleiro do Reino Sagrado de Arvilius.

“É como encarar o sol.”

Era Ignet Crecensia.

Havia tantas coisas que Elena queria dizer à heroína que derrotou a maldição do Rei Demônio e a fenda dimensional… mas as palavras que saíram da sua boca foram:

— Você não é um dragão?

Os três a encararam em silêncio.

— Uh… Desculpe, Ignet Crecensia! Eu, uma mera… ahm, aspirante a espadachim trilhando o caminho da espada, falei fora de hora…

— De fato, você é tão atrevida quanto seu pai e sua mãe — disse Ignet com um sorriso.

Ao ouvir isso, Elena fez uma expressão ofendida. Não era um insulto, mas ela não gostava quando Ignet mencionava seus pais de forma tão casual. Mesmo tendo ficado afastados por cerca de um ano, Airen e Illia ainda eram seus pais.

Ignet, é claro, não se importou. Após examinar Elena por um momento, ela olhou para a esquerda, na direção de Anya Marta, que entendeu o pedido de Ignet. Anya assentiu e abriu um portal. Quando Anya criou o portão dimensional, Elena os encarou, boquiaberta.

— Você disse que queria ficar de pé por conta própria, sem ajuda de ninguém, nem dos seus pais?

— Hã? Uh?

— Vou testar se você é digna dessas palavras.

De repente, Ignet agarrou Elena pela nuca e a lançou dentro do portal.

— Aaahhh!

Enquanto o grito desaparecia, Ignet disse:

— Se conseguir sobreviver por um mês no Continente do Sul por conta própria, eu pedirei desculpas por ter subestimado sua determinação.

“Mas isso não vai acontecer.”

— Hahaha.

— Hohoho.

Ignet e Anya riram como bruxas, enquanto Georg abaixava a cabeça, completamente exasperado.