Abe the Wizard

Capítulo 395

Abe the Wizard

Pouco antes de Abel responder, um mago humano de manto branco se aproximou dele.

“Mestre Abel! A União dos Magos do Reino de St. Anwall envia suas saudações.”

Mais uma união estatal de magos. Pelo visto, todas as grandes uniões, exceto a União dos Magos de St. Ellis, estavam sendo muito simpáticas com Abel, mesmo que ele não soubesse o motivo por trás disso.

O mago humano de manto branco foi direto ao ponto:

“O senhor teria interesse em adquirir uma propriedade e um título, Mestre Abel? Se sim, por favor, faça uma visita ao Reino de St. Anwall. O Mestre Walder adoraria conversar com o senhor.”

“Ah, bem…,” Abel hesitou antes de responder, “me desculpem, senhores, mas talvez eu precise adiar essa conversa para mais tarde. Tenho um evento que preciso atender com urgência. Mais uma vez, desculpem.”

Abel não fazia ideia do que aqueles dois estavam tramando. Fosse o que fosse, ele não tinha a menor intenção de abandonar sua família para ir embora para um lugar distante.

“Ah, não-não-não. Por favor, Mestre Abel!”

Pelo olhar ansioso no rosto de Abel, os dois magos humanos perceberam que estavam sendo inconvenientes. De todo modo, a mensagem já havia sido entregue. Eles compareceram, fizeram a proposta, e não havia mais motivos para continuarem atrapalhando.

Ainda assim, quando Abel se afastou, os dois magos não resistiram em trocar um longo e tenso olhar. Quisessem ou não convencer Abel a ir com eles, o fato é que estavam competindo pela atenção dele, e, no processo, acabavam se atrapalhando mutuamente.

Enquanto caminhava, Abel perguntou:

“Por que tem tantos magos e cavaleiros aqui, Rawl? Nem tem tantos ferreiros assim por perto.”

Rawl explicou sem levantar muito a voz:

“É uma cena e tanto, não é? Sempre que há um encontro de mestres ferreiros, gente de todos os cantos do continente aparece. Os cavaleiros vêm atrás de boas espadas ou armaduras, e os magos, de cajados mágicos de qualidade. E é exatamente isso que o senhor está vendo agora”

Abel parou por um momento antes de perguntar: “Então, pelo que você está dizendo, todos os magos que vieram até aqui vieram atrás de um cajado mágico?”

Rawl assentiu com absoluta certeza: “Claro, senhor! Por que mais eles viriam justo agora?”

Abel comentou:“Bom, faz sentido. Mas e os magos avançados? Até agora, só vi magos novatos e intermediários.”

“É Porque…” respondeu Rawl em um tom mais discreto, “esses encontros não têm um fim definido. Às vezes duram só um dia, outras vezes três. O mais longo já chegou a sete dias.

“Pra explicar melhor,” continuou ele em um sussurro, “os magos avançados nunca aparecem no primeiro dia. Primeiro, mandam seus subordinados trazerem os materiais. Se os mestres ferreiros recusarem, aí sim consideram vir pessoalmente. Assim, evitam o risco de serem humilhados em público.”

Aquilo agradou Abel. Pelo que ouviu dos magos de manto vermelho, parecia que ele estava ali representando o Mago Cliff. Se tudo o que Rawl dissera fosse verdade, e parecia que era, então ele teria acesso aos materiais do cajado mágico destinados ao Mago Cliff.

Talvez fosse a oportunidade ideal para dar uma lição no Mago Cliff. Se encontrasse aquele mago de manto vermelho, poderia roubar os materiais do cajado mágico e lhe causar um belo aborrecimento.

Enquanto pensava nisso, sua corrente de alma já estava conectada ao céu, a vários quilômetros de distância da Cidade Cina. Ele tentava se comunicar com Chama Voadora, que naquele momento dormia sobre o dorso da Nuvem Branca.

Naquele ponto, o mago de manto vermelho já havia saído pelos portões principais da Cidade. Se não acelerasse, a pressão da gigantesca barreira defensiva da cidade o esmagaria com mais força. Se ela se intensificasse a ponto de lançá-lo para fora, ele poderia morrer com o impacto.

Assim que cruzou os limites da cidade, o mago de manto vermelho retirou um círculo de comunicação e o conectou ao Mago Cliff.

“O que você quer?” perguntou Cliff assim que a ligação se conectou.

O mago respondeu com a voz trêmula:

“M-Mestre! Fui expulso da Cidade Cina! A missão falhou!”

“Até onde a União dos Ferreiros quer me provocar?”

“Não… Não, Mestre! Foi Abel! Aquele ferreiro contra quem o senhor colocou uma recompensa! Ele está na Cidade de Cina agora. Assim que eu disse que representava o senhor, ele convocou várias pessoas para me expulsar de lá!”

Obviamente, o mago de manto vermelho não ia contar a verdade. Depois de anos trabalhando em uma agência de inteligência, ele sabia muito bem como distorcer histórias e empurrar a culpa para os outros.

“Abel!” o Mago Cliff explodiu de raiva. “Como ele ousa! Fui bom demais com esse miserável.”

“E você?” Cliff gritou com o mago. “Eu te mandei fazer uma tarefa simples, e nem isso você conseguiu! Volte agora, seu inútil!”

“Sim, Mestre!” o mago suspirou aliviado quando a ligação foi encerrada. Pelo que conhecia do Mago Cliff, quando ele começava a descarregar nos subordinados, era sinal de que não estava pensando em matá-los, pelo menos não naquele momento.

Assim que o contato terminou, o mago subiu em seu chocobo e partiu em direção à Cidade Moga. Após cerca de trinta quilômetros de viagem, uma sensação ruim começou a tomar conta dele. Tentou apressar o chocobo com um tapa na coxa da ave, mas ela começou a desacelerar e o lançou longe.

“AGH! O que você tá fazendo, seu bicho idiota?” gemeu o mago de manto vermelho ao tentar se levantar. Para sua surpresa, o chocobo deitou-se completamente no chão, como se tivesse desistido de qualquer resistência.

Resistência contra o quê?

“O quê!?” gritou o mago, puxando seu cajado mágico. Enquanto olhava ao redor, preparou-se para lançar seu feitiço mais poderoso a qualquer momento.

De repente, um som agudo e estridente veio de trás. No instante seguinte, sua cabeça se separou do corpo e voou pelos ares. A última coisa que viu foi um dragão negro voando.

Fui morto por um dragão! foi seu último pensamento.

Ser morto por um dragão não era uma morte comum. Na verdade, poucos humanos haviam visto um dragão na vida. Era até mais improvável que ser atingido por um meteoro.

Era Chama Voadora. Se seu mestre não tivesse ordenado, ela jamais teria descido dos céus para matar um mero mago novato. E se Abel não tivesse sido específico, ela teria destruído o homem junto com sua bolsa de portal e sua montaria.

Com suas perninhas curtas, Chama Voadora se aproximou do cadáver decapitado e pegou a bolsa de portal. Depois, revirou o corpo por alguns instantes, encontrou o cajado mágico no chão e o colocou dentro da bolsa.

Assim que terminou, usou sua chama branca para reduzir o corpo a cinzas. O chocobo ainda estava lá, observando tudo. Continuava deitado, sem qualquer sinal de resistência. Por mais assustado que estivesse com o pseudo-dragão, ainda não tinha desmaiado de medo.

Naquele momento, Chama Voadora se comunicava com seu mestre pela corrente de alma. Não sabia o que fazer com aquele chocobo à sua frente, mas queria muito se sair bem. Depois de ver a bolsa de portal do Johnson, ela também queria uma como recompensa.

Até agora, havia saqueado uma bolsa de portal daquele mago morto. Assim que visse seu mestre novamente, pretendia implorar para ficar com ela como prêmio. Se conseguisse, guardaria ali todas as suas poções de suprimento com sabor de coelho azul uivante.

Ao receber a ordem de Abel, Chama Voadora cuidadosamente usou suas garras para carregar o chocobo pelos céus. O pássaro não podia fazer muita coisa. Tudo o que restava era esperar e aceitar o destino que o aguardava.