Rainbow City

Capítulo 72

Rainbow City

O homem que estava sentado ao meu lado pulava de um lugar para outro. "Ufa, honestamente, eu também ficaria com raiva. Afinal, as famílias nobres ficaram com toda a fama." "Mas não tem o que fazer. Mesmo que sejam imunes, provavelmente carregam o novo vírus mutado do Adam, então é natural que morram." "Não, querida. Dizem por aí que o doutor nem era portador. Ele afirmou que venceu completamente o vírus e até transfundiu seu sangue em animais. Conhece a família do Joon? Eles estavam tão empolgados porque seu filho finalmente virou capitão. Mas, após Joon morrer durante o incidente do Adam em Yeouido no ano passado, a mãe dele entrou em profunda depressão e, ultimamente, ela está completamente obcecada pelo Paraíso." "Não acredite nisso, querida. É tudo só uma seita." "Claro que você está certo." Enquanto o casal continuava trocando opiniões, Kwak Soohwan e Seokhwa retomaram suas refeições. Kwak Soohwan estava indignado com um louco que ousou apagar a história de amor dele e de Seokhwa, usando apenas detalhes superficiais para benefício próprio. Seokhwa especulava se aqueles impostores poderiam ter vindo de Éden. "Se o doutor e o Major são os lideres do Paraíso, deve ter gente que os viu pessoalmente, né?" "Hmm, não tenho certeza. É complicado perguntar isso pra mãe do Joon." "Entendo." Seokhwa assentiu. "Então, o que vocês dois pretendem fazer depois?" O marido sugeriu que tomariam uma bebida juntos. "Mais importante, estamos tão entretidos na conversa que nem sabemos os seus nomes! Haha, desculpe. Então, quais são os seus nomes?" Sempre que iam pedir dados pessoais, Kwak Soohwan mudava de assunto rapidamente. "Ah, desculpe. Já é tão tarde. Devemos ir." Seokhwa também já tinha quase terminado sua refeição, não havia motivo para permanecer mais. "Você deve estar bastante ocupado." "Temos um compromisso cedo amanhã. Se houver oportunidade da próxima vez, adoraríamos tomar uma bebida com vocês." Kwak Soohwan pressionou os lábios com um guardanapo e o retirou. Seokhwa também enxaguou a boca com água e fez uma reverência ao casal. "Obrigado pela conversa de hoje." Naquele momento, a música mudou e o casal aplaudiu, dizendo que era a música deles. Brindaram a um mundo onde poderiam conversar livremente, segurando as taças de vinho. "Oh! La Vie en Rose! É irônico como o mundo virou assim por causa dessas empresas farmacêuticas francesas, e as canções que nos acalmam também são francesas." "De fato, a partir de agora, a vida será verdadeiramente rosada." Eram um casal divertido que se dava bem. Kwak Soohwan tirou algumas notas do bolso e colocou na mesa. "Isso é demais. E não foi eu quem disse que pagaria?" "Eu não gosto de ficar devendo." "Então, pelo menos, diga seus nomes. Se estiverem hospedados neste hotel, podemos nos cruzar com frequência." Pediu para que relaxassem, considerando o quanto já tinham conversado. O marido se perguntava se o jovem casal, que ainda recebia salário do governo, continuava cauteloso, pois essa liberdade talvez lhes parecesse estranha.


De repente, o som de botas militares sincronizadas com precisão tomou o destaque em meio à música do toca-discos. Todos que estavam jantando ficaram tensos e olharam para a entrada. O medo das forças armadas e dos superiores estava enraizado profundamente em suas mentes. Soldados uniformizados bloqueavam a entrada, com um Major na frente, de mãos atrás das costas. "Boa noite. Recebemos inúmeros relatos de que organizações criminosas religiosas estão espalhando informações falsas e sequestrando pessoas. Este hotel também foi informado. Por favor, apresentem seus cartões de cidadão. Estamos apenas confirmando a cidadania, então, cooperem com calma." De um estalo, o Major e os soldados atrás dele fizeram um gesto de saudação. O Major era tão imponente quanto um urso russo. Todos, por dentro, se sentiam incomodados, mas de modo silencioso, entregaram seus cartões. Seokhwa também pegou o cartão falso que Lee Chayoon tinha lhe dado, do bolso, cuja semelhança com o original era quase nula. O mesmo valia para Kwak Soohwan. Os soldados checaram cada cartão de cidadão um por um até chegar à mesa deles. O Major, de semblante sério, se aproximou e de repente arregalou os olhos como se estivesse prestes a desmaiar. "Gen–," Kwak Soohwan franziu a testa, sinalizando para ele fingir que não reconhecia. "G-Genial?!" Apesar da postura imponente, Moongil não conseguiu evitar exclamara. "G-Genial?!" A voz alta de Moongil foi ouvida por todos no restaurante. "Haha, faz tempo, não é? Major Moongil! Sim, meu nome é General Kwak. Meus pais me deram um nome tão incomum. Como foi que você está, Major?" Kwak Soohwan falou com um tom de sarcasmo. "Oh, oh? Sim, estou bem." Moongil gaguejava como uma IA com mau funcionamento. Enquanto isso, Seokhwa deu uma leve reverência para Moongil. "Ah, vocês se conhecem?" "Hmm, deixa eu conferir os cartões primeiro." Moongil, apressado, verificou os cartões do casal, de Kwak Soohwan e de Seokhwa. Ficava abrindo e fechando a boca, como se tivesse milhões de coisas para dizer, extremamente inquieto, quase como um viciado. "Bem, então, Major Moongil, podemos sair agora?" "Sim! Não, quero dizer, sim." Finalmente, após se despedirem do casal, levantaram-se e começaram a caminhar. O som das botas militares os seguiu de perto. Quando estavam na metade do corredor, Kwak Soohwan se virou. "General! Doutor!" Moongil finalmente exclamou alegremente, dizendo que era bom vê-los. "Quando vocês voltaram? Devíamos ter avisado! Ficamos tão preocupados ao ouvir que vocês saíram da cidade para se recuperar! Fico aliviado que a Dra. Seok esteja segura também. Estávamos tão preocupados e não paramos de imaginar o pior…" Moon Kil quase chorava de emoção. Se Dr. Seok tivesse morrido, sentiria que nunca veria seu capitão novamente. Graças ao capitão, receberam promoções especiais e muito dinheiro. "Minhas notícias ainda são confidenciais. Por que vocês estão aqui?" Kwak Soohwan olhou para o restaurante, em uma distância suficiente para que ninguém se interessasse. "Não me faças começar. Desde que fui promovido a Major, estou mais ocupado, e estão me enlouquecendo com tarefas. E dizem que esse grupo religioso novo é uma farsa? Você ouviu falar que eles estão imitando vocês dois? Recebemos relatos de que eles estão roubando dinheiro e sequestrando pessoas, e estou caçando eles. Vou pegar esses canalhas e lidar com eles pessoalmente!" O boato de sequestros por parte do grupo religioso provavelmente era uma armadilha armada pelos superiores para capturá-los. Como o termo “rebeldes” não era mais eficaz, rotularam como criminosos. "Se eles fossem burros, não andariam abertamente na rua, né?" "Exatamente isso. Mas temos que seguir ordens de cima. Capitão, já que voltou, vamos reativar nossa equipe? E Dra. Seok, como está sua saúde?" Sempre perguntavam primeiro sobre Seokhwa. "Ganhei bastante resistência. Vou viver por muito tempo. Obrigado pela preocupação." Moon Kil riu alto. Sem Kwak Soohwan, ele teria dado um tapa nas costas de Seokhwa com sua mão enorme. "Mas, Capitão, por que voltou de forma secreta?" "Para pegar esses impostores. Nos dê todas as informações que tiver." "Sobre isso—" "Espere." Kwak Soohwan sinalizou para Moon Kil ficar quieto e olhou para o corredor conectado ao restaurante. Seokhwa também viu o casal se apressando em direção a eles. "Ainda não saíram, por sorte." "Deixaram dinheiro demais. Achei que não pegariam a troco, então trouxe isso." O marido entregou a Seokhwa um saco de papel. Dentro, havia scones e bagels recém-assados, bem quentinhos. "Obrigado, vamos aproveitar." "Mas… Major Moon Kil?" O marido, que antes sorria satisfeito, agora ficou sério ao falar com Moon Kil. "Sim, pode falar." "Minha esposa tem uma informação para relatar sobre aquele grupo religioso." "Ah, esse tipo de relato deve ser entregue a—" Kwak Soohwan deu uma leve pontapé na perna de Moon Kil. "Sim, isso mesmo. Você deveria me informar." A esposa olhou ao redor nervosa, reunindo coragem para falar. "O grupo religioso que está sequestrando pessoas… poderia ser o Paraíso?" "Sim, exatamente." "Gostaria de saber se a mãe do Joon quer sair, mas não consegue. Um dos meus vizinhos entrou para esse grupo do Paraíso. Disseram que operam por sistema de recomendações e até se ofereceram para me indicar também." Como conheciam Major Moon Kil, a esposa não se importou de falar mais abertamente, mesmo na presença de Kwak Soohwan e Seokhwa. "Você ainda tem contato com essa pessoa?" Foi Seokhwa quem perguntou de repente. "Sim. Tentei persuadi-los várias vezes para não se envolverem com uma seita. Isso foi há poucos dias." "Você sabe onde eles estão?" "Provavelmente em casa. Ai, será que foi errado eu falar isso? A mãe do Joon confia tanto em mim que me recomendou. Ela não sofrerá consequências, né?" "Há alguma recompensa por essa informação?" "Querido!" A esposa cobriu a boca do marido, envergonhada com a pergunta dele. "Se há sistema de recomendações, só membros de confiança podem participar, né?" "Não tenho certeza, mas parecia que estavam recrutando pessoas de diversas profissões. Disseram que estavam criando um novo Paraíso, formando um novo país. Isso parece absurdo. Minha esposa e eu somos professores, talvez por isso tenham recomendado a gente." Enquanto o relatório era entregue a Moon Kil, era Seokhwa e Kwak Soohwan quem pareciam mais interessados. Seokhwa dobrou a sacola de pão ao meio e olhou para Kwak Soohwan, que assentiu compreendendo. "Querem vir ao nosso quarto tomar uma bebida?" "Haha, vocês disseram que estavam ocupados antes. E por que ir ao quarto, quando podemos aproveitar a vista aqui—" "Vamos acompanhá-los ao nosso quarto." Moon Kil se posicionou atrás do casal, com as mãos nas costas. A atmosfera repentinamente fria fez o marido coçar o pescoço nervosamente. "Então, veja bem, meu amigo—" "Com certeza haverá uma recompensa da cidade." Kwak Soohwan sorriu tranquilizador. O casal, Kwak Soohwan e Seokhwa se sentaram frente a frente na sala de estar do quarto. Os outros soldados tinham sido dispensados, permanecendo apenas Moon Kil e dois subordinados confiáveis guardando a porta. Desde que entraram, a ansiedade do casal quanto à segurança era evidente. A presença do Major Moon Kil na porta indicava que os dois homens à frente tinham autoridade ainda maior. As taças de bebida estavam na frente deles, mas ninguém mexeu nelas. "Hum, com licença." "Vou direto ao ponto. Você pode nos indicar alguém do Paraíso?" Falou Kwak Soohwan, e Seokhwa concordou com a cabeça. "O quê, o quê?" A esposa olhou surpresa para Moon Kil. "Queremos nos tornar membros do Paraíso, mas não sabemos como." Seokhwa disse algo perigoso de forma deliberada. "Isso parece estranho." "Parece?" "Na verdade, queremos infiltrar, não nos tornar membros." Kwak Soohwan umedecia os lábios com um gole e convidava o casal a fazer o mesmo. "Infiltrar? Sim." Desta vez, Seokhwa começou a explicar de forma que eles pudessem entender. "Um grupo religioso que engana e sequestra pessoas é uma organização criminosa. Na verdade, somos do Abrigo de Seul, e fomos enviados para parar as atividades criminosas do Paraíso. É por isso que não podemos revelar nossos nomes durante o jantar." Viu? Dr. Seokhwa mente tão bem. Kwak Soohwan murmurou para si mesmo, embora não fosse mentira completa. "Ah, isso é ótimo! Então, você salvará a mãe do Joon do culto?" Ela aplaudiu satisfeita. "Claro. Se vocês nos indicarem ao Paraíso, também receberão uma recompensa generosa." Kwak Soohwan pegou o telefone fixo do quarto e colocou na mesa. "Vamos aproveitar a oportunidade enquanto ela está quente." "Mas quem vai nos dar a recompensa?" "A força militar." "Então, o Major vai garantir isso?" O marido cochichou, cobrindo a boca para que Moon Kil não visse. "E se o Major negar depois e ficar com todo o crédito?" Sim, já engoliram muitas mentiras da cidade. "Primeiro, vamos confirmar se a informação é verdadeira." Kwak Soohwan sorria, mas seus olhos transmitiam uma presença ameaçadora, levando a esposa a pegar o aparelho. "Vamos colocar no viva-voz." Vendo sua hesitação, Seokhwa puxou o aparelho e acionou o viva-voz. Parecia que dois vilões russos estavam assediando os habitantes da cidade. A esposa colocou relutantemente o receptor na mesa e discou os números. Seokhwa decorou o telefone. O tom de discagem soou por um longo tempo. Depois de dois segundos, o casal engoliu nervosamente. Parecia que ninguém atendia... Seriam libertos se a chamada não fosse atendida? E assim, enquanto se preocupavam, aconteceu o esperado. [Alô?] A esposa suspirou aliviada e aumentou a voz na caixa. "Sou eu, mãe do Joon!" […Oh? Sou eu, Yongji?] "Sim, sou eu, Yongji. Você estava dormindo?" [Não, acabei de voltar de sair. O que houve? Se for para falar besteira de novo,] "Não! Tenho pensado bastante, e quanto mais penso, mais acredito que o Paraíso é o caminho direto para a verdadeira felicidade." […Haha, obrigado. Fico feliz que minha sinceridade tenha Chelsea para você. Eu realmente queria que você, de todas as pessoas, fosse salva comigo.] Kwak Soohwan sinalizou que era suficiente, dando sinais para que ela terminasse. Eles haviam confirmado o contato. "Mas, mãe do Joon, eu me sentiria muito culpada se fosse a única a ser salva sem minha família e parentes. Posso recomendar meu parente também?" Nervosa demais para perceber o sinal, a esposa continuou falando suavemente. […Um parente? O que fazem?] Agora ela olhava para Kwak Soohwan e Seokhwa, com os olhos bem abertos, à procura de uma resposta. O plano de desligar e resolver depois estava fracassando. Kwak Soohwan rapidamente pegou um pedaço de papel da mesa e escreveu seus pensamentos. Se fossem parentes, talvez compartilhassem a mesma profissão, então escreveu "professor". [Alô? Yongji?] "Ele é… um empresário!" [Um empresário? Que tipo?] "Sim! Uma empresa que fornece equipamentos para estações de rádio e tevê. Você sabe que esse setor está crescendo bastante." Sua rapidez impressionou Seokhwa, que coçou a testa. As coisas pareciam sair do controle. [Então, ele deve ter contato com as pessoas nas estações também?] "Com certeza. É praticamente um monopólio." […Ok. Posso te ligar amanhã de novo então?] "Sim, claro. Estarei em casa, me ligue." [Yongji, você tomou uma decisão excelente. Obrigado. Vamos entrar no Paraíso juntos.] "Obrigado também. Descanse bem, estarei esperando sua ligação." Kwak Soohwan deixou escapar um suspiro profundo após a ligação terminar. "Eu, eu só queria confirmar e desligar, mas a conversa continuou…" "Não, você foi ótimo. Obrigado." Seokhwa agradeceu com um gesto de cabeça. "Mandou bem, né? Fornecia equipamentos de transmissão, que nada. A gente nem conhece ninguém nesse setor." "Ainda não temos confirmação, de qualquer forma." "Verdade, mas, amigos." O marido quase se exaltou com a palavra "amigos". "Você vai pra casa agora?" "Temos que ir. Não reservamos um quarto." "Obrigado por nos convidar para sua casa." "Não, nunca—" "Obrigado." Seokhwa, que agradeceu, levantou-se e começou a juntar suas coisas. Observando-os da porta, Moon Kil achou que o Dr. Seok e o General tinham voltado da Rússia como um casal de vigaristas. Não era típico do Dr. Seok agir assim, mas talvez ele tivesse sido influenciado pelo Capitão ao longo do tempo… "Moon Kil." "Sim, General!" A resposta dele foi mais por culpa. Ele chamara-o de General automaticamente, mas Kwak Soohwan o chamara pelo nome mais cedo. "Se conseguirmos entrar no Paraíso, diga ao Penguin para nos dar uma recompensa generosa. Além disso, vá comprar dois ternos bem ajustados. Não compre um barato." "Uh, espere um pouco." "Velho, fique conosco até recebermos a ligação amanhã." Na era do Sistema Mestre, tratar soldados era raro, mas nesse período de liberdade, parecia que estavam sempre envolvidos. "Você é soldado?" "Desculpe a apresentação tardia. Sou Major General Kwak Soohwan, de Rainbow City." O marido ficou boquiaberto, com os dentes inferiores tortos. Envergonhado por tentar se exibir diante de alguém tão alto-rank, ficou vermelho. Kwak Soohwan? Já tinha ouvido esse nome antes. "O quê?! Kwak Soohwan?!" A esposa apontou para Kwak Soohwan com o dedo indicador. O Coronel Kwak Soohwan era conhecido como um dos fundadores do Paraíso. Será que era o mesmo nome? Ela lentamente retraiu o dedo. Seokhwa, que tinha ido ao camarim, pegou sua arma e a guardou dentro do casaco. Foi o primeiro a se preparar para sair. "Calma, querida." "Vamos terminar rápido e voltar ao normal." Seokhwa queria retornar ao seu laboratório, com muitas coisas para verificar. Compreendendo isso, Kwak Soohwan também pegou seu casaco longo. Enquanto isso, Moon Kil instruiu seu subordinado de visão aguçada a comprar os ternos. Ele e outro subordinado ficariam de guarda, cuidando do casal de meia-idade e dos dois "vigaristas". O que começou como uma conversa educada virou uma convocação forçada. Apesar da pressão, o casal decidiu tratar Seokhwa e Kwak Soohwan com o máximo respeito. Onde mais teriam chance de fazer contatos com um Major general? Eles eram bons em transformar crises em oportunidades. Moon Kil verificou se havia algum dispositivo escondido na casa do casal, garantindo que não houvesse, antes de dar sinal de liberação para a conversa aberta. "Então, seu amigo também é soldado?" "Não." Seokhwa, satisfeito, apenas cutucou a maçã com o garfo. "Então, o quê?" "Um pesquisador." "Oh! Que tipo de pesquisador?" "Vírus variados." Ele não entrou em detalhes sobre Adam. Kwak Soohwan, escondido atrás das cortinas blackout, conversava com Moon Kil. "Onde foi em Seul?" "Yeouido." "Meu, que rapaz tão capaz. Então, por que está com o Major general? Um doutor e um soldado? São irmãos?" "Sou." "O quê?" "Sou o mais velho." Ela colocou a mão na boca, surpresa. "Hehe, quase cometi um erro. É bom parecer jovem. Achei que você fosse mais novo porque não fala de forma informal com ele." "Estou acostumado. Difícil de mudar." Seokhwa raramente falava de forma informal com alguém, fruto de ter poucos amigos. "Verdade, se mandasse meu marido começar a falar formal, seria estranho. Na verdade, tenho dois anos a mais que ele." "Eu também. Tenho dois anos a mais." Em momentos de tensão, Seokhwa chamava ele de Soohwan. Era um sinal deles, indicando que ele não aguentava mais e devia relaxar. Ao lembrar de momentos íntimos, Seokhwa tentou rapidamente apagar esses pensamentos. Felizmente, seu fluxo sanguíneo ainda não tinha mudado. "Por que você quer infiltrar, Dr. Seok? Você nem é soldado." "A situação virou assim." "Tantas desculpas. Mas, é um pouco emocionante, não? Quem diria que uma coisa como um filme de espionagem aconteceria na minha vida?" "Você gosta de filmes de espionagem?" "Sim, adoro. Depois da mudança de regime, assisti a filmes sem parar por um mês." "Eu também gosto." Ao mencionar essa preferência, Kwak Soohwan, com ouvido atento, se aproximou de Seokhwa. Ver Seokhwa conversando com facilidade fazia Kwak Soohwan se sentir contente e um pouco ciumento. Como tinha dito antes, ele era mais novo, e Seokhwa era mais velho, então esse ciúme faz sentido. "Se o ponto de encontro estiver marcado, vamos sozinhos amanhã." "Não seria meio estranho?" O marido hesitou brevemente, pensando se deveria falar de modo formal. O jeito casual de Kwak Soohwan lhe deu um pouco de confiança. Agora tinha uma história para se gabar: conhecer um tenente-general pelo nome. "Minha esposa e eu também vamos! Assim fica mais crível que vocês sejam nossos parentes." "Já estamos sendo um fardo, não queremos incomodar mais." Seokhwa recusou firmemente, mas o casal já estava muito investido na fantasia de filme de espionagem. Que perigo poderia haver? Estavam protegidos por um soldado, e ajudar a capturar uma organização criminosa poderia até render uma medalha de honra para a família deles. "Velhos, cuidado com golpes." As palavras de Kwak Soohwan eram sinceras. O casal parecia do tipo que teria caído facilmente em alguma armadilha, mesmo que ele e Moon Kil fingissem ser soldado. "Temos um bom faro para pessoas. Se der tudo certo, ganharemos uma medalha e uma recompensa, né?" "Penguin não é mesquinho. Você vai receber alguma coisa." "Penguin? Quer dizer… Pinguim Imperial?" "Sim." Seokhwa respondeu, dando uma mordida na maçã. Seu estômago já tinha se acalmado, e a doçura da maçã fazia sua boca salivar. Ele ofereceu uma maçã a Kwak Soohwan, que se inclinou para pegar uma mordida. "Está bom?" "Sim, melhor ainda com sua ajuda." "Usei um garfo para colocar a maçã." Kwak Soohwan murmurou e olhou para o relógio. Ainda era longe da meia-noite. Para passar o tempo, Seokhwa explorou a aconchegante casa do casal. Fotos de família decoravam as paredes e mesas. Um antigo fonógrafo tinha uma leve camada de poeira. As toalhas de mesa e os porta-copos eram tricotados, dando um clima acolhedor. Seokhwa nunca tinha decorado sua casa, nem mesmo quando morava com a mãe. Sua sala de abrigo tinha sido apenas um lugar para dormir, assim como seu quarto atual. "Um lar cheio de amor." Essa casa realmente expressava esse sentimento. Em uma parede, havia uma grande peça de ponto cruz, grande o suficiente para abrir braços. Representava uma floresta serena, com fios verde e marrom densamente entrelaçados. Lembrou-se da floresta que via diariamente da cabana na montanha. [Nenhum homem é uma ilha] [Em memória do meu filho que partiu com honra] A inscrição o cativou. Parecia uma homenagem a uma criança perdida no último incidente do Adam. Ninguém está verdadeiramente sozinho. Mesmo após a morte, são lembrados por outros. Os entes queridos que restaram, embora ainda sofram, podem suportar porque estão juntos. De repente, Seokhwa imaginou-se vivendo em uma casa tão calorosa com Kwak Soohwan. Talvez a casa deles tivesse pedras em vez de tricô, mas ainda assim seria cheia de amor. Riiiiing—the telefone antigo tocou, interrompendo a reverie de Seokhwa. A atenção de todos se virou para ele. A esposa colocou o dedo nos lábios e apertou o botão de viva-voz. "Alô." [Você, Yongji, é uma pessoa tão má.] A voz carregava decepção. A esposa, nervosa, olhou para Kwak Soohwan, que balançou a cabeça, sinalizando para negar tudo. "O quê? Mãe do Joon? Do que está falando?" [Você me enganou, não foi?] "Como assim, enganar você?" [Tudo aquilo sobre seus parentes era mentira. E dizer que queria se juntar à nossa congregação também era mentira, né?] A esposa limpou as mãos suadas na coxa. Seokhwa rabiscou uma nota num papel. "Diga como se você não se importasse se a perdesse." Tanto Kwak Soohwan quanto Seokhwa concordaram. Eles haviam espionado a área e não havia soldados por perto. "Não entendo por que está dizendo isso, mãe do Joon. Não sei por que está decepcionada comigo, mas, seja lá o que for, vamos esquecer isso." [Espere um minuto!] "...O quê?" [Finalmente entendi seus sentimentos verdadeiros, Yongji. Não fique chateada, preciso verificar a identidade das pessoas antes de recomendá-las. Estava preocupado porque você de repente mudou de ideia… Mas percebi que compartilhamos a mesma dor. Desculpe.] "Ainda estou chateado." [Entendo. Mas podemos ser salvos juntos, Yongji. Você conhece a Montanha Uryong? Tem um templo antigo pela metade do caminho. Encontre-me lá às 7 da manhã de amanhã.] "Você também vai? Ou devemos ir juntos daqui?" [Não, encontremos lá. Tenho que sair agora.] "Neste horário?" [Sim, você é realmente abençoado, Yongji. O próprio Dr. Seok me reconheceu como um seguidor exemplar por recomendar alguém ligado à estação de rádio e tevê. Não me decepcione, Yongji.]