
Capítulo 190
Minha irmãzinha vampira
Controle…
Como pude não perceber algo tão simples assim?
Desde o começo, eu nunca almejei controle sobre o Espaço-Tempo. Criação e Destruição, Vida e Morte… Tudo isso era apenas um subproduto do meu verdadeiro poder. A minha habilidade de controlar a própria vida. A capacidade de mudar meu destino e reescrever minha Destinaçã[o]. E, o mais importante, a capacidade de proteger aqueles que mais amo.
Exato… Os cinco anéis eram apenas catalisadores para que eu focasse minha energia. Para concentrar meu poder de modo que ele não escapasse do controle.
Afastei-me de Lilith, ignorando sua expressão confusa enquanto fazia isso. Levantei minha mão direita e concentrei-me nos cinco anéis. Estavam ligados por uma corrente metálica, agrupados em uma única pulseira no meu pulso. Reluzindo e cintilando, os cinco anéis ressoavam com o desejo do meu coração, cada um liberando sua aura.
Imperium, o anel do Espaço-Tempo. Brilhava com uma luz azul celeste de uma tarde ensolarada. O espaço ao redor dele se deformava na tonalidade azul, criando uma sensação opressiva para qualquer um que não pudesse suportar meu poder.
Genesis, o anel da Criação. Cores do arco-íris traziam uma essência harmoniosa a esse único anel. Ao olhar dentro de sua gema, a pessoa ficava encantada com seu tom milagroso, sentindo como se estivesse observando o nascimento do próprio Universo.
Interitus, o anel da Destruição. Energia rubra e turbulenta jorrava do meu dedo indicador enquanto a personificação do caos e da destruição ressoava daquele simples anel. Tingido de vermelho por contato constante com meu poder mágico, o anel parecia feito de magma incandescente, que queima e destrói qualquer um que não seja forte o suficiente para controlá-lo.
Vita, o anel da Vida. Suave e cheio de vitalidade, esse belo anel brilhava com um tom de esmeralda profundo, conferindo-lhe uma aparência vibrante e vívida. Sua aura era tão doce quanto delicada, e qualquer um que se aproximasse dele se enchia de vitalidade e se curava de suas feridas.
E, por fim…
Meu anel mais novo.
Letum, o anel da Morte.
Totalmente preto, era a chave final para desbloquear meu poder. Como se estivesse mergulhado numa sopa fétida de morte líquida, o anel era tão aterrorizante quanto perigoso. A escuridão e o medo dominariam qualquer um que ousasse espiar; suas almas seriam colhidas sem que eu percebesse.
Esses cinco anéis funcionavam em harmonia e sintonia para criar a entidade que era Jin Valter. Todos eram partes de minha alma; seus poderes vinham do meu Aspecto Vampírico único. No passado, quando eu ainda não tinha consciência do meu poder, esses cinco anéis provinham de ajuda na canalização e no controle do meu poder nascente.
Mas agora que descobri o que realmente era… Não há mais necessidade de usar essa versão diluída.
"Jin? O que está fazendo?"
"Lilith, mantenha a calma e observe."
"Huh?"
Fechei os olhos e não disse mais nada.
Levantei minha mão direita bem para cima e 'olhei' para minha alma. Durante todo esse tempo, eu estava apenas olhando a superfície. Não estava me aprofundando na verdadeira essência do meu poder, e só tinha brincado com o que achava ser meu verdadeiro poder. Mas tudo isso mudou hoje.
Ao aprofundar minha busca, encontrei um fenômeno misterioso. Minha alma estava, basicamente, completa, mas havia um único selo em suas profundezas. Um selo sustentado por cinco correntes.
Nunca tinha percebido essa anormalidade na minha psique antes. Talvez, eu não soubesse onde procurar, ou talvez estivesse subconscientemente bloqueada para proteger minha mente de um colapso. Não, o mais provável é o último.
O poder de controlar tudo, do Espaço-Tempo à própria Destinaçã[o]… Era uma habilidade excessivamente poderosa e quebrada, que nenhuma pessoa sensata conseguiria sequer compreender, quanto mais assumir o controle.
Mas eu era diferente.
Tinha o corpo do Progenitor. Uma alma de monarca. E o apoio de quatro Deusas transcendentais. Meu futuro já estava gravado na pedra.
Eu iria superar todos e me tornar um ser hegemônico no Universo. Assumiria o controle do meu destino e ditaria como minha vida seria. Eu ia… controlar tudo.
Sem hesitar, mergulhei meus dedos no selo e comecei o processo de destruição. Aos poucos, as correntes do selo foram quebradas, e, no mundo físico, as correntes dos meus anéis também se partiram.
"J-Jin! Seus anéis!"
"…"
Lilith tentava me alertar, mas não dei atenção. Como Vampiro, quebrar voluntariamente minha Armadura da Alma equivalia a suicídio. Era como ferir gravemente minha alma e, ao mesmo tempo, incapacitar a fonte dos meus poderes vampíricos.
Mas isso não me importava.
A Armadura da Alma era apenas um meio para um fim. Não representava minha verdadeira essência de Aspecto Vampírico. Era apenas uma manifestação, uma ilusão…
O que eu queria… era o verdadeiro.
"Quebre por mim!!!"
Suor escorria pela minha testa, respingando minha roupa com um cheiro nojento. Ao mesmo tempo que destruía os selos, impurezas eram expulsas do meu corpo. Sujeira se acumulava na minha pele e era rapidamente descarregada enquanto meu corpo se descontruía e se reconstruía.
Se eu não fosse um Vampiro com cura transcendente, tudo isso me teria matado.
Mas, mesmo que não fosse, isso não teria me detido.
Usando toda minha força naquele selo, fiz uma última investida. E, como esperado…
Clink!
Algo quebrou.
Não tinha certeza se foi meu corpo ou minha alma, mas algo dentro da minha consciência se quebrou. Com os olhos fechados, entrei em um transe parecido com sonho. Sentia como se estivesse flutuando com o fluxo, puxado pelo rio do Universo.
Eu podia sentir tudo.
Desde a gênese do tempo até o fim da Criação. O movimento das dimensões e como o Universo se governa. Diante da grandeza do Cosmos, eu era apenas um grão de poeira. E, mesmo assim…
Estendi as mãos e toquei o ‘fluxo’ de tudo. Se fosse uma pessoa comum, ficaria insanamente louca de tanta exposição.
Tudo estava ao meu alcance.
A aurora até o fim do Universo. Estava tudo ali.
Agora entendia o que minha versão futura queria dizer ao falar em completar o ciclo do tempo. Tudo estava predestinado por esse misterioso ‘fluxo’. Eu nasci para Jael e Elna Valter. Meu encontro com Irina e as quatro garotas. O Demônio Exterior que danificou minha alma…
Tudo era predestinado por esse ‘fluxo’.
E, com Thanatos entregando a chave final, minha alma estava completa. O ciclo do tempo foi selado, e o destino não poderia mais ser alterado.
Levantei os dedos para o céu e deixei toda a energia do Universo se reunir em minhas pontas. Minha alma foi acalmada, e meu corpo renovado. O destino completou seu ciclo, e minha linha do tempo ficou garantida. Olhei para o ‘fluxo’ sereno e glorioso e não pude deixar de comentar:
"Que coisa linda…"
Fechando os olhos internos, acordei na realidade com Lilith de rosto preocupado colado ao meu. Parecia que ela tinha visto um espectro; limpou as lágrimas do rosto e gritou:
"Jin Valter! Você é louco! Sabe que poderia ter morrido?! O que você está pensando?! Quebra sua Armadura da Alma daquele jeito?!
"Tudo bem, tudo bem…" sussurrei suavemente em seus ouvidos, acariciando-a gentilmente. "Não se preocupe; não farei mais isso."
"Claro que não fará mais! Não vou deixar!"
"Haha, na verdade… Não há mais Armadura da Alma para destruir."
"H-Huh?"
Ri e levantei a mão, revelando as correntes quebradas da minha Armadura da Alma. Restaram apenas os cinco anéis após eu ter destruído o selo. Ainda reluziam, mas não havia energia alguma latente nas gemas. Agora, eram apenas joias valorosas, com um único propósito.
"O-O que você fez?"
"Desencadeei meu verdadeiro poder. O Aspecto Vampírico de que você tanto fala."
"H-Huh?"
"Dá uma olhada!"
Indiquei com o dorso da minha mão direita, permitindo que Lilith visse a marca gravada nela.
Um círculo de luz.
Às vezes, era um azul hipnotizante. Outras, assumia as cores do arco-íris. Algumas vezes, tremulava com as cores quentes de magma; outras, era pacífica, de esmeralda. E havia momentos em que brilhava com as cores ameaçadoras da morte. Mas aquilo não era tudo…
Magenta, bege, amarelo, toscano…
Cada cor do espectro estava oculta naquele círculo perfeito.
"… Isso é seu Aspecto Vampírico?" Lilith pareceu confusa por um momento.
Todo Aspecto Vampírico deveria ser único e especial. A marca de Inira, a Soberana do Inverno, tinha um design exclusivo de um floco de neve com o domínio de uma monarca. A Melodia Elysiana de Lilith era complexa, mas imponente, linda de se ver e tocar. Mesmo o ‘Fênix Obsidiana’ de Ysabelle e a ‘Floresta Sonhadora’ de Rosa tinham desenhos belíssimos que todos podiam admirar.
E, no entanto, o meu era apenas um círculo simples.
"Observe com atenção."
Adorando sua expressão frustrada e confusa, indiquei que ela olhasse mais de perto. Sem entender muito bem minhas intenções, Lilith fez o que mandei, e seus olhos se aprofundaram nas cores grandiosas do meu Aspecto Vampírico.
Sem perceber, a consciência de Lilith foi sugada pelo poder magnífico, ficando aos poucos hipnotizada pelo que se escondia ali. Sua cabeça balançou como se estivesse sendo hipnotizada, e ela ficou cada vez mais sonolenta. Finalmente, precisei despertá-la com um beijo, ajudando-a a recuperar-se de sua imersão no abismo.
"O-Que foi isso."
"Esse é meu Aspecto Vampírico. O poder de controlar tudo," expliquei brevemente. "Tudo no Universo está ao meu alcance. Espaço-Tempo, Criação, Vida, Morte e Destruição… São apenas partes do meu poder. No futuro, poderei controlar o Destino, a realidade, e muito mais…"
"Isso é…"
"Quebrado? Acho que sim."
Quase ri ao pensar na absurda magnitude de tudo isso. Agora fazia sentido por que a minha versão futura podia dominar o Universo. Se este fosse meu poder atual, imagine o quão forte eu ficaria em dois bilhões de anos?
"Mas há coisas mais importantes para resolver agora."
"… Coisas mais importantes? Como quais?"
Sorrindo, removi os cinco anéis do meu dedo. Acho que agora entendi por que minha Armadura da Alma assumiu aquela forma inicialmente. Consegui colocá-los na mesa, um a um, até que o que representava a Criação ficou por último.
Quando devolvi a alma de Lilith ao seu espaço na Dimensão Moonreaver, esse anel se ativou. Era o que me deu força para derrotar Sirius, e também o que simbolizava meu amor por Lilith.
Puxando sua mão esquerda, ajuste feliz o anel para o seu quarto dedo e disse:
"Ainda não terminamos nossa cerimônia de troca de anéis, minha querida."