Minha irmãzinha vampira

Capítulo 189

Minha irmãzinha vampira

Nossa noite de casamento logo virou uma semana de bodas.

Estávamos os cinco presos na suíte nupcial, experimentando várias posições e maneiras de nos agradar mutuamente. As rodadas se estendiam por horas, e as horas, por dias. E, antes que percebêssemos, uma semana inteira havia passado.

Durante toda a semana de libertinagem, fiz questão de proporcionar o máximo de prazer às minhas quatro noivas envergonhadas, e elas estavam completamente mergulhadas na minha essência, tanto mental quanto fisicamente. Depois daquelas noites, tinha certeza de que nenhuma delas pensaria em me trair novamente, pois tinham reafirmado sua devoção e amor por mim.

E com nosso pequeno encontro nupcial concluído, minha mente agora estava livre de ciúmes, e pude refletir sobre tudo.

Primeiramente, nosso casamento foi invadido por um Demônio Externo misterioso, mais forte do que todos os Senhores Demônio que enfrentei até hoje juntos. Como não consegui encontrar uma maneira de derrotar a criatura, não tive escolha senão recorrer ao meu último recurso. Usando os anéis de Espaço e de Vida, consegui me convocar do futuro e possuir meu corpo atual.

Foi um jogo de risco da minha parte. Eu não tinha como saber se funcionaria.

Meu eu futuro poderia ser mais forte, ou poderia já ter partido. Afinal, não podia olhar o futuro. Só podia rezar para que meu eu do futuro fosse forte o suficiente para lidar com o novo Demônio Externo que ameaçava minha vida.

No entanto, o que aconteceu a seguir superou minhas maiores expectativas.

Por causa da minha conexão com minhas quatro esposas, eu podia mergulhar facilmente em suas memórias, tendo uma chance de reviver aquela experiência mais uma vez. Mas, desta vez, sob a perspectiva delas. O homem que convidei era muito mais forte do que eu jamais imaginei.

Descendo como um Deus, meu eu do futuro possuía o poder de fazer todas as criaturas se ajoelharem. Nem vampiras antigas poderosas, como a Matriarca Inocência, escapariam. Seus olhos sangrariam se ousassem olhar para mim, e suas almas seriam dominadas pela minha presença.

Controlando o poder de vida e morte, eu poderia destruir planetas com um pensamento e, no fim, fazer a decadência do nosso Universo.

Esse era o nível de poder que eu teria no futuro.

Enquanto assistia à memória do meu eu futuro dominando o campo de batalha, uma mistura de emoções tomava conta de mim.

De um lado, sentia uma grande alegria ao ver o quão poderoso poderia me tornar. Sempre soube que tinha potencial para algo grandioso, mas ver isso na prática reafirmou que meu caminho era aquele. Se continuar crescendo no ritmo atual, sem dúvida me transformarei naquele monstro e dominarei o mundo.

Por outro lado… eu me sentia dividido.

De acordo com as memórias que vi, tudo tinha sido predestinado pelo meu eu do futuro. Meu nascimento, o encontro com Irina e as outras meninas, o Demônio Externo que me atacou… Tudo era controlado pelo destino e pela "linha do tempo" que ele havia escrito.

Até mesmo, meu eu do futuro afirmou que fui eu quem criou aquele Demônio Misterioso que possuía a Morte. Quanto mais ouvia, mais confuso eu ficava.

Quer dizer que eu vinha vivendo um roteiro que eu mesmo escrevi? Não tinha liberdade de escolha e todas as minhas ações já estavam predestinadas no futuro? E o que ele quis dizer ao afirmar que criou o Demônio Externo? Fui eu quem causou ferimentos mortais em mim mesmo no passado? Isso não fazia muito sentido…

Além disso, o que ele quis dizer com meu verdadeiro poder?

Olhei para os cinco anéis, agora brilhando com vida e força, especialmente aquele no meu dedo mindinho. Tentei há bastante tempo despertar o quinto anel, usando vários métodos, mas, por mais que tentasse, ele permanecia imóvel.

Até que meu eu do futuro absorveu o poder da Morte do Demônio Externo…

Sentei-me solenemente sozinho no meu escritório, refletindo sobre as possíveis implicações. Meu eu do futuro… Preservar a linha do tempo… Thanatos criado por mim… Minha existência no futuro… Tudo pesando sobre mim, e eu não conseguia encontrar a última peça do quebra-cabeça.

"Jin? O que você está fazendo aqui?"

Enquanto eu pensava sobre o que realmente era meu poder… Uma voz tranquila ressoou dentro das paredes do meu escritório.

Levantei os olhos e vi uma beleza transcendente, loira, entrando com olhos envergonhados. Seu camisola branca já estava desgastada e solta, um vestígio das batalhas noturnas que tivemos na semana passada. Mas isso não significava que ela estivesse suja. Limpa e com uma pose elegante, a Deusa aproximou-se de mim, colocando os braços ao seu redor do meu pescoço.

Afundando o rosto no meu pescoço, Lilith descansou preguiçosamente sobre mim, respirando ocasionalmente com um cheirinho ou outro. Sorrindo de volta por seu comportamento atrevido, envolvi a cintura dela com meus braços e a puxei para o meu colo. Ficamos nos abraçando por alguns segundos, até que um de nós quebrou o silêncio:

"Onde estão os outros?"

"Ainda estão dormindo," respondeu Lilith timidamente. "Você nos esgotou na última semana, afinal. Sério, qual é sua resistência? Você fez quatro vampiras transcendentais desmaiar de exaustão! Até a Ysabelle não conseguiu acompanhar seu desejo!"

"Tive que ensinar uma lição para vocês, meninas," sorri brincando. "Assim, nunca mais vão pensar em me trair."

"N-Nunca vamos te trair!"

"Mas o pensamento passou pela cabeça, né?"

"V-Você…"

Lilith bateu adoravelmente no meu peito com os punhos pequenos.

"Ok, vou parar de brincadeira," sorri amplamente, segurando os pulsos dela e acalmando com um afago na cabeça.

"Se você não estiver muito cansado, quero conversar sobre alguma coisa com você."

"... É sobre seu eu do futuro?"

"Sim," suspirei e levantei a mão direita. "Ele mencionou algo sobre meu verdadeiro poder e que eu deveria descobrir qual é, realmente, minha Face de Vampiro. Mas, quanto mais penso, mais fico sem ideia. Será que estou realmente no controle das minhas ações? Tudo não passa de um roteiro criado por uma força superior? Estou começando a duvidar das minhas origens…"

Os eventos que levaram a este momento foram demasiadamente coincidências para serem apenas sorte.

"Mas se tudo estivesse escrito em um roteiro, por que aconteceu assim?"

"O que quer dizer?"

"Se o meu futuro escreveu meu destino, por que ele nos fez sofrer? Por que escolheu um caminho tão indireto para despertar meu poder? Por que quase me matou no passado? Por que forçou vocês quatro a rasgar pedaços de suas almas para salvar a minha? Não entendo por que tudo precisa acontecer assim."

"Ah, entendi o que você quer dizer…"

Como esperado da minha musa, Lilith logo compreendeu minhas dúvidas. Coçando o queixo, a deusa intelectual começou a pensar, rodando a cabeça.

"Hmmm, e se essa fosse a única forma de despertar seu poder?"

"Hã?"

"Já pensou na verdadeira natureza do seu Armamento de Alma? Por que você consegue usar o poder do Espaço-Tempo, da Criação, da Destruição, da Vida e da Morte?"

"Hmmm…"

Pensando bem, eu não tinha refletido muito sobre isso. Estava satisfeito em usar poderes tão poderosos que nunca investiguei profundamente a raiz do problema.

"Já pensei nisso, mas acho que o motivo pelo qual você conseguiu despertar habilidades tão fortes foi por causa das circunstâncias especiais em que foi criado."

"Criado?"

"Sim," assentiu Lilith. "Lembra do ritual que te transformou em vampiro?"

"Claro que lembro," eu ria. "Irina usou o Contrato de Igualdade para me elevar a Vampiro Verdadeiro, não foi?"

"Exatamente, mas você está esquecendo um detalhe importante. Antes de se tornar Vampiro, sua alma foi destruída pelo Demônio Externo que te atacou. E por causa disso, seu corpo virou um receptáculo para um pedaço das nossas almas. Fizemos isso para reconstruir sua alma, mas, sem querer, ela pode ter mudado sua composição."

"Alterou sua composição?"

"Sim," Lilith continuou a teorização. "Durante à noite no hospital, na noite da Lua de Sangue, sua alma transformada ressoou com a nossa e criou algo especial… Criou uma alma que seria impossível de fazer, mesmo recriando passo a passo… Uma alma capaz de criar um milagre."

"..."

Escutava atentamente as palavras de Lilith. Como se uma chavinha tivesse sido ativada em minha mente, esperei pacientemente suas palavras fazerem sentido e se tornarem a última peça do quebra-cabeça que faltava.

"E o Contrato de Igualdade da Irina foi a última etapa… A chave final para criar sua alma única… E se…"

"..."

"E se… Na sua aflição, você fez um desejo? Um desejo que só poderia ser realizado ao possuir uma alma assim? Talvez… Essa seja sua verdadeira força…"

"!!!"

Entendi… Finalmente compreendi!!!

O que me faltava o tempo todo!

Meu verdadeiro poder não era Espaço-Tempo. Não era Criação ou Destruição. Nem Vida ou Morte!

Sentia-me um inválido, dependente de outros para sobreviver. Eu tinha raiva disso… de não ter controle sobre minha vida.

E assim, naquela cama, há tantos meses atrás, enquanto agonizava, lutando pelo meu último suspiro… Fiz um desejo.

Eu não morrerei… sem ter controle algum sobre minha vida.

O que eu desejava, o que era minha Face de Vampiro, o que realmente era meu poder…

'Controle.'