
Capítulo 140
Minha irmãzinha vampira
A notícia do colapso da Casa Bloodborne se espalhou pelos quatro cantos após os eventos na Floresta dos Elfos. A poderosa Casa Bloodborne, a linhagem original de Vampiros e outrora hegemônica indiscutível do planeta… havia caído.
Na busca pela ressurreição do Primeiro Progenitor, eles invadiram a Floresta dos Elfos com toda a sua força. Destruíram o Santuário Elfo e mataram centenas de vidas. Trouxeram destruição por onde passaram e arrastaram seu ritual repugnante até o coração da Árvore do Mundo. Contudo, todas as suas preparações foram em vão.
Embora tivessem se preparado para esse momento por mil anos, a Casa Bloodborne falhou em sua missão. Não só fracassaram, mas, ao tentar reviver Drácula, sacrificaram grande parte de suas forças e recursos. Apostaram tudo nessa única jogada, e, infelizmente, esse investimento não deu certo.
No final, a Casa Bloodborne foi desonrada e destruída. Todos os seus Vampiros remanescentes haviam morrido na invasão ou sido capturados para servirem como escravos dos Elfos. Os líderes da Casa haviam perecido, incluindo as poderosas Consortes que um dia serviram aos pés do Primeiro Progenitor.
O Sumo Ancião, um Vampiro que todos consideravam um dos mais fortes que existiam, também perdeu sua vida na busca infrutífera de devolver a glória à Casa Bloodborne.
No entanto, pouca gente lamentou a queda daquela outrora poderosa Casa Vampírica. As atrocidades que cometeram no passado deixaram-os com poucos, senão nenhum, aliados. Mesmo aqueles que viam valor em manter ligações com os Bloodbornes rapidamente se distanciaram depois que perderam toda sua força militar e financeira.
Tudo sobre a queda da Casa Bloodborne foi ao mesmo tempo surpreendente e libertador.
Mas essa não foi a história principal que emergiu da Floresta dos Elfos.
Um novo Progenitor nasceu. Um Vampiro que se colocou acima de todos os Vampiros. Uma criatura viva que possuía o poder de dominar todos os seres vivos. E a forma de vida mais poderosa que já habitou este planeta.
E seu nome não era um nome estranho.
Jin Valter. O homem que derrotou Eyghon e causou grande turbulência no mundo moderno. Cada vez que surgem notícias sobre esse homem, sua lenda só cresce. As façanhas que ele realizou em pouco mais de um ano foram simplesmente extraordinárias, desde um jovem aleijado à beira da morte até se tornar um grande Progenitor capaz de destruir o mundo.
Todos queriam saber mais sobre essa juventude enigmática.
Vampiros mais jovens celebraram seu nascimento, pois sua existência ameaçava abalar a estrutura de poder atual da Sociedade Vampírica. Vampiros mais velhos temiam seu poder, lembrando-se claramente de quão terrível Drácula era em sua melhor fase. Países ao redor do globo estavam curiosos e, ao mesmo tempo, cautelosos com esse jovem que acabara de obter quase poder infinito.
Ele seria um Progenitor bondoso e benevolente, trabalhando pela paz na terra e combatendo os Demônios Externos? Ou seria um ditador brutal que buscava escravizar toda a população, assim como Drácula fez?
Cada um tinha sua curiosidade, mas ninguém queria fazer o primeiro movimento para mexer na colmeia de vespas.
Exceto um…
"Um novo Progenitor… Que maravilha…"
Sentado em seu trono decadente de ouro, o Papa da Igreja Sagrada franzia a testa, formando linhas de expressão em seu rosto já envelhecido. Não, desde que soube da ascensão de Jin, pareceria que ele envelhecera uma década.
Suas bochechas, já acinzentadas, estavam afundadas, e seus olhos, que antes tinham um brilho de vitalidade, agora estavam vazios. Enquanto ele se acomodava em seu trono dourado, sua postura estava curvada para frente, demonstrando derrota mais do que majestade.
"Vossa Eminência, o que devemos fazer agora?" um Cardeal de túnica vermelha tremeu ao fazer a pergunta vital.
"Ficamos complacentes", respondeu o Papa com derrota. "Achávamos que, com a morte de Drácula, não haveria mais Progenitores. Assim, ignoramos alegremente a raça Vampírica enquanto lutávamos contra os Demônios Externos. Devíamos ter exterminado eles no momento em que Drácula faleceu."
"Já passou da hora", interferiu outro Cardeal com as sobrancelhas cerradas. "A raça Vampírica cresceu demais. As Nove Casas Guardiãs possuem poder militar equivalente ao de países inteiros, e continuam se fortalecendo a cada dia. Agora que têm um Progenitor no meio… É só questão de tempo até dominarem toda a humanidade."
"… Que Deus nos ajude."
A Igreja Sagrada sempre foi indiferente em relação à raça Vampírica. Mesmo com o cessar-fogo de tempos de paz, nenhuma das partes conseguia se entender de verdade. Afinal, não se podia apagar milhares de anos de ressentimentos apenas com uma trégua.
Os Vampiros lembram-se das Cruzadas, quando foram caçados brutalmente pela Igreja, e a Igreja despreza os Vampiros pela própria existência, considerada contrária à criação de Deus. Sem falar que os Vampiros ainda caçavam humanos comuns por sangue e criavam Servos de Sangue que ficariam eternamente ligados a eles.
No final, as duas partes nunca conseguiam concordar, e com a ascensão de Jin a Progenitor…
"Padre Amorth, qual é sua opinião? Pedi que exorcisasse esse menino, mas agora já é tarde."
"Vossa eminência…"
Uma figura imponente, facilmente acima de dois metros, respondeu ao chamado do idoso. Vestido com uma casaca preta, o homem parecia ainda mais assustador do que o de costume. Apesar de não estar armado, seu corpo musculoso parecia ainda mais perigoso, com os olhos fixos intensamente no Papa.
"Falhei com vocês, vossa eminência."
"Não, não quero culpá-lo. A ascensão repentina do garoto é algo que ninguém esperava", disse o Papa, balançando a mão para acalmar o homem imponente. Embora tivesse designado Padre Angelo Amorth para a missão de eliminar Jin, não previu o quão rápido Jin cresceria.
"Chamei você aqui porque é quem mais entende desse novo Progenitor. Quero saber se podemos usar algo contra ele."
"Com sua permissão…"
O Padre Amorth fez uma reverência respeitosa e começou a sua análise.
"Jin Valter, neste ano, ele completará vinte e seis anos. Foi filho de dois Caçadores de nível A, Jael e Elna Valter. Desde pequeno, demonstrou talentos extraordinários herdados de seus pais: as artes marciais de um guerreiro e a habilidade mágica de um mago. À medida que envelhecia, desenvolveu ambos ao extremo, podendo facilmente competir com um Caçador de nível C mesmo ainda jovem."
Todos na sala assentiram, alguns com um olhar de pesar. Uma grande promessa da humanidade foi perdida ao se aliar aos Vampiros. Se tivessem nutrido o garoto, poderia ter se tornado um grande Caçador ou, talvez ainda melhor, um grande Sacerdote ou Bispo.
"No entanto, aos dez anos, o menino sofreu um acidente. Não se sabe muito sobre ele; tudo que sabemos é que foi atacado por um Demônio Externo. Como consequência, ficou aleijado e perdeu parte de suas memórias. Mas, apesar das limitações, sua genialidade permaneceu. Ele conseguiu avançar na teoria mágica por várias décadas com seus avanços."
Infelizmente, as feridas que sofreu finalmente o alcançaram, e ele passou a maior parte do tempo no hospital desde então."
Uma lesão misteriosa que o deixou inválido. Um ataque de Demônio Externo que lhe fez perder memórias. Aos poucos, os membros mais perspicazes da Igreja juntavam as peças do que tinha acontecido.
"Mas numa noite da Lua Sangrenta, o menino mudou. Recuperou toda a mobilidade perdida e ficou infinitamente mais forte. E mais: agora ele podia manipular magia. Quando as enfermeiras chegaram até ele, já tinha…"
"Se tornado um Vampiro…"
"Exatamente."
O Papa acariciou o queixo e construiu uma narrativa do que havia acontecido.
"Desde então, ele tem passado de Casa Guardiã em Casa Guardiã. Devido à vigilância rígida em cada Casa, não conseguimos confirmar exatamente o que ele faz em cada uma, mas sabemos que ele sempre parte com uma jovem Vampira daquela Casa."
"Hmmm, então ele está coletando mulheres?"
"Possivelmente."
Os homens sagrados, que juraram abstinência, franziam as sobrancelhas profundamente. O pouco de respeito que tinham por Jin desapareceu, dando lugar a uma expressão de pura irritação.
"No final, ele ficou mais forte do que nunca e conseguiu igualar Vampiros antigos. Pelo que apurei, ele também foi responsável por derrotar o Sumo Ancião."
"… Então ele se tornou indestrutível?"
Os vários Cardeais começaram a conversar entre si, receosos de terem acabado de achar um inimigo que não poderia ser derrotado. Felizmente, contavam com um especialista em matar Vampiros, por mais poderosos que fossem.
"Tenho uma proposta", levantou a mão o Padre Amorth, chamando a atenção de todos. "Talvez não consigamos vencê-lo numa batalha direta, mas podemos atraí-lo para uma armadilha."
"Uma armadilha?"
"Sim, inicialmente, planejei sequestrar os pais dele para atraí-lo até nosso território, mas parece que eles perceberam sua fraqueza. Seus pais desapareceram de casa, e não sabemos onde podem estar."
"Um movimento inteligente, dos dois."
Nenhum dos religiosos presentes se opôs à ideia de usar os pais de Jin como isca. Para eles, valia sacrificar dois humanos se assim pudessem eliminar um Progenitor.
"Então, sugiro usarmos os Vampiros. Aqueles interessados em desafiar o novo Progenitor."
"Fazer uma parceria com Vampiros, hein?"
"Que profanidade! Mas, se for pelo bem maior…"
O Papa e os Cardeais não estavam completamente convencidos, mas todos entendiam que, se Jin fosse dado espaço para crescer, uma parceria com Vampiros nojentos seria a menor das preocupações.
"Mas suponhamos que conseguimos atrair o Progenitor para o nosso domínio… E aí?"
O Padre Amorth sorriu com convicção e declarou confiante:
"Proponho… Invocarmos um Arcanjo."