
Capítulo 134
Minha irmãzinha vampira
Uma semana tinha se passado desde que a Casa Bloodborne invadiu a Floresta Élfica.
Após a derrota do Grande Elder e a captura das Concubinas, o ímpeto da Casa Bloodborne entrou em completo colapso. A princípio, eles ficaram perplexos com a rapidez com que seus supremos líderes foram derrubados, mas assim que perceberam que o ritual havia falhado e que Dracula não seria ressuscitado, o moral das tropas desabou de vez.
Os Vampiros Orgulhosos de Bloodborne caíram de joelhos, um a um, enquanto os Elfos e a Casa Shadowgarden concluíam sua captura. Os Elfos, em particular, estavam entusiasmados em fazer justiça aos idiotas que ousaram invadir seu território.
A grande maioria da Casa Bloodborne havia sido destruída durante a invasão, restando menos da metade deles. Enfraquecidos e sem líder, os remanescentes da Casa Bloodborne só podiam apodrecer na prisão, à mercê de seus captores.
Inicialmente, os Elfos pretendiam executar todos eles. Afinal, eles haviam incendiado grande parte do Santuário Élfico e penetrado fundo no coração da Floresta, onde ficava a Árvore do Mundo. No entanto, foi a Casa Shadowgarden que interveio.
Queriam que a Casa Bloodborne encarasse a justiçaa diante das Nove Casas Guardiãs e anunciasse ao Mundo dos Vampiros que a antiga linhagem real, outrora poderosa, dos Vampiros… havia finalmente sido exterminada.
Com a poeira baixando, muitos dos membros de mais alto escalão da Casa Bloodborne foram levados a uma assembleia, onde foram forçados a confessar seus pecados e entregar todas as informações que sabiam.
Todas as terras secretas sob controle da Casa Bloodborne. As riquezas restantes. Quais Casas Menores os ajudaram nesse projeto repulsivo… Tudo foi revelado diante do conselho.
E, quando a poeira assentou, cada membro da Casa Bloodborne foi obrigado a cumprir uma sentença que satisfaCizesse tanto os Elfos quanto os Vampiros.
Os atores menores, como os soldados rasos e servas que participaram do ritual, foram transformados em escravos das outras Casas, e alguns até foram ligados aos Elfos. Reaproveitariam o Santuário Élfico, agora de modo servil, para servirem como leais subordinados daqueles que mais sofreram com a sangrenta guerra da Casa Bloodborne.
Agentes de nível intermediário, como os Shadowfiends ou os Vampiros que realmente atacaram a Floresta Élfica, foram condenados a mil anos de isolamento. Seriam exilados numa fenda minúscula nas placas tectônicas, para nunca mais serem vistos pelo mundo exterior, e sua existência seria esquecida pelo restante do mundo para sempre.
Quanto à camada mais alta da Bloodbornes… Todos tiveram o mesmo destino.
Morte.
Não houve exceções. Horatio Bloodborne, as três Concubinas, Vampiros antigos que viveram desde os tempos de Dracula… Todos foram condenados à morte.
A última linhagem que tinha alguma ligação com o Primeiro Vampiro, o Progenitor Original, e o homem que foi uma vez a criatura mais poderosa de todas… deixaria de existir. A memória da era antiga, quando os Vampiros prosperaram sob Dracula Bloodborne, desapareceria, e, com sua extinção, o capítulo final da Casa Bloodborne se encerraria.
No entanto, quando um capítulo termina, outro tenta ocupar seu lugar.
E o próximo capítulo da história dos Vampiros não começa com Bloodborne. Nem com qualquer outra grande Casa que queira dominar o trono prestigioso da antiga Casa Bloodborne. A nova era dos Vampiros começa com um nome novo.
Jin Valter.
Após a destruição da Casa Bloodborne, o Mundo dos Vampiros foi tomado por uma revelação surpreendente.
Um novo Progenitor tinha nascido.
E o Vampiro que virou Progenitor não viveu por milhares de anos. Tampouco foi alguém de alguma das grandes Casas, com recursos infinitos para treinar a próxima geração. O novo Progenitor era um jovem rapaz, um ex-humano que recentemente tinha sido transformado em um Vampiro Verdadeiro. E, em apenas quatro épocas, esse jovem alcançou o topo do mundo dos Vampiros.
No inverno, ele despertou seus poderes. Participou do Winter House, da Casa Everwinter, onde mostrou os primeiros sinais de seu grande potencial ao perfurar um buraco na barreira protetora do Cemitério de Inverno.
Na primavera, enfrentou um capitão Shadowfiend quando a Casa Bloodborne tentou causar caos na Dimensão Moonreaver e saiu vitorioso. Ainda mais, desafiou Sirius Moonreaver para um duelo e venceu com folga, estilhaçando o peito do guerreiro elite da Lua.2
No verão, fez o impensável ao destruir Eyghon, o Senhor Demônio imortal que aterrorizava o planeta desde a invasão dos Demônios Externos.
E, finalmente, no outono, alcançou a etapa final que todos os Vampiros buscavam, mas que nenhum havia atingido antes de Dracula: a transcendência.
Jin Valter tornou-se… o próximo Progenitor.
Jin esmagou sozinho a Casa Bloodborne e seus sonhos de manter a antiga glória com seu novo poder. Matou o Grande Elder, provavelmente o Vampiro mais poderoso da Casa Bloodborne. Interrompeu o ritual de ressurreição do Primeiro Vampiro e usou esse poder mágico para sua própria ascensão. E, o mais importante… adquiriu um poder além de qualquer humano ou Vampiro comum.
Embora a Casa Bloodborne não tenha conseguido ressuscitar seu ancestral, de certo modo, criou um segundo Dracula.
O mundo inteiro aguardava ansioso para ver que tipo de Progenitor Jin Valter se tornaria.
Ele iria escravizar toda a população de Vampiros, assim como Dracula fez? Ou seria um Progenitor benevolente, que não se importa com tronos ou títulos? Irá abolir as Nove Casas Guardiãs e criar sua própria Casa, que governaria todos os Vampiros?
Todos esperavam ansiosamente para saber que tipo de Progenitor Jin Valter realmente seria, e se a Casa Valter seguiria o caminho tirânico da Casa Bloodborne.
Mas, quanto aos membros da recém-criada Casa Valter…
"ROSA!!! Me solta!!! Vou te matar!!!"
Uma voz aguda ecoou pelo Santuário Élfico. Uma moça de cabelo branco, de rosto familiar, estava amarrada em trepadeiras suaves, seu corpo firme e restrito, com as mãos atadas atrás das costas e as pernas enfaixadas até os tornozelos.
Ao seu lado, três outras meninas permaneciam paradas, com expressões variadas. A loira parecia bastante irritada com os gritos incessantes da mulher amarrada, enquanto a morena exibia uma expressão de preocupação.
Quanto à que tinha a mão na corrente…
"... Barulhenta."
"Que quer dizer barulhenta?! Sua filha da mãe! Espera só até eu colocar minhas mãos em você!"
"Hah… Rosa, você não consegue soltá-la? Já faz uma hora?" Ysabelle tentou interceder por Irina, mas Rosalyn não ouviu nada. Em vez disso, voltou a ficar de bobeira, encarando a janela.
"Perigoso…"
"Quem é perigoso é você, Rosa." Lilith retrucou duramente, com a voz carregada de ressentimento. "Você nos atacou quando entramos na Floresta Élfica e nos deixou em coma. Depois, sequestrou o Jin e o prendeu por semanas. Se não fosse o Jin implorar por você, eu teria metido uma lâmina na sua cabeça."
"… Perigosa também?"
Rosalyn olhou de volta para Lilith, cujas trepadeiras giravam como tentáculos prontos para atacar. Lilith quase resolveu revidar, mas rapidamente se lembrou da última vez que lutaram. Quando acordaram do coma, as três meninas se uniram para atacar e, possivelmente, derrotar Rosalyn, buscando vingança pelo que ela fez.
Porém, apesar de serem as jovens mais talentosas do mundo dos Vampiros, elas eram nada diante do nível de poder de Progenitor de Rosalyn. Como crianças tentando roubar doces de um fisiculturista, foram trucidadas até não sobrar nada além da rendição.
Pelo menos, foi isso que Lilith e Ysabelle fizeram. Irina, por outro lado, nunca esqueceu aquela ofensa. Desde então, tentava destruir Rosalyn e recuperar sua dignidade, qualquer que fosse o preço.
O que aconteceu?
Irina ainda estava envolta pelas trepadeiras, mesmo tendo passado uma semana desde que conseguiram se libertar. E Lilith não era idiota de acabar na mesma situação.
"Tch, que se dane."
Lilith xingou para a cabeça da moça de cabelo esmeralda, na esperança de alguma vingança. Contudo, Rosalyn mal olhava para Lilith, focada em outra pessoa. No homem que prestes a entrar na sala onde estavam.
"Meninas! Voltei… Huh?"
Jin entrou na sala com uma expressão feliz, só para ser parado pelo estranho espetáculo de sua irmã mais nova pendurada no teto. As quatro meninas viraram a cabeça rapidamente na direção dele, cada uma com olhares carregados de desejo. No final, Jin suspirou e falou:
"Rosa, pare de brincar com a Irina."
"… okay."
Em vez de interpretá-lo como algo de abuso doméstico, Jin achou que suas quatro companheiras estavam brincando, embora fosse uma brincadeira estúpida. Talvez seu amor por Rosa e Irina o tivesse cegado, mas ele não percebia a hostilidade que Irina dirigia à herdeira do Shadowgarden.
"ROSA!!!" Irina avançou, pronta para continuar a luta contra Rosalyn. Mas, antes que suas garras afiadas pudessem tocar a carne macia de Rosalyn, Jin apareceu entre elas e a segurou com um abraço simples.
"Irina, você também para com isso."
"Irmão! Me solta! Deixa eu acabar com aquela vadia e…"
"Tudo bem, tudo bem… Chega de brincadeira. Tenho um presente para vocês."
Embora Jin tivesse magia de charme à disposição, ele não precisava dela para acalmar a fúria de Irina. Basta acariciar seus cabelos brancos sedosos e sua nuca, e ele conseguiu fazer a garota voltar ao normal, antes de soltá-la delicadamente.
"Presente? Qual presente?" Ysabelle, sempre alegre e otimista, se aproximou, com um olhar ardente.
"Hehe, já se perguntou por que as Concubinas de Dracula eram consideradas umas das mulheres mais poderosas da história?"
"… Não foi porque se alimentaram do sangue do Progenitor?" Lilith acrescentou sua hipótese.
"Bem, isso ajudou, mas não é o motivo principal. A verdadeira razão de as Concubinas serem tão fortes… é por causa destas."
Jin abriu a mão fechada e revelou quatro joias reluzentes. Cada uma contendo uma magia densa e enigmática, semelhante às alianças de Jin. Elas eram de uma cor empírea, azul celeste, idêntica à cor natural dos olhos de Jin, e todas possuíam um aspecto misterioso que nenhuma das garotas conseguiu compreender.
Lilith, a única que sabia de algo, engoliu em seco e perguntou nervosa:
"Jin… Você não quer dizer…"
"Sim," Jin sorriu jubilante. "Trabalhei sete dias e sete noites para desenvolver essas joias, e embora tenham sido inspiradas nas originais que Dracula fez, fiz algumas melhorias."
Jin voltou seu olhar para as quatro garotas e declarou orgulhoso:
"Meninas… Chegou a hora de vocês se tornarem as novas Concubinas do Progenitor!"