
Capítulo 128
Minha irmãzinha vampira
O Alto Ancião apontou seu bastão criado com sangue em minha direção enquanto uma energia mágica era disparada por toda parte. Como uma tempestade na mais intensa das ondas, um turbilhão de pura energia corria em todas as direções, derrubando árvores e queimando arbustos. A lendária linhagem da Casa Bloodborne estava em plena ação, enquanto uma força misteriosa parecia influenciar minha linhagem.
Os outros membros da Casa Bloodborne que estavam próximos colocaram as mãos na garganta enquanto lutavam inutilmente no chão. Suor e sangue escorriam de suas testas enquanto seus olhos começavam a saltar das órbitas, em uma cena totalmente horripilante.
Era uma visão macabra.
Mas, infelizmente, esse era o poder da Casa Bloodborne. Muitos questionavam por que ela ainda era considerada uma grande Casa de Vampiros, mesmo tendo dilapidado sua riqueza e influência ao longo dos anos. Apesar de serem descendentes diretos do Primeiro Vampiro, a influência deles na sociedade havia diminuído com o tempo.
E a resposta era bem simples...
Poder.
A Casa Bloodborne ainda tinha monstros como o Alto Ancião em suas fileiras. Esses Vampiros antigos podiam subjugar qualquer um de linhagem inferior, tornando-se efetivamente a única verdadeira Casa Real. Por mais poderosos que um Vampiro se tornasse, seria sempre reprimido pela linhagem da Casa Bloodborne.
Não importava se você fosse a Matriarca Inocência, uma relíquia que aprimorou suas habilidades por milhares de anos, ou um talento promissor como Sirius Moonreaver.
Desde que você fosse Vampiro, estaria sujeito à supressão pela linhagem da Casa Bloodborne.
Se você fosse um Vampiro comum, é claro.
— Isso não vai funcionar comigo.
Não era mais um Vampiro tradicional, cuja linhagem e poderes vinham do Progenitor Bloodborne. Com meu feitiço, recriei meu corpo para me tornar meu próprio Progenitor, uma forma de vida que se ergue acima de todas as criaturas, inclusive as da Casa Bloodborne. Durante todo esse tempo, minha única fraqueza tinha sido a minha falta de poder mágico.
E, como alguém que era apenas um Vampiro há um ano, era compreensível que minhas reservas de magia fossem limitadas.
Mas agora...
Fechando o punho, canalizei uma pequena quantidade de energia mágica na minha mão. Não me preocupei em construir um feitiço ou movimentá-lo através do meu Aspecto de Vampiro. Enviei uma onda de choque com toda a força bruta da minha magia pura em direção ao Alto Ancião.
BOOOOOMMMM!!!
Todo o cenário mudou com meu soco casual. O chão começou a tremer, e as árvores atrás dos elites Bloodborne foram instantaneamente arrancadas do solo. Terra e cascalho espalharam-se por toda a floresta enquanto os membros mais fracos da Casa Bloodborne eram derrubados inconscientes pelo meu ataque sem esforço.
— Essa energia mágica...
O Alto Ancião se apoiou com seu bastão, segurando-se com todas as forças. Claramente, minha força bruta de magia foi um choque para o velho Vampiro.
— Você... absorveu todos os nossos sacrifícios?
Ver a expressão pasma do Alto Ancião realmente me levantou um sorriso. E foi por isso que não consegui deixar de provocá-lo ainda mais: "Engraçado, não é? Você achava que sacrificar mais de um milhão de almas traria seu Antepassado de volta. Mas agora... Está tudo nas mãos do seu inimigo. Acho que não há maior cuckold do que você."
— Jin Valter... Sua arrogância não conhece limites.
— Você logo descobrirá se sou arrogante... Ou simplesmente confiante.
Existe uma linha tênue entre arrogância e confiança. Embora minhas palavras possam parecer arrogantes para alguns, percebi algo no exato momento em que me transformei em Progenitor...
Por que diabos eu deveria me importar com o que as massas pensam? O leão nunca se importa com a opinião da ovelha. E eu sou uma entidade que muito supera um leão comum. Além de Rosa, não há outros Vampiros de classe Progenitor que possam me ameaçar.
Por isso...
Levantei meu Armamento da Alma e canalizei minha energia mágica na argila de vida. Assim como o Rio da Vida, uma luz esmeralda se soltou do anel enigmático enquanto um feitiço era concluído em questão de nanosegundos. E, sem precisar pensar, a realidade mudou.
— Arghhhh...
— Morra!!!
Os inúmeros membros da Casa Bloodborne ainda no campo de batalha rastejavam entre os escombros, com os rostos dilacerados e machucados. Gemeu como zumbis sem cérebro, os homens avançando com sede de sangue nos olhos. Porém, sua intenção de luta não era dirigida a mim... Mas ao Alto Ancião.
— Você... tomou o controle dos meus subordinados?
Movendo-se mais rápido do que a velocidade do som, o Alto Ancião evitou facilmente os ataques surpresa. Cada vez que um membro da Casa Bloodborne tentava ceifar sua vida, o homem simplesmente se movia alguns passos com agilidade, bem diferente de sua persona de mago.
— Eles não são como você, um descendente direto do Primeiro Vampiro, então controlá-los é fácil demais.
O Alto Ancião fez uma breve pausa, dando uma pequena janela de oportunidade para meus zumbis controlados atacarem. Um deles chegou perto o suficiente para lançar uma garra voadora na direção do homem. Mas o Alto Ancião a segurou antes que pudesse perfurar seu cérebro.
— ... HAHAHA!!! Não só me insultar roubando tudo que construi, como usar meus próprios cães fiéis contra mim?! HAHAHA, você me irrita até o osso, Jin Valter!
Com uma risada maníaca, o Alto Ancião apertou a mão do seu atacante até ela estourar em uma revelação de sangue. Mas aquilo não foi o fim. Canalizando energia mágica na sua bengala, o homem iluminou o crânio humano com uma chama enigmática, em uníssono...
BOOM!!! BOOM!!! BOOM!!!
Os vários membros da Casa Bloodborne que o cercavam explodiram como balões sendo estourados, e um a um, seus vidas foram sendo apagadas violentamente.
— Você... não são seus parentes?
— Assim que entram sob seu controle, eles não servem mais para mim, — disse o Alto Ancião com tom entediado. Mas a raiva oculta em seus olhos era inegável. — Além disso, seus sacrifícios não serão em vão. Com meu poder, eles estavam melhor mortos do que vivos.
— O quê?
Naturalmente, eu tinha perguntas, mas o Alto Ancião me deu a resposta com suas ações. Os membros da Casa Bloodborne, que explodiam em uma pilha de carne e sangue, lentamente se transformaram em Blood Golems, cada um mais grotesco do que o outro.
Um virou um gigante sem cabeça, com Bloodfire escorrendo por seus braços enormes. Outro virou uma serpente voadora, com olhos sombrios capazes de transformar qualquer coisa em pedra. E outro tornou-se um guerreiro humanoide que podia transformar sangue em qualquer arma.
Devagar, os membros da Casa Bloodborne se transformaram em criaturas indescritíveis, cada uma em condição pior que a anterior. E, com minha "visão", eu conseguia enxergar o núcleo que fazia essas feras funcionarem. As almas dos membros da Casa Bloodborne, que deveriam ter voltado ao Rio Esmeralda no momento de suas mortes, estavam sendo obrigadas a viver dentro dos Blood Golems.
Suas almas estavam sendo corrompidas a cada segundo, e seus gritos de agonia e sofrimento teriam o volume de um avião a jato para meus ouvidos. A corrupção de suas almas era exatamente a mesma do falso Progenitor que havia visto no Rio da Vida.
Elas viviam em um estado de completa imobilidade. Nem vivos, nem mortos. Condenados a sofrer eternamente às mãos de seu criador.
— Você faria isso até com seu próprio sangue… Que coisa repulsiva.
— Haha, sentir compaixão pelo inimigo? Você é muito ingênuo, Jin Valter.
— Compaixão? Não, você está enganado. Não sinto nenhuma compaixão por você nem por eles. O sentimento que tenho agora… É pura repulsa.
— HAHAHA, repulsa! Acho que essa é uma descrição bem adequada!
O Alto Ancião apontou seu bastão na minha direção e ordenou que os Blood Golems atacassem. Um deles usou Bloodfire em seus ataques, criando uma chama escaldante de milhares de graus que jorrou na minha direção. Outro criou quinze pilares de sangue que caíram ao redor de mim, formando um selo mágico que podia dificultar meus movimentos.
Porém, isso foi só o começo. Dois Blood Golems começaram a criar relâmpagos rubros, enquanto outros lançaram feitiços belos e impossíveis para objetos inanimados.
Caramba, esses Blood Golems até conseguiam lançar magia própria? Acho que por isso o Alto Ancião precisava prender as almas deles dentro deles mesmos.
Mas mesmo assim… Você realmente acha que pode usar magia contra um Progenitor?
— Imperium: Quebra.
Meu Armamento da Alma ressoou com meus desejos e lançou um feitiço antes mesmo que eu pudesse pensar nele. Os Blood Golems que se dirigiam a mim congelaram no local, e os pilares de sangue se desmancharam abruptamente em uma poça de sangue.
Com um gesto, fiz com que todos os Blood Golems que avançaram contra mim perdessem forma e fossem jogados para longe, numa direção oposta.
Nesse momento, até mesmo o Alto Ancião, que parecia ter perdido a cabeça, só conseguiu franzir a testa.
— ... Então essa é sua magia famosa de Espaço-Tempo?
— Você ouviu falar, hein?
— Haha… Você não só domina bastante a Magia da Vida, mas ainda tem Espaço-Tempo, Criação e Destruição… Nem mesmo o pai, na sua melhor fase, tinha essa magia toda. Que Deus idiota foi esse que te criou?
— Não fui criado por um Deus, — eu escarneci. — Eu me criei.
— Hahaha… Hahah… HAHAHAHAHA!!! — Como se tivesse finalmente perdido a razão, o Alto Ancião entrou em uma crise de risos incontrolável.
— Entendi… De fato, trouxe um Progenitor ao mundo.
Como se tivesse desistido completamente, o Alto Ancião olhou para o céu com um sorriso satisfeito. Baixando seu bastão, o homem parecia tão derrotado quanto alguém pode estar. Um Vampiro que perdeu todo o sentido da vida, um homem sem direção, uma alma… que havia se perdurado. Em termos lógicos, esse deveria ser o momento mais fraco do Alto Ancião.
E mesmo assim… uma inquietação tomou conta do meu interior. Algo que eu nunca tinha sentido desde que obtive o poder de um Progenitor.
— Eu falhei com vocês, irmãos da Casa Bloodborne. Eu falhei com vocês, pai. Eu falhei com vocês… mãe. Mas, como pagamento pelos meus erros, vou eliminar quem destruiu tudo. Mesmo que isso custe minha vida.
Com seu bastão ensanguentado, o Alto Ancião perfurou seu próprio peito com vingança, lançando uma torrente de sangue para fora.
Todos os Blood Golems que ainda permaneciam se transformaram em tentáculos de sangue, sendo lançados na direção do corpo do Alto Ancião, preenchendo rapidamente o buraco que ele havia criado. E, com a energia em excesso, o corpo destruído do velho começou a mudar.
A face dele começou a queimar, tornando-se instantaneamente carbonizada, impossibilitando qualquer reconhecimento de suas feições. Um manto branco passou a cair de seus ombros, cobrindo seu corpo em um vestido de marfim que escondia toda a sua estrutura deformada. E a mudança mais notável...
Duvas asas de águia vermelhas brotaram de suas costas. Cada uma com centenas de penas; de cada pena, ouvia-se as vozes dos atormentados. Almas que tinha sido colhidas para seu uso próprio e almas que fortaleceriam sua magia já poderosa.
Mas possuir essas almas tinha uma maldição.
A cada segundo que passava, a alma do homem se corrompia, e com o tempo… O Alto Ancião se transformaria na mesma besta que vi no Rio Esmeralda.
— ARGHHHHH!!!
Um grito de banshee saiu da boca do ser transformado enquanto Bloodfire jorrava por toda parte. Batendo suas asas duas vezes, criou uma chuva de sangue. Contudo, essa chuva não era o tipo que estamos acostumados. Cada gota de sangue corroía carne como ácido, e, com magia, podia ser transformada em Bloodfire, Raios de Sangue ou qualquer outra especialidade Bloodborne.
Senti minha pele arrepiar ao ver o monstro transformado descendo dos céus, com sangue e fogo ao seu comando. E, naquele instante, só consegui pensar em uma única semelhança verdadeira.
O Alto Ancião havia se tornado…
Um Anjo de Sangue.