
Capítulo 116
Minha irmãzinha vampira
A apresentação de Jin às quatro meninas aconteceu tão rapidamente que, antes que elas percebessem, o garoto já vinha visitando-as com frequência. Quase todas as manhãs, Jin saía de sua casa isolada e ia até as meninas, e só ia embora quando o grande corpo de fogo no céu começava a se pôr.
De alguma forma, parecia que o encontro delas tinha sido destinado a acontecer.
Os pais de Jin estavam a trabalho, deixando o jovem completamente sozinho em sua casa vazia, ansiando por companhia. Enquanto isso, as quatro meninas foram obrigadas a morar em uma villa, separadas de seus amigos e familiares de casa.
Curiosamente, por mais que tentassem, as meninas não conseguiam se entender bem entre si. Assim, a presença de Jin, embora inesperada, foi bem-vinda pelas jovens.
Principalmente porque ele era um rapaz bastante bonito e charmoso.
A primeira a cair em seu charme foi ninguém menos que Irina. Declarando-se seu irmão mais velho, o garoto a encheu de amor e carinho, algo que ela nunca tinha sentido antes. Jin cuidava de seu bem-estar como se fosse seu verdadeiro irmão mais velho, chegando a carregá-la nas costas sempre que ela queria.
Naturalmente, como Vampira, Irina não tinha as limitações físicas que os humanos possuem. Ela se recuperava facilmente do cansaço e nunca precisaria que alguém lhe desse uma carona nas costas. Mas Jin não sabia disso.
Ele via apenas uma jovem frágil que precisava de sua ajuda. E essa era a única mensagem que Jin precisava para se dedicar ao máximo e cuidar da sua querida irmã mais nova.
A segunda a se encantar com Jin foi uma surpresa: Lilith, a Altiva e Orgulhosa Caçadora da Lua, que odiava interagir com pessoas da sua idade, também começou a se abrir para ele. Na verdade, após descobrir que Jin tinha conhecimentos profundos sobre pesquisa mágica, ela ficou encantada com o jovem.
Foi a primeira vez que Lilith teve uma conversa tão divertida com alguém da sua idade. Geralmente, a galera não se dava ao trabalho de ler ou se empatizar com os interesses dela, devido à complexidade do assunto.
No entanto, Jin não era como qualquer garoto de dez anos.
Em muitos aspectos, Jin tinha mais conhecimento e pesquisa do que Lilith. Ele havia lido mais artigos, entendido teoremas complexos e até propunha suas próprias teorias sobre como a magia poderia influenciar a realidade.
Para Lilith, tudo aquilo era uma novidade, pois sempre se achou a mais inteligente do ambiente. Pela primeira vez, havia alguém que desafiava suas capacidades intelectuais e, em alguns aspectos, a superava completamente.
Mas Jin não parou por aí. Sua terceira vítima, Ysabelle, não durou muito tempo na sua lista também.
Como uma garota que adorava treinar e sonhava com um cavaleiro de armadura reluzente, a determinação e a habilidade física de Jin eram um grande atrativo. Ele treinava duro todas as manhãs e nunca pulava uma sessão. Não importava se chovia ou se fazia muito calor; o garoto nunca desistia de um dia sequer.
A vontade intensa de Jin de ser o melhor e de melhorar continuamente tocou fundo na jovem Ysabelle, que se sentia estagnada na posição dentro da Casa Blackburn. Além disso, suas habilidades marciais e mágicas eram muito superiores às de qualquer um da sua idade, incluindo os quatro Vampiros.
Um garoto forte, bonito e charmoso… Jin era praticamente o cavaleiro dos sonhos de Ysabelle, entregue de presente numa bandeja de prata.
As três meninas logo caíram sob o feitiço de Jin, e começaram a aceitar o novo garoto humano em suas vidas. Além disso, por causa dele, elas fortaleceram seus laços a um ponto que nunca imaginaram ser possível.
Sim, elas discutiriam por atenção de Jin. Irina queria que ele a mimasse e cuidasse dela, Lilith desejava conversar sobre teorias mágicas, e Ysabelle queria treinar com o garoto atlético, dia após dia.
E, surpreendentemente, as conversas infantis delas fomentaram uma relação quase de irmãs.
Como irmãs comuns, discutiam por coisas bobas. Como irmãs típicas, uniam-se pelo amor por uma pessoa em comum. E, como irmãs normais, riam, brincavam e se divertiam longe do olhar dos pais.
Foi uma experiência revigorante para todas elas.
As quatro jovens Vampiras vinham de lares respeitáveis, com poucos irmãos da mesma idade — na verdade, devido à baixa taxa de reprodução dos Vampiros, elas nem tinham primos de idade similar.
Portanto, pela primeira vez na vida, experimentaram algo novo: a sensação de uma família harmoniosa.
E tudo isso foi liderado por aquele garoto que invadiu suas vidas turbulentas. Mas havia uma garota que permanecia indiferente ao charme impecável de Jin…
No começo da manhã, quando a maioria dos Vampiros ainda dormia, Jin fazia sua rotina de corrida matinal. Desde que seus pais foram a uma missão e o deixaram completamente sozinho, ele vinha correndo pelo terreno particular onde seus pais o colocaram.
Alguém poderia perguntar por que os pais de Jin tinham tanta confiança para deixar um garoto de apenas dez anos totalmente sem supervisão, e a resposta era simples:
Jin era uma criança especial.
Gênio seria uma palavra modesta para descrever essa verdadeira aberração que tinha forma humana. Como filho de dois Caçadores de rank A de elite, Jin herdou um corpo extremamente poderoso, muito acima da média para sua idade.
Sem falar, é claro, no treinamento do seu pai, que aprimorou suas técnicas de combate até os limites que o corpo de Jin suportava.
E quem não se lembra de sua obsessão por magia? Mesmo com sua pouca idade, Jin já era um mago que podia rivalizar com muitos Caçadores, graças ao seu conhecimento inato de magia e ao seu vasto reservatório de poder mágico. Além disso, era ajudado por sua mãe, uma Magista de rank A que o mentorava.
Tudo isso, unido ao desejo inerente de Jin de se tornar o melhor Caçador, fez dele um talento excepcional. Na verdade, uma das principais razões pela qual seus pais o mantinham afastado era justamente os experimentos mágicos que causavam severos danos à propriedade.
Ao terminar seu exercício matinal, Jin avistou um rosto familiar sentado às margens do rio. Vestida com um vestido verde e um chapéu de palha, a jovem parecia uma manifestação do Outono. Apoiada com os pés na água gelada da manhã, ela sorriu de forma rara — e isso surpreendeu Jin.
Estalo… Estalo… Estalo…
Ao recuar, Jin pisou em alguns galhos secos no chão, chamando a atenção da menina de cabelo verde, que desviou o olhar da água corrente para o garoto suado.
Seus olhos se encontraram pela primeira vez desde que se conheceram, e Jin ficou visivelmente nervoso. Apesar da relação duradoura que tinha com Irina, Lilith e Ysabelle, Rosalyn era a única que Jin ainda não conseguia compreender totalmente.
Seria uma mentira dizer que Jin não tinha interesse na menina, pois ele tentava ao máximo diminuir a distância entre eles. Mas Rosalyn quase sempre não retribuía seus sentimentos, sempre mantendo sua máscara fria e sem expressão.
Mesmo para Jin, que era sociável e extrovertido, era assustador passar horas sendo observado por uma menina jovem, sem demonstrar qualquer emoção ou pensamento evidente.
No entanto, isso não fazia Jin desistir de tentar conversar com a jovem Vampira. Reuniu coragem, deu um passo à frente e fez a única pergunta que veio à mente:
"Rosalyn, o que você está fazendo aqui sozinha?"
"… Lavando."
"Lavando? Você quer lavar os pés?"
"..."
Rosalyn assentiu e voltou a mergulhar os pés no rio. Jin a observou por alguns momentos, tentando desvendar o mistério que era Rosalyn. Seus gestos automatizados e respostas curtas não lhe davam muitas pistas, e ele raramente compreendia o que se passava na cabeça dela.
Porém, algo dentro dele se sentia atraído por aquela menina excêntrica. Jin não sabia exatamente o que era, mas sentia uma conexão serena com Rosalyn, algo que não experienciava com as outras três meninas.
E isso aumentava ainda mais sua curiosidade pela garota.
"Rosalyn… Você se importaria de compartilhar o que está pensando?"
"… Pensando?"
"Sim, o que exatamente está passando pela sua cabeça."
Nos últimos dias, Jin percebeu que Rosalyn era bem diferente das outras meninas. Para chegar até ela, seria preciso fazer perguntas diretas e honestas. Se ele ficasse em cima do muro, ela ficaria totalmente perdida, não entenderia seus sentimentos e interpretaria tudo errado.
"O que estou pensando…"
Rosalyn coçou o queixo e virou o rosto para o céu escurecido do amanhecer. Piscou várias vezes, parecendo tentar organizar seus pensamentos, até que finalmente disse:
"Não acho… Que amigos dizem o que fazer…"
"Amigos? Quais amigos?"
Surpreso com a resposta, Jin pressionou por mais detalhes. A menina de cabelo verde sorriu timidamente e apontou para uma árvore do outro lado do rio.
"Amigo…"
Depois, seu dedo se moveu até um arbusto ao lado da vila.
"Amigo…"
Finalmente, ela apontou para a grama sob os pés deles.
"Amigos… Todas as plantas… São meus amigos."