Minha irmãzinha vampira

Capítulo 51

Minha irmãzinha vampira

Stardevourer… Sirius Moonreaver… O mais poderoso Moonreaver…

Todos esses títulos se resumiam em uma pessoa só. Um Verdadeiro Vampiro que negou meu relacionamento com Lilith. E o homem que eu precisava derrotar.

"HAHAHAHAHAHA!!!"

"J-Jin? Você enlouqueceu?"

"HAHA!!! Não diga coisa dessas, meu amor! É só… Sou grato. Sou grato por essa oportunidade."

"Que diabo?"

Lilith me lançou um olhar como se eu fosse louco. Bem, acho que realmente tinha um pouco de loucura. A vida inteira, fiquei à margem, na cama, sem condições de ultrapassar meus limites. Afinal, lutar contra minha própria doença já era difícil o suficiente, quanto mais desafiar lutadores que poderiam aumentar minha força. Eu estava sedento por estímulos, sedento por combates… E, mais importante… Sedento por poder.

E lutar contra o melhor lutador do Moonreaver era, sem dúvida, uma das melhores formas de melhorar minha força.

Irina me deu uma nova chance de viver. E Lilith ia me ensinar como realmente vivê-la. A Casa Moonreaver era, sem dúvida, o campo de treinamento mais ideal para alguém como eu. Contava com as melhores instalações, com simulações que não seriam destruídas, não importa o quanto eu tentasse destruí-las. Tinha as melhores bibliotecas, com alguns dos maiores livros e documentos que o mundo tinha a oferecer.

E, mais importante… Eu tinha Lilith. A mulher que realizou o ritual há quinze anos e aquela que eu precisava proteger de todo o coração.

"Lilith… Você vai me ajudar? Me ajudar a vencer seu irmão mais velho?"

"Hah… Você é louco, sabe?"

Lilith bateu a palma na testa e respirou fundo, soltando um suspiro profundo. No entanto, aquele rosto bonito não conseguiu esconder o grande sorriso que ia se formando de lado.

"Hehe, então que seja! Já estava na hora de alguém dar um pulinho na cabeça daquele irmão superprotetor!" Lilith se ajoelhou ao meu lado e me encarou nos olhos. Seus lábios se abriram na mais encantadora sorriso que já vi, enquanto ela declarou:

"Jin! Vamos dar uma lição naquele idiota!"

"Hehe, era isso que eu queria ouvir!"


"Jin… Jin… Jin…"

"O que foi, Lilith?"

Uma jovem menina pulou alegremente, como um coelho, correndo em direção ao menino que estava em silêncio, sentado no topo de uma grande pedra. Normalmente, seria impossível ela alcançar o menino sem ferramentas de escalada, mas ela levitou como se não houvesse gravidade atrapalhando sua subida.

Porém, quem ficou mais impressionada com a manobra foi ela própria. Com os olhos bem abertos, ela exclamou do fundo do coração:

"Jin… Você já aprendeu a técnica de levitar?! Mesmo que eu só tenha te mostrado o livro ontem?!"

"Não é nada," respondeu o menino com desprezo. "É só um feitiço simples."

"Mou… Não é tão simples assim! Eu ainda nem consegui dominá-lo!"

"Hehe, vai chegar lá com o tempo."

O menino estendeu a mão e bagunçou o cabelo da garota loira, como se estivesse tentando enchê-lo de nós. Insatisfeita, ela afastou as mãos dele e fez cara de sozinha, como um gatinho fofo.

"Para com isso! Demora uma eternidade para arrumar meu cabelo!"

"Hmmm? Você é Vampira. Precisa mesmo arrumar o cabelo?"

"Hmph! Antes de ser Vampira, sou uma donzela! Claro que quero arrumar meu cabelo praquele rapaz que amo."

"... Você é bem ousada, sabia?"

"Claro! No final, não quero perder pras outras três!"

"… Não vou comentar sobre isso."

Jin, ainda envergonhado, passou a mão no rosto sem saber exatamente o que dizer. Mesmo com apenas dez anos, ele sabia que as quatro garotas que conhecera tinham sentimentos por ele. E todas estavam decididas a mantê-lo como namorado/irmão/Bloodmate.

Com a idade de dez anos, ele ainda era imaturo quanto aos assuntos do coração. Sabia que gostava das quatro, mas isso não era no sentido romântico. Como poderia? Ainda tinha só dez anos. Mas tinha uma certeza: Jin amava as quatro Vampiras com quem tinha cruzado naquele lindo dia.

Cada uma era única à sua maneira, todas igualmente adoráveis. E Jin até sabia que estaria disposto a levar um tiro por aquelas quatro, sem questionar. E Lilith era uma das garotas com quem ele mais se conectava.

Por serem gênias, tinham seus problemas. Nenhuma delas tinha amigos da mesma idade, pois ninguém entendia sua língua com facilidade. Afinal, qual criança de dez anos conseguiria compreender magia de nível universitário e até fazer ajustes após algumas horas de estudo?

Jin sempre encontrava uma companheira na garota jovem, e Lilith via algo ainda melhor em Jin.

Jin era alguém que ela considerava digno. Tinha inteligência, talento e, mais importante,… Estava bem na sua zona de ataque. Ele não era Vampiro, mas Lilith acreditava que era só questão de tempo até ela o transformar em seu Bloodmate. Toda garota jovem, não importando se era humana, Vampira ou de qualquer outra raça, sonha com seu príncipe encantado.

E, para Lilith, Jin tinha todas essas qualidades.

Mas, infelizmente, boas coisas não passariam despercebidas.

Lilith tinha concorrência, e Jin era praticamente uma batata quente que passa de mão em mão entre as quatro. Por isso, ela fazia de tudo para conquistá-lo de vez e selar de vez o acordo.

Enquanto isso, Jin sofria com um dilema. Gostaria de ficar com as quatro ao mesmo tempo, porque as amava todas, talvez tanto quanto amava seus pais.

Seu desejo verdadeiro era que todos pudessem viver em harmonia. Ele e as quatro garotas que entraram na sua vida de forma tão inesperada. Mas, era jovem demais para enxergar a solução ainda. Então, agora, só podia ficar quieto e deixar as meninas brigarem por ele abertamente.

"Então, o que te trouxe aqui?"

"Por quê? Não posso encontrar minha futura Bloodmate?"

"A-Ah, isso… Tá…"

Jin tentou mudar de assunto, mas Lilith logo virou o jogo. Sem saber o que dizer, o garoto ficou em silêncio e continuou lendo seu livro. Mas isso não diminuiu a empolgação de Lilith. Pelo contrário: os olhos dela se intensificaram enquanto observava Jin focado no livro, escondendo sua carinha de tomate.

"Hehe… Jin concentradíssimo é ótimo, mas Jin envergonhado é ainda melhor!"

"… Cala a boca."

"Hehe!!!"

Lilith virou seu corpo na direção do menino e abaixou a cabeça na saia dele, como se fosse um gato que se acomoda. Jin mexeu os braços, sem querer magoar a menina que havia conquistado seu colo, e naturalmente passou a mão pelo cabelo de Lilith, como se fosse acariciar um filhotinho.

"Ei, isso é perigoso."

"Sabia que você ia me pegar!"

"Hah… Sério, quem te criou assim?"

Sabendo que não conseguiria continuar seus estudos, Jin fechou o livro com força e olhou para a bela fada que fazia dele o seu refúgio. Um suspiro profundo escapou, enquanto ele entregava todo o tempo e corpo à garota que exigia aquilo.

"Jin… Você é tão gentil…"

"Tsk, o que mais posso fazer? Você quer continuar lendo ou se enroscar?"

"Por isso você é o melhor!"

Lilith gargalhou, seus olhos de vale brilhando como estrelas no céu. Ela virou a cabeça procurando uma posição melhor, respirando profundamente, como se tentasse guardar o cheiro de Jin na memória.

"… Sabe, meus pais nunca deixaram eu fazer isso."

"Fazer o quê? Se enroscar?"

"Sim," Lilith respondeu tristemente. "A minha vida toda, fui comparada ao meu irmão mais velho. Sempre disseram que, para alcançar ele, eu precisaria estudar e treinar duas vezes mais. Eles viam sinais de afeto como fraquezas e nunca me encheram de amor."

"Isso…"

"Triste, né?" Lilith sorriu de forma amarga ao lembrar de sua infância. "Meu irmão também não era diferente. Ele é superprotetor e nunca deixa ninguém divertido perto de mim. Ser protetor está tudo bem, mas ele está sempre trabalhando! Nunca está por perto para brincar comigo ou me dar um abraço! Acho que a coisa mais que ele fez foi me dar uma palmada na cabeça!"

"Ai, meu Deus…"

Sem querer, a mão de Jin começou a acariciar os longos cabelos da garota, que murmurou de felicidade plena, ajustando sua cabeça para encontrar a posição mais confortável. Era algo que tinham feito várias vezes já, tão natural quanto respirar.

"Sim, seus tapinhas na cabeça são muito melhores!"

"Obrigado?"

"Hehe, você é igual minha avó!"

"Sua avó? Você nunca falou dela antes."

"…"

Ao ouvir isso, a bela fada ficou em silêncio. Lilith ficou olhando nos olhos de Jin, depois se encolheu em posição fetal, com a cabeça ainda descansando em seu colo. Quase todos seus feições lindas estavam escondidas, enquanto ela se enterrava mais na cintura do garoto.

"Minha avó… foi a única que realmente se importou comigo. Enquanto os outros tinham medo do meu talento ou meus pais tentavam me forçar a treinar mais. Minha avó sempre me defendeu. Dizia que estava tudo bem ser diferente, e que eu podia viver como quisesse."

"Essas palavras…"

"Hehe, você percebeu?" Lilith riu baixinho, mas o rosto dela ainda estava escondido, então Jin não tinha certeza se ela estava rindo ou chorando. "Foram as mesmas palavras que você me disse!"

"Entendi…"

"Pensando bem… Esse lugar me lembra aquele… O primeiro lugar onde ela me disse isso."

Lilith virou o rosto, as pálpebras ainda avermelhadas. Parecia que ela tinha chorado um pouco e tentava esconder. Observou ao redor, o vasto céu iluminado pela lua, o vento nas gramas ao calar da noite, a temperatura calma e reconfortante da madrugada.

"Que lugar?"

"Starfall," respondeu Lilith com um sorriso radiante. "O Sagrado do Moonreaver House e onde minha avó está enterrada."

"… O que aconteceu com ela?"

"Quer saber?" Lilith exibiu seus dentes brancos como pérolas e se aproximou do menino. "Mas minhas histórias têm um preço, sabia?"

"Tudo bem…"

Sem dar chance para negociações, Jin pegou o queixo afiado de Lilith com delicadeza e deu um beijo suave na testa dela. O movimento inesperado deixou a garota surpresa, ficando mais vermelha que tomate. Lilith então bateu gentilmente no peito de Jin e chorou:

"… Você não joga limpo."

"Hehe, cadê sua confiança?"

"Para de graça!"

Os dois garotos de dez anos riram alegremente sob o céu estrelado, aproveitando a companhia um do outro enquanto relembravam seus passados.