Capítulo 145

133 – Rua Beryl (Ponto de Vista de Ivan – Segunda Parte)

Publicado em 1 de outubro de 2017 por crazypumkin

*Não revisado

Após conhecer suas agendas e grupos, todos os cavaleiros iniciantes dedicaram o tempo extra e atenção para revisar a área onde fariam patrulha naquele dia.

Todo esse entusiasmo vinha do fato de ser a primeira grande missão designada a eles. Embora essa missão não os fizesse ficar famosos da noite para o dia, eram todos jovens com forte senso de justiça, o que acabara os levando a se tornarem cavaleiros.

Não estavam levando isso de forma leviana e, pelo contrário, viam como uma oportunidade de ajudar os cidadãos. Ivan também estava completamente envolvido nisso.

Apesar de, no passado, ter sido um soldado parecido com um briguento em Hattuo, o motivo de ter se tornado assim foi devido ao sonho de infância de ajudar os outros. Ser consumido pela sensação de impotência e desesperança ao perceber a verdadeira face do significado de ser soldado em Hattuo o fez cair no caminho errado.

Qualquer um cresceria se recebesse a chance de recomeçar. Graças a esse arrependimento que carregava no coração e ao entendimento de como se sentia impotente antigamente, Ivan tinha força suficiente para dar o seu melhor agora. Isso porque ele sabia o quão fácil era cair, pois já tinha passado por isso antes.

De qualquer forma, em palavras mais simples, Ivan vinha fazendo reconhecimento… patrulhando a rua Icris onde ficava a barraca de comida, todos os dias após o treino. Vamos manter em segredo o fato de quase ter sido levado para uma investigação pelos seus sempais.

Porque, naquela noite de luz fraca, não era muito suspeito um homem simplesmente andar de um lado para o outro pela rua todos os dias? Não era por que suas ações pareciam assustadoras ou sua aparência era extremamente vilanesca. Ivan pensava, tentando se convencer firmemente.

Ele tinha uma hipótese de por que tinha sido escolhido quando os demais cavaleiros iniciantes faziam a mesma coisa, mas a resposta veio quase imediatamente.

Sim, é a diferença de idade.

Ivan era bastante mais velho que os outros cavaleiros iniciantes. Imagine um jovem andando na rua em comparação com um homem de meia-idade. Se perguntassem quem pareceria mais suspeito, a maioria apontaria para o segundo. Exatamente.

E assim, chegava o dia antes do festival. As carroças já estavam alinhadas na rua Icris. As pessoas iam e vinham. Entre elas, muitos eram comerciantes, mas também havia muitos beastmen. Ivan costumava desprezar os beastmen antes, mas não mais. Porque ele descobriu que tudo que Hattuo ensinou a eles era besteira.

Por que, afinal, eram considerados inferiores quando podiam atravessar a [Floresta dos Demônios] sozinhos, puxando suas mercadorias?

Até ele se surpreendia com como a ignorância poderia transformá-lo em um tolo. Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância. Era quase um crime.

Cidadãos de Hattuo nem podem ser comparados, pois não conseguem calcular, usar magia nem possuem força à altura dos beastmen. E ainda assim, pensam que são superiores?

Depois de sair e ver o mundo, Ivan percebeu que tudo era apenas ciúmes. Mais cedo, contou a Will-Sama o que pensava, e ele sorriu de forma cansada enquanto lhe explicava as coisas. Que todo mundo pensava assim, e era por isso que educação era tão importante.

E quando Ivan perguntou a Will-Sama o que ele quis dizer com isso, ele respondeu que os humanos eram seres que se sentiam felizes quando colocavam os outros abaixo deles.

Se fosse o Ivan de antigamente, ele não entenderia o significado, mas agora ele compreendia. É como quando se coloca uma favela na mesma altura que a parte mais alta da cidade, para fazer com que os cidadãos comuns sintam medo de se rebelar contra as autoridades, enquanto permanecem satisfeitos achando que estão um pouco acima.

Hattuo era um lugar onde o inverno era frio de doer, nenhum alimento crescia, tinha altas taxas e os nobres, que não faziam nada, se comportavam como senhores. Em uma palavra, o pior lugar para se viver. Mas eles nem pensavam que estavam no fundo da hierarquia, porque isso era onde os beastmen estavam.

E era por causa do fato de os cidadãos não usarem magia que eles achavam que os nobres eram incríveis. Como eles não sabem fazer cálculos, não percebem quanto de imposto estão pagando. Não conhecem a força dos beastmen, por isso olham de cima para eles.

Não sabem usar bem o dinheiro, por isso não entendem a grandeza ou a dificuldade de ser comerciante. Tudo isso por causa da ignorância.

Por isso, para Ivan, ignorância é crime.

Todo o mundo e a verdade estavam fechados aos olhos deles. Ivan nunca mais quis voltar a ser alguém assim.

Depois do turno, ele voltou à rua Icris, cheio de entusiasmo. Uma das mãos firme segurando sua carteira. Dizem que, em troca dos cavaleiros que não puderam aproveitar o festival no próprio dia, a rua ficaria aberta exclusivamente para eles no dia anterior ao evento.

Ivan deu uma fungada, com a boca quase salivando, ao olhar todas as carroças. Estava decidido a não deixar a fome falar mais forte que ele.

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E, finalmente, chegou o dia do festival.

Como cavaleiro, Ivan fez o seu melhor. Conseguiu a barraca de comida. Tudo estava delicioso. Era tão viciante que ele repetiu várias vezes. Isso era perigoso. Agora entendia por que havia confusão na barraca de comida.

Como a barraca de gastronomia de nível B fazia longas filas todos os dias, ele não tinha tido oportunidade de experimentar e simplesmente não entendia por que todo mundo corria para provar.

Mas, graças à sua 'investigação' anterior, sua visão mudou. Fazer pesquisas antecipadas era importante. Com certeza voltaria para experimentar na próxima oportunidade. Jurou pelo órgão abaixo do coração. Não, ele não ia falar 'estômago', porque isso seria muito brega.

A patrulha na rua foi, para dizer o mínimo, incomum. Uma hora antes e depois do show de fogos, todo o esforço foi para controlar a multidão.

Ivan tinha uma suspeita, e estava certo. Desde o início do show de fogos até durante sua realização, o público continuava chegando, quase sobrando na rua.

À medida que a multidão aumentava, os cavaleiros ficavam nas bordas da rua, orientando o fluxo, construíam um pequeno palco na encruzilhada para se destacar e serem vistos pela multidão. Usavam até magias de amplificação de voz para garantir que todos ouvissem. A área destinada às crianças perdidas também tinha um papel importante nesse esforço.

Apesar de ser o primeiro festival, tudo correu tão bem que parecia o jeito certo de fazer. Ivan se perguntava o que teria acontecido se Will-Sama não tivesse vindo com todas essas ideias.

O palco na encruzilhada, a área para crianças perdidas e a ferramenta mágica de som foram sugestões de Will-Sama antes do começo do festival. Gion-Sama achou estranho na hora, assim como Ivan, mas acabou sendo o melhor caminho.

Como esperado de Will-Sama.

Em Hattuo, 'festival' significava que as pessoas da mesma aldeia cozinhavam comida colhida na época, então isso surpreendeu Ivan. Mas, ao perguntar a Scott, que trabalhava com ele na casa das crianças perdidas, ele tinha uma visão diferente.

"Um festival é quando todo mundo aprecia boa comida, vinho e dança juntos, idiota!"

"Ah… então era bem diferente mesmo..."

O brilho de Elzmu mais uma vez quebrou o senso comum de Ivan.

"Ainda assim, 'Festa de Fogos' é tão incrível assim?"

Ivan perguntou de novo. 'Festa de Fogos' era algo inexistente em Hattuo, então ele mal podia imaginar o que era. Muitas pessoas iam só para assistir, e diziam que era uma 'arte tradicional' passada pelo Primeiro Fundador de Elzmu. Sua expectativa só crescia.

"Ah, nunca vi antes, então… Mas quem já viu, sabe? É só uma coisinha que alguns nobres levam em festas."

"Epa, sério? Então por que tem tanta gente?"

"Porque é o evento de uma empresa de brinquedos bastante famosa, [Toys Love], de uma marca tradicional de roupas, [Unislo], além de várias lojinhas grandes e famosas, sem falar na gastronomia super na moda, [Kuma Neko Private Limited]! E não é só pelos fogos, sabia?"

Segundo boatos, todas essas empresas deviam favores a alguém que estava inovando, por isso participaram da festa!

Scott gritou. Ah, Ivan finalmente entendeu. Como esperado de Will-Sama. Brinquedos, roupas, até comida. Uma pessoa que provocaria uma revolução estava inovando, e todas foram atrás.

E, neste momento, tudo ia exatamente assim…

"E agora, estamos no meio das férias de verão."

Ivan comentou. Essa era a atração daquele evento. Sua primeira tentativa resultou nesse sucesso refinado, com pessoas indo ajudar. Além disso, os fogos feitos à mão por Will-Sama eram magníficos. Todo mundo que veio iria voltar no próximo ano, e dizia-se que a escala do festival no ano seguinte seria ainda maior.

Will-Sama era Will-Sama. Ele planejara tudo com tanta antecedência.

"Talvez seja por causa do próprio Will-Sama…"

Ivan estava exausto após um dia de empurrões na multidão. Mas não tinha jeito, pois tudo tinha sido um evento planejado por Will-Sama.

E hoje era o dia em que os sentimentos de Ivan finalmente estavam em sintonia com os demais cavaleiros.