Poder das Runas

Capítulo 50

Poder das Runas

"Heh… Haha… Era isso…! Assim que deve ser!"

Sua respiração desordenada ecoava, a silhueta delineada por um leve brilho vermelho enquanto Overclock continuava forçando seu corpo além dos limites.

Liera, com os olhos semicerrados, olhava alternadamente para sua postura e para a arma em suas mãos. Ela podia sentir — algo ominoso, algo instável.

Aquela espada não estava apenas acumulando mana.

Ela a estava devorando.

Ray ergueu a lâmina, um sorriso distorcido, quase maníaco, quase eufórico, se estendendo por seu rosto—os olhos brilhando com um brilho louco. A escuridão em sua pupila se aprofundou enquanto uma energia serpenteava ao longo da lâmina, deformando o ar ao redor.

[Corte do Vazio.]

Sem aviso, ele desferiu um golpe.

Uma crescente de energia do vazio cortou o espaço entre eles, mais rápida do que antes.

Liera recuou em um clarão, sua silhueta piscando na vista enquanto escapava por pouco do corte. O próprio ar gemeu com a força do ataque, e onde o arco de energia bateu na parede da masmorra—

KRRRRRHH!!

A pedra explodiu. O impacto atravessou a rocha sólida como manteiga, dividindo a câmara ao meio. Detritos pontiagudos caíam do teto, abalando o chão.

Irene, Nathaniel e Vince mal conseguiram manter-se de pé.

"Q-Quantas vezes ele consegue fazer isso?!" Irene falou, com o rosto pálido.

"Ele está forçando demais o corpo… isso é loucura…!" Nathaniel apertou os punhos.

Mas Ray não parava.

Antes mesmo que o pó pudesse se assentar—

[Corte do Vazio.]

Outro golpe.

Outra crescente de destruição pura atravessando o campo de batalha.

Liera desviou de novo—quase por um fio. A energia roçou a borda de seu manto, desintegrando parte dele instantaneamente.

"Tch—" ela rangeu os dentes.

Não havia hesitação nos ataques de Ray.

Apenas uma matança implacável, incessante.

[Corte do Vazio.]

Outra lâmina—mais rápida, mais forte, mais instável.

Dessa vez, a energia curvou-se no ar, deformando-se de forma estranha, como se tivesse vontade própria.

Liera piscou de lado, torcendo o corpo no ar. Sentiu o ataque passar por ela, uma linha de destruição quase invisível roçando suas costelas.

Então—

[Corte do Vazio.]

Outra.

[Corte do Vazio.]

E mais uma.

[Corte do Vazio.]

Liera conseguiu escapar por pouco, mas Ray era como uma tempestade dada forma humana, agitando-se de forma selvagem, irresponsável—uma força de destruição imparável.

A câmara estava destruída, suas paredes antes sólidas rachadas e em ruínas, detritos espalhados pelo chão encharcado de sangue. O ar estava pesado com poeira e o aroma de pedra queimada.

Ray atravessava tudo isso, uma força de destruição encarnada, com movimentos selvagens e sem limites.

Ele não parava.

Ele não pensava.

Ele não se importava.

Se amigo ou inimigo, nada importava.

Ele se moveu como uma tempestade, cada passo rachando o chão sob seus pés, cada golpe de sua lâmina enviando ondas de choque pela câmara já fragmentada.

As paredes gemiam sob a tensão, a própria masmorra tremendo como se recuasse de sua ira implacável.

Irene colocou as mãos na boca, respirando com dificuldade. "Isso não é uma luta… Ele está caçando ela."

Vince expirou bruscamente. "E ela está fugindo."

A frustração de Liera aumentava enquanto seu corpo ficava intermitente na confusão ao redor.

Ela precisava contra-atacar.

Mas como?

Toda vez que tentava se aproximar—

[Corte do Vazio.]

Outro golpe a fazia recuar.

Ela não era como os demônios de sangue puro, que não conheciam limites, manejando habilidades de longo alcance e combate corpo a corpo com uma facilidade assustadora. Ela não tinha esse luxo.

Sem feitiços devastadores ou magias avassaladoras—apenas força bruta, instintos aguçados e a brutalidade do combate de perto.

O solo sob ela era uma ruína de fissuras profundas e crateras, evidência do ataque implacável de Ray.

E então—

O que aconteceu.

Ray apertou a empunhadura da espada com mais força.

Tremores percorriam seu corpo, suas veias inchando contra a pele. Um zumbido profundo e ameaçador ressoava na lâmina enquanto energia do vazio se acumulava ao seu redor, mais concentrada do que antes.

Ele não estava simplesmente lançando outro ataque.

Ele preparava algo mortal.

As pupilas de Liera encolheram. Tch—Isso não é bom!

Um único passo—Ray desapareceu.

[Passo de Piscar x Corte do Vazio.]

Uma onda de choque explodiu de onde ele estava, a velocidade da movimentação rachando a pedra sob ele.

Liera teve apenas um instante para reagir.

Ray apareceu na sua frente, rápido demais para seus olhos acompanharem. Num instante, ele estava do outro lado, e no seguinte, já estava bem ali—com a espada já descendo.

Ela tentou se mover, bloquear, contra-atacar.

Mas o tempo parecia se dilatar de forma insuportável.

Por um instante, tudo ficou silencioso.

Então— dor, uma dor aguda, a sombra de uma dor lancinante a invadiu,

um som úmido e nojento encheu o ar enquanto algo era arrancado.

Um braço cortado girou no ar.

O sangue carmesim escorreu num arco, espalhando-se pelo chão frio de pedra.

Os olhos de Liera se arregalaram de choque. Uma dor aguda e cortante se espalhou por seu corpo enquanto ela cambaleava para trás, seu braço esquerdo desaparecido do cotovelo para baixo.

Ela mal teve tempo de compreender isso antes—

Ray riu.

Uma risada profunda, quebrada, sem fôlego.

"Heh… heheheh… hahahaha!!" Seus olhos brilhavam com satisfação selvagem. Seu sorriso se estendia tanto que parecia quase sobrenatural. "Isto é… isto é tudo…!!"

A espada na mão dele tremia. Seus dedos se contorciam. Sua respiração era errática.

E então—

Seu corpo deu um solavanco.

O brilho de Overclock piscar alternativas, como uma chama presa ao vento.

Seus músculos se contraíram.

Um espasmo profundo e agonizante sacudiu seu corpo, suas mãos tremendo enquanto seus joelhos se dobravam.

Ele soltou um suspiro repentino, sua respiração ficando ainda mais pesada.

Todo o seu corpo congelou.

E então—

A visão dele começou a turvar.

Sua mente parecia estar afundando—como se estivesse se afogando em águas de tinta preta.

A última coisa que ouviu foram as vozes distantes, abafadas, dos outros—

E então tudo ficou silêncio.

Ray desabou.

Seu corpo caiu no chão da masmorra com um som surdo, a espada escapando de suas mãos.

O silêncio tomou conta do ambiente enquanto

Liera recuava cambaleando, a mão restante segurando a ferida pontiaguda onde antes tinha seu braço.

Sua respiração era curta, pusada, enquanto o sangue escorria lentamente, formando poças na pedra rachada sob ela.

Ela encarou a forma imóvel de Ray, a incredulidade tremulando em seus olhos vermelhos.

"...O que aconteceu?"

Sua voz saiu rouca, carregada de tensão remanescente.

Nathaniel, Vince, Selene, Lucien e Irene permaneciam imóveis, com expressões entre o espanto e o horror.

"Q-Quadrinhos… ele simplesmente… desmaiou?" Irene sussurrou.

Nathaniel expirou, com os punhos ainda cerrados. "Não. O corpo dele não aguentou."

Vince, que segurava a arma com tanta força que os nós das mãos ficaram brancos, finalmente relaxou a postura. "Droga…" Ele respirou fundo, tremendo. "Isso não foi normal."

Ningué uma se mexeu por um momento.

Então—

Liera deu um passo adiante, o olhar predatório fixo em Ray. Mesmo agora, inconsciente e quebrado, sua presença ainda parecia perigosa para ela.

Seu corpo estava exausto, a mente fragmentada, e sua mão ainda segurava a arma frouxamente. A espada estava esquecida ao seu lado, a loucura que a consumira poucos momentos atrás se esvaindo em uma vulnerabilidade silenciosa.

Seria fácil.

Sua mão restante se contraiu.

Um único golpe.

Era tudo o que precisava.

Seu pé mudou de lugar, seu corpo se preparando como uma víbora pronta para atacar. A batalha havia acabado, o resultado claro—isto era apenas o ato final, o fim inevitável de um inimigo enfraquecido.

Mas justo quando ela ia se mover,

Um estremecimento percorreu o ar, uma onda invisível cruzando a batalha como a superfície de águas paradas sendo perturbada por uma força invisível. Não foi um som alto, nem algo que pudessem ouvir.

Era algo mais profundo, algo instintivo, que fez um arrepio percorrer suas espinhas antes que suas mentes até pudessem entender o motivo.

Nathaniel prendeu a respiração.

Vince fechou os dedos inconscientemente.

Selene estremeceu, os pelos de seus braços eriçando-se.

Algo se aproximava.

Então, sem um único sussurro de som—

Uma figura emergiu.

Não da entrada. Não das sombras da câmara destruída.

Mas da escuridão em si.

Bem ao lado do corpo caído de Ray.

Sua presença era perfeita, como se sempre tivesse pertencido à escuridão—um espectro surgindo do nada, de um momento para outro.

Seu manto, profundo como o abismo, fluía com uma quietude antinatural, o capuz pendendo baixo, o rosto oculto na escuridão.

E na mão dele, uma espada.

Não uma qualquer.

Era a Espada do Cavaleiro Negro.

Ela não brilhava com poder como antes, nem zumbia com mana abundante—mas sua presença exigia reverência.

Os dedos de Liera se mexeram levemente.

Ela não o havia sentido, nem uma única vez.

Estaria alguém me seguindo sem eu perceber?

Não era stealth.

Era algo muito pior.

Algo absoluto.

O espectro de capuz não se moveu, não mudou de postura, nem levantou a arma em advertência. Mas, apesar do silêncio, e da ausência total de hostilidade—

Liera não conseguiu se mexer.

O peso da presença dele se abateu sobre o espaço entre eles, uma força invisível, sufocante, que tornava impossível até pensar em avançar.

***

Poucos momentos antes...

No instante em que a gema se desfez na língua dele, uma pulsação de energia percorreu seu corpo como uma corrente de água fluente.

A visão de Ash ficou turva. Ele prendeu a respiração.

Então— uma dor insuportável o atacou.

Ela rasgou seus ossos primeiro, uma agonia profunda e abrasadora que fez sua coluna se arquear involuntariamente. Seus esqueletos se moveram—não, expandiram, comprimiram, realinharam—cada osso se quebrando e se reconstituindo num piscar de olhos.

Ele cerras as dentes, as mãos cavando na terra rachada sob ele, mas nenhum desejo ou força de vontade podiam conter o tormento cru que invadia seus nervos.

Porém, nenhuma voz de grito saiu de sua boca,

Seu toráx caiu para dentro, depois se esticou para fora, remodelando-se em algo mais equilibrado, mais perfeito.

Seus membros queimavam com uma força invisível, as proporções de seus braços e pernas ajustando-se a uma harmonia que nunca antes existira.

Sua própria estrutura estava sendo rewriteada.

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