
Capítulo 27
Poder das Runas
[Próximo dia]
Preciso sair da academia por pelo menos dois dias, pensou Ash, preguiçosamente apoiado na cadeira.
Um dia para sair, outro para voltar. Se eu praticar no ritmo da academia, meu crescimento vai ser muito lento.
Também preciso de uma espada. Uma técnica de espada decente. Tanta coisa pra fazer, pouco tempo.
E no próximo mês… acontecerá o primeiro ataque do demônio contra os estudantes.
Seus pensamentos foram interrompidos ao ver Elva entrando na sala de aula, sua energia habitual irradiando como uma faísca crepitante.
De pé no pulpito, ela bateu as mãos. "Certo, pequenos Caçadores! Todos preencheram seus formulários de escolha de disciplinas?"
"SIM, PROFESSORA!!" respondeu a turma em uníssono.
"Bom! Como vocês sabem, só podem escolher cinco disciplinas. Mas—sortudos—uma já está escolhida para vocês!" Ela sorriu de canto.
"[Fundamentos de Manipulação de Mana] é obrigatória, gostem ou não. Mesmo que achem que são prodígios em mana, sempre há mais para aprender."
Seus olhos fizeram um movimento elevado na direção de Melissia, com um olhar exagerado e cheio de segundas intenções.
Melissia apenas encrencou os olhos, descansando o queixo na palma da mão.
Ash ignorou a troca silenciosa e olhou para seu relógio, conferindo suas disciplinas escolhidas:
- Fundamentos de Manipulação de Mana. (Obrigatória)
- Esgrima & Artes de combate.
- Estratégia de Batalha & Táticas de Guerra.
- Anatomia de Monstros & Feras.
- Sobrevivência em Masmorras & Estratégias.
Tudo o que escolheu foi deliberado—sem assuntos desnecessários, sem distrações.
Mesmo sabendo um pouco sobre espadas pelo jogo de realidade virtual, não faz mal aprender mais e criar uma base sólida.
A maioria dos magos também treina combate corpo a corpo porque sua maior fraqueza na batalha é a vulnerabilidade de perto.
A história já está mudando, pensou enquanto tocava levemente seus dedos na mesa.
Não sei quais disciplinas Ray escolheu. E se suas escolhas mudaram, então, com a mudança de Elysia na personalidade, as dela também podem ter mudado.
A pressão da incerteza pesava nele, mas ele expulsou esses pensamentos.
"Certo!" Elva bateu as mãos novamente, chamando a atenção de todos. "Vamos começar com algo simples hoje."
Ela virou-se para o quadro, pegou um pedaço de giz e, com traços ousados, escreveu uma palavra:
"Mana"
Ao abaixar o giz, ela se virou dramaticamente para a turma, com os braços abertos.
"Então," ela começou com um sorriso malicioso, "quem quer me dizer o que é mana?"
Silêncio.
Ash observou seus colegas hesitarem. Alguns mexeram nervosos, alguns trocaram olhares sem certeza, outros simplesmente evitavam olhar para ela.
Elva deixou o silêncio se arrastar por um momento antes de suspirar exageradamente. "Oh, meus queridos alunos. Essa é uma pergunta tão difícil. Mas—vocês vão responder?"
Algumas mãos finalmente se levantaram—nervosas.
Ela cochichou. "Relaxem, eu não vou morder." Então, sem escolher ninguém, lançou sua própria explicação.
"Mana é… a própria essência da vida," disse, uma nota rara de seriedade surgindo na sua voz. "Está em toda parte. No ar, na terra, nos seres ao nosso redor, e, mais importante, dentro de vocês."
Ela levantou uma mão, e uma suave aura azul brilhante surgiu ao redor dos dedos dela, torcendo de forma brincalhona como uma coisa viva.
"Alguns chamam de energia. Outros, de sopro do mundo. Mas, no seu âmago, mana representa potencial—o poder de moldar a realidade através da vontade."
A aura pulsou uma vez antes de desaparecer.
"Mas!" ela sorriu de repente. "Mana bruta é como um esquilo bêbado—totalmente caótico e impossível de controlar."
Alguns estudantes riram, quebrando um pouco a tensão anterior.
"Por isso," continuou ela, "nos aprimoramos nela—por isso a controlamos. E isso nos leva ao próximo tópico!"
Ela se virou, rabiscando mais duas palavras no quadro:
"Coração de Mana."
Ela se virou de volta com um olhar divertido. "Agora, alguém pode me dizer o que é um Coração de Mana?"
"O Coração de Mana," ela explicou antes que alguém pudesse responder, "é seu armazenamento pessoal de mana. É de onde todo o seu poder mágico vem! Pense nele como uma bateria, mas em vez de carregar seu celular, te carrega."
Seu olhar caiu sobre Melissia novamente, como se desafiando com um olhar de quero-ver-se. Ela apenas exalou alto, encarando a janela.
Elva a ignorou e seguiu em frente.
"Todo ser vivo possui mana dentro de si, mas apenas magos a refinam. Nós a moldamos, controlamos, e, eventualmente, usamos para fazer coisas realmente legais—como isto!"
Ela balançou o pulso, e uma esfera brilhante e translúcida surgiu no ar, pulsando com energia.
"Isto," ela indicou com grandiosidade, "é uma representação abstrata de um Coração de Mana."
Alguns estudantes se inclinaram para frente, intrigados.
"O núcleo se forma bem dentro de você durante o despertar," ela continuou. "Para magos, fica na parte superior do dantian; para guerreiros, na parte inferior. É também nesse momento que seu Classe é decidida—então, se não gostar do que saiu, azar seu!"
Ash permaneceu em silêncio, absorvendo a informação. Ele já sabia disso pelo romance, mas ainda assim ajudava ouvir uma explicação natural.
Então, Elva sorriu maliciosamente de novo.
"Mas aqui é a parte divertida!"
Ela se inclinou para a frente na mesa.
"Ter um Coração de Mana? Inútil."
"Para guerreiros e outros caçadores de combate corpo a corpo, avançar é direto—eles fortalecem o corpo com mana internamente, treinam até o limite, e pronto! Estão prontos para destruir tudo."
Ela fez um gesto dramático, rendendo algumas risadas.
"Mas magos e outros caçadores de classes mágicas?" Ela inclinou a cabeça. "Precisam de uma coisa crucial para avançar."
Seu olhar brincalhão varreu a turma, aguardando.
Ash respondeu sem hesitar.
"Círculo Mágico."
Os olhos de Elva arregalaram um pouco—só por um segundo—antes de seu sorriso reaparecer.
"Oho? Tem alguém prestando atenção!" ela provocou. "Correto."
Ela levantou uma mão, e um Círculo Mágico brilhante e intricado se formou acima da palma da mão dela, girando com símbolos arcanos.
"Para um mago lançar feitiços, ele precisa primeiro formar um Círculo Mágico no coração," ela explicou, com a voz subitamente séria novamente. "Um proporcional ao seu nível."
Os símbolos brilhantes pulsaram, irradiando poder.
"Este é o Círculo Mágico de Nível 1."
Algo profundo dentro de Ash se agitationou.
Era isso.
Agora também preciso criar um círculo mágico. O romance nunca explicou como fazer, mas agora que vi um, finalmente posso tentar. Se eu conseguir, serei oficialmente um Caçador de Nível Novato e poderei acessar uma variedade maior de magias.
A voz de Elva ecoou pelo auditório, puxando-o de volta ao presente.
"A formação de um círculo mágico está ligada à vontade e ao controle de mana. Quem ainda não formou seu primeiro círculo, recomendo fortemente treinar manipulação de mana por pelo menos uma semana antes de tentar."
"Sugiro que você memorize bem o círculo mágico antes de tentar. É fundamental e perigoso se cometer erros."
Ela olhou pela turma antes de continuar.
"Para Mestres de Espada e outros caçadores de combate corpo a corpo, quem ainda estiver no Nível Novato deve focar em empurrar seus corpos ao limite. Use as instalações da academia."
Sua voz ficou mais firme.
"Vocês receberam 50 créditos após obterem seus recursos. Nesta academia, créditos são tudo. Sem eles, vocês não terão acesso a outras instalações..."
A aula durou mais duas horas.
Quando Elva terminou, Ash respirou fundo.
Aprender sobre magia foi divertido… mas caramba, foi exaustivo.
Saindo lentamente da sala, olhou para o relógio.
As aulas vão das 7h às 19h, cada uma com duas horas, com descanso de duas horas no meio.
Qual minha próxima aula?
Enquanto olhava a programação, de repente—
Uma voz lhe chamou—
"Com licença."
Uma voz suave, hesitante, o fez parar.
Ash virou a cabeça.
Elysia estava lá, com um sorriso gentil nos lábios, seus cabelos prateados brilhando sob as luzes da academia.
Seus dedos se fecharam levemente.
Droga.
O coração apertou.
Por que ela estava aqui?
Ele mal tinha tempo de processar a própria existência dela, quanto mais pensar no que fazer a respeito.
Ao ver seu silêncio, ela respirou fundo e falou suavemente, a voz carregada de uma emoção que provavelmente não queria revelar.
"Nunca tive a chance de agradecer corretamente pela garrafa de água durante o teste."
Ela olhou nos olhos dele e, por um instante, algo não dito passou entre eles.
"Obrigada."
**
[Elysia Moonglow] (Nancy)
Ela falou de forma leve, mas por dentro—seu coração pulsava forte.
Não sei por que… mas posso senti-lo.
Este é meu Ash.
O pensamento trouxe uma onda de emoções a ela.
Porém, ela não podia ter certeza.
A natureza dele é diferente. Os olhos… não são os mesmos.
Preciso de confirmação.
Naque dia, quando ela sentiu uma estranha familiaridade com ele, passou horas pensando nisso.
Quando a noite caiu, ela tomou sua decisão.
Ela iria testá-lo.
Ela descobriria se era realmente ele.
E, se fosse—
**
[Ash Burn]
"Tudo bem. Só te entreguei a garrafa porque achei que você não conseguiria passar na prova."
Respondeu de forma despreocupada, com uma voz fria.
Sem esperar resposta, virou-se e começou a caminhar.
Passo.
Passo.
Passo.
Mas—
Ela o seguiu.
Uma dor aguda atravessou seu peito.
O som dos passos dela atrás dele…
Era igual ao de antes.
Exatamente como naquela época.
Seu corpo se tenseou enquanto as memórias que tinha desesperadamente enterrado começavam a se insinuar de volta.
Não.
Não agora.
De novo não.
Ele rangeu os dentes e forçou sua mente a focar.
Passo.
Mas ela não parou.
Passo.
A respiração dele ficou rápida.
Passo.
Ele sabia.
Ele sabia.
---
[Elysia Moonglow] (Nancy)
Se for realmente ele…
Então ele vai se lembrar.
Ela caminhava, o passo firme, inalterado.
Ele vai lembrar como eu sempre o segui na época…
E assim como antes—
Ele vai parar.
Ele vai se virar.
E vai perguntar: Por que você está me seguindo? com uma expressão irritada.
O coração dela batia doloridamente.
Por favor, seja ele. Por favor…
Sua visão ficou um pouco turva, mas ela piscou para afastá-la.
Se for ele, se for realmente ele… então este mundo não será tão solitário mais.
Ela apertou sua decisão.
Ela tinha que saber.
Então, ela continuou caminhando, cheia de esperança.
**
Passo.
A respiração dele ficou desigual agora.
Passo.
O coração apertou.
Passo.
Preciso agir diferente. Preciso ser frio. Não posso deixá-la perceber.
Passo.
Mas por quê… por que dói tanto?
Passo.
Ele apertou os punhos tão forte que suas unhas roçaram na palma das mãos.
Os passos dela continuaram firmes, implacáveis.
E de repente—
A mente dele quebrou.
Tudo que tinha enterrado—todas as emoções, todas as lembranças reprimidas—explodiram nele de uma só vez.
Caramba!.
A dor.
A calor.
A saudade insuportável.
A visão dele ficou um pouco turva enquanto o peso de tudo desabava.
Ele tentou tanto sufocar isso.
Seguir em frente.
Mas ela dificultava tudo.
Agora tenho certeza.
Ela é Nancy.
O jeito que ela o seguia—os passos, a persistência—
Era exatamente o mesmo.
Mas—
Como?
Quando?
Por quê?
Sua mente rodava, perguntas rasgando como garras.
A ela estava brincando com ele?
Por quê?
Por quê?
Por quê?
Por quê?
Não é justo.
Um grito silencioso ecoou em sua mente, ensurdecedor mesmo sem som.
Passo
Quero abraçá-la.
Passo.
Quero estar com ela de novo.
Passo.
Eu realmente, realmente quero.
Passo.
Mas—
Este mundo era mais perigoso que o anterior.
E ele sabia.
Não posso deixar que a mesma coisa aconteça de novo.
Passo.
Não quero que ela morra de novo por minha causa.
Então—
Ele não parou.
Ele não virou.
Ele seguiu andando, engolindo a dor imensa no peito.
E ela—
Ela continuou seguindo.
***
Nota do Autor: Olá, leitores! Uma rápida atualização—se aparecerem "Melissa" do nada, ignorem. Meu teclado claramente está doido e insiste em trocar o nome da Melissia por Melissa. 😭😂
É Melissia, não Melissa! Prometo!