Poder das Runas

Capítulo 25

Poder das Runas

***

A jornada até a biblioteca durou mais do que o esperado.

Droga… isso levou tempo demais.

Embora tivesse acesso a um mapa detalhado de toda a academia pelo seu Relógio da Academia, navegar pelo vasto campus mostrou-se mais confuso do que ele tinha previsto.

Cada corredor parecia igual.

Os grandes salões de mármore, repletos de esculturas intrincadas de heróis e estudiosos do passado, todos pareciam se mesclar.

Pátios, campos de treino e complexos de dormitórios se estendiam sem fim.

No começo, tentou seguir as placas.

Quem quer que tivesse projetado aquele lugar devia ser masoquista ou fã de labirintos—porque nada fazia sentido.

Ala Norte? Ala Sul? Por que a biblioteca não ficava só no centro?!

pensou com frustração.

Quando finalmente chegou lá, mais de uma hora tinha se passado.

Foi exaustivo.

E frustrante.

No entanto, ao finalmente se colocar diante da estrutura imensa, não pôde deixar de pausar por um momento.

Era enorme, cerca de sete andares de altura.

O exterior da biblioteca era diferente de qualquer edifício que ele já tinha visto. As paredes brilhavam levemente com runas douradas entalhadas na superfície.

Essas runas não eram apenas para decoração; eram encantamentos de proteção, garantindo que o vasto conhecimento dentro fosse mantido seguro.

Heh. Acham isso impressionante?

Os lábios de Ash se curvaram em um sorriso cínico.

Ele reconheceu as runas pelo que eram—imitações baratas. Uma tentativa tosca de replicar algo muito além do entendimento mortal.

Já tinha lido sobre isso no romance.

Magia Rúnica… Pegaram fragmentos de textos antigos que mencionavam as Runas e chamaram de uma nova vertente da magia. Engraçado.

Mas, ao contrário dos estudiosos que mal compreendiam sua própria pesquisa, Ash tinha algo mais— o Codex da Criação.

Uma característica que lhe permitia criar habilidades a partir de Runas, além da função de Sobrescrever Proteção do Passivo.

Teoricamente, se usasse a Sobrescrição de Proteção, poderia experimentar essas runas—talvez até usar Padrões Rúnicos reais como magia algum dia.

Seu olhar subiu em direção ao topo do prédio.

Lá no alto, via esferas de cristal flutuando, girando lentamente no ar, pulsando com uma luz suave.

Eles serviam como detectores mágicos, escaneando todos que entravam.

A entrada, por si só, era imponente—duas portas enormes, aparentemente feitas de aço encantado, permanecendo firmes fechadas.

A despeito de sua aparência pesada, abriam-se facilmente para quem tinha permissão para entrar.

E então—

O olhar de Ash se dirigiu a alguém conhecido.

Um cara que prestes a entrar na biblioteca.

Ray Dawson.

O único humano na história com todas as afinidades.

O garoto dourado.

O prodígio.

O Protagonista.

Ash teve a sensação de que Destino—ou alguma entidade—estava novamente na sua cola, justo quando ele ia conseguir outra Runas.

Então, sem hesitar, gritou com todas as forças—

"RAY DAWSON!!!!!!!!!!!!"

Seu grito foi tão alto que até os funcionários e estudantes ao redor pararam.

Ash ignorou os olhares, ignorou os sussurros, ignorou o fato de ter feito escândalo bem no meio da academia mais prestigiada do continente humano.

Porque aquilo não importava.

Porque não estava em jogo só o destino do mundo, mas—

Seu maldito filho da p*ta! A Runas é minha!

Uma Runas.

**

Ray virou, com expressão neutra ao perceber Ash se aproximando.

"Ash?"

Mas Ash não diminuiu o passo. Avançou direto até Ray e segurou-o pelo ombro.

"Ray, escuta com atenção."

Ray piscou. "Uh… tá?"

"Você não pode entrar."

Ray franziu o cenho. "Por quê?"

Ash olhou ao redor, abaixando a voz como se estivesse revelando uma informação confidencial.

"… Alguém está procurando por você."

A postura de Ray ficou um pouco mais reta. "Quem?"

Droga!!

Ash não tinha pensado tão adiante.

Pense, Ash! Pense!

Então—uma ideia surgiu.

"As… uh… meninas, quero dizer—a professora está procurando por você."

Ray olhou suspeitamente para ele. "A professora?"

Ash assentiu com gravidade. "Sim."

Ray cruzou os braços. "E por que exatamente a professora estaria procurando por mim?"

Ash suspirou dramaticamente, balançando a cabeça. "É sobre suas afinidades."

Ele se inclinou, abaixando ainda mais a voz. "Ouvi funcionários falando sobre isso. Algo como… 'Ficar de olho nos novos alunos.'"

As sobrancelhas de Ray franziram em confusão. "I-vi."

Ash assentiu rapidamente.

Os olhos de Ray se estreitaram. "Mas… por que você me diria isso?"

Ash amaldiçoou mentalmente, mas respondeu mesmo assim.

"… Porque"—ele respirou fundo—"descobri que você me ajudou quando eu estava inconsciente durante o exame, então queria te retribuir de alguma forma."

O olhar de Ray ficou nele por um momento, avaliando.

Então—

"… Huh." Ele coçou a cabeça. "Isso é muito estranho… Você não parece do tipo que se importa com essas coisas."

Ash forçou uma expressão neutra. "Acredite, eu não me importo. Mas também não gosto de dever favores."

Ray ainda parecia incerto, mas eventualmente suspirou. "Beleza. Vou falar com um dos funcionários primeiro."

Ash quase conseguiu sorrir de orelha a orelha.

"Sim, boa ideia. Você deve esclarecer isso antes de entrar."

Ray lhe deu uma confirmação com a cabeça antes de se virar e caminhar para longe.

Assim que desapareceu, Ash virou-se de repente, sorrindo de canto.

Isso foi longe demais, de mais!

Com um sorriso de provocação, caminhou até as portas da biblioteca.

Ok. Hora de pegar minha Runas.

**

Quando Ash se aproximou das portas da biblioteca, uma voz firme o parou.

"Mostre seu Relógio da Academia."

Ele se virou na direção da voz.

Um guarda estava na entrada, vestindo uma armadura azul escura com um emblema de um livro e uma espada no peitoral. Mas o que realmente chamou sua atenção não foi a armadura—

Foi a insígnia no peito dele.

Um Grão-Mestre…?

Os olhos de Ash piscaram com uma surpresa sutil.

Para alguém ter o título de Grão-Mestre, precisava ser um guerreiro ou mago excepcional.

E, ainda assim, uma pessoa assim estava lá como simples guarda.

Isso soava como muita coisa sobre a importância daquele lugar.

Sem hesitar, Ash levantou o braço, exibindo seu Relógio da Academia. O dispositivo mágico, preso ao pulso, brilhou pouco, enquanto suas runas pulsavam com energia.

O guarda não o deixou passar imediatamente. Em vez disso, puxou um aparelho pequeno, retangular, e o aproximou um pouco acima do pulso de Ash.

Um instante depois, o aparelho apitou, e uma tela translúcida apareceu no ar, exibindo o nome de Ash, o ano e sua classificação de aluno.

O olhar afiado do guarda passou pelos detalhes e, então, fez uma leve reverência.

"Pode entrar."

Sem dizer mais nada, Ash deu um passo à frente.

Assim que cruzou o limiar, uma sensação estranha o envolveu—como um véu fino de magia tocando sua pele.

Um feitiço de varredura?

Durou apenas um segundo antes de desaparecer.

E então—ele entrou na biblioteca.

***

Assim que entrou, a respiração de Ash vacilou um pouco.

Que diabo…

O interior era ainda mais magnífico que o exterior.

Estantes altas elevando-se quase até o teto, que se perdia na imensidão acima. Não eram feitas só de madeira, mas reforçadas com materiais infundidos com mana, garantindo que os livros antigos não se deteriorassem com o tempo.

Uma suave luz dourada preenchia o espaço—não de tochas ou lustres, mas de orbes flutuantes de luz que se moviam lentamente pelo ar.

À medida que as pessoas se movimentavam, as orbes ajustavam seu brilho, iluminando cada seção perfeitamente.

Pilotando o olhar para cima, Ash percebeu vários andares, conectados por pontes de mana flutuantes.

Algumas dessas plataformas carregavam estudantes e estudiosos, permitindo que se deslocassem entre as seções facilmente.

E, no entanto—apesar do número de pessoas, o silêncio absoluto reinava.

As magias da biblioteca absorviam qualquer ruído desnecessário, deixando apenas o suave som de páginas vira e o ocasional movimento de vestes. O silêncio não era assustador—era imponente.

Este lugar… é um tesouro.

Era diferente de tudo que já tinha visto antes.

Mas antes que pudesse pensar mais nisso, sua atenção se virou.

No balcão da entrada, bem perto, sentara um homem idoso, completamente absorto em um tomo grosso à sua frente.

Os cabelos prateados estavam bem penteados para trás, e usava óculos de armação fina, refletindo a luz suave das lâmpadas encantadas.

Auras ao redor dele pareciam tranquilas, mas imperturbáveis, como se nenhuma força no mundo pudesse tirar seu foco.

Ele nem sequer olhou quando Ash entrou.

O romance não mencionara nenhum bibliotecário—ou pelo menos, não um assim.

Deixando o pensamento de lado, Ash expirou e deu um passo à frente.

Agora, vamos conseguir a Runa do Conhecimento.

Um sorriso maroto deu as caras nos lábios dele.

***

Ash avançou mais fundo na biblioteca, seus passos leves sobre o piso polido.

As vastas estantes se estendiam infinitamente ao seu redor, repletas de livros de todos os tamanhos e idades.

Alguns com capas impecáveis, brilhando sob a luz dourada suave, outros rachados pelo tempo, com páginas amareladas e frágeis.

Mas Ash não estava aqui por qualquer livro.

Ele buscava um em específico.

Segundo o romance, ele não ficava guardado em um cofre trancado ou em uma câmara escondida protegida por várias magias. Estava simplesmente… enterrado entre milhares de outros livros, escondido em um canto esquecido—ignorado só porque ninguém pensou em procurá-lo.

Deveria estar por aqui…

Seu olhar oscilava entre as estantes enquanto ele andava, seus dedos ocasionalmente passando pelas lombadas dos livros.

Quanto mais avançava, menos pessoas via.

A maioria dos estudantes se reunia nas áreas centrais, onde livros sobre teorias de mana, técnicas de combate e histórias registradas estavam organizados de forma ordenada.

Mas aqui, nas seções mais remotas, o silêncio parecia mais intenso.

Ash virou uma esquina e se encontrou em um corredor empoeirado. As estantes aqui eram mais antigas, a madeira um pouco deformada pelo tempo.

Uma fina camada de poeira cobria alguns livros, indicando que dificilmente alguém passava por ali.

Um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele.

Encontrei.

Seu olhar fixou-se em uma prateleira específica—a terceira a partir de baixo, perto do canto mais distante.

Um livro delgado, de cor vermelha desbotada, com letras douradas que já haviam se amarelado com o tempo.

Não parecia diferente dos demais, cheio de livros antigos, desgastados, cujas lombadas mal mostravam os títulos.

Mas Ash se agachou, passando os dedos pelas lombadas, tocando com leveza e intenção. Ao mover discretamente cada livro, procurava por alguma irregularidade.

Então—seus dedos detectaram algo estranho.

Um livro, idêntico em tamanho e cor aos outros, mas… um pouco mais pesado.

Ash o segurou e cuidadosamente o puxou.

No momento em que o tirou, não houve surto de mana, mecanismo secreto ou armadilha—apenas o peso de um livro comum, esquecido, repousando em suas mãos.

Mas ele sabia melhor.

Este não era um livro qualquer.

Era a Runas do Conhecimento.

Ele respirou lentamente. Realmente era assim tão fácil…

Abri-lo não liberaria uma onda de poder. Não havia enigmas ou provas a passar.

A Runas do Conhecimento sempre esteve escondida à vista de todos, confundida com um livro comum que ninguém se atrevia a ler.

E agora, era dele.

Seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso enquanto abria o livro.