Poder das Runas

Capítulo 5

Poder das Runas

"Está seguro por agora", ela disse, olhando para trás em direção a Melissia, que já tentava espiar ao redor dela.

Os olhos da jovem se arregalaram ao dar um passo à frente, absorvendo a cena. Seu olhar primeiro caiu sobre a Shadow Fang, seu corpo sem vida parcialmente preso sob os escombros na entrada da mina.

Uma espada quebrada estava cravada no pescoço da fera, suas arestas irregulares manchadas de sangue escuro.

E então, sua atenção se virou para o garoto estendido próximo à criatura morta.

"Quem é aquele?" Melissia sussurrou, sua voz quase inaudível enquanto se aproximava lentamente.

Nyra permaneceu em silêncio, mas ainda assim se aproximou do garoto.

Melissia inclinou a cabeça levemente, sua empolgação anterior lentamente se transformando em uma curiosidade silenciosa.

"Irmã Nyra... ele está dormindo?" ela perguntou, em um tom suave e cuidadoso, quase como se estivesse com medo de que suas palavras pudessem acordá-lo.

O olhar atento de Nyra percorreu o corpo do garoto com precisão. "Não tenho certeza, senhorita", ela respondeu calmamente, com um tom pensativo, porém atento.

"Mas a mana estranha e densa que sentimos mais cedo — ela certamente vem dele. Parece que ele passou pelo processo de despertar..."

Melissia deu um passo cuidadoso para frente, sua curiosidade começando a superar sua cautela.

"O despertar realmente causa esse tipo de perturbação ao redor?" ela perguntou, agachando-se levemente e inclinando-se um pouco para ter uma visão melhor dele.

Nyra franziu a testa, seu corpo tencionando-se instintivamente. "Senhorita, por favor, não se aproxime demais", ela alertou suavemente, mas com firmeza.

"Não podemos prever o que pode acontecer a seguir, e para responder à sua pergunta — não, um despertar comum não causa esse nível de perturbação."

Salvo se alguém despertar uma habilidade poderosa... Ela não disse isso em voz alta, mas pensou silenciosamente, estreitando um pouco os olhos.

Melissia suspirou suavemente, revirando os olhos, mas escutou e recuou, embora com uma resistência clara em seus movimentos.

"Tudo bem, tudo bem", ela murmurou baixinho.

"Mas, honestamente, ele não me parece perigoso... se você ignorar a aparência assustadora dele, coberta de sangue e sujeira."

"E… a mana dele — é tão pura. Nunca senti uma quantidade tão limpa e densa de mana antes, especialmente vindo de alguém que parece tão jovem."

Ela fez uma pausa por um momento, concentrando-se nele com mais seriedade, sua expressão suavizando enquanto um entendimento começava a surgir em seus olhos.

"E posso perceber que ele perdeu a consciência após lutar contra aquele monstro fraco. Não há sinais de que esteja fingindo alguma coisa. Quanto às feridas, devem ter se curado durante o processo de despertar…"

Nyra franziu a testa, examinando cuidadosamente a condição geral do garoto, conectando os pontos em sua mente enquanto observava tudo isso.

"Deve ser por algum tipo de Habilidade que seus níveis de mana estão tão altos. Pode significar que a classe dele seja a de um mago... mas se você olhar ao redor atentamente, os danos e sinais de luta claramente indicam que ele estava usando uma espada no começo."

Continuaram conversando em voz baixa, seus olhos nunca deixando o garoto.

Mas então, como se algo profundo dentro dele pudesse sentir a presença deles por perto,

O garoto lentamente mexeu-se.

Suas pálpebras se abriram lentamente, revelando olhos azul celeste que pareciam excessivamente calmos para alguém em seu estado.

Ele não se moveu, mas seu olhar se fixou neles, como se estivesse pensando profundamente.

Um silêncio pesado encheu o ar antes que ele falasse, sua voz rouca, mas firme.

"...Quem são vocês?"

**

'É confortável.'

Ash sentiu-se como se estivesse flutuando, seu corpo leve e sua mente clara. Uma estranha sensação de calma reconfortante envolvia-o, como se tivesse sido libertado de todas as suas cargas.

Não havia dor, cansaço — apenas paz.

Mas então, as vozes chegaram.

'Irmã Nyra… ele está dormindo?'

'Não sei, senhorita, mas o incomum—'

Incomodando.

As vozes quebraram a serenidade, e uma irritação surgiu dentro dele.

A paz à qual se agarrava escorregou, obrigando-o a mexer-se.

Com esforço, abriu suas pálpebras pesadas, revelando íris azul céu que pareciam anormalmente tranquilas.

Sua visão ficou turva, mas conseguiu distinguir duas figuras próximas.

Ele as encarou, imóvel, seu olhar afiado apesar da mente nublada.

'Quem são eles?' pensou,

Um silêncio pesado pairou no ar antes que ele falasse, sua voz rouca, mas firme.

"...Quem são vocês?"

"O quê?! Que se atreve, plebeu! Você não sabe quem eu sou?!"

Ele focou na direção de onde vinha o som,

Ash piscou, sua visão turva começando a se esclarecer ao ver um garoto gritando com ele.

Ele forçou seu corpo a despertar e se levantar, empurrando a névoa na mente.

Ao se erguer, uma sensação estranha se espalhou por ele — seu corpo parecia leve, mais forte do que antes.

Ele teste suas mãos, sentindo a nova vitalidade.

A dor e o cansaço que o pesoavam haviam desaparecido. Até mesmo as feridas que deveriam deixar cicatrizes estavam completamente curadas.

Acho que a Runa da Estabilidade funcionou, pensou.

Uma expressão de alívio cruzou seu rosto, e um sorriso de canto, quase involuntário, surgiu.

Esse sorriso não era só alívio — era uma centelha de triunfo, uma confirmação silenciosa de que havia sobrevivido ao impossível.

Todo o sofrimento que enfrentou até aqui finalmente parecia valer a pena—

"Olha só esse idiota ignorando minha pessoa!"

A voz aguda cortou seus pensamentos, fazendo-o voltar à realidade.

"Não, senhorita, não use magia! Seu pai vai ficar bravo!" alertou uma segunda voz, desesperada e implorando.

"Mas você viu?! Aquele Filho da Puta me ignorou?! E aquele sorriso — ele está zombando de mim!"

"Senhorita, seu pai vai ficar com certeza bravo se te ouvir xingando de novo!"

As vozes eram irritantes, e sua visão lentamente voltou ao normal.

A voz pertencia a uma menina pequenina, não mais que doze anos, com cabelo ruivo fogo e olhos crimson, ardendo de raiva.

Ela parecia completamente adorável.

A gordura de bebê em suas bochechas só aumentava sua fofura, dando-lhe um charme quase de boneca.

Era fácil perceber que essa garotinha provavelmente se tornaria, algum dia, uma beleza que dominaria uma nação.

Antes que pudesse perceber, a palavra escapou de seus lábios, sem querer.

"Fofo."

Silêncio.

A palavraPairou no ar como uma onda inesperada em um lago calmo.

Até a mulher ao lado da menina congelou, com a expressão de surpresa e descrença,

Os lábios dela tremeram, como se fosse um esforço manter a compostura.

Estava claro que ela lutava para não rir, os olhos brilhando em uma mistura de diversão e surpresa.

"Você—! Seu idiota!" A menina gaguejou, acenando com a mão.

Uma bola de fogo surgiu e disparou em direção a Ash.

"Senhorita!" Nyra gritou, com tom de advertência afiado. "Sem magia! Seu pai vai—"

Enquanto ele absorvia a reação delas, Ash rapidamente se controlou, assumindo sua postura habitual de compostura.

Ele não sabia por que havia dito que ela era fofa — não era de seu feitio falar sem pensar.

Mas, por alguma razão, as palavras saíram naturalmente, sem filtro.

Ash franziu levemente a testa.

Algo estava errado.

Ele não era do tipo a perder o controle das emoções, não assim.

'Alguma coisa definitivamente está errada.'

Perdido em seus pensamentos, seu corpo se moveu de forma instintiva.

Inclinou levemente a cabeça, apenas para desviar da bola de fogo que vinha em sua direção.

A garota congelou, a mandíbula caindo de surpresa, enquanto até a mulher ao lado dela parecia impressionada.

A bola de fogo não era letal — não teria lhe feito mortalmente dano.

Era apenas Magia de Nível 0.

Mas ela deveria ter acertado, ou ao menos arranhado-o. E, no entanto, ele a evitou com facilidade, quase como se fosse algo natural para ele.

O choque nos olhos arregalados delas apenas confirmou o que ele já desconfiava: algo tinha mudado dentro dele...

Mas decidiu pensar mais sobre isso depois, quando estivesse sozinho.

"Você... Você... Quem é você?" a menina exigiu, com a voz tremendo enquanto tentava disfarçar sua vergonha com raiva.

Ash olhou para ela, sua expressão se tornando cautelosa. "Deveria ser eu a perguntar isso. E por que deveria responder a você? Não te conheço", disse, com tom afiado, tenso.

Algo estava errado com suas emoções, e ele não ia baixar a guarda.

Dessa vez, quem falou foi a mulher ao lado da menina, com voz calma e ponderada. "Sentimos uma atividade anormal de mana fora da cidade. Quando fomos investigar a causa... encontramos você aqui."

"Parece que você estava passando pelo processo de despertar."

"Viu? Filho da Puta, te protegemos enquanto estavam inconsciente! Você devia nos agradecer!", ela retrucou, com tom de arrogância, cruzando os braços enquanto o encarava.

A mulher do lado dela suspirou, balançando a cabeça de forma amarga, como se já estivesse acostumada às viagens da menina.

No começo, Ash achou a explosão de arrogância da menina um pouco divertida — talvez até engraçada de uma forma infantil —, mas rapidamente virou algo irritante.

Ele a olhou por um momento, sua paciência diminuindo, e então passou por ela sem dizer uma palavra.

"Ei! Para onde você vai? Pelo menos diga obrigado!" a garota gritou, a voz elevando-se num misto de frustração e incredulidade.

Ash parou, virou a cabeça levemente, ao suficiente para olhar para trás. Seu rosto permaneceu neutro, calmo, inexplicável.

"Antes de perder a consciência, não tinha ninguém ao meu redor", disse, com tom frio e firme. "Então, não finja ter feito algo que não fez. Quer se dar crédito por nada… isso é só infantilidade."

Suas palavras foram certeiras, como um vento frio na pele, e, sem esperar por uma resposta, ele voltou a avançar, caminhando em direção à cidade.

Logo atrás dele, o rosto da menina ficou vermelho de raiva e confusão, sua voz tremendo enquanto gritava: "Você não sabe quem eu sou?!"

Ash parou lentamente e virou-se completamente desta vez, sua expressão calma, olhos como águas tranquilas.

"Não é como se você fosse filha de santo ou algo importante", respondeu de forma simples. "Chega de agir como uma criança mimada que espera que o mundo se dobre para ela."

Seu olhar permaneceu firme enquanto continuava: "E mesmo que seja filha de alguém — mesmo que sua família seja poderosa — e daí? Você acha que é responsável pelo nome deles? Pela reputação? Não vá tentar se apropriar do prestígio deles só porque tem sangue nobre."

Um silêncio pesado se instaurou.

A menina ficou congelada, os olhos arregalados, a postura de desafio começando a se romper. Seus lábios tremeram levemente, e por um momento, parecia que iria chorar.

Ao lado dela, a mulher mais velha suspirou novamente, com a expressão marcada por algo entre pena e compreensão, enquanto olhava para a garota.

Ela sabia bem — embora as palavras do garoto fossem frias e duras, não estavam erradas. Nem todo mundo respeitava os santos, nem todo mundo acreditava na sua grandiosidade. E, honestamente, ela não podia simplesmente sair punindo todo mundo que não gostava ou questionava eles, podia?

Diante do silêncio, Ash virou as costas mais uma vez e seguiu em frente, deixando o silêncio pesado e desconfortável para trás.

Mas,

Ash parou no meio do caminho ao ouvir o soluço da menina cortando o ar.

Ele se virou levemente, olhando por cima do ombro e vendo ela agarrada à bainha do manto de Nyra, lágrimas descendo pelo rosto avermelhado.

"I-Irmã Nyra!" ela choramingou, a voz tremendo com uma mistura de indignação e machucado. "Ele me chamou de mimada! Eu só estava tentando ajudar!"

Por um momento, Ash sentiu uma pontada desconfortável de culpa.

E então, ele entendeu.

O nome da Senhora.

Nyra,

algo nele puxou as lembranças, mas foi só quando a menina falou novamente que tudo fez sentido.

Cabelo vermelho, temperamento inflamado, combinando com sua arrogância inicial e a postura que mantinha — tudo formava uma imagem difícil de ignorar.

Imperatriz das Chamas.

A menina na frente dele — essa criança com olhos marejados, fazendo escândalos e lançando bolas de fogo — não era outra senão a Imperatriz das Chamas.

Uma das entidades mais aterrorizantes e destrutivas no futuro, e uma das integrantes do harém do protagonista.

A respiração de Ash ficou trêmula, e seu coração pulsou forte ao perceber a magnitude dessa revelação.

Ele não apenas havia ofendido uma garota qualquer.

Ele tinha insultado....

Um suor frio começou a escorrer pelas costas de Ash, seu corpo ficando tenso com o peso da realidade.

E então, havia Nyra.

Aquele nome…

Nyra era conhecida como Valkíria Radiante, uma figura de nível Mítica, famosa por sua lealdade inabalável e poder.

Ela era a protetora firme da Imperatriz das Chamas.

Juntas, essas duas mulheres formavam uma força imparável,

E ele havia acabado de zombar de uma e ignorar a outra.

O que eu fiz?

O pânico apertou seu peito enquanto ele juntava as peças.

'Essa criancinha mimada e chorona cresceria até se tornar uma força de poder da classe Santo, cuja presença poderia incinerar exércitos, e ainda por cima, ela é filha de uma poderosa da classe Santo.'

Ash começou a suar frio.

Ele não só tinha irritado ela—ele tinha provocado ela ativamente.

E, para piorar, ele ainda era fraco,

Se as coisas piorassem, não tinha certeza se poderia se defender.

Seus sentimentos, normalmente guardados atrás de uma muralha de disciplina de ferro, estavam vindo à tona, cruéis e descontrolados.

O que está acontecendo comigo?

Ash apertou os punhos, a frustração crescendo.

Percebeu o quanto tinha sido imprudente — muito mais do que podia se dar ao luxo de ser.

Algo em seu despertar o havia desequilibrado, e ele precisava recuperar o controle rapidamente.

Mas antes, tinha que lidar com as consequências de seu erro.

Fechou os olhos e respirou fundo, tentando se acalmar e pensar no que fazer agora.


Nota do autor: Ash se meteu numa grande confusão! 😬 O que vocês acham que vai acontecer a seguir?

Deixem suas teorias nos comentários, e se ficarem com alguma dúvida, é só perguntar! Ah, e não esqueçam de encher essa história de pedras de poder — assim eu sigo firme!