Capítulo 2
Poder das Runas
<Status>
Nome - Ash Burn
Raça - Humano
Idade - 12 anos
Classe Única - Espadachim Mágico -- (Parcialmente Desperto)
Afinidade - Raios
<Atributos>
Força - 3
Agilidade - 4
Vitalidade - 2
Inteligência - 7
Stamina - 5
Carisma - 3
Mana - 2
<Traço & Habilidades>
Traço - ????
Habilidades - Nenhuma
***
Ele viu seu Status,
Pisquou uma, duas vezes, mas a visão não mudou — era real, por mais impossível que parecesse.
Por um momento, pensou que fosse um truque — uma miragem — mas, ao confirmar que era verdade,
"Que diabos!!!"
Um palavrão saiu de sua boca,
Será que minha classe única do jogo também veio comigo??
Seus olhos examinaram a tela novamente, como se ler de novo mudaria a insanidade do que via.
E se não, então por que diabos... alguém com uma classe única não foi mencionado no romance?
Do que ele sabia, não havia menção ao nome Ash no romance real que havia lido,
Ele nem era figura secundária no romance,
Porque, se fosse portador de uma classe única, deveria ser famoso — portadores de classes únicas são raríssimos, como joias, num mundo repleto de calabouços.
Isso quer dizer uma coisa só:
Ou ele morreu antes mesmo da história começar, ou seu corpo foi criado exclusivamente para sua transmigração.
A conclusão arrepiante fez seu corpo arrepiar.
Decidindo que era melhor não ficar perguntando sem resposta, ele colocou esses pensamentos de lado.
Afinal, quanto mais se temer algo que pode acontecer, mais provável é que aconteça.
**
No jogo, todo mundo recebe uma classe ao criar uma conta, como mago, assassino, guerreiro etc.
Mas havia também classes Únicas, aquelas com apenas um único detentor de um tipo em todo o jogo.
E Ash era o portador de uma dessas classes únicas: Espadachim Mágico.
Era uma classe que permitia lançar feitiços de forma fluida enquanto brandia uma espada — uma combinação que parecia estratégica e, sem dúvida, muito estilosa.
Ela tinha sido a chave para sua vitória, permitindo derrotar o chefe final por uma margem mínima.
"Não importa se veio comigo ou... seja lá o que for, fico feliz por ser algo com que me sinto confortável."
Agora, encarando sua tela de Status, sua classe aparecia como Espadachim Mágico, com uma anotação ao lado: Parcialmente Desperto.
Ele franziu a testa, confuso.
"O que isso quer dizer mesmo?"
Era desconfortável pensar nisso, então, após refletir um pouco, sentou-se no chão do seu quarto, fechou os olhos e tentou sentir seu núcleo.
Do que se lembrava deste mundo, cada indivíduo despertado possuía um único núcleo.
Combatentes de tipo físico tinham seu núcleo na parte inferior do abdômen (o dantian inferior), enquanto combatentes de magia o tinham na parte superior do abdômen (o dantian superior).
Mas, como Espadachim Mágico, sua situação era única. Tecnicamente, ele deveria ter dois núcleos, um para magia e outro para habilidades físicas.
Ele concentrou a mente, tentando perceber a energia dentro de si.
A primeira tentativa foi sem sucesso.
Tentou novamente, falhou de novo.
Droga!!
Ash amaldiçoou baixinho. Não era fácil para alguém com uma mentalidade moderna perceber o funcionamento interno do próprio corpo.
No entanto, ele persistiu e, após o que pareceu uma eternidade, conseguiu.
Um pequeno núcleo preto, repleto de impurezas, estava presente em seu abdômen inferior — no seu dantian inferior.
"Droga, eu realmente estou despertado," murmurou, alívio tomando conta de si.
Ele temia que seus atributos baixos significassem que não estava realmente despertado, mas essa descoberta provou o contrário.
"Mas sério... esses atributos."
Seu sorriso desapareceu enquanto revisava seus números.
Até uma pessoa normal, não despertada neste mundo, tinha atributos de 10 ou mais na maioria das áreas. Um indivíduo despertado na média começava com atributos acima de 20, e gênios tinham atributos superiores a 30.
Mas seu atributo mais alto? Um mísero 7, e esse era a Inteligência.
"Sei que meu corpo é fraco e mal alimentado, mas isso é constrangedor."
Frustração subiu na sua voz.
"Se eu não fizer algo com esse corpo e meus atributos, não vou conseguir passar na academia—"
De repente, um pensamento assustador o atingiu,
"Droga, eu realmente vou morrer", amaldiçoou Ash.
Agora tudo fazia sentido.
Havia uma razão para Ash, o dono original deste corpo, nem sequer ter sido mencionado no romance.
Ele deve ter morrido antes mesmo da história começar.
E agora a verdade caiu como um martelo sobre ele.
Este corpo tinha apenas um núcleo no seu dantian inferior, focado em aumentar atributos físicos. Mas até esse núcleo não estava fornecendo mana ao seu corpo.
Por quê?
Simples.
O processo de despertar não tinha sido concluído.
Ash ainda não estava totalmente despertado — ele só estava parcialmente desperto.
Quando acordou pela primeira vez neste corpo, descartou a fadiga esmagadora como um efeito colateral da transmigração.
Mas, pensando racionalmente, a verdadeira razão ficou clara:
Este corpo esteve morto há algum tempo antes de ele chegar.
Neste mundo, duas núcleos não podiam coexistir numa mesma pessoa.
O Ash original deve ter morrido por causa do processo de despertar, seu corpo incapaz de suportar a sobrecarga de criar dois núcleos — um efeito colateral de sua classe única, Espadachim Mágico.
E então, logo após ele morrer, ele transmigrou para este corpo.
De alguma forma, o processo de despertar foi colocado em espera.
A única explicação?
"Tem que ser meu Traço," murmurou Ash para si mesmo.
Não o Traço do corpo original, mas o dele próprio.
Traços estão profundamente ligados à alma de uma pessoa, e nem todo mundo possui um.
Ao verificar seu Status, ele franziu a testa na linha:
{Traço: ?????}
Seu traço estava oculto, preenchido apenas com pontos de interrogação.
"A única razão de eu ter um traço deve estar relacionada ao meu desejo… mas, droga, minha azarada sorte."
Passou a mão nos cabelos, frustrado.
"Primeiro, sou transmigrado para um mundo condenado, e agora nem sei quando vou morrer."
A incerteza o consumia.
Ele não sabia qual era seu Traço, nem quanto tempo tinha até que o processo de despertar fosse retomado.
E nem mesmo no romance havia um personagem com dois núcleos.
Nenhum.
Mas Ash não era do tipo que ficava na desesperança, esperando a morte levar sua vida.
Esta era sua segunda chance.
Ele não iria desperdiçá-la repetindo os erros de sua vida anterior.
Nessa noite, Ash fez uma mochila com o que pudesse encontrar de provisões.
Uma pequena sacola de comida, o pouco de ouro que tinha — apenas 10 moedas de ouro, fornecidas pela Associação como subsídio mensal. Não era muito, equivalendo a cerca de 1.000 dólares na vida anterior.
[1 Ouro = 100 dólares]
Ele seguiu para a estação de trem e saiu da cidade.
Sua destino,
Cidade Estrelas Cadente.
***
Existiam alguns métodos que apenas leitores de romances como ele poderiam usar.
Um desses métodos era roubar tesouros escondidos ou Runas, por assim dizer.
No romance, o protagonista, Ray, adquiriu várias runas durante sua jornada, cada uma contribuindo para seu crescimento.
Uma dessas era a Runa da Estabilidade.
A Runa da Estabilidade não era excessivamente poderosa, longe disso.
Na verdade, mesmo sem ela, o sistema de Ray garantia sua sobrevivência.
A Runa fazia nada além de manter a estabilidade do seu corpo, já que possuir afinidade por elementos opostos deveria gerar desordem em seu organismo.
Porém, a Runa da Estabilidade ajudava a manter o corpo estável e a acalmar elementos opostos dentro dele,
Ash não sabia se a Runa ajudaria a manter a estabilidade entre seus dois núcleos, mas não tinha alternativa senão tentar,
Era uma aposta — uma questão de vida ou morte.
O tempo estava passando, assim como sua vida.
Em dois dias, chegou a Starfall City, e somente duas semanas e cinco dias restavam até os exames de entrada,
Depois de chegar à cidade, Ash não perdeu tempo.
A cada segundo que passava, sua vida escorria como areia numa ampulheta.
Ele precisava encontrar a Runa.
Seguindo as descrições do romance, saiu da estação e dirigiu-se à mina de Pedras de Mana abandonada, logo fora dos limites da cidade.
A mina de Pedras de Mana foi mencionada no romance — um labirinto de túneis abandonados há décadas após os recursos acabarem.
O protagonista, Ray, encontrou a Runa da Estabilidade após seu primeiro ano na academia, durante as férias.
Ray recebeu uma missão de seu sistema para entrar na mina.
Pois o sistema consegue detectar runas não fundidas nas proximidades de Ray.
Porém,
As minas não estavam completamente desertas.
Profundamente lá dentro, criaturas se escondiam na mina abandonada. E, embora sua força não fosse suficiente para derrotar Ray no romance,
Na condição atual de Ash, até o monstro mais fraco poderia significar sua morte.
De pé na entrada da mina, Ash olhava para a escuridão à sua frente.
O sussurro do vento ecoava pelos túneis vazios, como um aviso fantasmagórico.
"Eu consigo... eu consigo... prefiro morrer tentando do que... esperar impotente pela morte," murmurou, segurando a espada amadora que havia pego no mercado a caminho da mina.
Não era muita coisa — uma lâmina de ferro simples, com uma ponta opaca — mas era melhor que nada.
Respirando fundo, entrou na mina.
***