Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 455

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

E então.

Heeyaaaaaah!

Lá fora, a música e o barulho do festival iam crescendo até alcançar o ápice, mas não podíamos sair do quarto.

— Eles não vão nos deixar sair.

Mesmo depois de o festival ter começado, alguém aparecia de vez em quando para trazer comida e bebida quente para o nosso quarto.

E sempre havia pelo menos duas pessoas de pé bem na porta.

Persuasão ou conversa mole não adiantavam.

Eles eram amistosos, mas dava para notar que não tinham a menor intenção de realmente conversar conosco.

— Até onde eles vão?

— Até onde Baek Saheon delatou a gente pros moradores?

Algo estava muito errado.

Nesse ritmo, não teríamos escolha a não ser usar o cadarço do tênis e fugir.

Eu percebia que o Agente Bronze também estava cada vez mais inclinado a essa decisão.

Mas, bem naquele momento.

Ouvimos um rebuliço lá fora.

— Tinha gente fazendo barulho por ali… Será que aviso pra eles que estão aqui?

— Pois é, estavam brigando. Jogaram comida pra todo lado… hein?

Ouvimos vozes conversando e depois o som de uma multidão correndo para algum lugar.

Alguns segundos depois—

Drrrk.

A porta de correr se abriu, e um rosto conhecido apareceu.

— Já sabia que tinham pessoas aqui dentro.

— …!!

Era a Assistente Eun Haje.

Os olhos do Agente Bronze se arregalaram.

— Você…

— Shh.

Ela levou um dedo aos lábios.

Depois, com uma expressão fechada, murmurou,

— O que é isso, um ponto de tráfico de pessoas? Estão tentando prender toda a família e qualquer estranho problemático. Enfim. Vocês também querem sair desse quarto, né?

— Sim!

— Então vamos.

A Assistente Eun começou a nos guiar habilmente para fora da casa de telhado de telhas.

Por algum motivo, quase não havia mais ninguém na casa.

— Por que todo mundo sumiu do nada?

— Já estavam com pouca gente por causa da preparação pro festival, e aí rolou uma briga entre os moradores lá fora, então todo mundo saiu correndo pra separar.

— …Alguém provocou essa briga de propósito?

— Vai saber?

Então a Assistente Eun piscou para mim.

— Foi ela.

Senti uma mistura de emoções. Por um lado, queria gritar para que parasse de fazer coisas perigosas; por outro, me senti imensamente grato.

— De qualquer forma, é melhor vocês irem. Essa não é uma vila comum.

— ……Obrigado.

— Por quê?

E então, seguindo a porta dos fundos que a Assistente Eun parecia ter reconhecido, saímos para uma cena igualzinha à de ontem.

[Que a sorte de Jisan esteja com você!]

A vila em plena festa.

Hiyahhh!

— Continua uma confusão total.

A Assistente Eun coçou a nuca e olhou para trás, para nós.

— Não se deixem pegar e serem arrastados de volta para aquele quarto de novo à toa. Com essa bagunça, vocês devem conseguir sair discretamente pela entrada, sem serem notados…

— Espera.

O Agente Bronze franziu a testa, e disse firmemente para a Assistente Eun,

— Vamos sair juntos.

Claro, a Assistente Eun ficou sem entender nada.

— Olha, tenho outras coisas pra resolver. Tenho que trabalhar se quiser comer, né?

— É perigoso.

— Mas fui eu que acabei de salvar vocês do perigo, lembra?

O Agente Bronze suspirou, frustrado com o tempo perdido, mas ainda tentando convencê-la. Estava claro que ele estava preocupado que alguém que os ajudou tanto pudesse desaparecer ali, e queria tirá-la dali se possível.

Mas eu…

— Estou preocupado, mas não sei qual é realmente mais perigoso.

Se eu simplesmente arrastasse a Assistente Eun para fora porque essa vila parecia perigosa, o Diretor Ho poderia retaliar dizendo que eu estava negligenciando minhas responsabilidades.

Era algo que eu tinha passado recentemente.

— Huu.

Minha cabeça estava um caos.

E mais uma coisa me incomodava.

— Será que é certo deixar o Baek Saheon para trás assim?

Claro que o Baek Saheon sobreviveria e continuaria subindo até chefe de seção. Se essa é a cidade dele, minha presença como variável não mudaria o que deveria acontecer, então segundo a wiki ele não morreria aqui.

— Mas… aquele medo que ele mostrou foi real.

Será que dava para sair assim?

Olhei ao redor por instinto, e então o vi.

Baek Saheon.

— …!

Ele ainda ajudava nas tarefas da vila, carregando comida e guiando as pessoas.

Seus olhos estavam vazios, mas o rosto dele parecia surpreendentemente calmo.

E naquele instante.

DENG DENG DENG DENG DENG!!

[Pessoal! É hora do sorteio! Venham buscar seus prêmios e aproveitem a sorte de Jisan!]

Era hora do sorteio de novo.

Os moradores começaram a se mexer rápido pelas caixas de sorteio, como antes.

— Precisamos ir.

— Não, é que…

As palavras urgentes do Agente Bronze e a resposta da Assistente Eun aconteceram ao mesmo tempo.

[Que a sorte de Jisan esteja com você!]

Os moradores se misturaram entre os visitantes.

— …Nesse ritmo, mesmo correndo direto para a entrada, provavelmente teríamos sido pegos.

Não dava para evitar.

Um deles se aproximou de nós.

E, claro, logo chegou a nossa vez.

[Que a sorte de Jisan esteja com você!]

Uma caixa de sorteio nos foi oferecida.

— …

Não seria mais suspeito não participar?

Havia muitos moradores ao redor.

— Acho que não seria bom fazer barraco.

Se quiséssemos sair sem sermos notados pelos daquela casa de telhado, não podíamos recusar nem chamar atenção gritando.

— Mesmo que eu ganhe, não vou levar o prêmio comigo quando sair.

Após uma longa e ansiosa decisão, finalmente estendi a mão e peguei o palito mais próximo que havia na caixa…

Mas então—

Vi a ponta dourada.

— …!!

Um palito com a ponta dourada.

O mesmo que eu tinha tirado do bolso do Baek Saheon ontem.

O prêmio especial.

— …….

De repente, tudo ficou estranhamente silencioso.

Mesmo sem olhar, podia sentir todos os olhares fixos em mim.

E então.

— Aaaaaaaah!

— Aaaaah!

[Ele está aqui! Ele está aqui! A sorte de Jisan chegou!]

O escolhido nos trouxe a bênção de Jisan das inúmeras montanhas

O escolhido nos trouxe a bênção de Jisan das inúmeras montanhas

O escolhido nos trouxe a bênção de Jisan das inúmeras montanhas

O escolhido nos trouxe a bênção de Jisan das inúmeras montanhas

O cântico ecoava.

Afasto os olhos do palito e olho para cima.

E vejo.

Do outro lado.

Com a caixa de sorteio nas mãos, Baek Saheon sorri, o rosto iluminado por uma alegria extasiada.