Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 112

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

‘As chances de sobrevivência são maiores se eu sair correndo daqui do que ficar preso dentro.’

Corri em direção à entrada, com a intenção de escapar pela porta principal, mas...

O chão já estava parcialmente destruído.

“……”

– Ai, meu Deus! Que bagunça é essa.

Uma avalanche de possibilidades loucas invadiu minha mente.

Então, vi alguém parado no meio do saguão destruído, com o pé firmemente pressionando algo quebrado.

“……!”

Era o funcionário vestido de preto da recepção.

Pelo jeito que ele estava e como parecia ter ‘dominado’ a Escuridão...

‘Deve ser um membro da Equipe de Segurança!’

A situação já parecia controlada.

Os sons que ouvi antes tinham que ser o barulho da equipe de segurança lidando com o problema.

‘Então eles não deixam qualquer um ficar na recepção do anexo.’

Hesitei, então falei de uns quatro metros de distância.

“Posso ajudar em alguma coisa?”

O funcionário de preto balançou a cabeça negativamente.

Ainda bem...

Melhor eu sair daqui rápido.

“Então, vou indo.”

O funcionário me olhou por um instante, depois pegou algo na mesa.

Um post-it.

Tenha uma boa noite.

Então ele é surpreendentemente comunicativo, hein?

“Obrigado.”

Fiz uma reverência educada. O funcionário todo de preto me retribuiu com um leve aceno e voltou para a mesa.

Os fragmentos estilhaçados do que parecia ser o meio da Escuridão, provavelmente algum tipo de vidro, brilhavam no chão quebrado.

No reflexo dos pedaços, vi por um instante a sombra da perna do funcionário torcer de um jeito estranho, fazendo com que seu pé parecesse um casco fendido...

...e logo voltar à forma humana normal.

‘Ufa...’

Melhor não pensar nisso.

Sem encarar nada, saí do anexo.

“Isso é simplesmente... inacreditável.”

Esses acontecimentos estranhos já parecem rotina.

‘Acho que foi uma boa ideia fixar pelo menos um evento positivo no meu dia a dia.’

A vida era difícil e cansativa, mas sentia que estava conseguindo lidar com tudo de alguma forma, e isso me trazia um certo conforto.

Agora que penso, já me comuniquei por escrito, igual aquele funcionário da recepção.

[Tenha um bom dia ^^]

Foi durante uma negociação presencial num mercado de usados, quando vendi uma comida amaldiçoada por 40 milhões de won.

Até me comuniquei por escrito para esconder minha voz naquela ocasião.

Eu tinha vendido os churros que o mascote dragão azul daquele parque temático me deu.

‘Ainda tenho mais um saco desses churros.’

Não pretendo vendê-los a menos que seja necessário, mas... hmm.

Percebi que tenho muitos itens relacionados a comida comigo.

Meu inventário não estava ruim.

‘Talvez eu possa vender um ou dois para virar dinheiro.’

Se alguém ainda estiver interessado, claro.

Com esse pensamento, decidi dar uma olhada no Mercado Salmão.

Para minha surpresa, tinha uma nova postagem.

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[Comprando: Alimentos de Fenômenos Paranormais]

Para fins de pesquisa

Preferência por alimentos originados de fenômenos sancionados pela Fratura (segundo a classificação do Departamento de Gestão de Desastres Sobrenaturais)

40.0

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– esse cara nunca desiste, hein

– kkkkk neste ponto, ficar na pior é por conta dele, né?

Hmm.

‘Se eles já usaram os churros anteriores na pesquisa...’

Enviei uma mensagem.

[BlueFriend: Olá, senhor ^^ Consegui mais alimentos. O senhor teria interesse, por acaso?]

* * *

E assim, dois dias depois, no fim de semana.

Mais uma vez, me encontrei esperando o parceiro da negociação do mercado de usados na Saída 5 da Estação Gwanghwamun.

‘Confiança é realmente importante nos negócios, né?’

Como correspondi às expectativas da última vez, dessa vez marcaram um encontro sem complicações ou perguntas desnecessárias.

Na verdade, já estavam me esperando na saída.

Como da última vez, trajavam roupas escuras, com chapéu e máscara.

Reconheci pela caixa de bebida que seguravam. Bem, eu também estava vestido parecido, então não dava pra julgar muito.

[Olá ^^]

Abri meu bloco de notas novamente e mostrei a mensagem.

O comprador, aparentemente esperando por isso, não pareceu surpreso.

[Aqui está o item que preparei.]

Dentro da caixa que entreguei estavam dois cookies do Conjunto Piquenique da Alice.

Por que escolhi esses? Simples.

‘A validade está chegando ao fim.’

Como a maioria dos lanches, esses cookies tinham prazo de validade!

Por serem itens que diminuíam ou exageravam efeitos conforme o uso, não eram muito demandados, sobrando alguns comigo.

No entanto, como a bebida do Quiz Show de terça-feira tinha sido um item salvador, não queria me desfazer dela. Preferi me livrar dos cookies.

‘Cookies são mais difíceis de usar de qualquer jeito.’

Parecia desperdício deixá-los vencer sem serem usados.

Usar itens vencidos? Nem queria imaginar o que poderia acontecer.

De qualquer forma, apresentei o item e esperei a reação do comprador.

O comprador, como da última vez, passou a mão enluvada sobre a caixa antes de balançar levemente a cabeça.

“Isso não é exatamente o que eu procurava.”

Hmm. Como esperado.

‘Não parecia atender aos padrões sancionados pela Fratura.’

Itens produzidos em massa assim têm risco relativamente baixo e causam efeitos mais passivos, diferente dos objetos bizarros recolhidos diretamente de histórias de fantasmas de alto nível...

‘Um pouco decepcionante, mas paciência.’

Ainda assim, valeu tentar negociar.

“Nesse caso, compro por metade do preço original cada.”

Obrigado pela transação tranquila.

‘Se essa pessoa descobrir a existência da loja alienígena, será que vai ficar tão brava a ponto de tentar me matar?’

Só por precaução, decidi deixar um alicerce.

À pressa, escrevi algo no bloco de notas.

[Obrigado. Eu realmente precisava do dinheiro.]

“……”

[Esses parecem menos perigosos que outros alimentos, mas como a validade está próxima, sugiro que faça sua pesquisa logo. Vou adicionar mais alguns para você.]

Depois, coloquei um pacotinho com um ou dois cookies extras na sacola.

‘Pense nisso como um bônus.’

Foi uma jogada para construir confiança e incentivar futuras transações. Era para negociação, mas serviu bem aqui.

Neste momento, me senti um vendedor de usados excepcionalmente atencioso. Numa história de fantasmas, isso é ainda mais raro.

Quando estava para sair, segurando a caixa de bebida cheia de dinheiro entregue pelo comprador, ouvi a voz dele me chamar.

“Com licença.”

Hmm?

“Como você consegue coisas assim?”

Hmm.

[Receio que não posso dizer. Me desculpe.]

Isso deveria bastar.

É uma plataforma para negociar itens sobrenaturais — todo mundo tem suas histórias. É melhor deixar a imaginação completar os detalhes.

‘A loja alienígena é um daqueles lugares que, a menos que você tenha visto o anúncio, só redireciona para uma página inexistente.’

Eu já me preparava para sair correndo se insistissem, mas em vez disso...

“……”

O comprador tirou uma caneta do bolso e escreveu algo no meu bloco de notas.

“Se um dia correr perigo, entre em contato com esse número.”

Hein?

“Então, tchau.”

O comprador foi embora, e eu olhei para o bilhete.

1717 8282 42

“……!”

‘Esse é um número governamental.’

Era uma linha direta de emergência do Departamento de Gestão de Desastres.

Ou seja, o equivalente do 190 do mundo dos fantasmas.

‘Então eles estavam ligados ao governo?’

Não era à toa que usaram a terminologia comum ao Departamento.

Dei de ombros e guardei o dinheiro e o bloco de notas com cuidado.

A Daydream Inc., essa megaempresa horrível, tinha uma relação notória de desgosto com o governo.

Como funcionário de uma empresa assim, não havia chance de eu precisar ligar para esse número.

‘Com certeza não.’

Pois é. Jamais.

Mas!

Naquela mesma noite, quando voltei para o dormitório da empresa...