
Capítulo 100
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
“É... realmente tudo bem irmos sozinhos? Estamos no caminho certo?”
“Deve estar.”
Provavelmente.
Entendendo as palavras que foram deixadas de lado, Go Yeongeun engoliu um grito.
Depois de convencer seus superiores, Kim Soleum havia levado seus dois novos colegas para “usar” o objeto e saiu do terraço.
“Provavelmente ele disse isso para parecer convincente.”
Como alegou que um deles era dono do item, fazia sentido que essa pessoa assumisse a dianteira.
…Apesar de ser incluída junto com Baek Saheon no termo genérico “nós”, o que lhe causava uma certa inquietação.
“Mesmo assim, ele está estranhamente silencioso agora.”
Mas, por ora, o que importava mais era o que estava à frente.
“Então vou acender a vela.”
Sim!
Go Yeongeun devolveu o papel dado por Kim Soleum, que o abriu com atenção. O que aconteceu a seguir foi surpreendente.
Um cilindro pesado de cera púrpura pálida rolou para dentro da sua mão.
Era uma vela de verdade.
“……!”
O contorno desenhado com giz de cera permanecia impresso em sua superfície, como um selo, revelando a transformação daquele simples esboço em algo real.
“...Uau.”
Kim Soleum momentaneamente esqueceu a situação, maravilhado com o que via.
Saber para que iriam usar a vela só aumentava sua expectativa.
“Por favor, espere um instante.”
Respirando fundo, ele puxou um isqueiro e tentou acender o pavio.
Fchhh.
A chama roçou o pavio…
E nada aconteceu.
“……”
“……”
Por que… não acende?
Kim Soleum até usou sua habilidade estranha de estalar uma moeda no ar, invocando uma terceira mão para tentar acender a vela, mas sem sucesso.
“…Ah.”
Como se lembrasse de algo, ele pegou às pressas o manual do kit da vela e o folheou.
“Tem algum problema?”
“……”
Ele abaixou o manual com uma expressão estranhamente seca.
“Não, não creio.”
Mas ele sabia qual era o problema.
Na seção “Precauções de Uso e Manuseio”, no rodapé do manual rabiscado em vermelho escuro, uma nota se destacava:
Os “usuários recomendados”.
※ Este brinquedo foi criado para aliviar o cansaço dos terráqueos modernos.
Por segurança, extraterrestres, seres de outros planos, entidades não inteligentes, deuses e todas as demais inteligências não humanas não podem usar este produto. :)
“...Talvez eu não me enquadre.”
Afinal, Kim Soleum não era nativo daquele lugar.
Um arrepio percorreu sua espinha, mas ele sabia que aquilo não era prioridade agora.
Precisava confiar o objeto a alguém confiável.
Alguém com baixa chance de agir por impulso, alguém com senso social e moral.
“Senhorita Goral.”
“……!”
“Vou deixar com você.”
Go Yeongeun hesitou antes de pegar a vela.
Ela também recebeu o isqueiro e, com as mãos tremendo, aproximou a chama do pavio.
Fchhh—
A chama roçou o pavio…
E acendeu.
“……!”
Palavras começaram a surgir no corpo da vela, brilhando suavemente como se iluminadas por dentro.
As palavras-chaves dos cartões que haviam sorteado anteriormente.
[Honra] [Interferência] [Engano]
– Lembra dos cartões que tiramos para criar a vela? Eles indicam as habilidades que ela manifestará.
A explicação anterior de Kim Soleum voltou à sua mente conforme mais frases apareciam na vela.
O portador desta vela deve apresentar uma forma enganosa, fortalecida pela autoridade da interferência, direcionada a um alvo honrado.
E o portador receberá uma bênção.
Impostor da Nobreza.
Go Yeongeun ergueu a vela bem alto.
Uma esfera redonda de fogo surgiu da vela como uma lanterna, pairando sobre sua cabeça antes de desaparecer. O espaço ao seu redor se iluminou suavemente, parecendo um holofote discreto.
‘Uau...’
“Como esperado, funciona conforme o planejado.”
Kim Soleum, observando com um leve sorriso, assentiu.
“O efeito dessa vela pode se estender para duas pessoas próximas a você, senhorita Goral. Goat e eu seguiremos atrás.”
“Entendido.”
Go Yeongeun se perguntou se alguém além de Baek Saheon poderia ter sido escolhido, mas como o item era criação de Kim Soleum, ela obedeceu sem reclamar.
Kim Soleum falou novamente, em um tom baixo.
“Mesmo assim, por favor, cuidado. Não se vire para nos olhar. O efeito só funciona se permanecermos escondidos atrás do portador da vela.”
“...Entendi.”
“E não encare a vela de perto demais. Pode corroer sua mente.”
Go Yeongeun assentiu devagar.
Apesar da tensão que pesava em seus ombros, conseguiu recuperar a compostura.
Essa era sua especialidade.
“Você mencionou que a saída fica nos andares superiores. Então, começar do meio — no quarto andar — faz mais sentido. Isso reduz as possibilidades.”
“Sim, bom plano.”
Seus passos começaram a ecoar.
O pensamento do que estava por vir gelava sua espinha, mas Go Yeongeun cerrou os dentes.
Ali estava ela, provavelmente a mais medrosa de todos, encarregada de segurar a vela.
‘Tenho que dar o meu melhor.’
Mal sabia que o mais covarde do grupo estava bem atrás dela!
Passo, passo.
Os passos reverberavam pelo corredor iluminado pelo latão. Enquanto subiam rumo ao quarto andar, nenhum som das máquinas recepcionistas podia ser ouvido.
Mas isso não trazia conforto.
Porque o destino deles era…
“Achei.”
Estava bem na frente da máquina recepcionista.
“……”
Os novatos da <Daydream Inc.>, que haviam chegado ao quarto andar, seguiram o som da máquina até finalmente encontrarem a recepcionista responsável pelo corredor.
Chiiiii.
“Ei, se você sair do alcance da vela agora, ela vai atrás de você.”
“Você acha que eu não sei disso?”
A troca fria entre Kim Soleum e Baek Saheon fez Go Yeongeun estremecer. Parecia que os componentes em forma de agulha da máquina podiam se mover a qualquer momento para arrancar seus olhos...
Mas, engolindo o medo, Go Yeongeun avançou.
Um passo de cada vez.
A cada passo, o reflexo da máquina na luz da vela oscilava. Diante da grotesca máquina em forma de aranha, Go Yeongeun fez um leve aceno.
“Olá.”
Chiiiii—
A máquina recepcionista se moveu. Suas oito pernas afiadas se ergueram no ar... e lentamente se fecharam ao redor do corpo em uma formação ordenada. A máquina levantou a cabeça e iluminou respeitosamente com um gasômetro próximo aos pés da Go Yeongeun.
“……!”
Funcionou.
Go Yeongeun engoliu em seco. A bênção da vela estava agindo com sucesso nela. A bênção de se passar por um ser honrado.
– O primeiro cartão determina o propósito do efeito, o segundo dita o método, e o terceiro revela sua essência.
– Quando combinados corretamente, criam uma ilusão dirigida a algo honrado para atrapalhar os outros…
– Essa habilidade provavelmente está ligada à impostura ou ao engano.
Agora, Go Yeongeun estava se passando pelo “ser honrado” mais adequado para aquela situação.
O alvo mais favorável para a máquina recepcionista.
Um hóspede que pagou sua estadia integralmente!