
Capítulo 96
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Será que ela estaria se metendo em alguma encrenca ou sendo enganada ao fazer isso?
Go Yeongeun hesitou por um momento, mas então estendeu a mão.
Até agora, não havia nada suspeito ou desagradável nas ações de Kim Soleum, e, objetivamente, ele sempre a tratara com boa vontade.
“Vamos tentar.”
Seu cérebro, em quem confiava como um processador de dados confiável, a impulsionava adiante.
Ela virou uma das cartas espalhadas no chão sem muita hesitação.
A face da carta mostrava uma figura azul vibrante, erguendo uma mão. No topo da imagem, uma estrela branca brilhava como uma joia.
[Honra]
Um leve sorriso apareceu no rosto de Kim Soleum.
“Você escolheu bem.”
Será?
‘Acho que não preciso de honra agora...’
De qualquer forma, se ele disse que era bom, era um alívio.
Kim Soleum então virou a cabeça e, com uma voz que soava pouco entusiasmada, chamou Baek Saheon.
“Escolha uma carta.”
“……”
Baek Saheon parecia estar calculando a situação na cabeça, estreitando os olhos enquanto estendia a mão.
A carta que ele virou mostrava uma boca sorridente e uma gaiola de ferro vermelha.
[Interferência]
“Combina com você.”
“O quê?”
Kim Soleum o ignorou e continuou com o processo!
“Agora vou virar as cartas restantes.”
“Sim, sim.”
Seja o que for, vamos logo!
Go Yeongeun observou Kim Soleum virar as cartas com movimentos precisos e rápidos.
Restavam dez cartas.
Confusão, Cura, Meditação, Ferida, Engano, Sonho, Fúria, Proteção, Golpe e Olhar... as dez cartas restantes foram reveladas e dispostas no chão.
‘Que diabos é isso?’
Depois de fazerem a coisa toda como se fosse uma leitura de tarô, por que revelar todas as cartas no final?
Ao ver a próxima ação de Kim Soleum, ela entendeu.
A última carta podia ser escolhida diretamente.
[Engano]
Kim Soleum pegou uma carta com uma engrenagem dourada desenhada ao lado de um coração preto.
Ele então queimou as três cartas que haviam escolhido com um isqueiro.
As chamas explodiram em cores vívidas enquanto as cartas viravam cinzas brilhantes.
“...!”
Recolhendo as cinzas, ele as espalhou cuidadosamente sobre o contorno de vela desenhado a giz de cera que havia feito antes e dobrou o papel.
“Agora vai precisar de uns 30 minutos para fixar.”
Kim Soleum levantou o papel dobrado do chão, guardou-o cuidadosamente no bolso dianteiro do paletó e deu um sorriso discreto.
“Essa coisa que vocês acabaram de fazer...”
“Essa vela vai nos ajudar a sair daqui.”
“...!”
“Se não funcionar, eu planejava tentar mais algumas vezes, mas as palavras-chave ficaram boas na primeira tentativa—”
Fssssscreeeeeeeech—
“……”
“……”
Os três viraram a cabeça ao mesmo tempo.
À distância, sob a luz bronzeada, uma enorme sombra surgiu.
Oito patas rígidas, parecendo com as de uma aranha.
E então...
Fsscrreeeech—
Os olhos brilhantes de uma máquina, vazando luz como a de um lampião a gás.
“……”
“……”
“Corram!”
Os três dispararam imediatamente na direção oposta, a toda velocidade.
* * *
Eu sabia.
Mesmo num lounge, as máquinas podiam aparecer.
Ainda assim, achava que patrulhariam com menos rigor do que no salão da exposição e tinha se disposto a correr o risco...
‘Nem havia onde se esconder como nos dutos, mas por que justo agora?!’
Rangendo os dentes, disparei pelo corredor.
Uma vez detectados, até se esconder em outro duto seria inútil — a máquina simplesmente seguiria o rastro.
Ela tinha uma capacidade de rastreamento desse nível!
“Vamos seguir em frente?!”
“Por enquanto!”
Em frente ficava o salão principal da exposição.
Lá, só poderiam esperar desviar a atenção da máquina com um problema de maior prioridade...
‘Mas quem sabe o quão mais perigosa a exposição ficou agora que estamos no porão!’
E então.
Flick—
“...!”
Baek Saheon agarrou meu paletó.
‘Que porra é essa agora, seu maluco?!’
O moleque gritou bem na minha cara:
“Aquele item! A vela! Vamos oferecê-la! É valiosa, né?”
Eu afastei a mão dele com um tapa e gritei de volta.
“Não, seu idiota!”
“O quê?!”
“Olha o tema da exposição!”
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Esta exposição está aberta gratuitamente por uma hora, sob o espírito livre de admiração pela arte.
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“Arte!!”
“……!”
“Especificamente, seres vivos, civilização e história!!”
Gritei o mais alto que pude.
“Que relação esse item tem com isso? Por que eles aceitariam como pagamento?!”
Se itens tivessem algum valor real, os funcionários da empresa já teriam oferecido seus equipamentos antes de perder os olhos!
Além disso, a vela nem estava pronta ainda!
Mas Baek Saheon tentou pegar minha bolsa mais uma vez, e Go Yeongeun, claramente cansada, soltou um suspiro irritado.
“Vamos tentar ao menos! Qual a alternativa — morrer aqui?!”
“Argh! Sério! Para com isso e só corre —”
Virei a cabeça.
Naquele instante, nossos pés...
... atravessaram as grandes portas para o salão principal da exposição.
“……”
Recuperando o fôlego, levantei o olhar.
Estrelas cintilavam por todos os lados.
Não... seriam pedaços de pedra?
Incontáveis pares de círculos brilhantes, todos da mesma cor, alinhados nas paredes e no teto, nos observavam.
As paredes estavam lotadas, cobertas por inúmeros olhos humanos olhando de volta para mim...
Os olhos... tomados pelas máquinas recepcionistas.
“Iii—”
Parei no meio do caminho e abaixei a cabeça. Ao meu lado, podia ouvir Baek Saheon batendo com a mão no olho restante em frustração.
Meus pensamentos caóticos foram se acalmando devagar.
– Ah. Eles os arranjaram como estrelas no universo. Chamam isso de “Olhar Cintilante”. Um nome meio clichê, porém popular! Devem ter levado em consideração os colaboradores dos materiais para essa obra.
“……”
Três paredes do vasto salão negro estavam completamente cobertas de olhos, sem um único espaço vazio.
A única entrada e saída era a porta por onde tínhamos acabado de passar.
E por essa mesma porta, a máquina recepcionista avançava lentamente... sem pausa.
Estávamos encurralados.
– Sr. Roe Deer, suas escolhas me intrigam! Você está em um beco sem saída agora. Um lugar para fugir... Hmm, parece que não há nenhum. Fascinante!
– Mas, meu amigo, você pode fugir a qualquer hora, em qualquer lugar. Porque você me tem, Braun!
Isso eu já sabia.
Se eu estivesse sozinho.
Poderia escapar seguro a qualquer momento.
Braun usaria com prazer sua habilidade, que chamava de “Luz Apagada”, para apagar minha presença por completo.
Então, enquanto os outros atraíam a atenção, tendo olhos e ouvidos arrancados, eu poderia escapar cuidadosamente.
– Nesse caso, não seria justo que o Sr. Baek Saheon pagasse o preço? Afinal, ele não tem muita vida sobrando mesmo!
Verdade. Criamos a vela com sucesso, exigida para um grupo recomendado de três pessoas, então Baek Saheon já não era mais necessário.
‘Quer dizer, só o mantive por perto para evitar um colapso mental, afinal.’
Honestamente, faria alguma diferença se ele morresse? Na verdade, a morte dele poderia até ser um benefício para a sociedade.
No meio do caos, talvez Go Yeongeun também conseguisse escapar...
...Espera.
Calma aí.