Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 55

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

A voz do ‘Bom Amigo’ ficou um pouco ardilosa.

Sua confiança única, astúcia e simpatia vieram à tona.

– Eu vou te ajudar. Primeiro… seria bom me tirar do seu bolso da frente por um momento!

Fiz o que me mandou.

Então, o boneco de pelúcia sentado na palma da minha mão levantou a mão e apontou para mim.

Gelei na hora, lembrando como ele queimava as pessoas durante o Quiz Show de terça-feira.

Mas dessa vez era diferente.

Ta-dak!

Um som pequeno e seco ecoou quando o boneco sem dedos estalou a mão.

Naquele instante.

Uma sombra estranha, parecida com um véu, me envolveu pesadamente.

“……!”

Eu comecei a ficar tonto, afundando…

– Agora… eles não vão conseguir te perceber. Vamos, vamos embora.

A voz de Braun, o ‘Bom Amigo’, soou um pouco cansada e fraca.

“Isso é…”

– Eu desliguei sua iluminação, senhor Veado.

– Combinamos de não nos preocupar com quem não está iluminado durante o show, lembra?

Parece que ‘incinerar’ não era a única habilidade do apresentador.

‘Ele estava cuidando de todo o local de filmagem sozinho…?’

Um arrepio estranho me percorreu, e olhei para o boneco de pelúcia, mas logo percebi que isso não era prioridade.

Primeiro, escapar!

“Então, eu vou me mexer.”

– Muito bem!

Virei para o banheiro e fiquei em frente à passagem estreita fechada.

Depois, atravessei a placa de proibido entrar.

“……”

Nada aconteceu.

“Obri…”

– Deixa o agradecimento pra depois e vamos logo!

Fiquei quase com lágrimas nos olhos de tão grato.

Corri pela trilha íngreme na velocidade máxima, quase um sprint desesperado.

Fragmentos de plástico quebrado e enfeites pisavam sob minhas mãos e pés no meio da terra.

– Parece que era aqui mesmo que algo acontecia.

Aumentei ainda mais o ritmo.

Pra cima, cada vez mais pra cima…

Finalmente, o fim da trilha apareceu.

Tak.

Dei um passo à frente e parei.

Do alto da colina, olhei para o que havia lá embaixo.

Era…

– Um resort.

Um enorme prédio de resort espalhado ao lado do mar escuro.

… Será que todos os parques temáticos de franquias famosas também tinham essas enormes instalações para hospedagem?

Era tão gigantesto que só de olhar já causava impacto…

[Flower Golden Resort]

Já era uma instalação completamente abandonada.

O resort iluminado em dourado devia parecer um verdadeiro paraíso antigamente. Mas agora estava velho, com a tinta descascando, deserto.

Olhei para a placa com uma flor amarela sorridente brilhante, que tinha uma rachadura.

E logo abaixo, as máquinas familiares, mas mais antigas.

– Também tem um portão na entrada do resort!

“Sim.”

Era o esperado. O caminho de volta do parque temático para o resort também era uma espécie de saída.

‘Achei…!’

Corri de novo, esqueci do cansaço. A sombra que cobria meu corpo desapareceu num estalo, e meus passos aceleraram.

– Hm. Mas o portão aqui também está desligado, será que dá pra usar?

“Claro.”

Olhei ao redor do velho mecanismo do portão e abri o painel de controle de emergência.

Assim como fiz nas atrações.

E ativei a energia de emergência.

Ziiing.

Rangendo, luzes piscavam esporadicamente na máquina do portão.

‘Como a mascote tinha os olhos bem abertos, não dava pra fazer isso antes.’

Era uma operação que eu conseguia fazer sozinho.

Fiquei em frente ao portão, onde as luzes estavam mais acesas.

Respirei fundo.

Até a confirmação final.

“Braun. Se eu entrar nesse resort com minha carteirinha, acha que preciso usar as instalações?”

– Haha! Esses lugares caindo aos pedaços? O negócio aqui parece ter acabado há muito tempo, já virou propriedade sem dono. Não é um parque, só um terreno!

Obrigado pela avaliação certeira, amigo.

Levei minha carteirinha imediatamente ao portão.

Click.

A velha máquina do portão leu minha carteirinha.

Ding.

A luz do aparelho piscou.

[◎ Adeus ◎]

Pronto.

Sentindo um arrepio, movi os pés…

– Nossa, eles estão atrás da gente.

Me virei.

Lá longe, vi uma figura azul subindo rastejando pela trilha estreita.

‘…Mascote!’

Era o dragão azul!

A mascote de uniforme que vi no portão se aproximava numa velocidade aterrorizante… e parou.

Ele estava…

vacilando.

“……”

– Tsc tsc. Essa mascote pensa que é protagonista de novela. Vamos logo sair daqui!

Fiquei com um sentimento ruim.

‘Isso é um presságio de vingança, com certeza.’

Não tem nada de bom em ser odiado por uma criatura de creepypasta, né?

Pensei e mexi no bolso, encontrando algo que ainda tinha guardado.

[Kit de Piquenique da Alice – Biscoito]

Era esse biscoito achatado que eu nunca tinha usado antes.

Joguei levemente o biscoito embrulhado para o mascote.

……

– Senhor Veado, você é excessivamente gentil…

Não.

‘Enfim, eu te dei, Dragão.’

Confirmando que a mascote pegou o biscoito na mão, atravessei o portão.

B o m d e m o n s t r o

Escapei do creepypasta.

No meio do mundo girando ao meu redor, ouvi a voz fraca do ‘Bom Amigo’.

– Hmm, agora estou ficando forte! Sinto que posso me mexer…

* * *

Abri os olhos.

Percebi que estava sentado na sala de reunião do Time de Pesquisa 1, no 17º andar, vazia e escura, bem no meio de Seul.

‘…Eu sobrevivi.’

Consegui escapar!

“Ha!!”

Sentindo uma sensação de liberdade avassaladora que percorria até a raiz dos cabelos, levantei imediatamente da cadeira.

‘Não tem ninguém aqui?’

Algumas horas haviam se passado, parecia que todos tinham saído da sala de reunião. Pensei em ligar para avisar que eu tinha escapado…

Hã?

Olhei para o meu pulso.

[◎ (Animada) Carteirinha Fantasyland ◎ ]

A pulseira ainda estava lá.

“O que é isso—”

E então começou a queimar.

“……!”

Num instante, a forma do ingresso desapareceu.

Mas algo ficou.

Exatamente onde o ingresso tinha estado, havia uma inscrição preta gravada no meu pulso.

: Socius :

Que diabos.