Volume 3 - Capítulo 441

Tyrian entrou no local da reunião.

Não havia música suave simbolizando a alta sociedade, nem um grande e luxuoso salão de banquetes. Era apenas uma sala de recepção sob a administração do porto, e o pessoal da recepção era composto por alguns representantes militares — alguns dos quais ele tinha alguma lembrança.

Ele havia lidado com eles nos últimos anos.

Liszt se levantou para receber o “grande pirata” que entrava na sala.

“Peço desculpas, nossas condições atuais são limitadas”, o comandante-chefe da defesa estendeu a mão, com um tom de desculpa. “Na pressa, só conseguimos preparar este tipo de recepção.”

Tyrian não respondeu imediatamente ao aperto de mão. Em vez disso, ergueu a cabeça e olhou ao redor. Alguns representantes vestindo uniformes da marinha de Geada estavam atrás de Liszt, suas expressões relativamente naturais, mas os outros acompanhantes e assistentes claramente não estavam tão relaxados. Alguém estava espiando os Mortos-Vivos que entraram na sala, outro fingia calma desviando o olhar, mas havia um ponto em comum: além do nervosismo, seus olhos revelavam um cansaço incontido.

Tyrian sorriu e apertou a mão de Liszt.

“Isso é ótimo. Se vocês realmente tivessem preparado um grande banquete para mim a esta hora, e até mesmo encontrado alguns violinistas para atrapalhar, não teríamos necessidade de conversar.”

Sentindo a força vinda da mão do “Almirante de Ferro” à sua frente, a expressão de Liszt se contraiu levemente. Ele então retirou a mão, com um tom um tanto embaraçoso: “O senhor tem um preconceito contra nós, mas na verdade conhece a situação real. Apenas nossas posições são diferentes, mas como militares, a marinha de Geada de hoje, assim como vocês no passado, defenderá firmemente nossa cidade-estado.”

“Sim, eu sei, e já testemunhei pessoalmente. Se não fosse por isso, eu nem teria aceitado seu convite, General”, Tyrian sorriu, seu olhar varrendo o emblema no peito de Liszt, fazendo uma pequena pausa ao pronunciar o título “General”. Ele então balançou a cabeça e começou a falar enquanto caminhava para o centro da sala: “Chega de formalidades. Você e eu sabemos que horas são. Podemos falar sobre esta cidade, sobre o futuro ou — se tiver coragem — podemos falar sobre meu pai.”

“Seu pai…”, Liszt sentou-se no sofá. Ao ouvir a última frase do outro, seu corpo enrijeceu visivelmente. No segundo seguinte, a cena que faria todos os habitantes de Geada se lembrarem para o resto da vida ressurgiu em sua mente: o gigante refletido no Mar Infinito, os olhos que se abriram nas nuvens como dois sóis, e a cidade-estado espelhada sendo arrancada e separada da cidade, para então ser queimada até as cinzas nas mãos do gigante.

Um tremor vindo do fundo da alma estava subindo. Liszt reprimiu à força suas memórias, olhando para o grande pirata sentado à sua frente com o coração ainda palpitando de medo.

“Então, aquele era realmente seu pai, a existência que retornou do Subespaço…”, ele falou hesitantemente, cada palavra parecendo causar-lhe tensão, como se apenas tal conversa e menção pudessem atrair um olhar inominável para si. “No momento final, foi realmente ele quem agiu… Mas aquela forma, nunca apareceu em…”

“De agora em diante, aparecerá nos registros”, Tyrian deu de ombros. “General Liszt, parabéns. Geada será a primeira cidade-estado a testemunhar e registrar este evento.”

Ele fez uma pausa e perguntou com interesse: “Estou curioso, como está a atmosfera na cidade agora? Especialmente vocês, como veem este assunto?”

“Tensão e medo ainda permeiam a cidade. Devo admitir, esta noite é difícil para todos. O desastre terminou, mas de uma forma que a maioria das pessoas não consegue entender e sente um profundo temor. Muitos estão especulando sobre o que era a existência que desceu sobre o mar no final, mas eu acho… que se eles realmente soubessem, o pânico poderia ser ainda maior”, Liszt suspirou ao dizer isso. “A Prefeitura também só ousou especular que era seu pai depois de analisar muitas informações e pistas. Não nos culpe pela lentidão, a cena foi muito impactante. Qualquer um hesitaria por muito tempo.”

“Eu entendo”, Tyrian suspirou, com uma expressão um tanto sutil. “Ele também não me contou antes. Naquele momento, fiquei tão assustado quanto vocês.”

Liszt olhou para o grande pirata à sua frente, um sentimento estranho surgindo em seu coração. Era uma curiosidade irreprimível misturada com a tensão instintiva que as pessoas sentem diante do medo desconhecido. Ele não pôde deixar de imaginar: como este “filho de Duncan” se comunicaria com seu pai terrível? Como pai e filho decidiram ajudar no caso de Geada? E como aquela sombra que retornou do Subespaço… via o mundo mortal de hoje?

“Eu gostaria de perguntar”, o general recém-promovido não pôde deixar de falar, “seu pai, ele… realmente recuperou sua humanidade, como dizem os boatos?”

Ao ouvir isso, Tyrian pareceu surpreso: “Em que ponto ele não parece humano?”

A imagem do gigante que se erguia no céu, a cena de uma cidade-estado sendo queimada até as cinzas e reduzida a pó em suas mãos, surgiu na mente de Liszt. Ele abriu a boca, com uma série de palavras ofensivas prontas, mas não ousou dizer uma única.

Depois de se segurar por um longo tempo, o general de Geada apenas disse com o rosto tenso: “Eu acredito que ele agora realmente tem um coração humano…”

Tyrian riu: “E eu acredito que suas palavras vêm do fundo do seu coração.”

Depois de falar, o grande pirata do Mar Gélido pegou a taça de vinho tinto da mesa de centro e a ergueu solenemente para Liszt: “Vamos brindar a esta amizade de confiança mútua.”

Liszt: “…”