Volume 2 - Capítulo 408

O som baixo e imponente da sirene ecoou pela superfície do mar. O vapor sagrado jorrou da casa de máquinas do navio, fazendo vibrar a alta chaminé do Névoa do Mar e cada um de seus intrincados canos internos. E neste som de sirene, que parecia um chamado de guerra, todos os marinheiros entraram em ação.

O elevador rangeu, transportando pacotes de propelente e projéteis pesados para o paiol de munições de combate sob a torre de artilharia. Os canos de vapor rugiram incessantemente, enviando o gás sagrado para todos os mecanismos cruciais e áreas abençoadas. Os marinheiros corriam pelo convés e corredores, cada um assumindo sua posição de combate.

Quando a sirene soou pela segunda vez, a pequena capela na popa do Névoa do Mar tocou seu sino de bronze. O som do sino, simbolizando a bênção da Deusa da Tempestade, ressoou, trazendo a graça de Gomona sobre este temível navio de guerra, visto pelo mundo como “amaldiçoado”.

E nos outros navios de guerra principais da Frota do Névoa do Mar, sinos e sirenes semelhantes também soaram. Os sinos das capelas a bordo ecoaram na névoa, parecendo produzir uma ressonância misteriosa. O som uníssono dos sinos até começou a interferir na realidade, fazendo com que a névoa densa na superfície do mar mostrasse sinais de afinamento e dissipação.

Ao mesmo tempo, acompanhando as ações da Frota do Névoa do Mar, a marinha de Geada, que patrulhava as águas próximas, também respondeu. Bandeiras foram hasteadas, luzes piscaram, e os sons de sirenes e sinos das capelas a bordo ecoaram na névoa como um reflexo!

Nesse momento, meio século de conflitos e hostilidades entre as duas frotas finalmente cedeu lugar a esta visão anômala que se abatera sobre todos. Sob o bloqueio da névoa densa, bizarra e perigosa, a marinha fundada pelos vivos e a frota dominada pelos mortos-vivos tornaram-se a única força em que podiam confiar mutuamente.

Ninguém sabia quando ou de que forma o inimigo apareceria, mas todos sabiam que cada navio estranho que aparecesse nesta superfície do mar a partir de agora era um inimigo.

Até mesmo cada “navio aliado” que se recusasse a responder às comunicações também era um inimigo.

O inimigo era o próprio mar.

Os nervos de todos estavam à flor da pele, esperando por uma mudança na névoa, esperando por novas notícias da ilha principal de Geada, ou por qualquer outra informação ou ordem que pudesse existir. E essa espera opressiva durou um tempo desconhecido, até que Tyrian, que comandava do Névoa do Mar, de repente teve uma sensação estranha.

Ele sentiu como se estivesse sendo observado, mas esse olhar não vinha de nenhuma direção definida. Era como um olhar que cruzava o tempo, não o espaço, vindo de um passado distante, pousando silenciosamente sobre ele.

Ele levantou a cabeça, surpreso, e instintivamente olhou ao redor da ponte do Névoa do Mar.

O imediato Aiden estava conversando com o contramestre. O sinaleiro estava se comunicando com a marinha de Geada sobre as coordenadas de seus respectivos navios. O velho sacerdote de túnica preta já havia vindo da pequena capela e, naquele momento, estava rezando de olhos fechados ao lado do posto do oficial de artilharia. A névoa densa obscurecia a visão no mar, e a orientação espiritual do sacerdote seria o maior apoio para o navio de guerra em combate na névoa.

E um pouco mais longe, uma figura estava de pé, silenciosamente, junto à janela.

Em um transe, Tyrian lembrou-se de uma cena de meio século atrás. Naquela memória já amarelada, Sua Majestade a Rainha havia subido pessoalmente a bordo deste navio de guerra. Naquela época, o Névoa do Mar ainda não havia passado por cinquenta anos de crescimento, ainda tinha uma aparência mais antiga, mais vicissitudinária. E a Rainha ficou naquela posição, observando por um longo tempo o mar distante.

Naquela posição, ela deu a ordem para que a Frota do Névoa do Mar se afastasse de Geada em três dias.

Agora, aquela figura se virou lentamente e deu outra ordem.

“Tyrian, proteja Geada.”

Depois de meio século, a segunda ordem finalmente chegou.

Tyrian despertou bruscamente, sentindo o coração bater forte, os olhos ardendo e doendo como se tivessem olhado diretamente para algum conhecimento próximo da “verdade”, e o ruído em sua mente também rugia e vibrava. E antes que pudesse refletir sobre se a cena que acabara de ver era uma ilusão ou outra coisa, o som agudo do alarme soou de repente na ponte, interrompendo todos os seus pensamentos.

Em meio ao alarme estridente, o canto de seu olho já via a cena no mar distante. Na névoa que pairava, uma enorme silhueta de navio emergia da névoa densa, como se o próprio mar estivesse se erguendo, moldando um fantasma do passado.

O mastro daquele “fantasma” era alto, a estrutura da chaminé de estilo antigo era como um coral crescido nas costas de uma besta marinha. Ele ajustava lentamente sua direção, movendo-se em direção ao flanco da Frota do Névoa do Mar.

Tão perto, que nem precisava da orientação espiritual do sacerdote.

“Unidade visual detectada! Identificação de silhueta, navio de terceiros!”, gritou o observador em voz alta.

“Fogo”, Tyrian caminhou de volta para sua cadeira de capitão, sua voz tão imponente e fria quanto um iceberg. “Com exceção dos navios já na lista de identificação, tudo o que aparecer nesta superfície do mar é inimigo.”

Em um instante, os canhões rugiram, e o trovão explodiu!

No Névoa do Mar, as três torres de artilharia principais, no melhor ângulo de tiro, dispararam em sucessão. Projéteis perfurantes pesados, há muito tempo prontos, voaram dos canos em meio a um trovão, transformando-se em uma chuva de meteoros de fogo que caiu do céu na névoa, chocando-se violentamente contra a silhueta do navio que apareceu na névoa distante!

E quase ao mesmo tempo em que o Névoa do Mar atacava, o som de canhões rugindo em sucessão também veio daquela névoa. Parecia um trovão distante. Em uma série de flashes de luz, linhas de fogo cortaram a névoa, caindo rapidamente em direção à área do mar onde o Névoa do Mar estava.