Volume 4 - Capítulo 3
No Game No Life
—A praia. Um dos dois principais destinos para descanso e lazer, competindo apenas com as montanhas. Um lugar onde, no verão, multidões se reúnem instintivamente, como insetos atraídos pela luz.
—Na realidade, é um cenário onde a areia grudada nos pés se recusa obstinadamente a sair do corpo, a pele queimada pelo sol atormenta por dias, e a brisa salgada corrói o cabelo a cada segundo. Pensando bem, é um lugar cuja atração é absolutamente inexplicável; um destino reservado estritamente para aqueles que têm uma vida de verdade. Contudo—mesmo um lugar tão odiado quanto este pode ganhar um novo significado sob um conjunto diferente de circunstâncias.
“Hhh… Que vida boa…”
Debaixo de uma sombrinha de estilo japonês, Sora estava reclinado em uma cama de grama com um copo na mão. Ao seu lado, várias garotas-fera, aparentemente servas da Sacerdotisa, o abanavam com folhas gigantes. Seus pequenos trajes de banho no estilo japonês—aparentemente os trajes da União Oriental—abriam-se amplamente na frente, revelando vislumbres de seus seios e quadris que escapavam suavemente da pouca cobertura que o tecido oferecia. Seus orelhas e caudas peludas, mais deslumbrantes que o próprio sol, completavam a cena. Balançando o copo na mão, Sora pensou consigo mesmo—isso era o paraíso.
“...Rei Sora, parece bastante satisfeito sob este sol… Bastante altivo, não?”
“Isso mesmo! Graças ao protetor solar misterioso da Jibril, formulado com espíritos ópticos ou algo assim! Mas deixa isso pra lá—”
Sora respondeu ao tom frio de Ino sem nem olhar para ele, a voz carregada de suspeita.
“Velho, estou te mantendo fora do meu campo de visão, tá? Mas não me diga que está usando só uma tanga de novo?”
“Senhor, que coisa estranha de se perguntar… O que um homem deve usar na praia além de uma tanga?”
O ancião musculoso, vestindo apenas—como Sora já havia previsto—uma tanga, lançou-lhe um olhar questionador. Com um suspiro descontente, Sora apontou para si mesmo e resmungou:
“Olha, vovô. Olha pra mim. O que você vê?”
“—Senhor, você é desse tipo?”
“Tá zoando comigo, velho pervertido?! Shorts e uma camiseta! Isso é um traje de banho perfeitamente bom!”
Sentindo o tom de desgosto enquanto o velho recuava alguns passos, Sora sentou-se, gritando. Mas Ino apenas balançou a cabeça, num gesto de pena.
“Eu vejo um homem envergonhado de mostrar seu corpo insignificante. Isso é bastante prudente, senhor. É uma boa cortesia esconder aquilo que não deve ser visto.”
“Eu não tenho interesse em ser um machão ridículo como você! E não diga ‘insignificante’! Depois daquela partida de FPS com a Izuna, percebi que minha forma física é importante e comecei a malhar um pouco, acredite se quiser!”
Com sua fúria esgotada, Sora estalou a língua, irritado, e voltou a se deitar.
Ele manteve em segredo o fato de que ele próprio ficou surpreso ao descobrir que seu limite para abdominais e flexões era cinquenta.
“...Enfim, que se dane. Cadê todo mundo?”
“As mulheres demoram para se arrumar, senhor—me perdoe, isso é novidade para você?”
“Eu tô tentando dizer que odeio ficar aqui falando com um velho musculoso! Já ouviu falar de sarcasmo?! Já ouviu?!”
Semicerrou os olhos e gritou, enquanto virava o olhar para trás.
“Yooo, Shirooo, já acabou aaíí?”
“…Mm, só…mais um pouco…”
A voz de Shiro veio das árvores atrás de Sora. Havia algum barulho vindo de lá, mas parecia que ela estava com dificuldades para se trocar sozinha.
“Qual seria o problema de simplesmente trocar de roupa no vestiário com as outras mulheres?”
“Você disse tudo. Na verdade, foi exatamente o que eu disse, até ser enxotado de lá…por você!”
Sora e Shiro não podiam se separar. Trocar de roupa não era exceção. Sob essa verdade autoevidente, como de costume, de forma natural, Sora havia tentado seguir Shiro até o vestiário feminino—e então foi expulso de lá, o que nos traz a este ponto.
“Permitir que espiem a carne desnuda da Sacerdotisa Sagrada? Mesmo que Tet perdoe, eu nunca perdoarei.”
“Cara, a Sacerdotisa disse algo como ‘Não me importo niiim’—!”
De repente, um senso de humilhação tomou conta dele por ter cedido à intimidação de um velho musculoso de tanga.
—Já era tarde para tentar passar por Ino? Sora elaborou o plano mentalmente, mas—
“...Aqui estão vocês, suas pestes.”
“Hmmm… Izuna, minha querida, você está adorável, não importa o que vista!”
Diante da saudação da jovem e da súbita transformação da voz de Ino em um tom doce de senhor idoso, Sora se virou. Izuna foi a primeira a aparecer já trocada, e Ino suspirou suavemente, colocando a mão no peito.
“Quando ouvi que os trajes de banho foram escolhidos por Sora—fiquei preocupado com o tipo de vergonha que poderia ser imposta a você.”
“Seu velho ignorante! Para começar, todo mundo sabe que uma garotinha deve usar um maiô escolar!”
Izuna caminhava pela areia, balançando sua grande cauda. Seu traje de banho vinha do mundo de Sora e Shiro…um maiô escolar antigo. Naturalmente, até então, algo assim não existia neste mundo. Deve-se notar também que fibras sintéticas como o poliéster não estavam disponíveis, nem mesmo na União Oriental. Contudo, os maiôs escolares, originalmente, antes da guerra, eram feitos de seda. Usando as informações perturbadoramente detalhadas registradas no tablet, Steph havia recriado a vestimenta de forma admirável. Steph—os maiores elogios para você.
“...Mas você realmente conseguiu mantê-lo bastante modesto.”
“Mais uma vez, digo: Velho ignorante, você não entende nada. Que tipo de romantismo existe sem levar a cultura em conta?!”
—Sim, Izuna, por cima de seu maiô escolar, vestia uma peça semelhante a uma jaqueta, com mangas pendentes e uma abertura frontal, no estilo dos Werebeasts ao seu redor. Orelhas de animal. Garotinha. Maiô escolar. Tudo fundido à cultura da União Oriental—!
—Isso—
—era a—"resposta" de Sora...
Diante de Sora, Izuna girou, como se olhasse para trás.
“Está bom assim, por favor?”
“C’est magnifique… Você já era tão fofa que não é nem justo, e agora é praticamente um patrimônio cultural.”
Ino observou enquanto Sora fazia um sinal de positivo com o polegar e exibia um sorriso de "jovem exemplar".
“…Não posso dizer que entendi, mas tenho de elogiá-lo por não buscar lascívia em minha neta.”
—Então.
“E-eu… Eu terminei de me trocar.”
“Oh, Steph. Uauuu, você fez um trabalho incrível.”
Ao virar-se para a voz tímida de Steph para elogiá-la—Sora congelou. Steph, com o rosto vermelho, mantinha a imagem delicada e feminina de suas roupas normais enquanto usava um biquíni adornado com babados e um pareô. Ela se mexia, desviando o olhar como se não soubesse o que fazer. Até onde Sora sabia, Elkia não tinha trajes de banho como aquele. Em Elkia, um traje de banho significava—bem, aqueles macacões de corpo inteiro da Idade das Trevas da Europa do século XVII. Foi por isso que ele havia pedido para Steph fazer alguns trajes de banho adequados. Pela expressão em seu rosto, era evidente que Steph havia seguido o design de traje que Sora e Shiro encomendaram para ela.
Sora congelou como uma pedra—mas não por causa do biquíni. O que realmente o deixou atônito foram os volumes generosos que ameaçavam escapar da parte superior, enviando cálculos desenfreados pelo seu cérebro.
“—N-não pode ser. Oitenta e nove, cinquenta e oito, oitenta e nove… um nível de poder de cinquenta mil—?!”
“C-como você—? Quero dizer, não! Do que você está falando?!”
Sora estremeceu diante da força inesperada das proporções indicadas pelo medidor em sua mente. Como isso era possível? Ele teria ignorado tudo isso durante tanto tempo por culpa da diligência exagerada do Sr. Vapor?!
“…Mm, mmgh… Como a Steph pode ser tão de alto nível?!”
“Er, ah, e-eu? Eu…não diria isso…”
Steph remexeu-se como se não estivesse totalmente insatisfeita. Sora abriu a boca para dizer mais algumas palavras—mas foi interrompido.
“Com licença, Mestre. Levei algum tempo para ‘tecer’ a aparência que você pediu.”
“Heh-heh-heh, não se preocupe, querida. Fazer um rapaz roer as unhas enquanto espera é o que uma boa mulher deve fazer, sabia?”
Ao ouvirem as duas vozes, todos se voltaram—e, naquele instante, o medidor no cérebro de Sora foi ao máximo. Sora e Ino, antes mesmo de pensar, seguiram seus instintos. Que diziam ser seu dever se jogarem no chão ali mesmo. O motivo do alvoroço?
Eram, de fato, duas deusas.
Duas deusas—uma delas, Jibril. Seus longos cabelos, que refletiam a luz e mudavam de cor, esvoaçavam com a brisa sob a luz do sol à beira-mar, tornando-se ainda mais brilhantes. Uma beleza esculpida, digna de ser chamada de a última palavra em perfeição, capaz de partir o coração de qualquer escultor à primeira vista. Cobrindo essa obra-prima de corpo estava o traje de banho que Sora especificara. Para Jibril, que já mostrava muita pele regularmente, ele propositalmente escolheu um maiô de peça única, entrelaçado com fios pela região da cintura. Um xale grande, enrolado como um pareô em volta de seus quadris, descia até onde suas asas brilhavam levemente. O halo girando acima de sua cabeça elevava ainda mais toda essa esplendorosa divindade. Sua beleza era tamanha que eliminava qualquer dúvida de que ela tinha vindo do céu, tornando a realidade inquestionável.
>******
Duas deusas—uma delas era a Sacerdotisa. Seus cabelos dourados, orelhas e caudas, e sua pele clara, iluminados pela luz do sol, só podiam ser descritos como—aureolados.
Suas linhas eram um pouco mais reservadas, mas se Jibril era o ápice, a Sacerdotisa só podia ser o supremo. Sua pele macia, geralmente envolta em um quimono, agora exibia um traje de banho que seguia o tema consistente de uma jaqueta curta no estilo japonês. Contudo, com seu jeito lânguido de se vestir, sugerindo uma hostess de clube, uma “borboleta da noite”, seus ombros apareciam graciosos, brilhantes. Seus cabelos dourados e suas duas caudas, cintilando enquanto balançavam lentamente a cada passo sobre a areia, junto ao sorriso encantador que surgia em seu rosto, faziam crer na existência dos espíritos de raposa que, segundo dizem, vivem para sempre e ascendem ao divino—não meros espíritos, mas uma divindade que pairava acima de todos eles. Lágrimas escorriam pelo rosto dos dois homens mortais. Eles não sabiam por quê, mas sem compreender nada, rezaram.
“…Eu, Ino Hatsuse, finalmente aprendi a razão pela qual nasciíí—!”
“Ohhh, deus! Não sei quem você é ou onde está, mas, deus inspirado que criou Jibril e a Sacerdotisa para nós neste mundo—ahh, faça de mim seu discípulo…”
Uma nova religião estava surgindo. Steph e Izuna, tendo testemunhado um de seus princípios fundamentais, sentiram-se obrigadas a intervir.
“—Com licença. Eu reconheço que é uma comparação difícil de superar… mas vocês realmente precisam nos tratar de forma tão diferente?”
“…? Vocês têm areia nos olhos, por acaso, por favor?”
Izuna, olhando de Steph para os dois ainda prostrados, parecia confusa.
“Oh, Mestre, você me honra mais do que mereço, mas por favor, levante a cabeça!!”
“Hmp, não sejam formais, rapazes. Aproveitem a bênção da minha roupa de praia!”
Jibril abaixou a cabeça ao chão ao ver o estado de Sora, enquanto a Sacerdotisa gargalhava. Sob os apelos das mulheres, Sora e Ino se levantaram hesitantes. Mais uma vez enfrentando o brilho divino das duas, Sora e Ino voltaram os olhares para o céu juntos.
“…De alguma forma, parece que já vivenciei o suficiente.”
“…Devo concordar. Meu coração se enche com a sensação de que cumpri meu papel.”
“…Vamos voltar agora?”
“…Desta vez, nossas opiniões coincidem, Senhor.”
—Aparentemente, era hora de filosofia para os dois homens. Embora estivessem sempre em desacordo, neste cenário, não havia rivalidade, nem barreiras entre as raças. Apenas como companheiros homens, eles olhavam juntos para o céu e assentiam com o mesmo sentimento em seus corações.
—Por que deve haver luta? Quando o mundo é tão belo—
“Ei, esperem aí! Para que vocês acham que vieram aqui?!”
Diante dos dois que seguiam o caminho da iluminação, a voz de Steph soou como um clarim.
—De fato, para quê.
“…Por que mesmo?”
“Receio, Mestre, que, pela minha lembrança, foi para visitar a cidade das Sereias.”
…Ah, é mesmo. Sora finalmente se lembrou.
—De fato. Como Jibril havia dito, eles não tinham vindo apenas para nadar. Haviam vindo porque Plum indicara que um barco de Siren viria buscá-los. Afinal, a cidade das Sereias—Oceand—ficava no fundo do mar. Jibril, nunca tendo visitado o local nem podendo vê-lo, não podia se teletransportar até lá. Assim, Plum seria sua guia, mas—
“Então, onde diabos está a Plum?”
“E-eu estou aqui…”
“Whoa?!”
Sora deu um salto com a voz baixa que vinha de seus pés. Há quanto tempo ela estava ali? Quase imperceptivelmente, dois olhos espiavam de uma caixa aos seus pés.
“…Er, é você, Plum? O que você está fazendo? Estamos na praia.”
“P-por favor, não seja irracional… E-eu estou fazendo o máximo que possooo…”
Plum respondeu, produzindo um dos padrões que surgiam quando ela usava magia—e lágrimas ao mesmo tempo.
“Mestre, luz solar direta é letal para Dhampiros. Mesmo com essa caixa ao redor dela, Plum precisa dobrar a luz ou—”
Com as palavras de Jibril, Sora lembrou-se da “doença.” E, considerando que era transmitida por sugar sangue, isso significava que a própria Dhampira não podia sair ao sol?
“O barco de Oceand vem à noite, sabe? Por que estamos aqui no meio do dia…?”
—De fato. O barco deveria buscá-los após o pôr do sol. Plum, gemendo, perguntava-se por que precisavam estar ali enquanto a luz do dia queimava como as chamas do inferno—?
“Mas cara, é a praia. Quer que eu pule a cena de trajes de banho com essa turma? Tá maluco?”
—Embora até Sora tivesse se poupado de estar ali se não fosse o protetor solar misterioso da Jibril.
“Ei, pensando bem, Jibril. Esse protetor solar não funciona na Plum?”
“Infelizmente, Mestre, para os Dhampiros, é a exposição direta ao sol que é letal.”
Com o julgamento definitivo de Jibril eliminando qualquer esperança, Plum fez uma correção.
“Ah, não… Se eu realizar um ritual mais poderoso, eu fico bem… mas, sabe, isso vai gastar muita energia…”
Considerando o quão exausta Plum parecia quando veio pela primeira vez até eles, basicamente ela dizia que andar diretamente sob aquele sol escaldante a deixaria tão desgastada novamente.
“V-você entende… O sangue das Sereias não é suficiente para, uh, fazer algo g-grande… então.”
**Whooosh**, Plum espiou para fora da caixa com um sorriso simpático.
“Se eu pudesse! Apenas lamber os pés da Rainha Shiro mais uma vez, não teria problema nenhum com esse ritualll… eh-heh-hehh!”
“Negado. Fique aí mesmo.”
Diante do corte rápido que partiu sua proposta ao meio, Plum soltou apenas um gemido enquanto fechava a tampa da caixa novamente.
“...Ei, para alguém do Rank Doze, Plum não é fraca demais?”
—Era algo que ele sempre pensava sobre os vampiros postulados em seu próprio mundo, mas mesmo assim…
“Dhampiros amplificam seu poder com o sangue que ingerem—pela força da alma nele,” explicou Jibril. “Se ingerirem sangue adequado à sua alta aptidão natural para ilusão e furtividade—por exemplo, o sangue de um Elfo—tornam-se os mais vis assassinos. Na Grande Guerra, foram, de fato, uma ameaça considerável.”
…Ah, Sora pensou, lembrando-se daquela primeira noite. Considerando que ela estava desprevenida, até mesmo Jibril havia sucumbido temporariamente aos truques de Plum—mas.
“—Agora olhe para eles, certo…”
Sora murmurou, olhando para a caixa a seus pés. Ver que ela ainda tremia dentro da caixa quase bastava para trazer lágrimas aos olhos.
“—Eu já penso nisso há um tempo, mas não é estranho que Elfos e Flügels sejam tão diferentes em poder estando apenas um rank separados? Quero dizer, você está dizendo que essa fraquinha pode beber o sangue de um Elfo, mas vai evaporar se beber o seu, certo?”
Sora indicou a caixa a seus pés enquanto fazia a pergunta.
“Sim, porque é exatamente aí que está a ‘linha de separação’ no ranking,” respondeu Jibril.
“‘Linha de separação’?”
“Simplificando, os ranks até o Sete são ‘seres vivos’, enquanto os ranks superiores são ‘entidades vivas’.”
“…Hã?”
“Você pode entender melhor pensando nos ranks até o Sete como aqueles que possuem corpos físicos, que se reproduzem por meios comuns e são geralmente definidos como ‘seres vivos’, enquanto os ranks superiores são energias ou conceitos que adquiriram vontade, ou seja, ‘entidades vivas’.”
—Hmm, então era simples. Era a linha onde o senso comum deixava de se aplicar. Sora entendeu.
“Já que estamos no assunto, e sobre quem está acima de você, Jibril—os Gigantes, certo? Como é a relação de poder com eles?”
“...Bem que pergunta. Devo dizer que matar um Gigante padrão sozinho seria um feito. Se quisermos garantir, eu desejaria cinco companheiros. O quê, há planos para matar um?”
“Não, não há. Pare de brilhar os olhos!”
A abatida Jibril poderia destruir um Elfo, o mais alto dos “seres vivos”, sozinha, com um único golpe. Mas levaria uma equipe de seis como ela para derrubar um indivíduo do Rank Cinco.
—As raças do Rank Sete para baixo, pode-se dizer, fizeram um trabalho muito bom em sobreviver à Grande Guerra. Especialmente os Immanity, quero dizer, nós—isso é.
“Falando de nós… Ei, Shiro, ainda não terminou de se trocar?”
De repente, lembrando que ela estava demorando bastante, Sora chamou pelas árvores atrás dele.
“…Mm.”
Em resposta à voz de Sora, Shiro apenas espiou o rosto da sombra de uma árvore. Sora percebeu que, por algum motivo, ela parecia hesitante em sair.
“O que foi, Shiro? Você não consegue lidar com o sol, afinal? Não precisa sair se for muito difícil, sabe.”
Embora ele estivesse usando o protetor solar da marca Jibril, o próprio Sora não gostava de luz solar. Além disso, ele sabia que Shiro odiava a luz do sol ainda mais do que ele—e, assim, simpatizou. Mas então Shiro balançou a cabeça de um lado para o outro e, finalmente, hesitante, saiu debaixo das árvores.
“...Hmm, bem, isso é algo.”
“Querida, se você não é a coisinha mais adorável.”
“...Shiro, você tá linda, por favor.”
Enquanto Ino, a Sacerdotisa e Izuna soltavam seus respectivos comentários—Sora ficou simplesmente paralisado. Ali estava, claramente, a mesma irmã que ele sempre via.
—A mesma—e ainda assim.
“—…Hã?”
Enquanto ela deixava a sombra das árvores tremulante, a garota parecia uma joia. Seus longos cabelos, mais brancos que a neve em tempos normais, haviam sido cuidadosamente penteados e amarrados para trás. Iluminados pelo sol, não pareciam mais com neve—mas com um diamante. Do biquíni branco e do moletom vermelho, que pareciam simbolizar seus cabelos e olhos rubi, espiava sua pele—
“...Irm-ão…?”
—que, assim como suas bochechas, exibia um leve rubor carmesim.
“—O-o quê? Uh?”
Diante da sensação estranha de ter ficado completamente encantado por sua própria irmã, um gemido de questionamento escapou dos lábios de Sora. Mas, com esse gemido, o rosto de Shiro se nublou de preocupação.
“…Eu, não estou…bonita, afinal…?”
Enquanto Shiro murmurava com os olhos baixos e recuava em direção às árvores, Sora finalmente voltou a si. Em pânico—a ponto de se perguntar por que estava tão agitado—ele balançou a cabeça rapidamente.
“N-não, não é isso!! Eu só fiquei surpreso com o quão incrivelmente linda você é, Shiro—quero dizer, o seu irmão já sabia que você é uma beleza impecável! Eu já…sabia disso, certo? O quê?”
Shiro ignorou Sora, que inclinava a cabeça se perguntando o que tanto o havia surpreendido. Ao lado dele, Jibril e Steph, igualmente encantadas, sorriam radiantes. Suas expressões traíam os corações que saltavam em seus peitos.
—Shiro abaixou o olhar timidamente e, quase imperceptivelmente, sorriu de alívio.
“Ah. Isso é…bom…”
……
“De fato, meu mestre é sábio… É um banquete que meus olhos não merecem.”
“Não é nada disso! Não é nada disso! É totalmente normal reagir a coisas fofas, eu jurooo!”
Sua pele brilhando, Jibril suspirou suavemente, **Hff…** Enquanto isso, Steph novamente segurava a cabeça como se estivesse em algum tipo de tumulto interior.
“…Irmão…?”
“S-sim? Mm, hm, você está maravilhosa! Essa é a minha querida irmãzinha!”
Reagindo à Shiro, que havia se aproximado dele, Sora lutava para recuperar a compostura. Shiro, com os cabelos bagunçados pelo irmão, assentiu uma vez, como se finalmente estivesse satisfeita.
“—I-isso mesmo, Plum, especificamente, quando é que a sua recepção ou o que for vai chegar?”
Sora, sentindo-se um tanto constrangido e então lembrando de seu propósito original, questionou a Dhampira. Com as palavras de Sora, todos voltaram os olhos para a caixa—para Plum.
Com o rosto emergindo ligeiramente da caixa, Plum respondeu.
“Uhh, por volta da virada do dia… eles vão chegaaar.”
“—Hmph, isso é bastante tempo.”
Descrente, Plum resmungou. “Por isso eu disse que não precisavaam vir tão cedooo… mghhh.” Ela disse apenas isso—talvez incapaz de suportar a luz do sol—antes de recuar para dentro da caixa mais uma vez.
“Bem, isso não é realmente uma perda, é?” Assim, ignorando qualquer inconveniente, a Sacerdotisa respondeu elegantemente, em algum momento tendo se acomodado na cama de grama onde Sora estava reclinado, enquanto era abanada com folhas gigantes por suas servas. “Por que não consideram isso como umas férias merecidas e descansam os ossos enquanto esperam? O que é a vida sem um pouco de lazer?”
Sorrindo e coçando a cabeça, Sora trocou olhares com Shiro. Shiro assentiu uma vez.
“Pensando bem, esta é a primeira vez que Shiro e eu vamos à praia.”
Então, olhando para os olhos de Steph, Jibril, Izuna e Ino, Sora sorriu.
“Por que não experimentamos nos divertir um pouco?”
******
—Uma praia branca e ofuscante. Um mar que refletia o céu como um espelho. Pelo céu tão azul que mais parecia um derramamento de tinta de cor primária, os raios do sol caíam, enquanto as nuvens distantes fluíam preguiçosamente. Em um lugar onde o único som era o das ondas suaves e o rugido do mar, borrifos de água salpicavam pelo ar. Ali, em meio à festa, brincando na água rasa que molhava suas pernas, Shiro mandava uma bola de praia de tecido.
“…Steph… Passe.”
“Eu só preciso rebatê-la, certo? Aqui, passe, senhorita Izuna!”
Steph habilmente devolveu o passe de Shiro, lançando a bola alto no ar em direção a Izuna. No entanto, Izuna simplesmente pegou a bola enquanto ela vinha em sua direção: **Fump.**
“…? Não entendi as regras dessa porcaria, por favor,” murmurou confusa, inclinando a cabeça. Ao contrário de Steph, que já havia pegado o jeito, parecia que Izuna não entendia o objetivo.
“Uhh, não é bem um jogo, sabe… Bem, tá, digamos assim: você não pode agarrar a bola. Só pode passar para a próxima pessoa tocando nela uma vez, e se não conseguir, perde—certo?”
“…Entendido, por favor…”
Observando Izuna assentir com um olhar acolhedor, Steph divagou, alheia. “Que coisa boa… É maravilhoso jogar um jogo assim, em que podemos relaxar de vez em quando, não é?”
Sim, completamente alheia ao fato de que os olhos de Sora, Shiro e Izuna haviam se aguçado como lâminas. Assim que as regras foram estabelecidas e explicadas, o que tínhamos aqui—era um jogo, puro e simples.
—O que significava—
—Eu vou acabar com você! Os três, exceto a nostálgica Steph, revelaram seu espírito competitivo sem qualquer hesitação…
“…Beleza, então…Eu vou, primeiro…”
Com essas palavras, Shiro, que estava com a bola, trocou um olhar silencioso com Sora.
—Shiro pegou a bola e casualmente a mergulhou na água.
“…Aqui…Steph, passe…”
E então a bola de praia, com apenas a parte inferior molhada, foi lançada para Steph sem rotação. E, para deixar claro—no exato momento não havia vento.
“Sim, sim, passandooo!”
A diplomacia silenciosa cruzou o ar, mas Steph devolveu o passe sem perceber isso. A bola que Shiro havia enviado, preparada para desviar um pouco se Steph não se movesse, saiu ligeiramente do curso. Como resultado, a bola passada para Izuna estava com rotação.
—Mas, com a água absorvida apenas na parte inferior, a trajetória da bola oscilava irregularmente.
“!”
Izuna, no entanto, leu isso instantaneamente. Saltando do chão em um spray de água, alcançou a bola e a recebeu. Apenas recebeu. Pelos padrões dos braços de Izuna, era um retorno leve. Mas, através do pequeno corpo de Izuna, a bola adquiriu a força avassaladora de uma Werebeast.
—Isso foi o suficiente para enviá-la voando em alta velocidade na direção de Sora. Mas Sora, aparentemente imperturbável, pensou consigo mesmo: **Bem, espero que você não ache que vai ser tão fácil!** Na trajetória da bola que havia sido apenas recebida por Izuna, mas ainda assim voava como se tivesse sido cortada por um jogador profissional de vôlei, Sora caiu dramaticamente na água, erguendo uma coluna aquática. O projétil atravessou a coluna, mas quando chegou ao Sora caído, sua velocidade já era insignificante. Dessa posição absurda, Sora de alguma forma rebateu a bola com os pés e a enviou para Shiro.
—Agora completamente encharcada, a bola estava bem mais pesada.
“…Mm—Steph…vai, nessa…”
Shiro conseguiu, com dificuldade, preparar a bola molhada e subitamente mais pesada para Steph.
“Uh, h-hã?!”
Sim—com uma precisão incomparável, para um ponto que Steph mal conseguia alcançar. De uma posição em que, mesmo se conseguisse, dadas as angulações de entrada e saída, Steph—
“Ah, me desculpe, senhorita Izu—”
—conseguindo manter a bola em jogo, inevitavelmente a enviou a uma distância considerável de Izuna.
—Ela não conseguiria alcançar. Com a bola voando para uma direção completamente errada, não havia como Izuna alcançá-la, mas—
—Diante de Sora e Shiro, que erguiam sutilmente os cantos da boca como quem diz **e é assim que se joga**, Izuna rangeu os dentes.
“…Não brinquem comigo—por favor!!!”
Ela saltou do chão. Aterrissou—impacto. A água que estava a seus pés agora explodiu, revelando a areia sob o choque de seu passo—mas, voando como se deslizasse sobre o oceano, Izuna alcançou a bola e, ainda naquela velocidade, girou os braços. A onda de choque de seu golpe foi o suficiente para levantar uma onda—mas—
**Powww—**
Água explodiu em uma fina névoa quando a bola, nas mãos de Izuna, se desfez. Sora levantou a voz.
“GG, você perdeu!”
“—?…! E-essa não vale, por favor! Seus desgraçados, por favor!”
“Se você não passa para a próxima pessoa, perde… Izu… Usar, toda a sua força, foi sua ruína.” Shiro respondeu, trocando um leve high-five com Sora.
Exato: se Izuna, uma Werebeast, acertasse a bola, pesada com água, com toda sua força, naquele momento, a bola, incapaz de suportar o impacto, se romperia, e ela não conseguiria passá-la para a próxima pessoa. Quando percebeu que esse era o objetivo de Sora e Shiro desde o início, Izuna ainda protestou.
—Mas e se a bola não tivesse se rompido naquele instante?
“…Vocês… Nem têm o conceito de jogar só por diversão?” Steph murmurou, ensopada pela onda produzida pelo passo e o golpe subsequente de Izuna…
“Hã? Jogar só por diversão? Nope.”
“…Lol…quê?”
“Não é o objetivo dos jogos esmagar os outros, por favor?”
Com as três respostas imediatas, cada uma incrivelmente imatura à sua maneira, Steph simplesmente se entregou à onda—
Enquanto isso, a Sacerdotisa, que assistia de longe, falou em admiração.
“Bem!… Vocês derrotaram Izuna em esportes. É um feito, hein… Seu desprezo pelo espírito das regras é notável como sempre, mas, mesmo assim, devo ?!”
—Suas palavras foram interrompidas. Ao sentir alguém atrás dela, a Sacerdotisa imediatamente levou as mãos ao peito. Mas, por mais rápidos que fossem os reflexos de uma Werebeast, o piscar de olhos não foi rápido o suficiente. De repente, tendo seu traje de banho roubado, a Sacerdotisa fez o melhor que podia para cobrir os seios enquanto lançava um olhar penetrante ao culpado.
“—Mas que diabos você quer, minha querida pomba!”
Jibril recebeu o olhar enquanto brincava com o traje de banho que havia arrancado da Sacerdotisa.
“De acordo com a literatura de meus mestres, em uma situação como esta, um ‘deslize’ é a lei do destino!”
“Ohh, entendi… Nesse caso, podemos esperar, é claro, que você cumpra esse destino, não é?”
Ainda cobrindo o peito, a Sacerdotisa suavemente abaixou o centro de gravidade. Como a Sacerdotisa assumiu inconfundivelmente uma postura de combate, Jibril apenas riu alegremente.
“De fato, a isso não me oponho. Contudo, se supõe que um pequeno cachorro, sem poder além de rastejar pela terra, seja capaz de tirar algo de mim—devo sugerir que reconsidere sua posição.”
“Heh-heh! Você fala, hein? Mas está enganada. Tenho mais poderes além de rastejar pela terra.”
Ainda sorrindo, mas com faíscas de hostilidade voando tão ferozmente que pareciam visíveis—
……
“Oh, Shiro, você não sabe nadar?”
“…Huh, Steph… você, sabe?”
Steph ficou perplexa com essa nova revelação sobre Shiro, que parecia capaz de tudo. Mas, com Shiro olhando fixamente para alguém que sabia nadar—
“…Caramba, por favor.”
“Nada menos se espera da senhorita Stephanie. De administração a culinária, a costura… E ainda saber nadar. Mas, se me permite perguntar inocentemente—por que motivo seria necessário para animais que vivem na terra saberem nadar na água?!”
“O vovô acabou de fazer o ponto do século! Animais terrestres deveriam viver na terra!!”
—Toda a equipe, aparentemente sem ninguém que soubesse nadar, falou em uníssono. Steph, com um sorriso torto, pegou as mãos de Shiro.
“Vocês são um caso perdido. É mais divertido se souberem nadar. Aqui, eu vou ensinar vocês.”
“...Mnghhh...”
“Vamos lá, eu estou segurando suas mãos; vamos começar com uns chutes.”
Puxando Shiro pelas mãos, Steph tentava acalmar a garota desanimada e ensinar-lhe o básico.
—Mas—
“Whoaaaaaa!”
“Eeyaaaaaaaaaaaaahhhh!”
De repente, uma onda enorme surgiu e os arrastou direto para a areia.
“…Uwp…ah…I-Irmão…”
“Wauugh, Shiroooo!”
Shiro foi levada pela onda até a praia, e Sora correu em pânico para levantá-la. Abraçando o irmão, ofegante, Shiro murmurou.
“…Irmão… Eu vou, aprender…a nadar!”
Mas, diante de Shiro, como se a água do mar tivesse atingido seu espírito, murmurando essa determinação com lágrimas nos olhos, Sora confrontou os responsáveis pela onda gigante, erguendo a voz.
“Ei! Talvez vocês pudessem moderar—quero dizer, pelo menos obedecer às leis da física… se não for pedir muito?”
Contudo, sua voz foi perdendo força ao ver a cena à sua frente. Aquela cena sendo: cruzando os horizontes distantes do mar, dois… monstros.
“Hee-hee, embora suas palavras sejam grandiosas, isso era o esperado, não era, não era?”
Jibril provocava enquanto cortava a água. Logo abaixo dela, o corpo da Sacerdotisa, saltando do fundo do mar, brilhou em escarlate enquanto estendia a mão.
—A mão da Sacerdotisa, que chegara ao ponto de usar sua **Bloodbreak**, foi desviada por Jibril por uma margem mínima. Mas a Sacerdotisa continuava—saltando e correndo pela superfície da água—usando as mãos como sutiã. A Sacerdotisa, aparentemente tendo perdido não só a parte de cima do traje de banho, mas até seu **hanten**, parecia tomada por algo próximo de uma fúria assassina que a fazia ignorar o pudor enquanto perseguia Jibril para recuperar seu traje.
“Heh-heh-heh! Se fosse você, eu me prepararia para o piorrr… Vou te despir até as calças na frente de todooo mundo!”
A Sacerdotisa. A agente plenipotenciária dos Werebeasts—e a mais forte entre eles, era ela? Correndo sobre a água—sobre a água!—e às vezes, ainda que por um momento, até no ar. A Sacerdotisa, mergulhando repetidamente no mar, banhando-se na água e no vento, mudando sua aparência de escarlate para dourado a cada vez—
“…Isso é… nossa Sagrada Sacerdotisa, santo céu, por favor.”
—Mas a única coisa certa, como até Izuna assistia incrédula, era que ninguém podia intervir. Sora decidiu ignorar aquilo como se fosse um desastre natural e desviou o olhar.
“Hmm… Que vista agradável.”
Com essas palavras, Sora virou-se para ver Ino, e seguiu o olhar do velho para encontrar não apenas aqueles que haviam sido levados para a areia—Steph e Izuna—mas também as servas da Sacerdotisa, completamente encharcadas pela onda que claramente molhara toda a praia. Agrupadas como se seus trajes de banho tivessem ficado transparentes de repente, apresentavam uma visão que transcendia palavras.
“Huh… Tudo bem, então. Ainda é imperdoável quase afogar a Shiro, mas isso é maravilhoso,” comentou Sora, voltando à praia com Shiro ainda em seus braços.
“Simmm, um banquete para os olhos, não é, Sua Majestade?”
“Sim, se você não estivesse aqui, seria perfeito.”
Isso Sora murmurou para o velho musculoso que usava apenas uma tanga, fazendo o possível para mantê-lo fora de sua linha de visão.
Observando todos brincarem, acariciados pelas ondas, Steph sorriu calorosamente.
“Hee-hee… Temos trabalhado tanto por tanto tempo…”
Os raios brilhantes de sol, a areia branca. Voltando para a maré, ela chutou levemente a água, **splish, splash**. As ondas lambendo seus pés, o vento soprando do oceano, como se expulsasse seus esforços diários—
“…Todos precisam de uma pausa de vez em quando, não é?”
Steph sussurrou com um profundo senso de alívio. Com o agradável aroma do ar salgado, perguntou-se quando fora a última vez que relaxara assim. Devia ter sido antes de Sora e Shiro chegarem—não, antes de seu avô falecer. Sentindo que não liberava sua tensão havia muitos anos—ela respirou fundo.
“Estou tão feliz por termos vindo…!” Steph declarou, buscando a concordância de ninguém em particular.
**Bee-bee-bee-bee-beep**
“E encerramos! Bom trabalho, pessoal!!”
Quando Sora chamou assim, com os olhos semicerrados… **shuffle, shuffle**… eles vieram como zumbis, arrastando-se de volta do mar.
“…Nghh… Meu cabelo, está todo duro…cheio de, areia…”
“Hff… Eu peço desculpas, Mestre, mas simplesmente não consigo encontrar afinidade com o mar… A brisa salgada entra nas minhas asas, e não sei o que dizer sobre o desconforto.”
“Minha cauda absorve a água e fica pesada pra caramba, por favor… É um saco, por favor.”
“Hff, já deu pra mim. Quem inventou esse ritual absurdo de tomar banho no mar?”
“Ó Sagrada Sacerdotisa, peço desculpas. Não deveria ter permitido que você se envolvesse nesta farsa do Rei Sora.”
Apesar da súbita transformação da trupe, não muito diferente de atores após terminarem uma performance, havia uma integrante—
“…Huh? O-o quê?”
—incapaz de acompanhar. Steph, olhando distraída, ficou sozinha no mar.
“—Mm? O que está fazendo, Steph? Já gravamos as cenas. Tá tudo bem. Pode sair agora.”
Sora disse isso enquanto desligava seu telefone e tablet, que estavam montados em árvores na beira da praia.
“…Huh? O quê? O que você quer dizer?”
“—Mm? Hã, quer dizer que você realmente estava se divertindo de verdade?”
Já na sombra, secando-se com toalhas, todos pareciam confusos.
“…Uhh, desculpa. Vamos ver, Steph… A verdade é…”
Sora, aparentemente certo de que ela sabia o tempo todo, falou como se relutasse em dizer.
“…Ninguém aqui realmente gosta de praia…”
—…Mm-hmm… Um grande e profundo aceno coletivo do grupo. A Sacerdotisa, que parecia a mais desconfortável de todos, falou enquanto cuidava de sua pelagem dourada.
“Eu experimentei esse ‘trope’ do qual o Sr. Sora falou… mas ainda é um mistério para mim… Com toda essa areia na minha cauda… Como você acha que vou tirar isso?”
“Senhorita Shiro—é a hora!”
Jibril, com os olhos brilhando, entregou algo a Shiro.
—A resposta indicada pelo polegar de Shiro, com os olhos cintilando igualmente, foi **acessórios**.
“…Sacerdotisa… você deveria, tentar…esta escova, e este, shampoo.”
“Oh, é mesmo? Bem, vamos tentar, então.”
“…Fofo, fofo… hee-hee…”
Shiro, que habilmente conseguiu uma desculpa para realizar seus desejos, sorriu de maneira sombria enquanto enterrava o rosto na cauda dourada da Sacerdotisa. E, antes que você percebesse, Sora já estava ali também, com os mesmos itens nas mãos.
“Yayyy-yooo, agora vou fazer a cauda da Izuna—”
Mas Ino surgiu imponente no caminho do jovem. Olhares foram trocados num instante—dois homens, cara a cara. “Eu cuidarei de Izuna. Aqui, aqui, Izuna, venha por aqui.”
“…Vovô, por que você não cuida da sua própria maldita cauda?”
“Ser cuidada por você, senhor, seria uma profanação para Izuna. Por que não faz algo a respeito desse corpo insignificante que você tem?”
Mas, sem prestar atenção aos dois, Izuna caminhou lentamente até Ino e se sentou com força no chão.
“Cuida dessa porcaria, por favor.”
“…………………………………………”
“…Velho desgraçado, essa expressão que você tá fazendo me dá vontade de te matar sem que você precise dizer nada. Isso é algum tipo de poder especial dos Werebeasts?”
Diante da expressão de Ino, que parecia a poucos segundos de emitir audivelmente algo como **owwwnnnned**, uma veia pulsou na testa de Sora.
…**Fshh**, uma onda espirrou sobre as pernas de Steph.
—Parecia que o momento em que alguém estava ciente da presença dela já havia ido embora…
******
O sol começava a se esconder no horizonte.
“…Hee-hee, está tão bonito… hee-hee-hee…”
Sentada na praia, abraçando os joelhos, Steph, aparentemente mergulhada em seu próprio mundinho, sorria.
—Então, de repente, Sora falou.
“Tô entediado.”
Com essa única frase, todos os olhares se voltaram para Sora.
“Hng, só uns idiotas desistem enquanto estão vencendo, por favor.”
Izuna expressou sua insatisfação com as palavras de Sora; Sora, que tinha passado o tempo até o pôr do sol jogando com Izuna em seu DSP, shogi, jogo da velha e outras distrações que faziam qualquer um questionar por que eles tinham ido à praia em primeiro lugar.
“Uhh, não, eu não quis dizer que estou entediado de jogar com você.”
Levantando-se, Sora se dirigiu à caixa próxima.
“Ei, Plum, cadê o seu barco de boas-vindas?”
““Ah!””
Vozes se levantaram ao lembrar do propósito original da viagem, que quase todos haviam esquecido, e Plum timidamente espiou com o rosto para fora da caixa.
Plum—que deveria estar usando sua magia o tempo todo, a julgar pelo rosto exausto, tão desgastado quanto na primeira vez que a encontraram—respondeu:
“Nghh, eu—eu disse que vai chegar por volta da virada do dia, não disse…?”
“Mas, quero dizer, meu DSP e meu tablet estão praticamente sem bateria. Já terminei aqui.”
“Por isso que eu disse que não precisávamos vir tão cedooo…”
Nghh… Plum gemeu, sua exaustão misturada com insatisfação.
“Nããão, estou entediado. Quero ir agora. Caso contrário, vou embora pra casa,” disse Sora, como uma criança mimada.
“Como você pode ser tão infantil…?”
Sora ignorou a Plum mal-humorada e trocou olhares com a Sacerdotisa e Shiro. A Sacerdotisa—que desde que saiu da água havia sido completamente "fofada" na sombra por Shiro—e Shiro, que fazia o "fofar".
—Ambas assentiram sutilmente e murmuraram juntas.
“Está certo, rapaz… Eu devo dizer que isso está ficando cansativo.”
“…Mm… Eu também… estou cansada…”
“Whaa… Vocês também? Como podem ser tão…?”
Ignorando Plum, que parecia consumida pela tristeza, Sora abriu a boca.
“Jibril.”
“Estou aqui.” Jibril se materializou do vazio ao primeiro menção de seu nome.
“Você localizou a posição?”
“Sim, Mestre. Acredito que a localização calculada por você e Lorde Shiro está correta.”
—Calculada? Sora pegou seu tablet para mostrar a Plum, que parecia não entender do que se tratava. No mapa das áreas vizinhas da União Oriental, estava exibida uma estimativa aproximada da posição da cidade, que Shiro havia rastreado com base em fatores como a pequena quantidade de comércio realizada por Oceand. Olhando para a posição real—além do horizonte—Sora falou.
“Certo, acho que estamos prontos—faça.”
“Seu desejo é uma ordem!”
Com as palavras de Sora, Jibril relaxou a expressão em uma alegria que não conseguia esconder, ajoelhou-se e executou a ordem.
“Hã, o-o que você vai fazeeer…?”
Plum perguntou nervosa a mesma coisa que Ino queria saber. A intuição de Werebeast de Ino disparava alarmes. Identifique. Se necessário, interrompa. Esses desgraçados estão tramando algo. Então Ino olhou para a Sacerdotisa. Ao vê-la assentir lentamente, **sem problema**, suspirou aliviado. Mas então—com a expressão sarcástica da Sacerdotisa acrescentando, **mas cuidado**, Ino ficou pálido. Sora levantou Shiro e anunciou despreocupadamente:
“Vamos invadir. Todo mundo, recuem.”
Enquanto os dois se afastavam da praia, Jibril voltou-se para Sora e Shiro.
“—Mestre, tem certeza de que está tudo bem?” Como se mal pudesse esperar, ainda assim, formalmente, remexia-se buscando confirmação final.
“Claro. De qualquer forma, vai estar restrito pelos Dez Pactos, certo?”
O Primeiro dos Dez Pactos.
—Neste mundo, toda força armada e ferimentos corporais são proibidos.
“Qualquer ação considerada maliciosa ou como uso de força é anulada pelo poder vinculante dos Pactos—olhando pelo outro lado, ações sem malícia não são anuladas. O que significa que, se uma ação for executada, significa que o próprio ‘Lorde Tet’ colocou seu selo de aprovação dizendo que isso não viola os direitos de ninguém—então.”
Com essas palavras, Sora ergueu o polegar com um sorriso ousado.
“Faça o que puder para vencer.”
Com a resposta de Sora, Jibril fez uma reverência solene, como se recebesse a palavra do céu. Mas, em contraste, com um sorriso desleixado, ela se levantou.
“Eh-heh, eh-heh-heh-hehh, há quantos anos isso não acontece? Geh-heh-hehh, eu mal posso esperaaar…”
Enquanto Jibril sussurrava com uma expressão quase embriagada, o ambiente ao seu redor subitamente se distorceu. Claramente, a luz—não, o espaço—parecia ser torcido e retorcido.
—Os Dez Pactos. Este era um mundo em que o uso de força armada e ferimentos corporais eram proibidos por Pactos absolutamente vinculantes. Ino supostamente entendia isso muito bem, mas a cena fazia sua pele arrepiar.
“Agora, todos recuem!” veio a voz calma, porém afiada, da Sacerdotisa. Com esse breve comando, sem conexão com sua consciência, todos os Werebeasts presentes recuaram reflexivamente para longe.
“…Hã? O que está acontecendo?” Steph finalmente foi trazida de volta ao mundo real pelo grito da Sacerdotisa.
Ela percebeu que era a única ainda tão próxima do mar.
**Thunk**—o espaço tremeu com um som fora do alcance audível. Deformou-se ainda mais enquanto até a areia da praia parecia esquecer a gravidade, flutuando no ar. Dobrando-se e retorcendo-se, o espaço convergiu na mão de Jibril. A única ali que podia ver magia—espíritos—era Plum. Mas mesmo ela observava completamente perdida sobre o que Jibril estava tentando fazer. Se era como Sora tinha dito antes… era natural. O que Jibril estava fazendo era espremer todos os espíritos do ambiente ao redor. Se não houvesse espíritos para ver, nada poderia ser visto. Era muito parecido com um buraco negro. E—na palma da mão de Jibril, os espíritos extraídos foram compactados, comprimidos, condensados, contraídos, concentrados, e por fim começaram a emitir luz. Brilhavam claramente até para os olhos de Sora e Shiro, Immanities incapazes de ver espíritos. Na mão direita de Jibril, uma coluna de luz que parecia girar começou a se formar. Sora e Shiro eram fundamentalmente incapazes de compreender ou detectar coisas como magia ou espíritos—e ainda assim.
A auréola acima da cabeça de Jibril girava tão rápido que já era apenas um borrão. Só podia significar uma coisa—
“…Ei, uh, v-você não pode estar falando sériooo! Q-quêê, quer dizer—?!”
Finalmente entendendo a situação, Plum tentou se proteger, mas, incapaz de sair de sua caixa, apenas gritou. Sim, só podia significar uma coisa. Era algo que, pelo menos, Sora e Shiro nunca tinham visto antes. Jibril estava prestes a exercer magia em um nível que desafiava as expectativas convencionais.
A mão direita de Jibril segurava firmemente o que ela havia formado, embora fosse amorfo demais para ser chamado de espada ou lança. E—lentamente erguendo-o acima da cabeça—ela sorriu radiantemente.
“Muito bem, Mestre.
“Vou proceder—com cerca de cinco por cento do meu poder total.”
A uma velocidade que deixou essas palavras para trás, o braço direito de Jibril desceu com força.
Isso foi o máximo que Sora e Shiro conseguiram ver. Com um atraso semelhante ao intervalo entre o relâmpago distante e o som do trovão que o segue, alguns momentos depois rugiu um estrondo que sacudiu a terra, enquanto ondas subiam quase até os céus e—quase como uma piada—o mar se abriu.
Então—
“Eeyaaaaaaaaaaaaaaaah!”
>“Aaaaaauuuuuuuuughhhh—”
No rastro do impacto tempestuoso, Steph—assim como Plum, ainda dentro de sua caixa—rolaram até os pés de Shiro e Sora.
—Isso foi tudo que eles conseguiram perceber em seguida.
“Hff… Que delícia é poder usar força.” Jibril exibia um enorme sorriso de satisfação. “Só posso orar para um dia ser abençoada novamente com a chance de usar todo o meu poder—cem por cento.”
Mas, com essas palavras, até Sora e Shiro começaram a suar frio. Até mesmo Moisés ficaria incrédulo ao ver como Jibril havia dividido o mar com tamanha precisão… E então eles se lembraram de que Jibril já havia liberado todo o seu poder contra os Elfos, isto é, 100%, com seu **Heavenly Smite**. E, embora não totalmente, os Elfos conseguiram se defender de alguma forma—
“…Os Elfos… Os caras da Fiel são bem insanos.”
“…Concordo, concordo.”
Diante do reconhecimento involuntário de Sora sobre seus aliados ausentes, Shiro assentiu.
Jibril, no entanto, era incapaz de saber o que se passava em seus corações. “Com isso, consegui localizar a cidade de Siren. Podemos nos teletransportar para lá a qualquer momento.”
…Os sentidos dos Werebeasts chegavam aos limites físicos, mas, claro, Ino, Izuna e até a Sacerdotisa eram incapazes de ver qualquer coisa além do horizonte. Nesse ponto, ninguém podia dizer uma palavra para Jibril, que afirmava ter visto tudo como se tivesse dobrado a luz com aquele golpe.
—Sora olhou ao redor, observando o amplo espaço vazio que havia sido criado ao redor da Flügel.
“’Tá bom, pessoal, vamos nessa. Segurem-se na Jibril.”
A Sacerdotisa, ainda atônita, voltou cautelosamente para a praia com os Werebeasts.
“Eu achava que já estava ciente disso… mas, visto em carne e osso, isso é uma piada cruel.”
“…Nghhh… Se puder evitar, realmente não deveria se envolver com uma Flügel de jeito nenhum…” Plum, saindo da sua caixa quebrada, concordou.
Felizmente para ela, o sol já havia se posto.
De repente, Ino levantou a voz em pânico. “Senhor! Por favor, não submeta nossa Sagrada Sacerdotisa àquele som!”
Em aparente terror do som causado pela distorção do espaço durante um teletransporte de longa distância, Ino rugia.
“Oh, sim. Jibril.”
“Entendo a situação perfeitamente. Com isso—todos, por favor, segurem-se… Ah, Dora, se puder interromper sua soneca por um momento e vir até aqui.”
“…Hã? O que está acon—q-quê é isso?! O mar se abriu?!”
Todos se reuniram em torno de Jibril, ignorando Steph e seus gritos solitários.
“E agora nos teletransportaremos para a metrópole de Siren—Oceand.”
Mais uma vez, as asas de Jibril começaram a brilhar, e novamente sua auréola aumentou sua rotação.
“A distância é de 378,23 quilômetros; no entanto, o mar que se abriu vai retornar a qualquer momento agora.”
Como se respondesse às suas palavras, o mar se fechou com um rugido.
“Portanto, presume-se que Oceand não possui ar.”
“Oh, n-não se preocupemmm; eu tenho um feitiço para respirar—”
Mas, seja porque não ouviu a voz de Plum ou simplesmente a ignorou—
“Portanto—vou nos teletransportar junto com todo o ar em um raio de duzentos metros!”
“—Hãn?”
“Recuem!”
A voz da Sacerdotisa ecoou mais uma vez. Com isso, os Werebeasts que haviam vindo com ela à praia—exceto Ino e Izuna—deram um passo para trás.
—Naquele momento. Eles desapareceram, deixando para trás o som de alta frequência do ar sendo cortado.
““Eeeeeeeeeeeeeeeek!””
E um campo de baixa pressão implodiu com o retorno do ar que havia sido deslocado. Isso provocou um pequeno ciclone, forçando as Werebeast restantes a se agarrar a uma árvore enquanto enfrentavam o vento—mas todos aqueles que poderiam ter testemunhado essa cena… haviam partido.