
Volume 5 - Capítulo 5
No Game No Life
— Então… é esse o… acordo…
— I-isso é consistente com as observações do meu avô… Ah, está tudo bem?
— Minha hipótese estava de fato correta. Oh, quão profundo é o amor…
— …Sério… nós quase fomos extintos por isso? …Quero chorar…
— Hihihi! Eiii, parece sua chance, Plum! Amila está toda animada agora! ♥
— …Sora, Soraaa, eu não entendi essa merda nem um pouco, por favor.
— Desculpa, Izuna. Eu sou só um lixo inútil de virgem de dezoito anos que arrasta o Blank para baixo, então eu também não entendo. Mas você é esperta, Izuna. Você vai entender um dia. Vou lá jogar o lixo fora.
— Você vai se jogar fora, por favor? Então posso te pegar, por favor?
— …Não… Irmão é meu. Enfim… Irmão, se prepare.
— S-se preparar? D-do que eu sou c-capaz, além de a-atrapalhar…?
— …Não tem jeito… Eu… não consigo vencer esse jogo… Só… você pode…
— Vamos, Shiro!! Se você não consegue, quem mais conseguiria além de mim!!
******
“—Estou tão entediada.”
Inconscientemente, soltei um suspiro.
Oceand é o lar de todas as Sereias. No fundo do mar profundo, na base de uma cordilheira oceânica de tripla camada que se eleva em arco como a lua crescente. Longe dos excessos da terra, o mar permanece puro como as muralhas de um castelo, sem estrada para conectá-lo ao mundo exterior. Além dos peixes e baleias sem nome, raramente alguém tem permissão para visitar. Vestida de um belo azul, envolta na proteção dos espíritos da água, uma cidade amontoada de tesouros cintilantes. Um paraíso construído pela magia dos Dhampiros, brilhante com uma miríade de matizes.
Mas é uma prisão.
“Ohh, não tem nada divertido?!”
Farta de tudo, faço beicinho. As canções e danças todas me entediam. De finas iguarias, já me fartei.
Oceand. Um perpétuo antro de prazer. Beleza, riquezas, amor — está tudo aqui. Desde que nasci, tudo isso me pertenceu. E por essa razão — nunca posso estar satisfeita. Porque, de tudo, sou eu a mais bela, o tesouro mais valioso. Por mais maravilhosas que sejam as coisas neste mundo, elas nunca podem se comparar a mim. Mas suponha — em algum lugar — que haja algo que eu possa desejar?
Isso seria — amor! Amor verdadeiro!
Belo e maravilhoso, um laço eterno! O tesouro supremo, que até os deuses devem cobiçar!
Minha alma inocente, por ninguém maculada — espera nesta cidade dos sonhos por ele. Meu eterno amante, que me concederá aquilo que não tenho. O príncipe que saciará a sede do meu coração. Esperando por ele, tenho dormido… há quanto tempo?
“—Que diferença faz?”
O tempo não significa nada enquanto ele não vier me encontrar. Se meu coração não for preenchido, minha vida permanecerá vazia para sempre —
—Aschente—
Agora uma voz vem e revive minha consciência. Parece que tenho outro visitante. Esses homens tolos que vêm me visitar. Esses adoráveis tolos que caem diante de mim quando lhes concedo o menor dos sorrisos. Não tenho esperanças para este homem também. O verdadeiro amor não vem facilmente. Mas, esperando há tanto tempo, a frustração é inevitável.
“…Bem, por que não? Não tenho nada melhor para fazer de qualquer maneira. Vou lá brincar um pouco com ele.”
Por mais inútil que o homem possa ser, ele deveria pelo menos ser bom para matar o tempo. Sim — desta vez, serei muito gentil com ele. Serei só sorrisos. Vou bajulá-lo. Vou cativá-lo. E então, quando chegar a hora, vou desprezá-lo sem piedade. Então talvez até aquele tolo venha a entender —
“amor?”
“O quê…?”
A voz de um jovem cai do céu.
“—Você quer amor?”
Você quer amor, ele pergunta? — Bem, é claro.
“…Sim, quero. Você vai me dar?”
“Nesse caso — eu vou te dar!!
“Vo~~~~~~~~~cê~~~~~~~ é~~~~~~~ cho~~~~~~~~~que~~~~~~~!!”
Um impacto sacode o mar. Acima — o céu está rachado. Não sei como descrever de outra forma. Rachaduras grandes o suficiente para serem vistas debaixo do mar estilhaçam o céu, e chove como pedaços gigantes de vidro, apunhalando o oceano — os céus e o mar manchados de vermelho como sangue. Em meio aos fragmentos, a fonte da voz também desce às profundezas.
“—Lá vem~ tudo por amor~…esse cara está caindo~ pááá~…ha.”
Um homem da Imanidade com olhos escuros e cabelos pretos, vestindo uma camisa com “Eu ♥ PPL” escrito em letras grandes no peito. Ao lado dele, em contraste, uma garota da Imanidade com cabelos brancos e olhos vermelhos. Ambos com capas esvoaçantes, pretas como azeviche, que sugerem o Diabo. Eles anunciam com sorrisos maliciosos:
““Prazer em conhecê-la, Bela Adormecida, e desculpe-nos por perturbar seu descanso. Somos Sora e Shiro.””
“…E aí…”
…Hmm? Agora, eis um ângulo. Muitos homens vieram me cortejar em muitos cenários, mas esta é a primeira vez que vejo essa abordagem. Mas ainda não é isso — o que eu quero é amor verdadeiro — não mera novidade.
“Bom dia, visitante dos sonhos. Que bom que veio.”
Isso deve bastar. Não há homem que possa resistir à minha voz — ao meu charme —
“Ah, desculpe. Nós não estamos realmente aqui.”
“…Inútil, inútil, inútil…”
“Você está gritando contra a corrente. Sem ofensa. E também—”
O homem sorri e então continua.
“Você é choque~ —aí vou eu~ com meu esquadrão~ o céu está caindo~…yo.”
Outro choque. Com ele, o mar se rompe, e no céu vermelho que espreita através —
“—Eeg…!”
— um arquejo abafado. O céu provoca repulsa e medo instintivos, uma consequência inevitável dos monstros bebês gigantes que de repente o enchem.
Em meio ao pandemônio, corre uma garota monstruosa, uma auréola sobre sua cabeça, asas de luz se espalhando de seus quadris.
“Até os tolos são encantadores quando dormem, mas um tolo que irrita até dormindo — há muito para ver neste mundo.”
— Atrás dela, centenas de — encarnações de matança, manifestações de ruína — Flügel…?!
“…Irmão, não é…bem…suficientemente…arrasador…”
“Hmm, você tem razão. Se quiséssemos recriar perfeitamente aquele final horrível de Drakeng*rd, deveríamos ter trazido Flügel de verdade — mas já selamos o poder de Azril, e parece que eles estão tendo muito alvoroço no Conselho agora. Tivemos que recorrer a decorações improvisadas, exceto Jibril.”
“Por favor, não se preocupe, Mestre. Eu compensarei fazendo o trabalho de várias centenas de Flügel!”
Mesmo enquanto o homem continua sua conversa incompreensível, ele olha para mim e diz:
“Venha, que o jogo comece — Faça-me apaixonar.”
………O quê? Tendo dito isso, o homem aponta para a torre mais alta de Oceand — para a câmara da rainha — e diz:
“Estamos ali. Se você conseguir chegar lá e me seduzir, o jogo terminará.”
— Os céus se contorcem. Incontáveis bebês gigantes caem do céu manchado de carmesim. Os Flügel abrem suas asas e voam como símbolos da própria morte.
…E-ele está me dizendo para navegar por isso?!
“A propósito, Mestre — se importaria se eu erradicasse a cidade com uma única explosão?”
A Flügel se agita enquanto faz essa pergunta. Enquanto isso, eu congelo.
“Claro, sem problema. Exploda tudo, incluindo a rainha. Tudo voltará a se juntar em alguns segundos. É apenas um sonho, afinal. Jibril, você pode usar quanta força quiser — não há limite, então divirta-se.”
“Eh-heh, eh-hehh-guh-heh-heh-hehh, devo dizer, fico excitada! ♥”
— E então os dois Imanidades se voltam para mim mais uma vez.
“Além disso, quando montamos o cenário…”
“…nós adicionamos seus…amigos, conhecidos…e família…também.”
A essas palavras, apressadamente, olho ao redor — desde quando eles estavam aqui? Minha mãe, minha enfermeira, minhas damas de companhia, até minhas irmãs cujos nomes não me lembro — todas lamentam simultaneamente.
“Então, você pode basicamente adivinhar como isso vai acontecer…”
Sorrindo ironicamente e coçando a cabeça:
“Você e aqueles que lhe são queridos serão devorados por aqueles bebês caindo, cortados por Jibril, explodidos, etc., enquanto, você sabe, todo tipo de merda acontece com você… Sim, vou dizer de novo, mas, droga, aquele jogo foi hardcore.”
“…Irmão…você me fez jogar, dizendo que era o melhor jogo de todos…e super emocionante… Nunca vou te perdoar.”
“Sinto muito. Foi traumático demais para eu suportar sozinho — mas enfim.”
Com isso, os dois que se chamam Sora e Shiro falam juntos:
““A partir de agora, ninguém irá salvá-la enquanto você se contorce até a morte. Vamos ver quanto tempo você sofre antes de sucumbir.””
E então — com grandes sorrisos, eles dizem:
““MORRA, VERME.””
Abrindo suas asas diante dessa observação, a Flügel abre a boca.
“Agora, se me permitem: Número Um, Jibril.”
A auréola acima de sua cabeça se transforma complexamente, tornando-se gigante, multicamadas, não muito diferente de um círculo mágico. Suas asas perdem a forma como se vomitassem energia — e uma coluna de luz como uma lança balança em suas mãos —
“Agradeço de coração ao meu mestre por me conceder esta oportunidade —
“—de usar meu poder total, não adulterado, irrestrito, sem reservas, 100 por cento — Golpe Celestial — Aqui está! ♥”
Com apenas essas palavras restantes, o mundo se extingue em branco.
Enquanto isso — Oceand: a câmara da rainha.
“Yaaay! Senhorita Jib é tão legal!”
Amila soltou um grito de alegria em direção ao projetor subaquático que exibia o sonho da rainha. Ao seu redor, uma multidão de Sereias igualmente aplaudia e dançava como loucas. Espalhados flácidos no chão estavam Sora, Shiro e Jibril, que haviam mergulhado no sonho, e Plum e os Dhampiros, que haviam usado toda a sua força para transportá-los até lá e construir seu mundo. Também estavam presentes Steph, revirando os olhos, e o Werebeast envelhecido — Ino Hatsuse — a quem Izuna se agarrava.
Examinando por sua vez os três inconscientes no chão e o projetor, Ino perguntou:
“Uh, humm… eu me pergunto — precisamente o que está acontecendo aqui?”
“Vovô, nós viemos salvar sua pele, por favor. Abaixe-se e agradeça de mãos e joelhos, por favor.”
Enquanto Izuna esfregava o rosto na barriga de seu avô — Ino —, Steph respondeu em nome da jovem:
“Muitas coisas aconteceram enquanto você estava em Oceand… Sim, muitas coisas.”
— Mas, não sendo uma explicação muito clara, Ino apenas segurou gentilmente a neta, que se agarrava a ele enquanto ele observava confuso.
“…Agradeceria se pudesse oferecer uma explicação um pouco menos enigmática.”
“Não se preocupe com isso… Eu mal entendo isso… Deixe-me apenas lhe dar uma mensagem de Sora por enquanto.”
Ahem: Steph pigarreou.
“— ‘Descobrimos como acordar a rainha. Quando contamos às Sereias, elas ficaram todas animadas, devolveram você e disseram: “Façam o que quiserem”’…ele disse.”
“Temo que minha compreensão esteja ainda mais obscurecida…”
“Ele também disse… ‘Relaxem, vamos acordar a rainha e não vamos deixar Sereias ou Dhampiros serem extintos. Estamos jogando um jogo onde juramos isso pelos Pactos. Vocês verão o que queremos dizer quando nos virem vencer o jogo’ — e também…”
Com uma risadinha final, Steph continuou.
“… ‘Izuna sentiu sua falta, então vou deixá-la aqui. Você tem uma boa neta, Vovô’… É isso.”
“É…mesmo?”
Deixando escapar um sorriso com a pressão do carinho da neta, Ino pensou consigo mesmo:
— Entendo aquele homem Sora ainda menos do que antes.
Um grito de alegria ecoou. O segundo Golpe Celestial de Jibril havia trovejado. As Sereias desfrutavam de sua celebração enquanto Plum hesitante repreendia.
“V-Vossa Alteza Amila… V-vêêê. Eu entendo totalmente o que você quer dizer, mas talvez um pouco de discrição seria apro—”
“O quêêê? Ohhh, Plum! Você também pode dizer, sabe?!”
Amila continuou com o sorriso de uma santa imaculada.
“O sofrimento de uma vadia estúpida torna tudo delicioso! Hihihihihi!”
—Seu sorriso podia ser imaculado, mas estava completamente ausente em seus olhos.
“Olha, Amila até se opôs a cortar o senso de dor dela, mas, viu, estamos sendo discretos, hihihihihi!”
—De fato, era um sonho. Ninguém e nada estava realmente sendo prejudicado. Além disso, quando Sora e sua equipe entraram no sonho da rainha, pediram a Plum para bloquear os receptores de dor da rainha. Afinal, era um sonho. Não havia desconforto. Não se deve esquecer — havia um propósito por trás de tudo isso, mas —
“Isso… não é algo para levar a senhorita Izuna, não é?”
“Verdadeiramente. De fato, devo elogiar a sensibilidade moral do Rei Sora ao considerar isso inadequado para crianças.”
“…? Que diabos está acontecendo, por favor?”
Izuna, com o rosto ainda enterrado na barriga de Ino, incapaz de ver a exibição, perguntou com aparente curiosidade. Mas o espetáculo projetado diante deles — Plum só podia descrever como:
“Inferno… não, mais como um pesadeeeelo…”
De fato, era uma visão que, mesmo sem qualquer conteúdo sexual, indubitavelmente infringiria os regulamentos morais.
—Até Steph tinha ouvido falar: o poder total de Flügel — o Golpe Celestial. Um único arremesso daquela lança de luz havia vaporizado o mar e transformado o Oceand do sonho em uma cratera. Mas — era um sonho; tudo seria consertado em alguns segundos. Como uma criança pequena esmagando uma escultura de argila, Jibril fez chover ainda mais destruição. Nesse ciclo de destruição e restauração, Jibril sorriu — ou talvez, mais precisamente, sorriu lascivamente — e moveu seu braço indiscriminadamente. Cada vez, a cordilheira era estilhaçada e uma trincheira se abria, engolindo o fundo do oceano.
—Como se isso não fosse suficientemente horripilante, esquecendo Jibril, os Flügel falsos também estavam alegremente causando estragos. Os monstros bebês, inspirando repulsa e medo instintivos, devoravam os figurantes do sonho. E as Sereias espectadoras estavam gostando muito disso. — Era perturbador.
“…B-bem, eu simpatizo de certa forma, dadas as circunstâncias… mas…”
“P-parece um pouco excessivo… falando como alguém que não conhece as circunstâncias.”
Captando a situação, mas não a estratégia, Steph teve que concordar.
“…Nunca houve um dia em que eu não amaldiçoasse Lorde Tet por estabelecer os Dez Pactos, maaas…”
Plum tremeu com um rosto pálido o suficiente para desmaiar. Pois o espetáculo projetado diante deles provavelmente (não, definitivamente) teria se qualificado como uma mera escaramuça antes dos Dez Pactos — na era da Grande Guerra.
“Seus ancestrais viveram isso… Meus mais profundos respeitos.”
“…Eu só quero saber como a Imanidade conseguiu sobreviver a isso.”
“Tanto a Imanidade quanto os Licantropos tiveram que enfrentar isso… Após nosso retorno, devo retomar meus estudos de história mais uma vez.”
Com os olhos revirados, os três espectadores foram independentemente inspirados pelo mesmo pensamento:
—Lorde Tet, obrigado por estabelecer os Dez Pactos.
—O primeiro golpe vaporizou o mar. Laila não teve escolha a não ser rastejar pela terra ressecada. Ela não conseguia respirar. O sol, batendo impiedosamente no leito marinho exposto, consumia sua carne. Não havia dor, mas sua energia se esvaía rapidamente. Os ataques repetidos dos Flügel não davam trégua para o mar retornar. Num ciclo de vaporização e regeneração, o mar privava a rainha—privava Laila—de sua proteção de forma incondicional. E então os monstros recém-nascidos que choviam do céu cor de sangue desciam em fúria para devorá-la. Não havia água. Ela não podia nadar. A raça amada pelo mar—sem o mar, até mesmo seu encanto—
……
“…Hff… Hff… E-eu consegui…consegui, não foi?”
—Quantos dias haviam se passado? Ou tinham sido apenas minutos? Arrastando o corpo, Laila finalmente chegou ao pé da torre. Atrás dela, as chamas fumegantes do inferno ainda rugiam. Os céus estavam cobertos de risadas e da luz da destruição, a terra, repleta de gritos agonizantes. O medo a impulsionava a reunir forças, ela abriu a porta e saltou através do limiar—quando—Sentiu às suas costas o impacto e o estrondo da cidade explodindo mais uma vez—mas Laila desabou aliviada. Pois dentro da torre—havia água. Esse era o lugar onde Sora e Shiro deveriam estar e, portanto, aparentemente o único ponto que nem os ataques dos Flügel poderiam destruir. Se havia água, então ela podia respirar, e até mesmo encantar… Por fim—ela pensou.
“…Hee, hee-hee-hee…hee-hee-hee-hee-hee… Que ousadia a sua—fazer isso comigo!”
Recuperando o fôlego, Laila, em seu âmago—fervia de raiva.
—“Me fazer me apaixonar”?
“…Tudo bem. Vou garantir que você pague o preço por me fazer de idiota.”
Com um elegante movimento da cauda, Laila subiu a torre inundada com velocidade assustadora.
—A rainha do mar. Aquela que possui tudo. Todos se curvam diante de mim. Não acredito que ousaram tentar algo assim—Eu não sei o que estão pensando, mas—
“Não ache que eu vou simplesmente fazer você se ajoelhar!!”
—Basta uma palavra, e será o fim.
—Eu vou cantar uma canção. Transformá-lo em um escravo rastejante. Fazê-lo lamber o chão. Depois descartá-lo pateticamente e jogá-lo no abismo do desespero. Quando ele acordar do sonho—meus encantos o convencerão de que a realidade é o verdadeiro pesadelo, e minha rejeição fará com que ele queira morrer.
Com um sorriso malicioso e distorcido, ela disparou pela água como se voasse—e logo, chegou ao último andar…a porta da câmara da rainha… A câmara onde seu corpo deveria repousar.
“…Abra caminho.”
—Isso era tudo. A corrente arrebentou a porta como se a derrubasse. Sim. No mar, Laila era o poder. Diante do volume de espíritos da água que ela comandava, tudo no oceano se curvaria a ela. Era uma lei simples. Nada poderia desafiá-la. Isso superava até algumas formas de magia. Até os espíritos empregados nos rituais élficos tomariam o lado de Laila. Coisas que ela não podia dominar—neste mundo—não existiam. Com confiança inabalável (não, um fato!), Laila finalmente—chegou. Sora e Shiro—vestidos como o Diabo. Sora avançou para recebê-la com um sorriso teatral e insolente.
“—Chegou até aqui, hein…? Sua tolice é hilária. No entanto, fico feliz que esteja progredindo—”
“…Irmão, chega…disso.”
“Quêêê? Shiro, como ousa pular meu monólogo? Eu tinha tudo preparado.”
Enquanto os dois encenavam sua farsa, Laila os encarava com olhos ardendo de raiva. Eles realmente a ridicularizaram—mas agora era hora de pagarem. E então a rainha—Laila—formou palavras com uma voz que faria os céus suspirarem.
“AGORA, ACABARAM DE BRINCAR? RASTEJEM DIANTE DE MIM.”
—Sim, vamos começar fazendo-o rastejar. Depois podemos seduzi-lo até derreter o cérebro—
—No entanto, a resposta que recebeu fez Laila duvidar de seus próprios ouvidos.
“Ei, ei, você ouviu? Eu disse que era pra me fazer apaixonar—não tem nada mais sexy pra dizer?”
—Ela ficou atônita. O homem e a garota diante dela… ao ouvir sua voz que cativava a todos, independentemente do sexo—simplesmente retribuíram com sorrisos desafiadores.
—Fingindo, Laila pensou consigo mesma. Enquanto estivessem na água, não poderia haver exceções. Seus cérebros já deviam estar entorpecidos de desejo. Então—hora de testar quanto tempo essas máscaras de ferro resistiriam.
“…AH, SIM, DESCULPE… EU EXAGEREI E DISSE ALGO GROSSEIRO.”
Molhando os olhos de forma sedutora, Laila falou suplicante.
“EU QUERO QUE VOCÊ OUÇA MEUS VERDADEIROS SENTIMENTOS E OS SINTA—EU QUERO VOCÊ. PODE ME DAR O QUE EU QUERO?”
Com não apenas a voz, mas cada movimento seu—uma força de ligação mais violenta que lavagem cerebral estava em ação. Apesar do tom suplicante, era apenas um comando—a uma ordem impossível de bloquear. Diante de seu encanto irresistível e incondicional, Sora—tremendo todo—respondeu ao chamado:
“…Uughh, não, obrigado. Tô todo arrepiado. Desculpa, não vai rolar.”
……
Hã?
“Olha, vou falar logo de uma vez, mas você não faz meu tipo.”
O quê?
“E então, sob a regra de que você deveria me fazer me apaixonar, a primeira coisa que você diz é ‘Rasteje diante de mim’, depois ‘Desculpe’, e agora você diz que isso não era o que sentia de verdade? Eu sinto que já vi você num meme sobre garotas loucas pra evitar. Eu não acredito que uma mulher assim realmente existe.”
…Laila ficou paralisada. Não era encenação. Ele realmente não sentia seu encanto. Como era possível—? Eles mexeram no sonho? Não, nem mesmo magia élfica deveria ser capaz. Não fazia sentido, mas uma coisa era certa—esse homem veio com a convicção genuína de que não se apaixonaria por ela.
—Então o homem olhou para a garota ao lado dele, buscando confirmação de algo. Ela assentiu, e ele disse:
“Ééé, finalmente posso dizer. Porque todo mundo sempre achou que isso era um jogo de romance, ninguém nunca te disse antes, né? Vou falar em nome de todo mundo até agora, incluindo o velhote, e dar a real, beleza?”
Respirando fundo—Sora soltou tudo de uma vez.
“Você não tem noção da sua idade, andando por aí sonâmbula, falando feito uma idiota? Quero dizer, quem diabos você acha que é, sua imbecil? O quê? Você acha que ‘É natural todo mundo ser legal comigo’? Até as crianças do jardim de infância hoje em dia sacam mais rápido que você, sua anta! Sério, você tem noção de quantos anos ficou dormindo? Oitocentos anos, sua velha—oitocentos anos! Você acha que ‘Ahh, eu sou tipo uma princesa, esperando meu príncipe por anos e anos’? Você tem mais de oitocentos anos, vovó! Quer saber quantos anos você tem? Você tem é demais, caramba! Olha, eu adoro personagens com idades ridículas, mas eles são legais porque têm cérebro, certo?! E, enfim, você fica ‘Não existe homem que não se apaixone por mim’—mas olha pra você, minha filha. Dá raiva! Você se chama de mulher, então mostra um pouco de classe! Sensualidade só vale quando vem com humildade! Você é dessas? Daquelas que acham que se um cara manda tirar a roupa, pode simplesmente tirar? Ou é do outro tipo?! Daquelas atrizes de pornô de cosplay ou óculos que tiram a fantasia ou os óculos na hora H, essas idiotas com um quociente romântico no décimo percentil no máximo! Se você acha que quanto mais pele mostra, melhor, então para de ser meia-boca e vai viver de nudista, pô! Cara, por que eu deveria me dar o trabalho de tentar pegar uma garota que nem gosto? Pensa bem, mulher—é uma perda de tempo e esforço! Eu preferia dar em cima de garotas 2D! Eu ganharia muito mais, especialmente em custo-benefício, tudo enquanto protejo meu coração e minha carteira! Ah, e deixa eu só acrescentar mais uma coisinha antes de encerrar—Você tem esses espíritos da água ou sei lá o quê, algo te dando charme das sombras—mas sinceramente, sua nota de beleza mal passa da média, e é a pior entre todas as garotas com quem ando, então dá uma olhada no espelho e percebe isso, sua cabeça de esponja?!”
…………
Fffff… Sora, despejando tudo de uma vez sem espaço para réplica—sorriu aliviado.
“Hff—me sinto muito melhor… Ótimo. Disse o que queria. Agora terminei esse jogo. Ciao!”
Hã?
“Ei, espera—!”
“Nnnaah. Curtiu perder seu tempo nesse jogo impossível de vencer? Falou, otáriaaa!!”
Com isso, Sora e Shiro desapareceram como se realmente tivessem encerrado o jogo. Então: as percussões surdas que ecoavam ao fundo cessaram—
E no coração de Laila, um som completamente diferente ressoou suavemente.
******
—O primeiro golpe evaporou o mar. Laila não teve escolha a não ser rastejar pela terra ressecada. Ela não conseguia respirar. O sol, batendo implacável no leito marinho exposto, queimava sua carne. Não havia dor, mas sua energia se esvaía rapidamente. Os ataques repetidos dos Flügel não davam tempo para o mar retornar. Num ciclo interminável de evaporação e regeneração, o mar arrancava da rainha—arrancava de Laila—sua proteção sem piedade. E então, as crias monstruosas que choviam do céu cor de sangue desciam em fúria para devorá-la. Não havia água. Ela não podia nadar. A raça amada pelo mar—sem o mar, até mesmo seu encanto—
……
“…Hff… Hff… E-eu consegui… não foi?”
—Quantos dias haviam se passado? Ou seriam apenas minutos? Arrastando o corpo, Laila finalmente chegou aos pés da torre. Atrás dela, as chamas ardentes do inferno ainda rugiam. Os céus estavam cobertos pelo riso e a luz da destruição, a terra pelos incontáveis lamentos da morte. O medo a impulsionou a reunir forças, abrir a porta e saltar além do limiar—quando—sentiu às costas o impacto e o estrondo da cidade explodindo mais uma vez—mas Laila desabou, aliviada. Pois dentro da torre—havia água. Este era o lugar onde Sora e Shiro deveriam estar e, portanto, o único lugar que nem mesmo os ataques dos Flügel podiam destruir, ao que parecia. Se havia água, então ela podia respirar, e até mesmo encantar… Finalmente—pensou ela.
“…Hee, hee-hee-hee…hee-hee-hee-hee-hee… Que ousadia a sua—fazer isso comigo!”
Recuperando o fôlego, Laila, no fundo—fervia de raiva.
—“Me fazer me apaixonar”?
“…Tudo bem. Eu mesma vou garantir que você pague caro por me fazer de idiota.”
Com um movimento gracioso da cauda, Laila subiu pela torre cheia d’água com uma velocidade aterradora.
—A rainha dos mares. Aquela que possui tudo. Todos se curvam diante de mim. Não acredito que você ousou me desafiar—Eu não sei o que você está pensando, mas—
“Não ache que eu vou simplesmente te fazer se ajoelhar!!”
—Basta uma palavra minha, e tudo acaba.
—Vou cantar uma canção. Fazer dele um escravo rastejante. Obrigar que ele lamba o chão. Depois descartá-lo pateticamente e jogá-lo no abismo do desespero. Quando ele despertar do sonho—meus encantos o convencerão de que a realidade é o verdadeiro pesadelo, e minha rejeição fará com que ele deseje a morte.
Com um sorriso cruelmente distorcido, ela cortava a água como se voasse—e logo, chegou ao último andar… a porta da câmara da rainha… A câmara onde deveria repousar seu corpo.
“…Saia da frente.”
—Foi só isso. A corrente abriu a porta como se a arrombasse. Sim. No mar, Laila era o poder. Diante do volume de espíritos aquáticos que ela possuía, tudo no oceano se ajoelhava a ela. Era uma lei simples. Nada podia desafiar. Isso superava até certas formas de magia. Mesmo os espíritos usados em rituais Élficos tomariam o partido de Laila. Coisas que ela não pudesse domar—neste mundo—não existiam. Com uma confiança inabalável (não, um fato!), Laila enfim—chegou. Sora e Shiro—produzidos como o próprio Diabo. Sora avançou para recebê-la com um sorriso teatral e atrevido.
“—Chegou até aqui, hein…? Sua estupidez é hilária. No entanto, me alegra que você esteja progredindo—”
“…Irmão, chega…disso.”
“O quêêê? Shiro, como ousa pular minhas falas? Eu tinha tudo preparado.”
Enquanto os dois encenavam sua farsa, Laila os encarava com olhos em chamas de fúria. Eles a haviam ridicularizado, de fato—mas era hora de cobrar. E assim, a rainha—Laila—formou palavras com uma voz capaz de fazer os céus suspirarem.
“AGORA, ACABARAM A BRINCADEIRA? RASTEJEM DIANTE DE MIM.”
—Sim, vamos começar fazendo-o rastejar. Depois podemos seduzi-lo aos poucos até derreter o cérebro dele—
—Porém, a resposta que recebeu fez Laila duvidar dos próprios ouvidos.
“Ei, ei, você estava ouvindo? Eu disse para me fazer me apaixonar—não tem nada mais… sexy pra falar?”
—Ela ficou pasma. O homem e a garota diante dela… ao ouvirem sua voz, capaz de cativar a todos, independentemente do sexo—simplesmente retribuíram o olhar com sorrisos desafiadores.
—Fingindo, Laila riu para si mesma. Enquanto estivessem na água, não havia exceções. Os cérebros deles já deviam estar entorpecidos de desejo. Então—era hora de testar quanto tempo aquelas máscaras de ferro resistiriam.
“…AH, SIM, DESCULPE… EU ME EMPOLGUEI E DISSE ALGO GROSSEIRO.”
Molhando os olhos de maneira sensual, Laila falou suplicante.
“QUERO QUE VOCÊ ESCUTE MEUS VERDADEIROS SENTIMENTOS E OS SINTA—EU QUERO VOCÊ. PODE ME DAR O QUE EU QUERO, POR FAVOR?”
Com não apenas sua voz, mas cada gesto—uma força de vínculo mais violenta que uma lavagem cerebral estava em ação. Apesar do tom suplicante, era apenas um comando—uma ordem inescapável. Diante de seu charme irresistível e incondicional, Sora—tremendo por inteiro—respondeu ao chamado:
“…Uughh, tô fora. Me deu arrepios. Desculpa, mas não vai rolar.”
……
Hã?
“Olha, vou ser direto: você não faz meu tipo.”
O quê?
“E aí, sob a regra de que você tinha que me fazer me apaixonar, a primeira coisa que você diz é ‘Rasteje diante de mim’, depois vem com um ‘Desculpa’, e agora tá dizendo que aquilo não eram seus verdadeiros sentimentos? Parece até que já vi você em algum meme sobre garotas problemáticas para evitar. Nem acredito que mulheres assim existem de verdade.”
…Laila ficou atônita. Não era fingimento. Ele realmente não sentia seu encanto. Como isso era possível—? Mexeram no sonho? Não, nem mesmo a magia Élfica deveria ser capaz disso. Não fazia sentido, mas uma coisa era certa—aquele homem havia chegado com a convicção genuína de que não se apaixonaria por ela.
—Então o homem olhou para a garota ao lado, buscando confirmação de algo. Ela assentiu, e ele disse:
“Ahhh, finalmente vou poder dizer. Porque todo mundo sempre achou que isso era um jogo de romance, ninguém te contou antes, né? Eu vou falar por todo mundo até agora, incluindo o velhote, e dar a real, beleza?”
Respirando fundo—Sora disparou:
“Você não tem noção da sua idade, perambulando por aí, tagarelando como uma idiota? Tipo, quem você pensa que é, sua anta? O quê? Você acha que ‘É natural todo mundo ser legal comigo’? Até as crianças do jardim de infância hoje em dia têm mais noção que você, sua louca! Você sabe quantos anos ficou dormindo? Oitocentos anos, sua véia—oitocentos anos! Você pensa ‘Ahh, sou tipo uma princesa, esperando meu príncipe por anos e anos’? Você tem mais de oitocentos anos, vovó! Quer saber a sua idade? Você já passou da conta! Eu adoro personagens com idades ridículas, mas eles são legais porque têm cérebro, entende?! E, além disso, você fica tipo, ‘Não existe homem que não vá se apaixonar por mim’—mas olha pra você, pô. Isso me irrita! Você se chama de mulher? Então tenha um pouco de classe! A sensualidade só vale algo se vier com humildade! Você é daquelas? Sabe, daquelas que acham que se um cara pedir pra tirar a roupa, é só tirar? Ou daquelas outras?! Aquelas atrizes típicas de cosplay ou pornô de óculos que tiram os óculos ou a fantasia na hora do sexo, essas idiotas com um quociente de romance no décimo percentil, no máximo! Se acha que quanto mais pele mostra, melhor, então para de fazer pela metade e vai logo viver como nudista! Cara, por que eu teria que gastar meu tempo tentando conquistar uma mulher que nem gosto? Pensa bem—é um desperdício de tempo e esforço! Eu podia muito bem dar em cima de uma garota 2D! Ia sair bem mais barato e ainda proteger meu coração e minha carteira! Ah, e só mais uma coisa antes de encerrar—Esses espíritos d’água ou sei lá o quê, algo te dando charme das sombras—mas, sinceramente, sua nota de beleza é só mediana, e a mais baixa entre todas as garotas com quem ando, então faz um favor e olha no espelho pra perceber isso, sua cabeça de esponja?!”
…………
Fffff… Sora, despejando tudo de uma vez sem dar espaço para réplica—sorriu aliviado.
“Hff—Agora me sinto muito melhor… Beleza. Disse o que tinha pra dizer. Tô fora desse jogo. Ciao!”
Hã?
“Ei, espera—!”
“Não, não. Curtiu perder tempo nesse jogo impossível de ganhar? Falô, otária!!”
Com isso, Sora e Shiro desapareceram no ar, como se tivessem realmente encerrado o jogo. Então: As batidas surdas que ecoavam ao fundo cessaram—
E no coração de Laila, um som completamente diferente ressoou em silêncio.
“Tudo que vocês tinham que fazer para vencer este jogo — era me dar um chute na bunda em vez de se apaixonarem por mim. Vocês são idiotas?”
“Os Dez Pactos dizem que não podemos fazer isso! Você que é a idiota, sua cabeça de esponja!”
“Ohhhh! ♥ Sim! Eu sou uma cabe-ça-de-espon-ja idiota!”
—Mesmo ignorando os Dez Pactos, o charme de Laila era tão avassalador que nem mesmo Jibril ou a Donzela do Santuário podiam desafiá-lo. Falhar em se apaixonar por Laila — um feito provavelmente sem precedentes graças ao seu poder absoluto — era mais ou menos impossível. Quem teria suspeitado que ela teria definido justamente o que qualquer Sereia ou Dhampiro teria feito de bom grado, mas não podia — isto é, dar-lhe uma boa surra — como a solução o tempo todo?
“…O senhor entende agora, Sr. Ino? Por que as Sereias se alegram tanto?”
“…Sim, suponho… Como devo descrever isso…?”
“Hihihihi! ★ Sora, este show que você nos deu foi maraaavilhoso, mas, já que você está nisso, poderia bater naquela @#$% um pouco mais forte para Amila? Sim! Bata nela tão forte que a cabeça dela afunde!”
“Oh, eu também imploro, meu mestre — por favor, bata em mim! ♥ Bata em mimmm! ♥”
Enquanto Amila olhava para ele lascivamente — transbordando de sede de sangue — e enquanto Laila, com os olhos brilhando, reiterava seu pedido… Sora perguntou:
“…Ei, Jibril — o que é amor?”
Jibril respondeu, sorrindo para seu mestre, que estava diligentemente desviando o olhar para o teto:
“Não é exatamente como a Senhorita Plum afirmou? É o que você faz dele.”
Enquanto isso, a uma curta distância, Ino conversava com Izuna, profundamente comovido.
“É verdade; o amor realmente vem em muitas formas… Hmm. Eu mesmo ainda sou verde.”
“…Ei, Vovô. Eu ainda não entendi que diabos está acontecendo, por favor.”
“Muito bem, Izuna. Um dia você entenderá.”
Mas Sora suspirou e se perguntou — É realmente assim?
“…Tenho a sensação de que nunca vou entender.”
—E sem ninguém além da rainha — Laila — satisfeita, este jogo ridículo, por enquanto, chegou ao fim…
******
O Reino de Elkia: a capital, Elkia — tarde da noite. No último país da Imanidade, em um escritório no Castelo Real, Steph, como de costume, estava exausta.
“…Sim, eu sabia que isso aconteceria. Agora temos que anexar Oceand, não é?”
—Agora com ainda mais trabalho, as olheiras de Steph estavam se imprimindo permanentemente em seu rosto. Corria a notícia de que o reino também incorporaria Avant Heim, embora de forma cerimonial. As pilhas de papel aumentavam mais e mais a cada dia, mas, imaginando que aumentariam ainda mais, Steph se virou, não com medo — mas contemplativa.
“…Embora isso tenha silenciado os nobres…”
—Era difícil admitir, mas Steph suspirou diante desse fato enquanto baixava os olhos para a papelada. As figuras poderosas que a assaltavam dia após dia, disputando privilégios — haviam desaparecido. Agora tudo o que lhe restava era esta pilha de procedimentos relacionados à distribuição do vasto território e recursos marinhos que Sora e Shiro haviam obtido de Oceand — não que isso não fosse suficiente para impedi-la de ter um sono adequado — Mas isso marcou uma mudança entre Elkia e a União Oriental… até então tão desequilibrada em termos de poder que o conceito de uma comunidade era ilusório.
Os recursos do fundo do mar da terra das Sereias — águas, melhor dizendo. Mesmo da perspectiva de Elkia, tendo obtido recursos do fundo do mar que nem mesmo a União Oriental podia explorar, os interesses que eles teriam perdido na fusão com a União Oriental ressurgiram com força total. Acenar com essa isca em todas as direções manteve as coisas prosseguindo de forma notavelmente suave. Tinha sido o jogo mais ridículo, e uma conclusão diante da qual só se podia levantar as mãos — mas de repente Steph murmurou para si mesma.
“…Será que era isso que eles pretendiam desde o início —? Não, isso é um salto… Não é?”
Tudo começou por acaso quando Plum procurou Sora e Shiro. Mas o jogo final não envolveu a Donzela do Santuário — isto é, a União Oriental — o que significava que os recursos de Oceand pertenciam apenas a Elkia e, consequentemente, o desequilíbrio de poder que havia sido o maior obstáculo à Comunidade havia sido, se longe de ser revertido, aproximado o suficiente para parecer realista. Diante disso, Steph teve que se perguntar…
—Acima de tudo, eles haviam colocado duas outras raças sob seu guarda-chuva de uma vez. E agora parecia que até Avant Heim se juntaria a eles. Depois dos Licantropos — Sereias, Dhampiros e então Flügel. Assim como ele havia se gabado, Sora realmente havia absorvido três outras raças de uma vez. Assim, ele havia tomado quatro raças, sem apreensão de suas peças, sem custo para elas — não, para seu benefício — e as colocado sob seu controle sem derramamento de sangue. Isso fez Steph se lembrar do pensamento que ela tivera quando Sora e Shiro haviam derrotado a União Oriental — a Donzela do Santuário… Uma ideia tão absurda que ela a havia afastado de sua mente, voltando agora com um toque de realidade.
“…O Décimo dos Dez Pactos: Vamos todos nos divertir juntos…”
A tensão no rosto de Steph se quebrou — eles realmente poderiam fazer isso? Poderiam pegar os Ixseeds, que uma vez lutaram a ponto de remodelar o próprio planeta, e uni-los sem qualquer matança ou morte — para desafiar o Deus Único Verdadeiro —
“…? Pensando bem…”
Steph se lembrou do dia em que Sora e Shiro apostaram a Peça da Imanidade na embaixada da União Oriental. Uma das Peças de Raça dadas a cada um dos Ixseeds, que, quando coletadas, constituiriam o direito de desafiar o Deus Único Verdadeiro. Steph desviou o olhar para além do horizonte. As peças de xadrez gigantes, ainda mais imponentes pela escuridão da noite, elevavam-se como se bloqueassem a luz da lua.
—Se aquelas eram as peças iniciais do Deus Único Verdadeiro, então poderia seguir-se que cada Peça de Raça tinha seu próprio papel? Ela nunca tinha visto as outras Peças de Raça, mas a Peça da Imanidade que Sora e Shiro lhes mostraram…
“…era o rei… não era…?”
O rei. No xadrez — a peça mais fraca. Sua importância era primordial, mas todos sabiam que as características do rei eram ainda piores do que as do peão.
“Pelo amor de Deus, claramente estou pensando demais nisso… Hff, hora de voltar ao trabalho.”
******
Ao mesmo tempo— No pátio do Castelo Real de Elkia, erguia-se o palácio de Sora e Shiro, finalmente concluído com as técnicas arquitetônicas da União Oriental — basicamente, uma pequena cabana de madeira. Em um cômodo com tatames no chão, conforme as especificações de Sora e Shiro, uma bagunça de incontáveis jogos e livros estava espalhada por toda parte. Enquanto os irmãos dormiam tranquilamente sobre seus futons estendidos naquele espaço apertado, respirando suavemente—
—sem som nem presença, uma sombra se aproximou. Mas não passou totalmente despercebida:
“—Yo, Plum. O que você quer a essa hora?”
“…Você tá nos acordando…”
Reprimindo risadas, Sora e Shiro desistiram de fingir que dormiam e encararam o vazio.
“…Ah, ah-ha-ha, d-desculpeee… Bem, veeeja…”
Como, afinal, simples Imanity tinham percebido a magia de furtividade de um Dhampir? Plum cancelou o feitiço, apareceu com um sorriso envergonhado e abaixou a cabeça—
“Veio se revelar, foi?”
Ao ouvir a pergunta de Sora—Plum, ainda sorrindo, congelou. Ignorando sua reação, Sora e Shiro se sentaram — sorrindo como crianças que acabaram de pregar a peça da vida.
“Eu não bajulo ninguém. Eu respeito você de verdade. Você bolou uma estratégia incrível. Eu nem consigo acreditar—”
O elogio de Sora era sincero, mas—
“Até o fim, você conseguiu nos conduzir sem dizer uma única mentira, Plum— Não…”
Com um sorriso irônico, Sora fixou o olhar na garota Dhampir… não—
“Deveria te chamar de Sr. Plum—o último Dhampir homem?”
—jogando tudo às claras.
—…Hff. Com sua verdadeira identidade descoberta, o garoto que parecia uma linda garota sentou-se de pernas cruzadas e suspirou. Seu rosto aflito era o mesmo de sempre — mas seus olhos, flutuando na escuridão, exibiam uma astúcia afiada como uma lâmina.
“…Nghh… Eu cometi um errooo? Quando vocês descobriram?”
—Heh. Então ele fala mesmo assim? Sora riu consigo mesmo ao responder.
“Logo de cara—gostaria de dizer isso…”
Sora olhou para sua irmãzinha.
“Embora eu odeie admitir, foi a Shiro que percebeu. E isso foi pouco antes de irmos pra praia.”
“…V…”
Shiro ergueu dois dedos em sinal de vitória, de algum modo parecendo orgulhosa. Mas, resmungando com a mão no queixo, Sora parecia profundamente insatisfeito.
“O que significa que eu quase assediei sexualmente um cara, e deixei ele lamber os pés da minha irmã… Deus. Eu devia ter percebido antes… murmúrio, murmúrio.”
“Ah-ha-ha… Sou muito grato por isso. Eu realmente estava quase morrendo…”
Sora estalou a língua, amargo, diante do agradecimento inocente do belo garoto.
“—Certo, que tal continuarmos aquele quiz que estávamos fazendo naquela noite na praia—?”
“…20 de junho, 22:39 UTC… Plum.”
Assim que falou, Shiro começou a recitar sua memória mais uma vez, com a precisão de um gravador de voz.
—Por favor, façam nossa rainha se apaixonar! Eu trouxe um plano pra vocês conseguirem issooo!
Sim, esse havia sido o pedido de Plum ao visitar Sora e Shiro pela primeira vez — mas.
“Tem uma coisa que sempre me incomodou: você não disse ‘acordar’. Só disse—que trouxe um plano pra fazê-la se apaixonar, né…?”
E então—
“Quando estávamos com a Shrine Maiden, armamos duas armadilhas pra você.”
“…21 de junho, 07:28 UTC… Brother.”
—Ok, entendi sua vitória garantida ou o que for. Mas por que vocês mesmos não fazem?
Então Shiro continuou, como se comparasse:
“…21 de junho, 07:30 UTC… Plum.”
—V-você vê, o último Dhampir homem ainda é jovenzinhooo…
—Tem que ser pelo menos um homem com capacidade de reproduziiiir.
“Primeiro: enfatizamos vitória garantida várias vezes, mas você nunca disse que era vitória garantida.”
“……”
“Então—você já sabia desde o começo que fazê-la se apaixonar não nos faria ganhar, né?”
Enquanto Plum apenas sorria sem graça, Sora lançou-lhe um olhar severo. Em seguida…
“Depois, dois… Eu perguntei por que vocês mesmos não faziam.”
Sora franziu a testa, como se dissesse *é isso que não gosto*, e anunciou:
“Eu disse ‘vocês mesmos’. Mas você não disse nada sobre você. Só falou que tinha que ser um cara, e mencionou um ‘cara’ sem especificar de qual ponto de vista ele era jovem—”
Plum não podia mentir na frente de um Werebeast. Só podia desviar o assunto.
“—esse cara que ainda não tinha capacidade de reproduzir era você, certo?”
Sim, com base nisso, quem havia finalmente percebido fora Shiro. E aqui—
“Lembra quando olhei o celular da Shiro e disse: ‘Então não precisa ser o Brother’?”
“…Siiim… M-mas o que tem isso?”
Ao garoto para quem isso aparentemente não bastava pra ligar os pontos, Sora zombou.
“O que estava escrito ali, na verdade, era tudo isso que acabei de te contar.”
“…!…”
“Eu li de propósito algo diferente do que estava escrito—pra avisar a Shrine Maiden com uma mentira.”
Sim, Plum — o último Dhampir homem — havia evitado cuidadosamente falar direto. Quando surgia uma pergunta perigosa no formato *É A ou B?*, ele sempre respondia *Não é B*. Mas isso não significava *Portanto é A*, nem que estava mentindo. Pois, para um Werebeast, enquanto Plum se mantivesse na verdade, ela não poderia detectar malícia nas palavras.
“Mas isso nos leva a algumas implicações interessantes, não leva?”
Sora bateu palmas — *Vamos resumir?* — e começou a andar pelo quarto, monologando alegre.
“Era verdade que você buscava a libertação dos Dhampir. Era verdade que você podia fazê-la se apaixonar com sua magia de amor. Mas você sabia que isso não a acordaria. Mas também era verdade que você buscava sua libertação usando a gente. É, você realmente nos deu muito crédito. Estamos honrados.”
Shiro respondeu ao pronunciamento de Sora com um sorriso.
“20 de junho, 21:59 UTC… Plum.”
—P-p-por favor, esperem! Majestades, não temos ninguém além de vocêsss!
“Pois é, nem tinha como recorrer a mais ninguém além da gente.”
Então. De quem Plum precisava para seu plano—? Alguém que: pudesse identificar as condições para acordar a rainha, que nem ele mesmo sabia. Que pudesse então acordar a rainha e ganhar todos os direitos das Sirens, conforme Plum havia planejado. E que, caso perdesse, pudesse ser entregue sem preocupação para as Sirens.
—Só poderia ser a única raça que as Sirens poderiam menosprezar — a mais baixa do ranking: Imanity. E especificamente aqueles que tinham o apoio de Jibril — e por extensão de Avant Heim — ou seja, Sora e Shiro. Mas havia um problema próximo de Sora e Shiro: Izuna e, por extensão, a Shrine Maiden — a União Oriental. Mentiras seriam completamente inúteis contra os sentidos de um Werebeast — e portanto:
“Tudo o que você podia fazer era nos enganar o tempo todo sem uma única mentira.”
“……”
Sora bateu palmas com genuína admiração.
“Sério, tô te dizendo, cara, é uma honra que você tenha apostado tanto na gente. Pra ser honesto, quando chegamos em Avant Heim e não pudemos usar a estratégia que planejamos, ficamos mesmo encurralados.”
“…Siiim, bem—”
O garoto, coçando a bochecha, aparentemente preocupado — sorriu como um estrategista astuto.
“Se eu não confiasse em vocês, por que trabalharia com vocês… num jogo daqueeele?”
Com um sorriso destemido que parecia perguntar *Não é óbvio?*, o último Dhampir homem soltou o comentário casual — o que fez Sora sorrir. Se necessário para completar seu lance, ele se jogaria no fogo. Sora precisava dizer, do fundo do coração, que aquele garoto era um verdadeiro jogador, acima de qualquer crítica.
“Mesmo assim, mesmo descobrindo tudo isso, acabamos jogando conforme o seu plano — quer dizer, não tínhamos escolha. Odeio admitir, mas, sério, bom jogo. Empatamos, né?”
“…Plum, respeitável…”
Sora e Shiro sentaram-se de pernas cruzadas, sorrindo.
—Mas…
“Ah-ha-ha, aí é que vocês se enganam—este jogo é todo meu!”
Com o rosto ainda sombrio, Plum olhou para eles com intensidade.
—Apenas— Sim, como se lambesse os lábios diante de um banquete, seu sorriso se torceu.
“……O quê?”
—Sentindo-se ameaçado por essa súbita transformação, Sora se preparou. Certo, eles o haviam desmascarado. Mas—aquilo ainda não era suficiente, zombou Plum, com a expressão distorcida.
“A Rainha Laila apostou tudo o que tinha, lembram? Ainda não entenderam?”
Claro! Aqui está a tradução adaptada para o **português brasileiro**, mantendo o tom da narrativa, as falas com travessão, fluidez e naturalidade, conforme suas instruções:
Ao ouvir essas palavras, Sora recuou, estremecendo. —Então você finalmente entendeu?
O sorriso diabólico de Plum se aprofundou.
—Siiim… Você herda não só os direitos, mas também os deveres dela…
—Ah… E-ei… mas isso—!
Compreendendo a implicação, Sora imediatamente se colocou à frente de Shiro, os olhos arregalados de choque. Ao ter ganhado “tudo” que pertencia à representante plenipotenciária de Siren, ele não tinha conquistado apenas os direitos. Ele também havia assumido os deveres—em especial, a obrigação de fornecer sangue aos Dhampir!
Plum—o belo garoto de olhos brilhantes e afiados. Seu semblante preocupado agora límpido—dando vida à verdadeira imagem de um vampiro.
—O rei… o último Dhampir macho insinuou o status de representante plenipotenciário e, com um sorriso perverso, exibiu as presas.
—O que significa que, aconteça o que acontecer, sou eu quem vai sair ganhando—entende, criatura inferior?
—E-ei… mas isso—!
Sora empalideceu de medo, soltando um gritinho desesperado. Plum abriu aquelas asas, tingidas de vermelho, e exibiu as presas cintilantes em um sorriso malicioso.
—É apenas… o mais justo… —sussurrou ele.
—Obrigado pela refeição—!
Com isso, ele pressionou as presas no pescoço de Sora (cuja expressão era puro horror)—
…
—tentou cravá-las… e parou.
—…Hã? Eh, o quê… hã?! Mas por quêêê?!
…Toda aquela aura misteriosa que ele havia reunido desapareceu no ar num instante, restando apenas Plum—o rei da noite—de volta ao seu estado normal.
—…Irmão… sua atuação… tá horrível…
—O quê? Ah, qualé… Esse é o momento de exagerar um pouco, não é?
—As expressões aterrorizadas foram descartadas sem cerimônia. Diante de um Plum confuso, os irmãos se sentaram com um ar satisfeito, como se estivessem batendo papo casualmente.
—Plum, já falei quantas vezes você quiser, foi genial. E alguém que consegue bolar uma estratégia tão boa… certamente pensou em como libertar os Dhampir se a gente conseguisse acordar a rainha… não é?
—?!
—Assim como você acreditou tanto na gente, nós… acreditamos tanto em você.
Então eles sorriram, um sorriso amigável—mas cheio daquela aura enigmática típica de jogadores.
—Por isso eu disse. Esse jogo… é um empate.
Ao ouvir isso—pela primeira vez, os olhos de Plum se arregalaram em choque. Mas Sora, animado com a troca, apenas abriu os braços, contente, e continuou com um sorriso.
—Sério, cara, foi incrível! Uma armadilha programada pra disparar automaticamente se a gente ganhasse—uma bomba-relógio… Jogo há anos, mas nunca tinham jogado uma dessas em mim de forma tão épica!
—Mais uma vez (com a precisão de um gravador), Shiro falou:
—…20 de junho, 01h03 UTC… Irmão.
—A aposta da rainha foi—“tudo que eu tenho”… tô certo?
—Você apenas abaixou o olhar—não disse sim nem não. Pegamos isso também.
A introdução de Sora já era ominosa, mas o que veio depois fez o suor escorrer pelo rosto de Plum em choque—não, em puro terror.
—Então, com isso! Vamos te dar o prêmio da armadilha.
—…20 de junho, 22h20 UTC… Plum.
—Eu ouvi dizer que Suas Majestades pretendem conquistar todas as raças.
Essa frase, recitada alegremente por Shiro no colo de Sora, foi o que Plum dissera a ele no começo—
—Foi mal, cara. Você entendeu errado desde o início. A gente não está tentando pegar o Peça de ninguém.
—O quê?
—Cara, eu conversei com a rainha—enquanto você não estava por perto.
Sora semicerrava os olhos, como quem contava uma piada interna para um amigo próximo.
—A conclusão:
—Eu disse pra ela que podia ficar com tudo de volta, exceto a obrigação de cooperar com a gente—tudo, incluindo a Peça da Raça deles.
Bom, ela tinha dito: “Mestre do meu coração, por favor, ao menos mantenha o direito de me torturar!”—um pedido que eu recusei, acrescentou Sora, exausto… Ao ouvir isso tudo, Plum caiu sentado no chão, vazio e desanimado, soltando um suspiro.
—Mas o que é isso…? Não importa quão elaborada seja a estratégia, se você erra logo no começo, já eraaa…
Quanto mais avançada a estratégia, mais críticos os primeiros passos. Plum sabia disso muito bem. Mas como alguém poderia perceber um erro logo de cara…? A pergunta o atormentava.
—Você só cometeu um erro, e foi um descuido. Se não fosse por isso… teria sido perfeito.
—…É mesmo?
—Os Dhampir foram enfraquecidos pelos Dez Juramentos. Vocês sabiam disso e até se prepararam logo… Mas mesmo assim, vocês ainda pecam por não reconhecer sua própria fraqueza. Porque, olha, no fim das contas—
Sora deu uma risadinha.
—Você chamou a gente de “criatura inferior”, não foi?… Foi por isso que você perdeu.
Com essa frase—entendendo tudo, Plum suspirou.
—…Ahaha… No final das contas, ainda tinha orgulho, né…? Pensar que isso nunca aconteceria foi meu erro… Logo eu…
Voltando ao seu habitual semblante preocupado, Plum olhou para o teto, murmurando.
—…Como pude achar que vocês estavam mesmo planejando desafiar o Deus Verdadeiro…
Ao ouvir isso, Sora e Shiro sorriram, satisfeitos.
—Ele sabe. Esse Plum. O último garoto Dhampir. Ele entende. Como vencer este mundo.
—O mundo precisava de mais caras como você. Você chegou tão perto.
—…Vamos jogar de novo… Sr. Plum…
Como se avisassem: da próxima vez, esteja preparado. Mas sem nenhuma malícia em suas palavras.
—Hfff… —Plum soltou um longo suspiro e se jogou no chão.
—Aaah, eu não aguento maais! Eu achei que tava perfeeita… Eu tomei cuidado com as Flügel e os Werebeasts, e tentei antecipar tudo que eu podia de vocês. Até senti um calafrio em Avant Heim, mas…
—Aquele arrepio momentâneo. O pressentimento de que esses dois eram perigosos, estava certo.
—…Hff… Como é que vocês chamam isso de empate? Isso não muda nada…
—Sim, o que tinha mudado com o plano de Plum? Eles haviam acordado a rainha e evitado a extinção, mas os Dhampir continuariam vivendo sob a tirania de Siren. E se Siren fosse cooperar com Sora e Shiro, os Dhampir não teriam como se opor, dado o princípio básico da relação simbiótica entre eles.
—Incrivelmente, o plano de Plum havia sido usado, e eles caíram direitinho. Na verdade—exatamente como haviam repetido tantas vezes—tudo foi feito de modo que ninguém saísse prejudicado.
—Nghh… Vocês vencem completamente e ainda chamam de empate?! Isso é ironiaaa?
Plum fez bico intensamente para os irmãos, que haviam revertido seu plano de forma brilhante.
—Só pra constar, a gente vai continuar escravo da Siren pra sempre, e eu não tô feliz com isssoo, tá?
Então—deixou um último aviso:
—Não pensem que podem “lamber” um Dhampir assim tão fácil, ouviu?
Os olhos do rei da noite, capazes de fazer tudo que vissem estremecer, pousaram sobre Sora e Shiro— Mas os dois apenas ignoraram aquele olhar, como quem afasta uma brisa leve, e ergueram os polegares juntos.
—Claro. Como poderíamos vencer você se achássemos que era presa fácil? Vamos jogar de novo. Estaremos esperando.
—Foi divertido… Sr. Plum.
Responderam apenas com sorrisos que louvavam um grande jogador.
Empurrado como se fosse uma cortina, Plum—renunciou a qualquer pensamento e voltou a se esparramar no chão.
……
—…A propósitooo, a partida já acabou, nééé? Tenho um favor pra pediirr…
Plum encontrou os olhos de Sora com a expressão mais séria possível e—
—Rei Sora… Por favor, deixe eu lamber os pés da sua irmã—
—Ah, é? Então quer guerra, né? Bora, Dhampir!!
O escravo do suor, o garoto pervertido, baixou a cabeça e gritou com fervor:
—Ah! Então eu não me importo se for o seu tambémmm!
—Tanto faz se é homem ou mulher? Você é um drag queen, tem fetiche por suor, vai com qualquer um—Cara, isso é demais!
Arrepiado, Sora agarrou Shiro instintivamente e deu um passo para trás.
—Agora que sei o seu gosto, nunca mais poderei me contentar com o sangue das Sireeens. É assim que é!
—Você diz “não pense que pode lamber um Dhampir” e depois se ajoelha sem pensar duas vezes? Ah, qualé, mano!
—O quê? Não, nãooo, eu é que vou lambereeer…
—Isso não é… mm?
—Então, como se algo lhe ocorresse, Sora caiu num pensamento profundo antes de responder, cuidadosamente:
—Se você estiver disposto a negociar, eu não vou deixar você lamber a Shiro, mas pode lamber a mim. Depois de Avant Heim, por que não, né?
—Sériooo?!
—…Irmão…?
Enquanto o garoto pervertido arregalava os olhos de emoção, Shiro ainda parecia confusa.
—Bom, sabe, depois de tudo isso, eu ainda não faço ideia do que é o amor. Parece que Shiro e todo mundo entenderam, e até me ofuscaram no clímax… E-então—!
Sora, caindo numa depressão por algum motivo, balançou a cabeça vigorosamente e fez sua proposta a Plum.
—Lança aquele seu feitiço do amor em mim. Aí, Shiro, pode colocar a mão no meu peito?
—Isso é tranquilo! Venha, minhas preparações estão prontaaas. Vamos, yeeaah!
Os olhos de Plum formaram um padrão complexo para que ele pudesse lançar o ritual num instante. Mas Shiro, aparentemente hesitante, levou a mão ao queixo—e então, como se chegasse a uma conclusão… anunciou timidamente:
—…Ok… tô dentro…
—Agora que obtive a permissão de Suas Majestades, vou começaaaar! Então, suor, por favor, hh, hh—
—Tá bom, tá bom. Já entendi, calma aí…
Assim como na vez em que Plum usou o feitiço na Shrine Maiden—suas asas negras balançaram e se tingiram de vermelho. O ritual carmesim que se espalhou por seu braço fluiu até Sora—e, tal como antes—com um som agudo, a luz rubra girou ao redor de seu alvo.
—Ghh—ghh— A-agora só falta a Rainha Shiro colocar a mão no peito do Rei Sora! Vamos, e-e-eu tô quase morrendoo, então, fluídos corporaaais…
—Parece que o feitiço realmente o estava consumindo. Mas mesmo ofegante, os ombros de Plum pareciam dizer: “mas se for pelos fluídos corporais do Rei Sora…” Enquanto ele instigava Shiro, ela colocou a mão no peito de Sora e disse suavemente—
—…Irmão… eu te amo.
—…
……Hmm?
—…Irmão… e então…?
Shiro perguntou cautelosa, mas Sora apenas ficou confuso.
—…Então, sei lá…
Sora olhou para Shiro—sim… era a Shiro. Como sempre, uma beleza incomparável, seu orgulho e alegria, com a pele alva e olhos como joias, sua amada irmã.
—Ei, Plum, tá igualzinho de sempre. Não aconteceu nada. Qual o problema?
Sora perguntou meio emburrado, mas Plum reuniu forças o suficiente para responder—
—O quê? I-isso não deveria—o-oohhh… Então é isso que é…
E então—como se finalmente entendesse algo, o Dhampir sorriu de lado.
—Ahaa… Então é por isso que você me deixou usar o feitiçooo? Huh, huhhh!
—…Eu não faço ideia… do que você tá falando…
Shiro desviou o olhar friamente enquanto respondia—deixando Sora de fora da conversa. Mas Plum parecia satisfeito, como se tivesse resolvido o maior dos enigmas.
—Ahhh… Então é por isso que o encanto da rainha não funciona… Huhhh, huhhhh!
Enquanto estivessem neste mundo, os irmãos deveriam ser suscetíveis aos espíritos, mas não eram afetados pelo encanto da rainha. Com o feitiço de Plum, a definição de amor romântico deveria ter sido implantada como o que Sora sentia, e ainda assim sua experiência não mudou. E isso significava—
—Ei, Shiro, o que tá pegando?
Sora parecia meio lento para entender, mas Shiro desviou o olhar.
—A-agora, lancei meu feitiço como prometiiiii. S-suor, por favooor! 🎵
—…M-mghh, bom, acho que não posso reclamar, né?
Enquanto Sora estendia a mão, Plum pulou nela com um “obrigadooo”.
—Parece que o feitiço realmente havia sido lançado. Não havia razão para Plum mentir. Mas nada havia mudado.
—…O que isso significa? Nem magia consegue me fazer capaz de amar? É a vontade do cosmo?
Enquanto Sora resmungava, completamente desapontado, Shiro permaneceu em silêncio.
—Uhhh! ♥ É issooo! Ahh, que delíciaaa. O que é issooo?! ♥
Olhando para o pervertido fazendo uma cena enquanto lambia as costas de sua mão, Sora revirou os olhos e perguntou:
—…Ei, Shiro… o que é amor?
—…Não sei…!
Desviando o olhar—Shiro corou levemente.