Volume 1 - Capítulo 3

Vera se assustou, como se tivesse sido eletrocutada, e olhou para Cayena.

Cayena alguma vez tinha sido tão amigável com um de seus servos?

— Suas mãos estão rachadas”, — disse Cayena. Agarrando a mão de Vera e olhando ao redor.

Vendo os próprios dedos retos e delgados de Cayena, Vera quis esconder as mãos atrás dela de vergonha.

— Você deve ter sofrido muito.

— … de maneira alguma, Vossa Alteza.

— Você já ouviu o termo“a vida passando diante de seus olhos”?

Cayena puxou Vera para se sentar na cama.

— No momento em que bebi o veneno, realmente pensei que iria morrer. Naquele momento, pensei nas pessoas que me apoiaram. Então, me lembrei de você, que trabalhou tanto para mim todo esse tempo.

Até agora, ela tinha sido a serva fiel de Rezef, acreditando que ele a reconheceria um dia. Ela acreditava que quando Rezef se tornasse o imperador, ele reconheceria e apreciaria seu verdadeiro valor.

No entanto, seu desejo não foi realizado até agora, e só iria continuar a ser adiado.

Cayena era como uma pessoa que saía direto do coração de Vera e lhe dizia as palavras que ela tanto queria ouvir.

— Espero não chegar tarde demais para dizer isso, mas obrigada, Vera.

Os olhos de Vera rapidamente ficaram vermelhos. 

— Que absurdo…

Ela pensou em todos os problemas que ela havia passado. Cayena abraçou Vera suavemente e deu um tapinha em seu ombro, como se ela a entendesse. Vera não conseguiu conter as lágrimas.

— Não chore. Ainda temos muito tempo juntas. Eu gostaria que nos déssemos bem.

Vera se obrigou a engolir os gritos e soluçou.

Cayena não a afastou, mas continuou a abraçá-la e apoiá-la. Em seguida, ela se dirigiu às outras damas da sala, que também estavam com os olhos vermelhos de tanto chorar, e pediu uma toalha molhada.

— Obrigada a todos. É apenas devido aos seus esforços que ainda estou viva.

— Não, Alteza!”

Todas as senhoras na sala caíram no chão, curvando-se. Vera ficou com vergonha de não conseguir conter as lágrimas. Cayena percebeu seu desconforto e suspirou enquanto sorria.

Ela perguntou as outras damas de companhia. 

— Hmm. Tem alguém aqui que saiba acalmar Vera?

Todos caíram na gargalhada com o comentário dela. A atmosfera na sala rapidamente se tornou quente e suave.

— Todo mundo tem um coração tão terno, — disse Cayena.

Elas sorriram sem jeito e timidamente com suas palavras. Era agradável ser elogiado tão calorosamente por seu superior Elas perceberam, então, que Cayena tinha um ponto fraco é que ela poderia ser legal.

Era exatamente o que Cayena pretendia

— Agora, aposto que você se sente um pouco envergonhada de olhar para mim, então pode dar um tempo, Vera. Mas antes disso, preciso de roupas novas. As minhas velhas parecem ter se transformado em lenços.

Todos riram de sua piada quando o rosto de Vera ficou vermelho.

— Vossa Alteza! — Cayena riu e confortou Vera, quando de repente, ela se enrolou e começou a tossir alto.

As damas de companhia lembraram que Cayena ainda era uma paciente. Assustadas, elas começaram a gritar.

— Sua Alteza! 

— Chame um médico, rápido! — Mais uma vez, começaram a olhar para Cayena como uma paciente que precisava de cuidados. Seus sentimentos eram tão superficiais.

Cayena seguiu pacientemente as suas instruções.

— Você nunca deve se permitir ficar estressada, — disse o médico que entrara em seu quarto.

Naquele breve momento, a energia de Cayena foi drenada de forma surpreendente.

— Você vai ficar bem com um pouco de descanso, — disse o médico, como se Cayena não estivesse em estado grave, mas ela não parecia muito melhor do que antes.

A expressão das mulheres também ficou sombria. Se houvesse um problema com a princesa, não havia como elas evitarem ser repreendidas.

— Princesa, o Príncipe Rezef está pedindo para ver você. Devemos permitir que ele entre?

“Finalmente está aqui…!”

O momento em que Rezef pediu para vê-la.

— Isso é bom.

Cayena se levantou novamente de onde estava deitada. Qualquer um podia ver que era demais para ela. Ela não podia e não devia se levantar.

Mas ela tinha que fazer isso, porque ela estava prestes a enfrentar o verdadeiro culpado de seu incidente de envenenamento: seu irmão mais novo.

“Ele não pretendia me matar, mas pretendia incriminar alguém pelo crime.”

Ela realmente estava sendo usada por Rezef. O apelido — Marionete — combinava bem com ela.

A porta se abriu e um jovem bonito de olhos azuis e cabelo loiro entrou.

— Anunciando Sua Majestade, Príncipe Rezef.

Todas as damas de companhia baixaram a cabeça e olharam para ele com olhos inquietos.

Rezef Hill era meio-irmão de Cayena, o segundo protagonista masculino e o futuro imperador do Império Eldaim. Ele era uma pessoa moralmente depravada que matou o imperador para assumir o trono.

Apesar de sua bela aparência, ele era mais sádico do que qualquer outra pessoa.

O imperador tinha sangue-frio até com seus filhos. Chegou ao ponto de que se os outros vissem como ele interagia com eles, eles nem pensariam que eram seus filhos.

Ele foi especialmente severo com Rezef. O imperador se recusou a compartilhar seus poderes com seu filho.

Tendo crescido sob esse tratamento frio, Rezef naturalmente cresceu para ser um tirano.