
Capítulo 26
Sobrevivendo no Jogo como um Bárbaro
『 Tradutor: MrRody 』
— Ainar. Sempre que algo acontecer, considere primeiro o pior cenário possível.
Basta olhar o que aconteceu mais cedo, quando ficamos esperançosos por encontrar acidentalmente aventureiros humanos. A vida nem sempre funciona como queremos.
— A única razão pela qual conseguimos fugir foi porque ela nos deixou ir. Ela deve ter pensado que, se quisesse, poderia nos pegar facilmente. Então é cedo demais para baixarmos a guarda.
A explicação estava começando a ficar longa apesar de mim mesmo.
Vamos ao ponto principal.
— Nesse momento, ela deve estar…
— Observando você de perto.
Mãe do céu…
Parecia que ela estaria no mínimo a caminho aqui. Aparentemente, havia outro fundo do poço abaixo do fundo do poço. Ou talvez eu não fosse tão esperto quanto pensava.
— Bjorn!
Enquanto Ainar e eu deixávamos nossas mochilas de lado e nos preparávamos para lutar, a mulher emergiu da escuridão, mais uma vez sem máscara.
— Desculpe, bárbaro.
…O que há com essa vadia sinistra?
— Ainda assim, sua batalha anterior foi impressionante.
Apesar da habilidade do gnomo, parecia que ela havia nos observado por um tempo… mas isso não fazia sentido lógico.
— …Por que você não apareceu antes?
Levou alguns minutos para que eu conseguisse me mover novamente depois de beber a poção. Então, por que ela não veio atrás de mim durante esse tempo?
Enquanto esperava por uma resposta…
— Ahhh!
O cara de cabelos loiros pulou do chão e começou a correr com toda sua força. Ainar e eu não reagimos a tempo de impedi-lo porque estávamos focados na vadia psicopata. No entanto…
Thud.
Uma coisa fina similar a uma agulha voou em linha reta e perfurou o pescoço do homem de cabelos loiros.
Poderia estar envenenada? Apesar do ferimento leve, seu cabelo loiro tremulava como os galhos de uma ipê e logo ele caiu inerte.
Foi nesse momento que percebi que não era hora para fazer perguntas descontraídas como ‘como’ ou ‘por quê’.
— Ainar!
Conversas prolongadas não eram necessárias entre nós. No momento em que chamei seu nome, Ainar se impulsionou do chão e avançou como se estivesse apenas esperando meu sinal. Eu fiz o mesmo.
“Se não dá para fugir, não há escolha a não ser lutar!”
Puff!
A vadia saqueadora facilmente desviou da grande espada de Ainar se abaixando. Então ela bloqueou simultaneamente meu mangual com uma adaga enquanto ele vinha em direção a ela.
Clang!
O que…
Quantas essências ela havia engolido? A adaga que bloqueou minha maça estava completamente intacta. E, quando a mulher exerceu mais força, fui empurrado impotente para trás.
— Pare com essa luta sem sentido, bárbaro.
Bem. Isso parecia um pedido muito difícil.
“Mesmo que seja inútil…”
— Behelaaah!
Eu era um bárbaro. E, claro, minha mente ainda não tinha esquecido meu tempo como membro da civilização moderna.
Clang!
Eu estava constantemente com medo, não havia sinal de que minha tolerância à dor estivesse melhorando, e eu ainda pensava em uma maneira de fugir em cada situação. No entanto, havia uma coisa sobre mim que era a mesma dos bárbaros.
Clang!
Se houvesse apenas um caminho possível à frente, eu escolheria seguir em frente – sem hesitação.
Clang!
Enquanto minha maça colidia com sua adaga, eu a descartei e tentei uma derrubada. Como esperado, ela não se moveu.
“Por que uma aventureira aleatória é tão forte? Eu reclamei inconscientemente.”
Ainda assim, mesmo que eu não conseguisse derrubá-la, eu poderia usar minha determinação para detê-la.
— Ainar! Agora!
Antes mesmo de terminar de gritar, a grande espada de Ainar já estava balançando em uma linha perfeitamente reta. Pela primeira vez, a saqueadora, que estivera impassível durante todo o encontro, mostrou algum lampejo de emoção. Surpresa, ou irritação.
Hmm, ou talvez fosse raiva.
Stab!
A dor irrompeu em minhas costas.
Ela me esfaqueou na espinha? Mas o que aconteceu com minha armadura?
Antes que eu pudesse questionar o que estava acontecendo, a força abandonou meu corpo.
【Você está agora sob o efeito de Paralisia】
Tentei agarrar suas calças e me segurar de alguma forma, mas meu corpo, que era capaz de se revoltar como um monstro mesmo enquanto esfaqueado no pescoço, não ouviu.
Stab!
Então, um momento depois, o som de carne sendo perfurada foi ouvido novamente.
Clang!
Com esse som, a grande espada de Ainar caiu no chão. Quando movi os olhos para cima, vi uma adaga enterrada no pulso de Ainar. Pensei se esse seria o nosso fim…
Mas mesmo quando estava com dor, Ainar não parou.
— Ahhh!
Tendo perdido sua arma, em vez de seu braço direito paralisado, ela balançou seu punho esquerdo. Vendo seu espírito de luta, percebi novamente… Por que os bárbaros, que não eram diferentes de humanos grandes em aparência, eram tratados como monstros.
No entanto, essa não era uma boa luta para ela.
Puff!
A mulher escapou do punho com uma manobra evasiva e não parou por aí, em vez disso, agarrou o pulso de Ainar, torceu-o e…
Boom!
…a jogou no chão.
Ainar imediatamente se impulsionou do chão e tentou se levantar, mas continuava escorregando e caindo. Seu braço tremia e seus tendões estavam tensos. Ao ver isso, a mulher soltou um suspiro apático.
— Desista. Não há nada que você possa fazer depois de ser paralisada pelo veneno de um basilisco.
Isso era como uma sentença de morte. Minha mente ficou em branco e meus olhos escureceram.
Equipamento, habilidades, experiência… Havia uma diferença marcante e insuperável entre nós em todos os aspectos.
Não importava o quanto eu girasse as engrenagens na minha cabeça, não conseguia pensar em nenhuma maneira de reverter a situação. Mas justamente quando a palavra ‘morte’ estava se estampando em minha mente…
— Por isso vocês deveriam ter ouvido quando lhes dei a chance.
… a mulher se inclinou, soltou o punho apertado que eu tinha na barra de sua calça, e disse secamente. — Bárbaros, jurem que não falarão sobre o que aconteceu hoje para ninguém. Então eu vou lhes poupar.
…O quê?
Após esse anúncio, seguiu-se um breve silêncio. Então, a mulher abriu a boca.
— Eu ia fazer essa oferta antes de vocês fugirem. Eu devo algo ao seu povo.
Eu pude sentir instintivamente que aceitar esse acordo era a única maneira de sobreviver, mas… eu não conseguia entender.
— Não quero matar um bárbaro com minhas próprias mãos se puder evitar. — Explicou brevemente a mulher enquanto eu levantava desesperadamente a cabeça.
“Com minhas próprias mãos…”
Foi por isso que ela apenas ficou observando enquanto o homem de cabelos loiros me atacava? Porque ela queria deixar que outra pessoa resolvesse sua bagunça?
— Bjorn… as palavras da saqueadora… não acredite nelas… ela está apenas brincando conosco.
“Mas mesmo que você diga isso, não temos escolha.”
Se ela brincasse conosco e depois nos matasse, ou apenas nos matasse… Não havia diferença de qualquer maneira.
Cuspi o sangue que tinha alcançado a parte de trás da minha garganta e perguntei. — Se eu recusar a oferta, o que você fará…?
— Vou te matar, é claro. Esse era o nosso acordo desde o início.
— Acordo… com quem?
— Isso não é para você saber. — Sua voz era a mesma de sempre, mas de alguma forma parecia um pouco mais áspera. — Escolha. Vou te dar algum tempo…
— Juro pela minha honra como guerreiro.
Não foi necessário tempo. Não era como se houvesse outras opções.
— …Sem dúvida, você é um pouco estranho.
A saqueadora olhou para baixo para mim por um momento com um olhar estranho nos olhos e então borrifou algo.
Chhhz.
Senti uma dor familiar. Era uma poção.
【Você consumiu uma Poção de Recuperação (Maior).】
【O efeito de Paralisia foi removido.】
Meus músculos tensos começaram a relaxar e a força gradualmente começou a retornar ao meu corpo. A mulher desviou o olhar de mim e perguntou: — Senhora bárbara, o que você vai fazer?
Ainar deu uma resposta após uma breve pausa.
— …Eu recuso.
— Entendo.
A mulher não perguntou novamente. Apenas assentiu levemente. No entanto, suas intenções eram claras como a luz do dia a partir daquela única ação. Ela não sacou sua arma, nem representou uma ameaça física, mas…
Essa mulher ia matar Ainar agora.
E para evitar isso, só havia uma coisa que eu podia fazer.
— …Ainar, faça o juramento.
— Bjorn?
— Você não disse que me obedeceria, não importa o quê?
— Ainda assim, o juramento de um guerreiro é…
“Caramba, o que há de tão importante sobre o orgulho?”
— Ainar, segunda filha de Fenelin!
Ainar ficou tensa com meu grito. Eu abaixei minha voz, olhei nos olhos dela e falei calmamente.
— Confie em mim. Esta é a decisão certa.
Depois de um breve silêncio, Ainar lutou para abrir a boca.
— …Está bem. Eu juro.
— Escolha inteligente.
Depois que Ainar fez o juramento, a saqueadora a curou usando outra poção. Isso era uma verdadeira situação de cenoura e chicote. A sensação de ser forçado a escolher entre eles era a mesma.
Nojento e repugnante.
Assim que o tratamento terminou, a mulher se virou para sair quando decidi fazer uma pergunta a ela.
— …Qual andar?
Para essa pergunta aleatória, a mulher inclinou a cabeça por um momento e deu uma resposta breve.
— Andar oito.
É claro, muito mais alto do que o andar cinco.
Não é de admirar que ela fosse tão forte, mesmo sendo uma saqueadora. Mesmo que houvesse dez de mim, não seríamos páreo para ela.
“Mas…”
Fechei os olhos.
Enquanto assistia à psicopata desaparecer da minha visão como fumaça, fiz uma promessa a mim mesmo. Da próxima vez, as coisas seriam diferentes.
— Ainar, você está bem?
— …Estou bem. Posso me levantar sozinha.
Ainar afastou minha mão e se levantou por conta própria. Perguntei-me se ela estava decepcionada comigo, mas talvez a pessoa com quem ela estava decepcionada fosse ela mesma, não eu.
Afinal, os bárbaros eram honestos até demais.
Decidi deixar Ainar e a expressão complicada em seu rosto sozinha por um tempo e avaliar meu estado atual.
“Primeiro, essa coisa…”
Clique!
Tirando a armadura e verificando as costas, pude ver que havia um buraco do tamanho de uma adaga nela. Tinha penetrado muito limpo.
“…Será que ela é uma Auror?”
Maldição.
Por que tivemos que encontrar um monstro como esse no segundo andar, sem mencionar em algum lugar tão amplo e vasto como a Terra dos Mortos? Que tipo de situação de merda era essa?
Tudo o que eu conseguia pensar era que precisava ficar mais forte o mais rápido possível. Se eu fosse para casa ou não, essa era a única maneira de me proteger neste mundo podre.
— Bjorn, o que vamos fazer agora?
— …Descer para o primeiro andar.
A Terra dos Mortos não era um mau terreno de caça. Mas não tinha intenção de ficar aqui com aquela louca vagando por aí. Podíamos voltar se eu mudasse de ideia.
— Certo… Entendi.
Ainar, desanimada, seguiu minhas instruções sem argumentar. Terapia não era minha especialidade, mas…
“Ha… Pelo menos devo dizer algo quando chegarmos lá embaixo. Parece que o mundo dela acabou.”
— Siga-me.
Evitando a maioria dos encontros evitáveis, seguimos as marcações. Depois de cerca de seis horas, finalmente conseguimos voltar para o portal que levava ao primeiro andar.
Thud…!
Mais uma vez, pousei bem enquanto Ainar rolava pelo chão, e muito mal também. Mas ela se levantou lentamente como se nada tivesse acontecido.
— …Isso não doeu?
— Doeu.
— Mas por que…
— Como eu não sou uma guerreira, não mereço sentir dor.
…A situação era muito pior do que eu pensava. Será que era realmente tão vergonhoso implorar pela sua vida? Bem, tinha sido a mesma coisa no jogo também.
— Um, Ainar…?
— O que foi?
— O guerreiro mais forte é aquele que vive para ver outro dia. Em vez de as coisas acabarem com uma derrota, abrimos a possibilidade de uma vitória futura!
— Não consigo entender o que você diz quando usa tantas palavras. — Embora mantivesse meu tom deliberadamente alegre, a voz de Ainar ainda estava sombria. — No entanto, acho que entendi o que você quer dizer com ‘o guerreiro mais forte é aquele que vive para ver outro dia’.
— E-É mesmo?
— Ser capaz de superar tal humilhação e o desejo de cometer suicídio a todo momento deve tornar alguém um guerreiro forte. Assim como você, Bjorn.
“Não, eu não tenho nenhum desses pensamentos…? Cometer suicídio? Não é como se eu fosse um samurai.”
Isso não era o que eu havia originalmente querido dizer, mas não havia necessidade de entrar nisso agora.
— Ainar, você consegue.
— Não sei se conseguirei suportar essa dor… mas vou tentar.
— Sim, um dia você vai compensar por essa desgraça.
Com meu apoio sincero, continuamos nos movendo. E depois de decidir acampar em um local adequado, deixei Ainar dormir primeiro.
— Vou te acordar em duas horas.
— …Aceitarei sua gentileza desta vez.
Gentileza…
Sua suposição estava meio certa e meio errada.
【07:39】
No quesito tempo, era a manhã do terceiro dia. Eu não tinha dormido por mais de vinte horas. Depois de tudo pelo que passamos, a fadiga mental que eu sentia era enorme. Mas eu sabia que mesmo se fechasse os olhos, não conseguiria dormir por um longo tempo de qualquer maneira.
Não era como se estivesse sendo conduzido por emoções tão extremas quanto as de Ainar, mas… eu ainda me sentia sujo.
Era como a dor de beber uma poção. Não importava quantas vezes eu sentisse aquela sensação, nunca me acostumava.
Chomp!
O momento em que fui salvo por aquele loiro e seu grupo tinha sido semelhante. A sacerdotisa tinha olhado nos meus olhos e se recusado a me tratar. O espadachim tinha jogado a poção em mim como se fosse um desperdício. Mas apesar de tudo isso, eu tinha tomado a poção mesmo assim, bebendo-a enquanto estava deitado no chão como um cachorro.
Claro, eu estava feliz por ter sobrevivido, mas…
Mesmo assim, emoções difíceis de descrever também surgiram dentro de mim.
— Ruff…
Deixei escapar um longo suspiro na tentativa de dissipá-las.
“O que diabos estou fazendo agora? Não é do meu feitio ser influenciado por minhas emoções. Talvez seja hora de usar aquilo.”
Fechei os olhos e lembrei-me do conselho dado por alguém que admirei quando criança.
— Lembre-se, você não é nada. Você nunca será especial.
Era um feitiço mágico que sempre me fazia sentir um pouco melhor. Sim, vamos usar até esse sentimento como combustível, assim como sempre fiz.
Isso seria um pouco mais eficaz.