Capítulo 47
A Empregada Secreta do Conde
“Vamos, senhorita.”
“Por que de repente?” Violet olhou alternadamente para sua babá e seu pai, sem saber o que estava acontecendo e parecendo confusa. Observando Violet, seu pai de repente explodiu.
“Quando voltarmos para a mansão, você ficará de castigo e não sairá por um tempo!”
“P-papai.”
De repente, a dureza nos olhos de seu pai mudou, substituída por um flash de raiva. Ele desceu as escadas com firmeza. Ao chegar ao fundo, Vincent estava à sua frente, com Ethan ao seu lado, usando uma expressão preocupada.
Após lançar um olhar breve para Vincent, seu pai levantou a mão rapidamente. Em um piscar de olhos, um golpe certeiro atingiu o rosto de Vincent.
Páá!
O som ecoou, e Vincent cambaleou, acabando por cair. Assustado, Ethan o segurou. Testemunhando isso, todos ficaram horrorizados.
Violet gritou e correu escada abaixo, seguida de perto por sua babá. Paula também tentou seguir, mas Lucas interveio, bloqueando seu caminho e impedindo-a de descer mais.
No entanto, com uma expressão desconcertada, Paula olhou para ele, apenas para encontrá-lo balançando a cabeça.
No fim, ela não teve escolha a não ser observar a situação ansiosamente.
Violet correu até Vincent, verificando sua condição e perguntando se ele estava bem. Então, ela se virou para seu pai.
“Papai, o que há com você?”
“Como ele ousa me enganar e se encontrar com minha filha!”
“O que você está dizendo? Enganar?”
“Como ele ousa zombar de nossa família e esconder o que realmente é! Como ele pôde esconder sua cegueira? Como ele ousa olhar para minha filha com desprezo!”
Um grito trovejou. Violet não conseguiu esconder sua expressão assustada, e Paula também não. Parecia que a raiva dele desde que chegaram ali era por esse motivo. A expressão de Ethan eventualmente ficou sombria, como se antecipasse o que viria a seguir.
Enquanto isso, Vincent conseguiu se levantar apesar de seu corpo torcido. A área onde foi atingido pelo pai de Violet estava vermelha. No entanto, seu rosto estava mais calmo que o de qualquer outra pessoa ali.
“P-papai. Por favor, não faça isso,” implorou Violet, suas mãos tremendo enquanto agarrava o braço do pai. Sua voz tremia enquanto falava com ele, mas ele a sacudiu para longe. Quando Violet perdeu o equilíbrio e caiu, a babá correu e a apoiou.
“Leve-na imediatamente! E quando voltarmos, considerem isso um rompimento de noivado!”
“Papai!”
Quando Violet gritou, seu pai lhe lançou um olhar afiado. Ela se encolheu, abaixando o olhar em medo, seu corpo trêmulo se sacudindo ainda mais. Mas ela reuniu coragem e balbuciou.
“Eu não quero romper o noivado.”
“O que há de errado com você, constantemente associando-se a esse sujeito? O que você pode ganhar ignorando seu marido cego, incapaz de ver o que está à frente? Ou você está apaixonada por ele, querendo trazer vergonha para a família?”
“Não, papai! Não, eu nunca traria vergonha para a família. Eu só… eu amo Vincent.”
“Você é uma tola.”
“…”
O pai de Violet estalou a língua, e Violet se encolheu novamente.
“Eu suponho que, como você foi tão gentil com ele, ele se tornou tão arrogante que se agarrou ao noivado e não o cancelou”
“Mas…”
“Eu não quero ouvir isso! Feche a boca!”
Um grito alto abafou suas palavras.
“…”
Violet apertou fortemente os lábios, seu rosto contorcido à beira de chorar a qualquer momento. A babá a abraçou, oferecendo-lhe consolo.
Então aconteceu.
“Eu vou romper esse noivado.”
A súbita explosão de palavras quebrou a tensão. Todos os olhos se voltaram para Vincent, que havia se levantado. Ethan, ao seu lado, cobriu o rosto com uma mão e fechou os olhos com força, um gesto que sugeria que ele não suportava mais ver essa situação.
Apesar da turbulência, Vincent manteve uma expressão calma enquanto falava.
“Eu farei o que você disse”
“Vincent!”
Apesar do pedido desesperado de Violet, ele não mudou de ideia. Quando Violet se aproximou dele, desconcertada, agitando-o e implorando para que ele não fizesse isso, ele não respondeu. Por fim, ela enterrou seu rosto em seu peito e começou a chorar.
“Já chega. Vamos voltar.”
“Não. Eu disse que não vou romper o noivado.”
“Então você terá que deixar a família. Você consegue fazer isso?”
“Eu consigo.”
“Violet.”
Vincent levantou ambas as mãos e tocou suavemente o rosto de Violet. Com os olhos cheios de lágrimas, ela abaixou o olhar.
“Essa vida comigo significa viver sem o apoio da família, sem a babá que você tanto ama, ao lado de um marido cego. Você passará sua vida comigo, me servirá, viverá isolada sem interagir com os outros. Você terá que abrir mão das coisas que ama por minha causa. Os olhares das pessoas irão seguir você por onde quer que vá. Eu não poderei perceber quando você estiver machucada, nem poderei te proteger. Eu só poderei tatear desajeitadamente com as mãos.”
“…”
“Essa é a vida comigo. Você realmente consegue lidar com essa vida?”
Violet abriu a boca, mas dessa vez não conseguiu encontrar uma resposta fácil. Seus olhos violetas brilharam, a hesitação roubando sua voz. Lágrimas escorriam por suas faces delicadas.
Como se entendesse, Vincent sorriu e acariciou sua cabeça.
“Eu não quero que você faça isso. Então, volte.”
Com as lágrimas caindo sem parar, Violet assentiu. Suas mãos escorregaram das mãos de Vincent.
“Vincent!”
“…”
Eventualmente, ela foi arrastada para fora, enquanto se agarrava a governanta. A babá as seguiu. Os gritos misturados com soluços gradualmente se afastaram até pararem abruptamente.
O pai de Violet deu um olhar para Vincent, seus olhos afiados ainda repletos de raiva, e seus lábios apertados não conseguiam esconder seu desconforto.
“Espero que cumpra sua palavra.”
“…”
“Me enganar é imperdoável, mas considerando minha conexão com seus pais, vou deixar passar dessa vez. Não se atreva a se aproximar mais da minha filha.”
Com essas palavras, o pai de Violet se virou e saiu apressadamente.
Enquanto o pai de Violet se afastava, o que antes era um salão barulhento agora ecoava apenas com os passos. Aproveitando a distração, parecia que James também havia saído, descendo as escadas. Ele olhou ao redor, observando o ambiente silencioso. Exceto por Vincent, todos os olhares estavam voltados para ele.
A condição de Vincent era um segredo bem guardado. Embora não existam segredos completos, ele havia sido cuidadosamente monitorado para garantir que permanecesse oculto por mais um dia. Os únicos que sabiam desse segredo eram as pessoas que estavam naquela sala e aquele homem ali, James Christopher. Instintivamente, todos sabiam quem estava por trás daquela comoção.
James ajustou casualmente suas roupas e começou a caminhar. Ao passar por Paula e Lucas, seu olhar afiado caiu sobre Lucas. Lucas apertou mais a mão trêmula de Paula. Felizmente, James desceu as escadas sem dizer uma palavra.
Uma vez a sós, James seguiu diretamente para Vincent. Em um momento de surpresa, Ethan se aproximou e bloqueou James.
Tentando dissipar a atmosfera pesada, Ethan sorriu e disse: “Você já está indo embora?”
“Sim. Não há razão para ficar mais tempo.”
Enquanto respondia a Ethan, o olhar de James permanecia fixo em Vincent. Ethan se moveu sutilmente para bloquear a linha de visão de James.
Após olhar brevemente para eles, Paula e Lucas correram até Vincent. Ele estava olhando fixamente para a porta o tempo todo. Quando se aproximaram, seu rosto, congelado em silêncio, apareceu.
Paula hesitou por um momento antes de pegar suavemente o braço de Vincent. Mesmo assim, ele não se moveu. Mesmo quando Lucas o chamou, ele permaneceu do mesmo jeito.
“Mestre, vamos para o seu quarto.”
“… tá bom.”
Assim que Paula ouviu sua resposta, ela o apoiou, e ele se apoiou nela voluntariamente.
Quando se viraram juntos, Ethan e James, que haviam terminado a conversa, se aproximaram e pararam em frente a Vincent. Com um olhar audaz, James os observou, seus olhos carregando um toque de zombaria.
“Passeio interessante.”
“…”
Paula olhou de volta, sem se intimidar, recusando-se a apoiar o vilão à sua frente. As intenções dele, evidentes desde a atitude dele ao chegarem e agora com suas ações, estavam claramente irritando-a.
Claro, Paula também tinha medo de James. A cautela necessária com indivíduos perigosos martelava em sua mente. Mas, naquele momento, sua raiva aumentou tanto que ela ignorou até mesmo essa cautela.
Enquanto ela o encarava desafiadoramente, James estreitou os olhos. Parecia incomodado pelo fato de uma simples empregada ousar olhá-lo diretamente. Justo quando seu rosto começou a se contorcer, Ethan interveio.
“James.”
O olhar descontente de James se afastou de Paula.
“Onde você deixou a carruagem?”
“Lá fora.”
“Vou te acompanhar. Vamos.”
“Certo.”
James olhou para trás uma última vez. Finalmente, Paula abaixou a cabeça. Embora suas têmporas estivessem latejando, logo o som dos passos de James se afastou pela porta. Quando ela levantou a cabeça, viu Ethan suspirando aliviado.
“Eu posso perder meu emprego por causa da senhorita Violet.”
“Sinto muito.”
“Eu entendo. Mas por favor, não faça isso de novo,” ele sorriu levemente, embora sua voz carregasse um tom sério. Após dar uma olhada rápida em Vincent, ele se voltou para Lucas, que estava atrás de Paula. Então, olhou de volta para Paula e sorriu novamente.
“Conto com vocês dois.”
Com essas palavras, Ethan também saiu.
Já havia se passado um bom tempo desde o dia da confusão. A mansão estava estranhamente silenciosa, como se o tumulto tivesse sido nada mais que um sonho. Não havia sinais de pessoas ou vozes, e o silêncio era desconcertante, lembrando a primeira vez que ela havia chegado ali.
Paula caminhava pelo corredor deserto, com seus passos sendo o único som a quebrar o silêncio.
Desde aquele dia, Vincent havia sido confinado em seu quarto novamente, atormentado por pesadelos todas as noites. Embora os intervalos entre seus pesadelos tivessem aumentado recentemente, Paula ainda podia ouvi-lo gemendo durante o sono. Sempre que ouvia esses sons, estava pronta para correr até ele, mas ele nunca chamava. Em vez disso, ele suportava seu sofrimento sozinho.
Quando James havia visitado eles, Paula temia que Vincent fosse consumido por pensamentos sombrios, mas os dias seguintes provaram o contrário. Vincent manteve sua rotina habitual — comendo bem, tomando banho e ouvindo os livros que Paula lhe lia — embora continuasse confinado em seu quarto.
Paula se sentiu aliviada por ele parecer lidar melhor do que ela havia antecipado, mas esse alívio foi ofuscado por um sentimento mais profundo de apreensão. O fato de ele agir como se nada estivesse errado tornava a situação ainda mais assustadora.