A Empregada Secreta do Conde

Capítulo 46

A Empregada Secreta do Conde

À medida que se aproximavam da porta, o barulho ao redor deles aumentava. Entre as vozes da multidão, uma se destacava pelo tom de raiva. Curiosa com a agitação, Paula olhou para Ethan, que fez um gesto em direção às escadas. Seguindo seu exemplo, ela desceu rapidamente para o andar inferior.

Ao chegar ao salão central, Paula encontrou Isabella ali também. Ansiosa, Isabella olhou para Ethan e balançou a cabeça, com uma expressão que refletia alívio.

Do lado de fora, o barulho aumentava, indicando que a porta poderia ser aberta a qualquer momento.

“O que devemos fazer?”

“Por enquanto, deixe-me tentar ganhar um tempo.”

Ethan se aproximou da porta, com Isabella o seguindo a cerca de dois passos atrás. Paula os observava com curiosidade.

De repente, alguém agarrou a mão de Paula. Ela se virou e encontrou Lucas ali.

“Senhor Lucas?”

Mas seu semblante estava pálido.

“Você está se sentindo mal?”

“Paula.”

“Sim?”

“Por aqui.”

Ele puxou sua mão, e embora ela perguntasse por que, ele permaneceu em silêncio, com uma expressão cheia de ansiedade enquanto a conduzia para o outro lado da porta. No entanto, ele não estava simplesmente caminhando; seu passo era mais parecido com uma corrida. Paula apressou-se ao lado dele, acompanhando o ritmo acelerado.

Depois de um tempo, ela ouviu murmúrios altos vindo de trás. Quando olhou para trás, Ethan estava frente a frente com dois homens, um mais jovem e outro mais velho. O rosto do homem mais jovem era familiar: James Christopher.

Olhou de volta para Lucas e notou que ele estava olhando fixamente para frente, sua mão tremendo enquanto segurava a dela.

Lucas subiu as escadas de forma descontrolada, depois desceu rapidamente. Após algumas idas e vindas desajeitadas, ele parou abruptamente. Parecia até ter esquecido o caminho para o quarto. Eventualmente, Paula assumiu a liderança e o guiou. Ao entrar no quarto, ele trancou a porta e fechou todas as cortinas da janela.

Com a luz do sol não entrando no quarto, Lucas desabou, afundando no chão enquanto segurava o batente da janela. Paula se aproximou rapidamente dele, preocupada.

“Você não está bem.”

“Eu fiquei um pouco surpreso.”

Lucas forçou um sorriso, mas ele desapareceu rapidamente. O medo estava estampado em seu rosto tenso enquanto ele soltava um suspiro profundo, passando as mãos pelo rosto. Paula esperou em silêncio até que ele se acalmasse.

“Paula.”

“Sim?”

“Você tem irmãos?”

Ela não entendeu por que ele de repente perguntou isso, mas respondeu mesmo assim.

“Sim, tenho quatro irmãos mais novos.”

“Muitos, hein. Parece uma família harmoniosa.”

Paula não fez questão de negar. Embora a maioria das pessoas considerasse ter cinco filhos uma bênção, a realidade para ela era diferente. As emoções que sentia ao descobrir a razão de seus nascimentos não eram nada além de miséria. Até mesmo os aldeões que cuidavam de sua família ficaram horrorizados.

“Os irmãos geralmente se dão bem, não é? Eles podem ser diretos um com o outro, mas quando estão juntos, é alegre. E quando estão separados, se preocupam.”

“Eu supondo que sim.”

Para irmãos normais.

“Eles não têm medo um do outro.”

“Provavelmente. Mas por que você está perguntando?”

“Paula. Eu tenho medo do James.”

Esse era o primeiro encontro de Paula com o nome “James Christopher,” mencionado por Lucas. Portanto, a pessoa que ela acabara de ver era, de fato, James Christopher. No entanto, ela ainda estava incerta sobre a identidade da outra pessoa que o acompanhava. A raiva palpável do homem mais velho só aumentava a confusão de Paula sobre a presença inesperada deles na mansão.

“James é meu irmão mais velho. Ele costumava ser calmo, inteligente e uma pessoa incrível, então até meus olhos jovens o viam como alguém respeitável e legal. Mas agora… eu tenho muito medo dele. Muito mesmo.”

“Por quê?”

“Porque ele é uma pessoa assustadora.”

Vincent mencionou algo parecido antes. Considerando a reação de Lucas, James deve, de fato, ser alguém formidável. Lucas estava tremendo de medo a ponto de não saber o que fazer.

“Eu pensei que conseguiria lidar com ele se ele viesse, mas é realmente aterrorizante. Mesmo dizendo a mim mesmo que conseguiria lidar com isso, que poderia fazer isso, não consegui suportar a ideia de enfrentá-lo. Então, eu fugi. Fiquei com medo de fugir sozinho, então trouxe você comigo.”

“…”

“Bem feio, não é?”

Lucas deu uma risadinha fraca.

Paula balançou a cabeça.

“Se você achar isso feio, então meu mestre não pode andar com a cabeça erguida.”

O mestre também é um covarde. Só finge o contrário.

Lucas explodiu em risos com a observação de Paula. Mas o riso ainda carecia de força, e a mão sobre sua testa tremia.

“Às vezes, eu só quero jogar tudo para o alto e fugir. Para um lugar distante onde ninguém me conheça.”

“Isso soa bem. Vá para um lugar com uma boa vista.”

“Você viria comigo, Paula?”

Paula piscou diante da sugestão repentina. Honestamente, parecia intrigante. Não seria uma má ideia, né?

“Seria uma honra.”

“Então vamos juntos.”

“Sim. Mas prometa me levar até lá depois.”

“Vamos agora.”

Lucas agarrou seu braço. Era uma determinação firme de levá-la junto, se ela desejasse. Paula sorriu, sentindo-se honrada apenas pelas palavras dele.

“Vamos agora.”

Ele disse novamente.

“Não agora, me leve até lá depois.”

“Por que não agora?”

“Eu tenho algo para fazer agora.”

“Você gosta do Vincent, Paula?”

Seu coração deu um salto, quase sufocando sua respiração. A atmosfera, que estava um pouco mais relaxada, ficou tensa instantaneamente.

Lucas se aproximou ainda mais dela.

“Se gostar, então desista.”

“Por que você está dizendo isso?”

“Você só vai se machucar, Paula.”

“Eu não entendo o que você está dizendo. Me deixe ir.”

Paula estava atônita com as palavras repentina de Lucas, sentindo uma mistura de medo e incerteza sobre o que ele sabia e por que ele havia dito aquilo. De qualquer forma, não era um assunto agradável. Ela tentou puxar sua mão para se soltar, mas ele apertou ainda mais seu aperto.

“Não esconda isso. Pelo menos admita que você está atraída por ele.”

“Senhor Lucas, por favor.”

“Vamos fugir, Paula. Juntos.”

“Vamos fugir, os dois. Deixe tudo para trás. Para um lugar bem distante. Onde ninguém esteja por perto.”

Ele sussurrou, segurando também o outro braço dela. Seus olhos castanhos brilhavam de desespero. A confusão de Paula aumentou ainda mais.

“P-por que você está dizendo isso de repente?”

“Porque eu quero que você venha comigo, Paula.”

“Senhor Lucas, por favor.”

“Você vai fugir comigo? Segurando minha mão trêmula, fracamente, juntos?”

Por que ele está dizendo essas coisas para mim? Ele quer zombar de mim?

“Eu falei sério quando disse que gostava de Paula.”

“I-isso é absurdo. Por que alguém como eu?”

Paula imediatamente rebateu, lutando para conter um riso nervoso. Mas ele sorriu tristemente e confessou seus sentimentos.

“Não tem uma grande razão para gostar de você. Eu só fiquei curioso e queria ver você. Estar com você me fazia feliz e alegre, e eu esperava que você continuasse ao meu lado no futuro. Por isso eu gosto de você, Paula.”

“…”

“Eu te amo.”1

Lucas abraçou Paula, beijando sua bochecha e sussurrando em seu ouvido mais uma vez. Sua voz úmida se infiltrou em seu coração, e Paula sentiu sua sinceridade ressoar por todo o seu corpo.

“E-eu…”

“Responda-me.”

Ele a apertou mais forte.

“Posso responder depois?”

“…”

“Agora não, mas depois… deixe-me te responder depois…”

Ele, que estava murmurando enquanto descansava seu rosto no ombro dela, de repente a empurrou para longe. Paula observou sua tentativa de sorriso, mas não conseguiu responder.

Momento depois, um som de batida na porta quebrou o silêncio.

“Lucas.”

Era Ethan. Lucas soltou seu braço com um sorriso forçado e se levantou, indo em direção à porta.

Ao abrir a porta e trocar algumas palavras breves com Ethan, Lucas furtivamente olhou para trás para Paula. Seus olhares se encontraram, e a expressão determinada dele desapareceu quando a porta se fechou.

Sozinha, Paula só pôde olhar para a porta sem expressão.

Recuperando a compostura, ela desceu de volta ao hall central, onde Ethan e Lucas estavam fora da porta aberta, encarando um homem.

Ethan estava conversando com James. Os dois pareciam compartilhar um vínculo semelhante ao de irmãos comuns, sorrindo na companhia um do outro. Era uma cena tranquila, ao contrário das expectativas de Paula.

A cada intervalo, os olhos de James encontravam os de Lucas, e sorrisos se trocavam entre eles. Embora se envolvessem em breves conversas, as risadas eram efêmeras, e sua interação parecia breve.

James deu um tapinha no ombro de Ethan e o puxou para um abraço, ao que Ethan respondeu com um sorriso desconfortável. Era um momento tocante, mas a atenção de Paula permaneceu fixada em Lucas. Seu comportamento, oculto da visão de James, traía uma sensação de determinação.

O mordomo se aproximou deles, trocando algumas palavras breves antes de conduzi-los à sala de estar. Enquanto Ethan conversava, James observava de perto, enquanto o mordomo, visivelmente desconfortável, permanecia em silêncio. Ambas as partes pareciam relutantes em ceder, indicando uma iminente confrontação.

Paula saiu da sala de estar primeiro, seu olhar vagando pela porta, enquanto ela silenciosamente esperava pela ausência prolongada de Vincent e Violet. Lucas se juntou a ela, com Ethan seguindo atrás.

Vincent e Violet retornaram de seu passeio e encontraram todos reunidos no salão central. Violet os cumprimentou calorosamente, com um grande sorriso no rosto.

“Por que todo mundo está reunido aqui?”

Lucas e Paula hesitaram, mas Ethan avançou para responder.

“O marquês Marguerite chegou.”

“Papai?”

Paula percebeu a identidade do outro homem naquele momento. Violet, que havia sorrido calorosamente momentos antes, agora parecia confusa.

“Por que ele veio aqui?”

“Por enquanto, suba. Eles estão na sala de estar. E Vincent, preciso falar com você.”

Ethan pegou o braço de Vincent e sinalizou para Paula, que rapidamente se posicionou ao lado de Violet. Seus olhos se encontraram, despertando memórias da noite anterior. Enquanto Paula estava momentaneamente congelada, Violet sorriu afetuosamente, como de costume.

“Por que o pai veio aqui? E por que de repente, sem aviso? Você sabe de algo, Paula?”

“Eu também não fui informada sobre os detalhes.”

“Hmmm, estranho.”

Paula forçou um sorriso enquanto olhava para Violet, inclinando ligeiramente a cabeça em resposta.

Enquanto subiam metade das escadas, encontraram alguém descendo na escada. Era o pai de Violet, o nobre, acompanhado de uma mulher idosa.

Ela o observou cautelosamente. Ele olhou para Violet e então colocou uma expressão séria. Enquanto Paula se mantinha alerta, Violet também percebeu o nobre e a mulher de meia-idade. Ela subiu correndo, sorrindo brilhantemente.

“Pai— Oh, babá? Por que a babá está aqui?”

O olhar do nobre permaneceu firme enquanto ele observava sua filha. A babá, que estava atrás dele, permaneceu em silêncio, seus olhos se movendo nervosamente enquanto aguardava seu comando. Sentindo que algo estava errado, Violet parou, fazendo com que o nobre finalmente falasse.

“Leve-a embora.”

“Sim, mestre.”

Sob o comando do nobre, a babá desceu as escadas e agarrou Violet pelo braço, conduzindo-a rapidamente para longe.

  1. T.T[]