A Empregada Secreta do Conde

Capítulo 41

A Empregada Secreta do Conde

“Me desculpe por te surpreender. Eu estava tão empolgada em ver a Paula florescendo ainda mais em beleza que acabei deixando de lado seus sentimentos.”

“Está tudo bem. Não precisa se desculpar.”

“Paula, me prometa que não vai dizer mais essas coisas, tá?”

Violet deu uma risadinha e estendeu a mão. Paula ficou olhando aqueles dedos delicados. Violet bateu palmas, o que fez Paula hesitar antes de estender a mão também.

Violet se levantou, segurando firme a mão de Paula enquanto ambas se levantavam das cadeiras.

O olhar de Paula foi atraído pelo rosto radiante e bonito de Violet, que sorria com tanta felicidade.

Paula abaixou a cabeça, tentando controlar o soluço que ameaçava sair. Seus olhos ardiam, e a sensação da mão de Violet entrelaçada com a sua era intensa.

“Bom, que tal focarmos em arrumar só a parte de trás? Eu não vou mexer na frente nem passar maquiagem, só a parte de trás. Seria uma pena não se arrumar tão bem. O que acha?”

“Hum, só a parte de trás então…”

“Sim, só a parte de trás! Eu prometo, não vou mexer na frente de jeito nenhum.”

Depois de repetir a promessa várias vezes, Violet se posicionou atrás de Paula com delicadeza. Com muito cuidado, ela tocou levemente a parte de trás da cabeça de Paula. O corpo de Paula se tencionou automaticamente; ela estava apreensiva que Violet pudesse mexer na franja. Pronta para fugir ao menor sinal de algo errado, Paula permaneceu em alerta.

Felizmente, Violet cumpriu a promessa e só tocou a parte de trás da cabeça de Paula.

“Paula também tem cabelo enrolado, igual a mim.”

“Olha,” ela disse, mostrando o cabelo. Como prometido, as pontas se enrolavam, dando um aspecto ondulado ao cabelo.

“É frustrante, às vezes eu invejo quem tem cabelo liso. Mas quem tem cabelo liso muitas vezes sente que ele falta volume, mesmo com os cuidados certos, então acabam invejando quem tem cabelo como o meu. Eu acho que tudo, em moderação, é bom. Mas Paula ainda tem uma vida mais fácil que a minha.”

“Desculpe.”

“Ah, Paula, você não tem nada para se desculpar.”

Paula ouviu uma risada alegre por trás dela e seus ouvidos começaram a coçar. Ela, distraída, mexia os dedos sem razão.

Violet trançou o cabelo de Paula na parte de trás, moldando-o com um toque gracioso. Pegou uma fita branca para prender o penteado e escolheu com cuidado um enfeite para dar um toque especial. Para alegria de Paula, era um laço que tinha sido dado a ela com muito carinho.

“Eu trouxe algo novo para você.”

“Eu gostei disso.”

“Eu trouxe muitos acessórios lindos. Vou te enfeitar com eles.”

Paula balançou a cabeça.

“Eu ficaria feliz se você usasse essa fita de cabelo para me enfeitar. Não acho que ela fique fora de lugar com o que estou vestindo agora, e eu realmente gosto dela. Essa é a minha maior preciosidade, e ficaria muito feliz se você pudesse me adornar com esse item tão querido.”

Violet sorriu ainda mais ao ouvir as palavras de Paula, pegou a fita e a prendeu na parte de trás da cabeça dela.

Depois de terminar de arrumar o cabelo de Paula, Violet se afastou e observou a garota à distância. Esse olhar inexplicavelmente deu força a Paula. Depois de a observar ficar imóvel por um tempo, Violet mostrou insatisfação, achando que ainda estava simples. Após uma breve pausa, ela bateu palmas e pegou várias caixas quadradas da sua bolsa.

Ao abrir as tampas, colares de pérolas com joias redondas no meio apareceram. Mas não eram apenas colares; também havia anéis e pulseiras. Involuntariamente, Paula se viu encantada por esses itens antes de se recuperar e balançar a cabeça. Ela percebeu que Violet estava tentando enfeitá-la com esses acessórios.

Mas Violet estava decidida; ela não ia abrir mão disso.

Enquanto colocava o colar ao redor do pescoço de Paula, Paula engoliu em seco.

‘E se eu perder isso?’

Seu pescoço parecia pesado com o peso do colar. Uma pulseira adornava seu braço, e um anel estava em seu dedo. Ficar cada vez mais difícil para Paula, engolir ou respirar. Apesar das várias reclamações de Paula sobre se sentir sobrecarregada, parecia que entrava por um ouvido e saia pelo outro, já que Violet estava totalmente focada na tarefa de enfeitá-la.

Violet olhou para Paula mais uma vez e sorriu satisfeita.

‘Será que finalmente acabou?’

Paula suspirou secretamente, desejando poder tirar os acessórios rapidamente. No entanto, Violet a levou até o espelho.

“E então, como ficou?”

“…”

Ali estava uma mulher desconhecida no espelho. Se não fosse pela franja cobrindo o rosto, Paula não se reconheceria. Ela olhou para seu reflexo e abriu a boca, surpresa.

‘A mulher no espelho não sou eu.’

Seu cabelo trançado e preso com a fita estava perfeitamente arrumado, e as tranças restantes caíam naturalmente após serem habilidosamente amarradas.

O vestido rosa realçava sua figura de forma impecável. A cintura estava ajustada, graças ao efeito do espartilho, e o cordão rosa que a prendia acentuava a silhueta. A parte inferior do vestido estava volumosa, criando a ilusão de uma cintura ainda mais fina.

As luvas nas mãos, as meias brancas discretamente reveladoras e os sapatos rosa, adornados com um pequeno laço no meio, harmonizavam-se perfeitamente. Colares, pulseiras e anéis adicionavam um toque de elegância, elevando o que poderia ser um visual simples.

Paula ficou olhando para o espelho e levantou a mão. A mulher no espelho fez o mesmo gesto. Com a outra mão, Paula levantou a barra do vestido, tocando a renda ao redor de seu ombro. A renda na parte inferior das mangas se espalhou abundantemente para baixo. Enquanto observava esse reflexo, ela tirou o colar e ajeitou o cabelo atrás. A mulher no espelho imitou cada movimento.

‘Realmente sou eu.’

“Você está bonita.”

“… sim. Ah, não. É o vestido.”

Violet deu uma risada divertida com a resposta de Paula. Paula falou com sinceridade. Violet entendeu, mas não parou de rir.

Essa situação era estranha, mas fascinante. Era a primeira vez de Paula usando uma roupa assim. Ela achou que ficaria parecendo mais jovem por ser rosa, mas, na verdade a fez parecer mais madura.

‘Será que sou eu mesma?’

Agora ela entendia porque Violet tinha ficado decepcionada com sua franja; realmente, ela chamava bastante atenção. Paula, distraída, mexia na franja e tentou afastar os pensamentos.

A imagem no espelho era tão encantadora que continuava a distraí-la. Nesse momento, houve uma batida na porta. Assim que Violet autorizou a entrada, a porta se abriu e Lucas entrou.

Ele se aproximou de Violet, segurando uma caixa quadrada, e parou. Seus olhos atentos estavam fixos em Paula, e ele a avaliou rapidamente de cima a baixo, com uma expressão vazia.

“… Paula?”

“Sim.”

E assim, Lucas congelou.

Quando Paula olhou para Violet, confusa, percebeu que Violet também o observava com uma expressão estranha. Em vez de ficar com Violet, Paula se aproximou de Lucas e pegou a caixa de sua mão. Passando-a para Violet, Paula sorriu repentinamente, alternando o olhar entre Lucas e Paula.

Violet virou Paula de volta para Lucas, segurando seus ombros.

“E então, como ela está? Bonita, né?”

“…”

Não houve resposta verbal, mas seus olhos estavam completamente fixos em Paula. Envergonhada, Paula alisou nervosamente a barra do vestido. O silêncio se arrastava, e Paula começou a se sentir cada vez mais desconfortável. Quando estava prestes a se virar para trocar de roupa, pensando que não estava tão ruim, ouviu uma voz suave.

“Você está linda.”

O rosto impassível de Lucas foi se iluminando aos poucos, e seus olhos castanhos suavizaram com bondade, como se mel estivesse escorrendo de seu olhar.

“Muito linda.”

“…”

De alguma forma, Paula ficou ainda mais envergonhada.

Ela mexeu distraidamente na nuca, que estava exposta sem motivo aparente, e virou o olhar para o lado. Violet estava rindo tanto que os cantos da boca se esticavam de orelha a orelha. Sentindo o peso do olhar quente, Paula abaixou a cabeça.

“Posso tirar agora?”

“Já? Fique um pouco mais assim.”

“Eu preciso ir limpar.”

“Ah, qual é. Que desperdício. Você devia ir a uma festa ou algo assim.”

Sinceramente, não era tão ruim assim. Paula apenas riu das palavras de Violet, sem dar muita importância. Mas Violet falava sério ao perguntar se Paula não poderia ir a alguma festa.

Paula balançou a cabeça imediatamente.

Ridículo.

Então, Violet sugeriu fazer uma festa ali mesmo. Paula reagiu horrorizada mais uma vez. Além dos vários problemas que viriam ao organizar uma festa de repente, ainda havia a questão de que não havia ninguém para convidar.

Violet ficou desanimada com a recusa. Parecia genuinamente decepcionada. De alguma forma, Paula se sentiu um pouco culpada. Mas era um problema sobre o qual ela não podia fazer nada.

Enquanto pegava o vestido que Paula havia tirado, Violet continuava murmurando sobre como era um desperdício. Então, do nada, Lucas deu uma sugestão.

“E se fosse só entre nós? Uma festa particular.”

E assim, uma festa improvisada para os três foi organizada.

Foi um encontro bem pequeno, com apenas Paula, Violet, Lucas e Vincent. Na verdade, mal podia ser chamado de festa. Mas, mesmo assim, Violet e Lucas ficaram animados e pediram que Isabella preparasse tudo imediatamente. Isabella, sempre calma, aceitou o pedido repentino sem problemas. Já Vincent, que soube da novidade tarde demais, ficou sem reação.

“Se alguém ver isso, vai pensar que a mansão é de vocês, não minha.”

“Qual o problema? É divertido.”

“Bom… coisas boas são coisas boas, eu acho.”

“…”

Ninguém conseguia deter aqueles dois quando já tinham tomado uma decisão.

O salão central do anexo foi escolhido como o local da festa. Isabella chamou as empregadas para decorar o espaço e pediu ao chef que preparasse a comida. Assim que a festa começasse, ninguém poderia entrar no salão sem aviso prévio. A comida seria trazida depois por Isabella ou pelo próprio chef. Além disso, Isabella ficaria encarregada de supervisionar tudo.

Paula até se ofereceu para ajudar nos preparativos, mas Violet rejeitou a ideia. Disse que o vestido de Paula poderia estragar e pediu para que ela não se preocupasse. No fim, Violet desceu sozinha para organizar tudo, com Lucas ao seu lado. Como Vincent não poderia participar, era preciso alguém para substituí-lo.

Assim, apenas Vincent e Paula ficaram no quarto. Paula mexia os dedos distraidamente. O vestido que usava era desconfortável, e isso a deixava inquieta. Apesar do barulho vindo de fora, sentia-se como se estivesse sentada sobre espinhos, sem nada para fazer.

Ela olhou para Vincent, que estava no outro canto da sala. Ele apoiava o queixo no braço do sofá, com o cotovelo escorado ali. A ponta brilhante de seus sapatos pretos balançava no ar. Usava um fraque que Lucas o obrigara a vestir, e seus cabelos dourados estavam presos para trás, deixando-o com uma aparência mais arrumada do que o normal.

“É sempre assim quando eles aparecem.”

“… desculpa.”

“Por que você está se desculpando?”

“Sinto que provoquei isso.”

“Você provavelmente incentivou dessa vez também.”

“Nem tanto.”

Vincent suspirou com as palavras de Paula e afundou ainda mais no sofá. Jogou a cabeça para trás e passou a mão pelo cabelo, que estava perfeitamente alinhado.

“Agora não tem mais jeito.”

Havia uma certa resignação no tom dele, mas não parecia realmente incomodado com a situação. Paula apenas torceu, em silêncio, para que nada desse errado.

“Por que você está tão inquieta?”

Sua inquietação parecia estar incomodando Vincent.

“Porque esse vestido é desconfortável. Desculpa.”

“Vestido?”

“Violet insistiu para que eu usasse, dizendo que era apropriado para a festa.”

‘Bem, tecnicamente, a culpa foi minha por concordar em vestir isso.’

Ao mesmo tempo, Paula passou as mãos sobre a saia do vestido, tentando deixá-lo sem rugas. Usar algo tão caro a deixava nervosa.

Vincent voltou seu olhar para ela.

Quando os olhares se cruzaram, Paula se perguntou por que ele a olhava daquele jeito, com uma expressão meio torta.