Capítulo 276

Capítulo 276: Vamos para Casa (1)

Eu finalmente podia desfrutar de um descanso tranquilo, agora que os principais eventos do Baile de Ano Novo e o casamento da minha subordinada tinham acabado. Eu estava à beira de enlouquecer enquanto lidava com aqueles encrenqueiros nas últimas férias de verão, mas agora era incrivelmente relaxante não ter nada com que me estressar.

Até mesmo o 5º Império, que supostamente seria o grande evento deste inverno, foi esmagado sem que eu movesse um dedo. Eu não me importaria nem um pouco se a vida pudesse ser sempre tão fácil.

"Aqui está."

Enquanto eu encarava o relógio distraidamente, apenas esperando a hora de ir embora, a 1ª Gerente me entregou silenciosamente um pedaço de papel.

Eu assinei imediatamente assim que vi as palavras "Pedido de Licença" no topo. Eu já sabia o motivo daquilo, então não havia necessidade de ler o resto.

"Esta é a primeira vez que tiro férias com meu chefe."

"É a minha primeira vez passando férias com uma subordinada também."

Aconteceu que o lugar para onde a 1ª Gerente planejava ir nas férias era o mesmo para onde eu estava indo: o Condado de Tailglehen, onde o Patriarca e a Mãe moravam.

Eu tinha prometido à Mãe que a visitaria depois do Baile de Ano Novo. Naturalmente, eu não podia ir sozinho, então arrastei uma de suas futuras noras comigo. Como resultado, a 1ª Gerente também teve que tirar férias repentinas.

Felizmente, não parecia que ela se importava.

"Ah, eu comprei um presente para sua mãe também."

"Que atenciosa."

Eu dei um aceno de cabeça para a 1ª Gerente enquanto ela remexia no bolso. O fato de ela estar sendo atenciosa com sua futura sogra era impressionante. O Marquês Iones provavelmente derramaria lágrimas de alegria se visse isso. Honestamente, eu não me surpreenderia se ele alcançasse a iluminação este ano.

"Isso… você acha que ela vai gostar?"

Então, a 1ª Gerente tirou um colar de rubi vermelho brilhante.

Hmmmm.

"...Sim, eu acho que ela vai adorar."

"Verdade? Eu me esforcei muito para escolher!"

Ver a animação nos olhos da 1ª Gerente me fez sentir um pouco culpado, mas eu não retirei minhas palavras. Às vezes, você precisa contar uma pequena mentira para sobreviver.

Pelo que eu me lembro, a Mãe não era de usar roupas ou acessórios vermelhos. Ela preferia cores suaves e quentes a qualquer coisa muito chamativa.

Mas como eu poderia revelar a dura verdade para uma futura nora que havia preparado um presente atenciosamente? Além disso, a Mãe certamente apreciaria simplesmente porque veio de sua futura nora.

Um colar vermelho não faria mal.

Afinal, a 1ª Gerente não foi a única que trouxe um presente. Todas as suas futuras noras haviam preparado algo, sabendo que não podiam visitar seus sogros de mãos vazias.

Elas me bombardearam com perguntas sobre as preferências dos meus pais e todas decidiram comprar colares para ela quando mencionei que a Mãe sempre usava um. Eu não sabia o gosto do Patriarca, então fiquei quieto sobre ele. Elas devem ter descoberto algo para ele por conta própria.

Então, a Mãe receberia um total de seis colares. Nesse caso, um vermelho não faria mal, certo? Se alguma coisa, poderia se destacar entre os tons mais suaves.

*Ela terá um para cada dia da semana.*

O pensamento me fez rir. Graças ao seu filho distraído, minha mãe agora corria o risco de ter que usar um colar diferente todos os dias. Eu deveria ter dito que ela gostava de todos os tipos de joias e não apenas colares.

"Eu também comprei um presente para seu pai. E não se preocupe, eu não me esqueci de você!"

"Espere, por que você está me dizendo isso?"

Fui pego de surpresa pela audácia da 1ª Gerente. Sério? Quem anunciaria seu presente para o destinatário com antecedência?

"Você saberia de qualquer maneira, certo? É natural ganhar um presente no aniversário."

Estranhamente, esse era um bom ponto, então eu concordei com a cabeça.

Era verdade. Ninguém precisava ser lembrado de esperar um presente no aniversário.

*Aniversário, hein.*

Foi estranho ouvir essa palavra. Eu tinha quase esquecido os aniversários desde a minha possessão. Eu tive um todos os anos desde então, mas sempre me esquecia. Além disso, nem era meu aniversário de verdade.

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*— Você poderia vir no final de janeiro, se possível?*

*"Sim, tudo bem, mas há alguma razão em particular?"*

*— É seu aniversário, não é?*

*"Ah."*

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No entanto, o karma de esquecer o aniversário do meu corpo físico voltou com força total. O olhar da Mãe me atingiu como um raio, como se perguntasse: "Que tipo de vida você está vivendo para esquecer seu próprio aniversário?" assim que eu dei minha resposta distraída. Aquele leve tremor em seus olhos tocou uma corda no fundo de mim.

Se eu não tivesse dito nada naquele momento, teria recebido um olhar que era mais como pena, como se eu fosse alguma criatura indefesa. Qualquer um, por mais denso que fosse, poderia sentir isso.

Então, eu apressadamente soltei que estaria trazendo sua sexta futura nora desta vez, aquela que não pôde vir antes. Só então o olhar lacrimoso da minha mãe suavizou. Pareceu um pouco como se eu tivesse jogado a 4ª Gerente embaixo do ônibus, mas quem se importava? Contanto que o resultado fosse bom, então era isso que importava.

"Mas Penelia tem permissão para vir? Eu pensei que a Agência de Serviços Especiais tinha limites rígidos para férias."

Parecia que a 1ª Gerente também estava pensando na mesma coisa, já que ela levantou uma questão muito razoável.

Era verdade que a Agência de Serviços Especiais tinha um processo de férias mais complicado em comparação com outros departamentos. Eu tinha ouvido dizer que eles têm menos vagas disponíveis para férias a qualquer momento também.

"A Unidade Mascarada desistiu da folga."

"Uau…"

Mas se houvesse limites de férias, então eles só precisavam que outros saíssem do caminho. Se toda a Unidade Mascarada renunciasse às suas férias, então a 4ª Gerente poderia facilmente tirar a dela.

…Era aterrorizante que os subordinados desistissem de sua folga por seu superior, mas suponho que isso apenas demonstrava o quão respeitada a 4ª Gerente era.

***

Depois de ajustar os horários de férias entre os funcionários públicos e garantir que a Duquesa Mágica pudesse delegar suas funções ao Vice-Mestre:

"Faz um tempo desde que estive aqui. Ainda é bom retornar."

Graças à maior maga do continente, pudemos viajar confortavelmente. Nós nos teleportamos diretamente para a frente da mansão, e seria honestamente mais estranho se algo tivesse dado errado.

"Obrigado. Tornou a viagem muito mais fácil."

A Duquesa Mágica simplesmente sorriu e balançou a cabeça quando eu a agradeci, como se dissesse que não era nada.

Provavelmente não era grande coisa para ela, considerando suas habilidades, mas ainda era errado dar a bondade de alguém como garantida. Não importa quão pequeno seja o gesto, mostrar gratidão era a coisa certa a fazer.

"Obrigado, Beatrix."

Eu sussurrei meu agradecimento suavemente, e pude ver suas orelhas se contraírem levemente.

Parece que funcionou perfeitamente.

***

Meu coração estava acelerado. Hoje foi a primeira vez na minha vida que eu sairia da mansão. Não era apenas sair do meu quarto, mas realmente deixar o território.

"Sarah, você tem certeza disso? Você não está se esforçando demais, está? Talvez devêssemos ficar aqui. Isso pode ser—"

"Eu estou bem. Eu já fui examinada completamente, lembra?"

Erich parecia mais ansioso do que eu, e vê-lo assim me deixou inquieta. No entanto, este era um passo que eu precisava dar. Eu precisava ser capaz de me mover lá fora se quisesse frequentar a Academia com Erich.

Eu precisava provar e mostrar que frequentar a Academia e sair não seria um problema para mim. Dessa forma, eu poderia ficar ao lado de Erich.

"Todo mundo disse que eu estou bem, lembra? Não se preocupe muito."

Eu coloquei meu dedo gentilmente contra os lábios de Erich, tentando tranquilizá-lo com um sorriso.

O mago que me tratou e os padres disseram que não havia nada de errado. Eles até confirmaram que eu poderia lidar com a vida na Academia, então, teoricamente, tudo deveria estar bem. Este era apenas o processo de transformar a teoria em prática.

“…Tudo bem, eu entendo.”

Erich suspirou em resignação, finalmente cedendo.

"Mas prometa que você vai descansar imediatamente se sentir até mesmo a menor coisa fora do normal."

Ele até adicionou uma condição, mas me fez sentir feliz porque eu sabia que ele estava preocupado comigo.

"Fufu, então eu vou contar com meu cavaleiro de armadura brilhante se algo acontecer."

"Parece que terei que ficar perto de você então."

Sua resposta fez meu rosto esquentar. Eu tinha a intenção de fazer uma provocação divertida, mas ele respondeu tão casualmente que enviou um tremor inesperado pelo meu peito.

*Ficar perto…*

Aquele tremor, no entanto, era de alegria. As palavras de Erich instantaneamente enviaram minha mente para um turbilhão de pensamentos felizes.

Erich enquanto ele ficava ao meu lado e nunca saía, e Erich enquanto ele me escoltava como um verdadeiro cavaleiro. Apenas imaginar isso me fez sentir como se estivesse andando no ar. Parecia um sonho se tornando realidade.

Mas isso não era um sonho. Isso era real.

"Sim, eu estarei contando com você."

Eu sorri e entrelacei meu braço com o dele. Eu pude sentir seu corpo enrijecer imediatamente.

Tão fofo. Seu rosto estava até ficando vermelho. Como ele podia ser tão tímido por algo tão pequeno? Quanta inocência.

"Vamos, vamos lá. Nós não queremos nos atrasar."

"S-sim. Claro. Vamos lá."

Assistir Erich tropeçar em suas palavras me fez sorrir enquanto eu saía confiantemente do quarto.

…Foi só quando passamos por um espelho que percebi que meu rosto estava tão vermelho quanto o dele.

***

Quando chegamos à mansão, a Mãe e a Condessa nos receberam. Fui bombardeada com perguntas assim que entramos pelas portas—a jornada foi desconfortável? Como estava minha saúde? Eu estava com frio?—mas sabendo que suas perguntas estavam cheias de amor e preocupação, eu não me importei nem um pouco.

"Não, eu estou realmente bem. Vocês não precisam se preocupar."

"Como eu não poderia me preocupar, querida?"

A Condessa acariciou gentilmente minha bochecha enquanto falava com preocupação, trazendo um sorriso ao meu rosto. Eu não pude deixar de sorrir. Ela era a amiga de infância da minha mãe e a mãe de Erich, e por causa desse laço, ela até insistiu que eu a chamasse de 'Tia' em particular.

"Eu estou realmente bem, Tia. Você enviou curandeiros tão maravilhosos para cuidar de mim, afinal."

Com isso, ela sorriu levemente e olhou para a Mãe.

"Ela se parece exatamente com você quando era jovem, mas como sua personalidade pode ser tão diferente?"

Eu vi a sobrancelha da Mãe se contrair ligeiramente com a alfinetada inesperada, mas ela se conteve, dado que era minha primeira vez saindo de casa.

Em vez disso, ela lançou olhares para a Tia que falavam volumes—como se ela a estivesse amaldiçoando com seus olhos.

"Deve ter feito muito tempo desde que você viu Carl."

A Tia disse, ignorando o olhar da Mãe.

"Sim, parece que foram anos."

Era verdade; Eu não via Carl oppa há o que parecia uma eternidade. Se não fosse por ele trazer seus amantes de volta ao território ou meu progresso de recuperação, eu poderia não tê-lo visto por ainda mais tempo. Ele estava tão ocupado que não podia nem me visitar enquanto eu estava doente.

*Seis…*

Eu me senti um pouco sobrecarregada ao pensar no número de amantes que oppa traria com ele. Seis ao mesmo tempo… O Conde e sua esposa viviam felizes apenas um com o outro, então por que seu filho, Carl oppa, deveria ser diferente?

*…Eu ouvi dizer que o Conde anterior tinha várias esposas.*

Poderia ser que Carl oppa herdou essa tendência? Isso significava… que Erich poderia acabar como ele algum dia?

*Não.*

Eu apertei meu aperto na mão de Erich. Não. Eu não suportaria a ideia de compartilhar meu cavaleiro com mais ninguém.

Erich era meu cavaleiro. Ele era quem me protegia desde a infância, e eu era a única que esteve ao lado dele todos esses anos.

"Sarah?"

Erich olhou para mim, surpreso quando eu de repente agarrei sua mão.

"Está só um pouco frio… Podemos ficar assim por um tempo?"

Eu sorri suavemente para ele enquanto respondia.

Era uma mentira, é claro. Eu não queria segurar sua mão apenas por um momento—eu queria segurá-la para sempre.

*Esta mão que estou segurando agora… Eu queria que pudesse ser minha e só minha para o resto de nossas vidas.*