O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 450

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 450: O Retorno da Peste Negra

O que entrou em seu campo de visão...

Foi uma cena que só poderia ser descrita como um pesadelo.

"O que... estou vendo...?!"

Até Carmen não foi imune ao choque.

Em todos os seus longos anos de vida...

Nunca havia visto uma quantidade tão imensa de cadáveres reunidos em um só lugar antes.

O céu estava tingido de vermelho pela quantidade de sangue derramada aqui.

O sangue havia formado um lago gigante, tão vasto que Ada e Carmen estavam até os joelhos mergulhadas nele.

À sua frente...

Montanhas de corpos estavam empilhadas uma sobre a outra, tão altas que pareciam colinas enormes.

Criaturas Ameças colossais, algumas delas ultrapassando o nível SS-...

Stalker de Névoa... Lâminas Amaldiçoadas... Golems de Magma... Pássaros de Túmulo...

Todas eram criaturas Ameças aterrorizantes que causaram destruição por incontáveis anos.

E, no entanto, agora... tantos foram massacrados que seus corpos sequer eram reconhecíveis.

No meio desse mar de morte e sangue, os cadáveres das criaturas Ameças não eram os únicos.

Ao observar mais de perto, as duas mulheres perceberam outros corpos...

Corpos humanos.

Suas cabeças tinham sido severamente cortadas e fixadas em lanças altas, decorando a área como um aviso sombrio.

Centenas de cadáveres humanos espalhados pelo chão, enquanto as criaturas Ameças somavam milhares.

Quem quer que tivesse matado esses homens exibira suas cabeças desse jeito...

Para servir de mensagem a qualquer um que ousasse se aproximar.

Demorou um longo momento para Ada e Carmen processarem o que estavam vendo.

Neste coração de morte, até respirar virou tarefa difícil.

O único som que ecoava neste lugar era o grasnar de corujas, que se alimentavam dos cadáveres das Ameças, curtindo sua refeição.

E justo quando Ada e Carmen começavam a procurar por quem tinha causado essa carnificina...

A própria morte veio lhes cumprimentar.

Sem aviso, Ada caiu no chão encharcado de sangue, enquanto Carmen caiu de joelhos, incapaz de se manter de pé.

Com os rostos tomados pelo terror, as duas mulheres foram vítimas de uma aura esmagadora que veio do nada.

Uma pressão intensa que fazia a terra tremer sob seus pés.

Era tão sufocante que Ada quase perdeu a consciência, se não fosse Carmen espalhar sua própria aura na tentativa de protegê-la do pior.

Mas, mesmo com seus esforços, a aura que as pressionava era algo que elas nunca haviam experimentado antes.

Com terror, Carmen levantou o olhar para o topo da montanha de corpos...

Para o lugar onde o monstro por trás dessa aura se erguia.

"Quanta força alguém precisa para liberar uma quantidade tão insana de aura?!"

Era uma aura estranha... ainda assim, familiar ao mesmo tempo.

Froide... e mortal... mas de algum modo suave. Familiar.

'Nível SS+? ... Não. Está muito além disso. Nem mesmo Sir Alon jamais liberou algo assim...'

No começo, Carmen achou que Frey fosse responsável por essa pressão aterrorizante...

Mas ela descartou o pensamento imediatamente. Não havia como a força de Frey ter chegado a esse nível.

'Preciso tirar Ada daqui...'

Mesmo Carmen lutava para manter-se consciente.

Manter Ada neste lugar por mais tempo era demasiado perigoso.

Decidida a fugir com tudo que tinha, Carmen acendeu suas oito estrelas, lançando um último olhar para a figura no topo da montanha de corpos.

E, naquele momento, Carmen percebeu algo aterrorizante:

Se essa pessoa quisesse matá-las...

Eles não sobreviveriam nem um minuto sequer.

Essa conclusão repentina só aumentou seu desespero... e seu medo.

Mas seus temores estavam equivocados.

Sem aviso, a pressão esmagadora desapareceu assim que o jovem retirou sua aura, finalmente permitindo que elas respirassem.

"...Desculpe. Tenho tido dificuldades em controlar minha aura recentemente."

A voz... era familiar.

Fazia tempo, e sua voz estava muito mais profunda agora...

Mas ainda era ele.

O jovem avançou, parado no topo da montanha de corpos.

Finalmente, a figura se revelou.

Segurando um par de espadas negras, vestindo apenas uma calça preta rasgada, descalço, com o peito à mostra...

Com cabelos brancos como a neve, agora muito mais longos... Ele apareceu diante delas.

Com olhos tremendo e um rosto marcado pelo sangue das Ameças, Ada o olhou sem entender o que via.

"Frey...?"

Ela chamou seu nome, mas seu irmão sumiu de repente...

Reaparecendo bem na frente delas num piscar de olhos.

Carmen só pôde ficar parada, sem conseguir acompanhar seus movimentos.

Como ela poderia?

Ele nem se mexeu... Apenas teleportou-se.

Também coberto de sangue, mas um leve sorriso surgiu em seu rosto ao finalmente reencontrar sua única e amada irmã depois de tanto tempo.

"Faz tempo, Ada."

Frey estendeu a mão para ela.

E, ao olhar para aquela mão firme, Ada percebeu o quão tola tinha sido ao vir aqui achando que encontraria a mesma pessoa de antes.

Oito meses podem parecer pouco...

Mas foram tempo suficiente para mudar tudo.

O jovem diante dela era aquele que o Império chamava de a Segunda Vinda do Grande Abraham Starlight...

O guerreiro que os Ultras temiam tanto que o apelidaram de Peste Negra.

Esse era Frey Starlight.

Ao encará-lo, Ada hesitou por um instante antes de finalmente aceitar sua mão, levantando-se novamente, observando ao redor o horror que os cercava.

"Frey... o que aconteceu aqui?"

Só de estar ali, ela sentia-se sufocada.

Mas Frey parecia estar completamente à vontade, como se estivesse em sua própria casa...

Não no meio de um mar de corpos.

Olhando para as montanhas de cadáveres ao seu redor, Frey respondeu de forma simples:

"Este é meu território de caça.

Tenho caçado criaturas Ameças aqui nos últimos meses."

Ao ouvir isso, Carmen e Ada finalmente entenderam por que nenhum monstro Ameça atacou durante todos esses meses na fronteira leste.

Observando mais de perto o terreno ao redor,

Podiam ver marcas de espadas e destruição deixadas por Frey enquanto caçava as Ameças.

Mas os corpos das Ameças não eram os únicos nesta cena.

"E quanto àquelas cabeças humanas...?"

"São Ultras."

Respondeu rapidamente Frey.

"Elas apareceram aqui há quatro meses. Acho que estavam planejando algo, mas, infelizmente para elas... acabaram me encontrando."

Elas continuaram enviando mais forças...

E eu continuei matando."

Parece que as Ultras tentaram realizar algum tipo de operação nas Terras de Pesadelo do Leste...

Mas seus planos terminaram em fracasso completo.

Ada compreendeu tudo isso...

Mas não conseguiu evitar de olhar para aquelas cabeças enfiadas em lanças.

Cabeças decorando esse quadro de morte.

"Por que... por que você foi tão longe?"

Ela perguntou sem pensar.

Matar inimigos era compreensível.

Mas chegar ao ponto de decapitá-los e mutilar seus corpos...

Isso não era algo que seu irmão — aquele que ela conhecia — faria.

Mas Frey não demonstrou reação, respondendo calmamente como se tivesse sido questionado por uma tolice.

"Fiz isso para que meus inimigos entendessem do que sou capaz.

E para que mais viessem buscar vingança."

"Vingança?"

"Sim — para poder matar ainda mais."

Ouvindo essas palavras, Ada ficou sem palavras.

Ao expor as cabeças das Ultras assim, ele plantava medo em seus inimigos,

Ao mesmo tempo, alimentava a fúria deles, impulsionando-os a buscar vingança.

Frey sabia bem que o sangue alto das Ultras era muito diferente do Sangue Inferior.

Eram bastante parecidos com humanos comuns.

Sentiam emoções.

Viviam vidas normais.

Quando seus companheiros eram desrespeitados dessa forma, era natural que sua raiva explodisse.

E exatamente isso que Frey apostava.

Foi assim que matou centenas deles durante seu tempo nas Terras de Pesadelo.

"Depois de torturá-los por um tempo, descobri o que eles estavam tentando fazer recentemente."

Frey falou com frieza e indiferença, seu olhar fixo nas cabeças que ele mesmo tinha colocado num lugar de destaque.

"Parece que eles estão tentando usar as criaturas Ameças na guerra que está por vir, assumindo o controle delas."

Infelizmente para eles, acabaram me encontrando aqui...

Mas podem ter tido sucesso nas Terras de Pesadelo do Sul e do Norte."

Frey continuou falando, mas logo ficou em silêncio ao perceber que Ada e Carmen o encaravam em completo silêncio.

"...O que aconteceu?"

Matar...

Torturar...

De alguma forma, essas palavras haviam se tornado comuns para ele agora.

Coisas que podia fazer sem hesitar,

Como se não significassem nada.

"...Você mudou, garoto."

Carmen finalmente expressou o que pensava, limpando um pouco do sangue do rosto de Frey.

"Antes, eu sempre sabia o que você estava pensando...

Mas agora, ao olhar pra você...

Não vejo nada."

O menino chamado Frey tinha se tornado alguém completamente diferente.

Ninguém podia prever até onde ele iria daqui para frente.

Se essa mudança seria para melhor ou pior...

Ada deu um passo à frente, envolvendo-o em um abraço, sem se importar com o sangue imundo que os manchava ambos.

"Fico feliz que esteja bem, Frey.

Enquanto você estiver seguro... o resto não importa."

Se ele fosse seu irmão ingênuo...

Ou um monstro implacável...

Ada Starlight não se importava.

Aquele jovem sempre seria sua única família.

E Frey percebeu claramente esses pensamentos através do seu Sistema de Afeto,

que o fez abraçá-la apertado em troca.

"Tô de volta, Ada."