O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 449

O Ponto de Vista do Vilão

A caçada, a guerra, a morte, a dor…

Todos esses eram acontecimentos que o Império Humano havia começado a experimentar um após o outro.

Desde o sequestro de seus talentos mais promissores, até a desastrosa investida de Maekar, e por fim a última batalha em que Frey e seus companheiros foram resgatados…

Ou melhor... o que restou deles.

Desde então…

Desde a morte repentina do filho do Líder da Guilda do Dragão de Prata, Danzo…

Passaram-se oito meses completos.

Longos meses de confrontos entre o Império e os Ultras.

Durante esse período, o Império trabalhou na reabilitação de seus guerreiros mais destacados, que haviam ficado presos dentro do cubo prisional, na esperança de utilizá-los na guerra que se aproximava.

Sob a liderança de Sir Alon, cuja experiência em combate era incomparável, e Aegon Valerion, que tinha demonstrado uma inteligência estratégica afiada…

O Império conseguiu fechar suas fronteiras durante esses oito meses, retraindo-se para repelir a agressão dos Ultras.

Mesmo assim, os Ultras nunca lançaram um ataque de proporções totais, deixando a situação cada vez mais clara.

O campo de batalha para a guerra vindoura não seria o Império… Mas sim a terra amaldiçoada dos próprios Ultras.

Foi preciso que o Império se preparasse durante oito meses completos, e os Ultras deram esse tempo de bom grado.

Como se dissessem, palavra por palavra:

"Fiquem à vontade para levar o tempo que quiserem.

O resultado será o mesmo."

Era óbvio que uma conspiração oculta estava em andamento, e invadir o território dos Ultras por conta própria parecia uma ideia horrível.

Sir Alon sabia disso, é claro.

Mas ele não se importava.

A guerra era inevitável.

E desta vez, o Império seria o desafiador… Diferente da guerra de dezoito anos atrás, que foi vencida pelas vidas sacrificadas de Abraham Starlight.

Desta vez, a história se repetiria… Mas em um campo de batalha diferente.

Uma terra amaldiçoada onde a morte já reivindicou o domínio há muito tempo.

— Fazenda Starlight, Montanhas Ocklas ao Leste —

Dentro de uma das câmaras de forja mágica da família Starlight, duas mulheres estavam na borda da sala, observando os magos prepararem a matriz de teletransporte de longo alcance.

"Já se passaram oito meses..."

Ada Starlight falou com uma expressão que refletia tanto saudade quanto expectativa. Carmen Starlight, que estava ao seu lado, concordou com a cabeça.

"Finalmente vai acontecer a cúpula de guerra... será um evento monumental, reunindo todas as maiores forças do Império para lançar oficialmente a guerra."

A Cúpula de Belgrad.

Tradicionalmente realizada todo ano para discutir o estado do Império, reunia chefes das grandes famílias e outras figuras de destaque.

Mas desta vez, a cúpula se transformou em um conselho de guerra, onde os últimos detalhes seriam ajustados em preparação para o conflito tão temido.

"Acabaram me nomeando como vice-comandante de todo esse conselho..."

Ada suspirou frustrada ao se lembrar do momento em que Sir Alon a escolheu como sua braço direito na guerra que se aproximava.

"Sou realmente digna de tanta responsabilidade, afinal?"

Ela quis recusar inicialmente, mas a decisão não era mais só dela.

Agora ela representava toda uma família.

Se ela falhasse, seria o mesmo que toda a família cair.

Com um sorriso suave, Carmen deu um tapinha no ombro de Ada.

"Tenho certeza de que você se sairá bem. Sir Alon pode parecer um velhinho senil, mas ele sabe avaliar as pessoas e suas capacidades. Se ele colocou você nessa posição, é porque vê em você a competência para isso."

Ada Starlight já havia provado seu valor antes…

Quando sabiamente recusou-se a participar da investida desastrosa de Maekar, fazendo da família Starlight a única a manter sua força total.

Depois, ela elaborou uma estratégia que convenceu o próprio Imperador de Ferro a segui-la sem hesitação, demonstrando ainda mais sua competência.

"Não vejo ninguém mais digno para este cargo… mas o verdadeiro problema é com o comandante sob quem você irá servir."

Ao mencionar esse nome, o rosto de Ada escureceu levemente.

"Aegon Valerion..."

"Parece que o príncipe já garantiu seu lugar no trono.

Ele conseguiu convencer até o avô a lhe conceder comando total da guerra que está por vir."

Sir Alon confiou toda a direção ao jovem Aegon Valerion, uma geração brilhante.

Enquanto veteranos como Alon e os anciãos supervisionariam de longe, eles entrariam em combate apenas como armas de destruição em massa.

Ao falar do príncipe, a testa de Ada se fez mais fechada, mas Carmen estava lá para apoiá-la.

"Não se preocupe. Se acontecer alguma coisa, estarei bem aí ao seu lado.

Deixe essa velha ser seu escudo."

Após meses de treinamento, Carmen Starlight quase atingira seu potencial máximo, à beira de obter a classificação SS.

Normalmente, alguém como ela seria enviado ao campo de batalha sem hesitar.

Porém, desta vez, fizeram uma exceção, permitindo que Carmen permanecesse para proteger Ada caso algo desse errado.

Com um sorriso suave, Carmen lembrou-se do dia em que Ada foi nomeada como vice-comandante de Aegon.

Aconteceu há oito meses, logo após a libertação dos soldados imperiais presos no cubo.

"Foi uma condição dele, não foi? Caso contrário, nunca teria aceitado."

Ada soltou um suspiro suave... lembrando dele.

"Frey mudou bastante desde a morte do amigo…

No passado, ele não se envolvia em assuntos familiares."

Seu irmão sempre lutou…

Subindo e descendo, de novo e de novo.

Ela o via frequentemente destruído,

Como se estivesse lutando contra o mundo inteiro sozinho.

Mas, toda vez, ele se levantava novamente…

E dessa vez não seria diferente.

No entanto, diferente de antes, Ada sentiu algo diferente no irmão…

Algo escuro a ponto de fazer arrepios na espinha dela.

Ele parecia uma fera ferida, consumida pela raiva, incapaz de esconder sua intenção assassina por mais tempo.

Não sobrava dúvida: Frey queria lutar desta vez — mais do que nunca antes.

Ele queria matar, massacrar os Ultras até que seu sangue corresse como rios.

Seus feitos não eram segredo, especialmente a história que contavam dele.

Uma narrativa de como ele derrotou um exército de mil homens... sozinho.

Seu desejo ardente por batalha deixava claro que Frey estaria na linha de frente dessa guerra.

Mesmo sem ordens, ele marcharia para o combate por conta própria.

E nada o impediria.

"Ele realmente vai voltar àquele inferno do qual quase escapou..."

A maior parte dos estudantes de elite lutaria para aceitar a ideia de retornar ao Continente dos Ultras, onde sofreram tanto.

Mas Frey era diferente.

"Ele saiu de casa há oito meses, dizendo que ia se isolar para treinar... e que não queria ser perturbado até o começo da guerra."

Ele forneceu as coordenadas de onde pretendia ir…

As Terras do Pesadelo Leste… E, a partir daquele momento, Frey Starlight desapareceu de vista.

Durante sua ausência, Ada verificava regularmente seu sinal de vida pelo dispositivo que plantara próximo ao coração dele, só para garantir que ele ainda estivesse por perto.

E, ao longo de todo esse tempo, nada aconteceu.

Frey vagava sozinho pelas Terras do Pesadelo Leste.

E, desde então, nenhum monstro atacou vindo do leste, deixando as fronteiras silenciosas e assustadoras.

"Ele queria que chamássemos por ele quando a hora da guerra chegasse… e agora, essa hora chegou."

É por isso que Ada e Carmen estavam naquela câmara agora.

"A porta de teletransporte está pronta, minha senhora."

Um dos magos falou com profundo respeito, fazendo uma reverência diante de Ada.

À frente delas, um portal de cor azul brilhante cintilava intensamente, emitindo ondas de auréola tão potentes que era evidente o uso de uma energia imensa para ativá-lo.

"Esse portal vai levá-las diretamente às coordenadas do Lorde Frey. Encontrá-lo lá não deve ser difícil para a Lady Carmen."

Outro mago explicou, e Ada apenas assentiu com a cabeça de forma breve.

"Vamos lá."

Sem formalidades extras, Ada entrou no portal, com Carmen logo atrás.

Apesar de tudo que havia acontecido, Ada não conseguia esconder a saudade de reencontrar seu irmão problemático.

Passaram-se oito meses.

Ela se perguntava se ele ainda era o mesmo de quando a viu pela última vez.

Estava bem alimentado?

Estava dormindo o suficiente?

Estava machucado? Estava bem?

Sua aparência mudou?

O aniversário dele já passou. Agora, ele tem dezenove anos.

Certamente, sinais de maturidade já começavam a aparecer em seu rosto.

Ada queria vê-lo.

Ela queria tanto vê-lo.

E agora, estava prestes a realizar esse desejo.

"Fique perto de mim assim que chegarmos do outro lado. Não esqueça, ainda é território dos Pesadelos."

"Sei."

A advertência de Carmen era válida.

Apesar de as coordenadas serem precisas, não havia garantia de que eles aterrissariam exatamente onde Frey estava.

Criaturas do Pesadelo poderiam atacar a qualquer momento.

Carmen estava preparada para lidar com o que pudesse surgir diante deles.

"Vamos lá."

E, com isso, as duas mulheres passaram pelo portal, iniciando o processo de teletransporte.

Enquanto a luz as envolvia e a paisagem mudava rapidamente diante de seus olhos…

Ada e Carmen se prepararam para várias possibilidades ao chegar lá.

Talvez encontrassem Frey imediatamente.

Talvez criaturas do Pesadelo atacassem.

Ou, quem sabe, simplesmente chegassem a um lugar vazio, desolado.

Era tudo possibilidades.

Mas a realidade… contava uma história completamente diferente.

Quando Ada saiu do portal atrás de Carmen, o chão sob seus pés não era terra sólida…

Mas um líquido viscoso e espesso que a fez recuar instintivamente.

O que bateu em seu nariz não foi o cheiro forte comum nas florestas do Pesadelo…

Mas algo totalmente distinto.

Algo afiado.

E repulsivo.

O odor de sangue.

De muita sangue.

E o cheiro de morte e apodrecimento.