
Capítulo 389
O Ponto de Vista do Vilão
Capítulo 389: 1 contra 1000 (2)
Uma queimadura ardente se acendeu no meu peito, como fogo devorando meu interior.
Eu ofeguei, abrindo a boca de par em par, puxando ar desesperadamente...
Só para exalá-lo como vapor escaldante, misturando-se com a névoa de sangue ao meu redor.
"Huuuuff..."
Quantos eu já tinha matado até ali?
Corte!!!
"Mais rápido!!"
Eu derrubava eles—um após o outro.
As bocas deles se moviam, mas eu não podia ouvir nada.
Talvez estivessem gritando... um último grito antes de abandonar este mundo.
"Mais rápido!!"
Deixava apenas os pirotécnicos de minhas ações, movendo-me ao limite absoluto do que este corpo podia alcançar.
Fui atingido dezenas de vezes, mas bloqueei todas.
Era como se pudesse prever o futuro—desviar era effortless.
Seus estilos de combate, seus movimentos...
Era como se eu já os tivesse visto antes.
Meu corpo brilhava com um brilho negro, de natureza sombria.
Meus movimentos eram incompreensíveis.
Devagar demais.
Preciso demais.
Poderoso demais.
Um golpe. Morte certa.
Os Ultras já não sentiam que estavam lutando contra um mero garoto de dezoito anos...
Mas contra um artista marcial que treinou por séculos.
Um demônio forjado em incontáveis guerras.
Mas isso não poderia estar mais longe da verdade.
> [Adaptação Sombria: 3/7]
Corte à direita. Esquive-se à esquerda.
Salte. Gire. Desvie para frente. Mais rápido!
Mais forte!
Era como se algum espectro estivesse me guiando pelo campo de batalha.
Minha mente alcançou um estado de concentração anormal, completamente desligada da realidade.
"Mais rápido!!"
Quanto tempo havia passado?
"Mais rápido!!!"
Quantos eu tinha matado?
Não sabia.
Mas sempre que parava por um segundo e olhava para trás, via o pesadelo que tinha criado com minhas próprias mãos...
Cabeças decapitadas.
Entranhas espalhadas.
Tórax e membros quebrados espalhados pela terra.
Uma lagoa de sangue carmesim acumulada sob seus corpos.
"Tantos que matei..."
E quando olhei para frente novamente...
Eles ainda estavam vindo.
Uma enxurrada interminável de Ultras vindo de todos os lados, inundando minha visão.
"E ainda tem mais..."
Inspirei profundamente—e avancei novamente.
Meus olhos se moviam em todas as direções.
Os Olhos de Águia varriam o campo de batalha, escaneando cada inimigo com precisão mortal.
"Huffffff..."
Exalando mais aquele vapor escaldante de sangue, continuei a matança.
"Não pare!"
Eu precisava ir mais rápido.
As visões ainda dançavam na minha frente—
Meus camaradas, lutando por suas vidas.
"Mais rápido!!!"
Em determinado momento, o branco dos meus olhos virou sangue-cor vermelho.
E a realidade escorregou completamente de minhas mãos.
Eu sabia que tinha alcançado os mais fortes—
Porque não conseguia mais derrotá-los com um único golpe.
Agora, estava cercado por guerreiros de Classe S.
Elite experiente, que atacava com força ensurdecedora.
Meu corpo fervia.
Minha armadura—pesada e sufocante—foi a primeira a ser destruída.
Tirando ela, joguei-a de lado.
Meu rosto estava encharcado de sangue.
Tentei limpá-lo com o cotovelo... só para descobrir que também estava molhado.
Lá em cima, corvos negros desciam, se banquetando feliz com os corpos que eu deixara para trás.
Seus grasnados, o cheiro de sangue e o calor escaldante da guerra...
Misturavam-se em um só.
O campo de batalha agora era um poço de morte.
Corpos empilhados.
Sangue formando rios sob meus pés.
Meus inimigos ficavam mais fortes a cada segundo.
A Adaptação Sombria me permitia bloquear a maior parte dos ataques, mas os mais rápidos começavam a acertar de vez em quando...
No entanto, não sentia nada.
Meu olhar fixava-se em uma única coisa—
Neles.
"Mate-os!!"
Mais rápido.
"Mate todos!!"
Ouvi um grito.
A princípio, achei que vinha deles.
Mas mesmo cortando suas gargantas, o grito não cessava.
Só quando olhei mais de perto...
Percebi que era eu mesmo.
Um grito de guerra.
Um uivo desesperado.
Uma sede de sangue que nunca tinha sentido antes.
sangue inundava o chão sob meus pés.
Ao trocar golpes a uma velocidade estonteante com seus combatentes mais fortes, cheguei a uma realização aterrorizante...
Isso ainda nem estava perto do fim.
Eles ainda vinham.
A cada segundo, mais Ultras avançavam na minha direção...
Era isso que significava lutar 1 contra 1000.
Continuei correndo como um louco.
Meu corpo se destruía.
Eu estava exausto...
Mas nunca parei.
Naquele lugar... eu perseguia seu espectro.
O espectro do meu pai—que já havia devastado o exército dos Ultras com uma velocidade muito além da minha, e uma força muito maior do que eu poderia igualar.
Tentando acompanhar sua sombra, ele olhava para trás de vez em quando.
"Você ainda tem um longo caminho pela frente... um caminho muito longo."
Com um sorriso sangrento e o corpo prestes a explodir, continuei avançando.
"Eu sei."
Eu sabia exatamente o quão longe ainda estava para alcançar.
Mas não iria parar.
Não caíria.
Por mais que fosse preciso... essa caminhada nunca tocaria o chão.
"Hoooooooooooof..."
A Aura das Trevas e das Sombras brilhou mais forte do que nunca, ceifando a vida dos Ultras um a um.
O poderoso exército de Nokron se viu numa situação nunca antes experimentada.
"Cerquem-no! Continuem atacando!!"
Muitos gritavam.
"Ele é só um homem! Vai cansar no fim!!"
Sacaram canhões mágicos, prontos para atirar...
Mas nunca tiveram essa chance.
Eu já estava muito perto.
A essa distância, armas de destruição em massa eram inúteis.
Eu tinha matado tantos deles.
Tantos...
E quando finalmente parei novamente, meu corpo estava num estado lamentável.
Dezenas de cortes, queimas, hematomas—
Todo tipo de ferimento imaginável.
Encharcado de sangue vermelho, minha carne misturada à deles, a cada segundo a que passava, a sensação de queimação aumentava.
Mas não dei atenção às minhas feridas.
Este corpo se curaria.
Sempre curou.
E sempre curaria.
"Venham!! Todos vocês!!"
Era uma loucura completa.
A velocidade com que destruía eles não fazia sentido algum.
O que os envolvia não era um garoto...
Era um turbilhão de lâminas.
Uma força avassaladora.
Um poder monstruoso.
Foi nesse momento que os Ultras perceberam...
Estavam lutando contra um monstro de verdade.
....
Em outro lugar do mundo...
Com olhos arregalados de descrença, Millicent encarava o horizonte, tentando negar o que seus sentidos mostravam.
"Ele matou... todos eles? Sozinho?"
Eram adversários perigosos.
Não eram todos frágeis.
Eram os Sangues Altos.
A elite da elite—soldados confiáveis em qualquer guerra.
Mas seu inimigo... era simplesmente forte demais.
Os magos ficaram inúteis assim que ativaram contra-magia.
Os Controladores de Ondas nem conseguiram tocar em mim, devido à minha velocidade.
Os duelistas e lutadores de combate corpo a corpo—
Todos foram despedaçados pela Adaptação Sombria, que me permitia desviar de tudo o que tentassem lançar contra mim.
Não importava o que tentassem, por mais desesperados que lutassem...
Minha lâmina os cortaria todos.
"Monstro..."
Um deles gritou.
"Ele é um monstro!!"
Um verdadeiro monstro trazido pelo destino.
Então...
Em poucos segundos, uma sombra enorme pairou sobre o campo de batalha.
E quando aquele punho colossal me atingiu, expulsando-me com força imensa—
Todos perceberam que outro monstro tinha chegado.
O Ghoul.
Lawrence.
...
"HAHAHAHAHA!! Outro! Mais da classe elite!"
Um guerreiro mais forte!!"
Com mais de seis metros de altura, com uma aura destrutiva alcançando a classificação SS—
Lawrence se colocava como um gigante entre seus companheiros.
Seu olho vermelho, cheio de sangue, brilhava intensamente, sedento por sangue monstruoso.
Mas ele não percebia...
Que ele estava encarando nada mais do que a após-imagem que eu tinha deixado para trás.
Porque, em menos de um piscar de olhos—
Eu já estava diante dele.