
Capítulo 148
O Cão Louco da Propriedade do Duque
Capítulo 148
— Uau, você é resistente. Realmente implacável — disse Caron, com a voz cheia de genuína admiração. — Você é pelo menos um oficial de alta patente ou algo assim? A essa altura, sua mente já deveria ter se estilhaçado.
Caron estava honestamente impressionado. Mesmo à beira da morte, Nur guardava seus segredos tenazmente.
— Tudo bem. Você não precisa me contar — disse Caron.
Corte.
Caron enfiou sua espada na perna de Nur mais uma vez, cortando-a com brutal precisão. O grito de Nur ecoou no ar, mas sua perna se regenerou em um instante.
O implacável poder de regeneração do altar há muito se tornara uma maldição. A morte estava fora de alcance. Construído sobre as almas de incontáveis sacrifícios, o altar parecia quase se regozijar no sofrimento de Nur, remontando seu corpo apenas para prolongar seu tormento.
Uma risada distorcida e meio enlouquecida escapou dos lábios de Nur.
— Você... Você já perdeu — Nur murmurou. — No momento em que você pisou aqui, nosso plano foi posto em ação.
— Que plano? — perguntou Caron.
— A essa altura... Outros já terão liberado os vermes vorazes por toda a capital — zombou Nur. — Em breve, ela se tornará um inferno vivo.
Ele riu novamente, oco e zombeteiro, enquanto continuava: — Você se acha tão esperto, não é? Mas, no final, é por sua culpa que os cidadãos morrerão... O sangue deles estará em suas mãos, Caron Leston. E, em breve, o império despertará do veneno da paz.
Caron estalou a língua e balançou a cabeça.
A essa altura, a maioria já teria aberto o bico, mas mesmo depois de dez minutos esfaqueando Nur com uma espada, não houve resultados significativos. Parecia que ele não havia vivido sua longa vida em vão. Ele era um velho, sem dúvida com mais de oitenta anos. Antigamente, no entanto, apenas duas facadas teriam sido suficientes para fazê-lo revelar tudo o que sabia. O Nur que Caron lembrava era o epítome de um traidor ardiloso.
— A ordem sob a Família Ducal de Leston logo cairá — continuou Nur. — Aproveite seu momento enquanto dura, Caron Leston. Nem mesmo o Castelo Azureocean será poupado da guerra.
— Tolos com delírios são perigosos — ponderou Caron com um sorriso malicioso. — Mas talvez a senilidade tenha te pegado, então deixe-me gentilmente explicar para você.
Ele enfiou Guillotine no abdômen de Nur mais uma vez.
— Vermes vorazes? Você acha que liberar alguns insetos vai mergulhar a capital no caos? Isso é uma piada. Claro, haverá alguma comoção, mas um golpe fatal? Dificilmente. O império não é tão fraco — disse Caron.
A noção de que a paz havia enfraquecido a força do império era um absurdo. A família Leston nunca ficaria parada diante de tais ameaças.
— Aposto meu próprio pulso que seu pequeno plano de terror será esmagado em menos de um dia — continuou Caron.
— Tolo arrogante — respondeu Nur.
— Sabe o que eu vou fazer quando sair daqui? — perguntou Caron.
Corte.
Desta vez, Caron enfiou a espada na perna de Nur novamente, provocando outro gemido agonizante.
— A essa altura, a Ordem dos Cavaleiros Lobo do Oceano estará invadindo seus esconderijos. Os sobreviventes? Eles serão interrogados. Minuciosamente. E eles morrerão lenta e dolorosamente — explicou Caron.
— O que você acha que será capaz de obter de peixinhos? Você não será capaz de parar nosso grande plano — disse Nur.
Caron zombou e retrucou: — Você ainda não entendeu, não é? Você acha que estou fazendo isso para ganhar algo?
— Isso é um aviso — continuou Caron friamente, com a voz carregada de ameaça. — Se você mostrar suas presas, você morre. Isso é tudo que eu preciso gravar em seus crânios grossos. Honestamente, espero que todos vocês vivam muito tempo. Vocês são uma excelente motivação.
Nur estremeceu. A pura malícia que irradiava das palavras de Caron não era apenas perturbadora — era aterradora. Superava qualquer coisa que Nur já havia encontrado em sua longa e distorcida vida. Ele se perguntou qual era a fonte desse ódio infinito.
Ele pensou que talvez fosse simplesmente porque Caron era da casa de Leston, mas chegou à conclusão de que não era suficiente. A malícia na voz de Caron era intensa demais.
— Cada vez que eu te vir, vou te matar — continuou Caron, com um tom de alegria cortante. — E mesmo que eu não te veja, vou te caçar e te matar de qualquer maneira. Você sabe como brincar de esconde-esconde, certo?
Nur se encolheu. Nos olhos de Caron, ele viu — uma loucura incontrolável. Uma memória surgiu dentro dele. Aquele olhar... Lembrou-o de alguém. Era um olhar cheio de fúria, aprisionado atrás de olhos escuros e ardentes.
Cain... Latorre... pensou Nur. Os olhos do garoto eram perturbadoramente semelhantes aos de Cain.
— Ah, e eu realmente não preciso de mais informações agora — comentou Caron, puxando Guillotine. Ele chutou o corpo frágil de Nur, enviando o velho para o outro lado do altar.
Mesmo liberto de Guillotine, os membros de Nur se recusavam a obedecer. O mana de Guillotine, combinado com o poder de Pluto, havia devastado cada centímetro de seu corpo.
— Eu já consegui o que queria — disse Caron com um sorriso malicioso. Ele levantou Guillotine e a abateu com toda a sua força.
A lâmina perfurou o corpo de Nur e finalmente se enterrou profundamente no altar. De repente, um lamento ensurdecedor irrompeu das profundezas do altar.
— Aaaaarghhh!
Não era o grito de Nur — era o uivo miserável de algo muito mais antigo e malévolo.
— Eu não esperava que o Imperador Malevolente ainda estivesse vivo — disse Caron enquanto seus olhos escureciam com a percepção. Enquanto outros provavelmente perderiam, não havia como ele perder.
O Imperador Malevolente estava, sem dúvida, vivo. Se não, seu mana sombrio não poderia pulsar tão vividamente com vitalidade.
Além disso, através deste incidente, várias informações úteis foram descobertas.
— Você espalhou suas garras por toda parte, não é? A Torre de Magia, o Palácio Imperial, a Academia, até mesmo a Guarda da Cidade... — disse Caron enquanto estreitava os olhos.
Não fazia sentido que o mana sombrio dessa concentração pudesse ter passado despercebido. A autoridade para investigar fenômenos mágicos que ocorrem na capital pertencia à Torre de Magia; só poderia significar que essas pessoas tinham um cúmplice dentro da Torre de Magia.
E não era apenas a Torre de Magia. O altar havia ceifado a vida de inúmeras pessoas. A maioria deles provavelmente eram cidadãos de favelas, mas mesmo assim, isso não poderia ter acontecido sem a aprovação tácita da Guarda da Cidade.
Desde que um súcubo apareceu no palácio há quatro anos, as investigações estavam paralisadas por falta de pistas. Esta era a pausa que eles estavam esperando.
— Parece que estou levando para casa um belo bônus — murmurou Caron.
Whoosh.
Uma enorme quantidade de mana fluiu para o núcleo de Caron através de Guillotine. A quantidade de mana sombrio que estava dentro do altar era suficiente para preencher um terço do sétimo mar vazio de Caron.
Wooooo.
Os gritos que ecoavam do altar gradualmente diminuíram e, em breve, a luz que ele emitia começou a desaparecer.
Foi só então que Nur percebeu que Caron estava absorvendo o mana sombrio.
— Como... Como você está... — A voz de Nur saiu de sua garganta, fraca e quebrada.
Caron colocou um pé no peito de Nur, olhando para o homem. Um sorriso zombeteiro curvou seus lábios enquanto ele cuspia no rosto de Nur.
— Você é apenas uma boa fonte de mana para mim. Eu não te disse? Mesmo que eu não possa te ver, vou te encontrar e te matar. Ah, e mais uma coisa — disse Caron enquanto ele impiedosamente chutava o maxilar de Nur. O osso da mandíbula do velho se estilhaçou miseravelmente.
— Se você morder a língua, as coisas ficarão problemáticas. Nem pense em morrer facilmente. Você já está na idade para dentaduras de qualquer maneira, então sem reclamações, certo? — comentou Caron.
Nur era um canalha que havia arruinado inúmeras vidas. Caron não tinha intenção de conceder a esse cara nenhuma paz. Ele sorriu enquanto olhava para Nur, que parecia um cadáver.
— Você será um bom presente para o meu avô — acrescentou Caron.
Ele entregaria Nur ao Castelo Azureocean e perguntaria diretamente a Halo sobre o que havia acontecido com o Imperador Malevolente.
Assim como Caron estava pensando no Imperador Malevolente, um grito final ecoou pelo ar.
— Aaaaaah!
Caron olhou para o altar, que de alguma forma havia se dividido ao meio. Ele murmurou: — ...O que foi isso?
Em meio aos gritos, parecia que alguém estava chamando seu nome.
***
A situação chegou ao fim assim.
Caron rapidamente nocauteou os cidadãos que estavam infectados com vermes vorazes, então arrastou Nur para fora do prédio com um chute forte.
Do lado de fora, Luke e os cavaleiros da Ordem dos Cavaleiros Lobo do Oceano já estavam formando um perímetro. Eles pareciam tensos de nervosismo, mas quando avistaram Caron, eles exalaram coletivamente com uma sensação de alívio.
Thwack!
Caron chutou o corpo de Nur em direção aos pés de Luke e caminhou para frente com um sorriso astuto, dizendo: — Tudo limpo.
— ...É este? — perguntou Luke.
— Ele era uma figura de liderança, na verdade. O nome dele é Nur, um dos atendentes do Imperador Malevolente.
O rosto de Luke se contorceu ao mencionar o Imperador Malevolente, um nome que Caron pronunciou sem hesitação. Embora ele suspeitasse, a confirmação deixou um peso pesado em seu peito.
Quando essa verdade viesse à tona, o império seria abalado mais uma vez. Já fazia mais de cinquenta anos desde que qualquer vestígio do Imperador Malevolente foi descoberto.
— Hans, qual é o status dos outros locais? — perguntou Caron, puxando uma garrafa de água de sua bolsa de espaço dimensional e tomando um longo gole.
Hans respondeu em voz firme: — Nós garantimos todos os esconderijos, exceto um. O último deve ser liberado em breve.
— Alguma baixa? — perguntou Caron.
— Não há mortes, dois gravemente feridos e quatro levemente feridos — respondeu Hans.
— Havia cavaleiros estacionados nos outros locais também, eu presumo? — perguntou Caron. Apenas cavaleiros poderiam infligir tais ferimentos em outros cavaleiros.
Balançando a cabeça ligeiramente, ele apontou o polegar para o prédio atrás dele e acrescentou: — Ainda há infectados lá dentro. Eu os deixei inconscientes, então envie alguns homens para lidar com a limpeza.
— Sim, senhor! — Hans saudou.
— Ah, e eu empilhei uma pilha de cadáveres no porão. Lide com aqueles também — acrescentou Caron.
— Quantos são? — perguntou Hans.
— Há vinte e nove — respondeu Caron.
— ...Um bom número — respondeu Hans.
— Um era um 6-Estrelas. O resto era 5-Estrelas. Verifique suas identidades quando você lidar com eles. Nós certamente encontraremos algo útil.
Os cavaleiros eram forças de elite. Eles não eram mercenários que se podia convocar em um momento. Isso significava que eles tinham afiliações em algum lugar. Se eles seguissem esse fio, eles descobririam conexões com os chamados Revanchistas.
Isso foi impecável, pensou Luke enquanto observava Caron com um pequeno suspiro impressionado.
Limpar vinte cavaleiros era impressionante, mas não exatamente chocante. Caron era um cavaleiro 7-Estrelas; oponentes em 5-Estrelas ou 6-Estrelas não tinham chance.
O que impressionou Luke não foi a força de Caron. Foi sua compreensão impecável da situação — sua habilidade de subjugar inimigos e planejar o próximo movimento simultaneamente. Era o tipo de eficiência que não combinava com um mero jovem de dezessete anos.
Caron bebeu o resto de sua água, limpou a boca com a manga, então se virou para Hans novamente. Ele perguntou: — Hans, nós capturamos alguém vivo?
Hans assentiu e respondeu: — A maioria tirou suas próprias vidas quando a maré virou contra eles, mas nós conseguimos capturar três.
— Três — um número perfeito para interrogatórios — disse Caron com um aceno de cabeça satisfeito.
Luke perguntou cautelosamente: — Você estaria disposto a entregar os prisioneiros para nós?
A expressão de Caron ficou fria como gelo em um instante. Ele respondeu secamente: — O quê?
— ...Eu estava só perguntando — murmurou Luke.
Os olhos de Caron brilharam perigosamente enquanto ele perguntava: — Nós fizemos toda a luta, então por que a Guarda Imperial está tentando colher as recompensas?
— Eu preciso relatar algo aos meus superiores — respondeu Luke, suspirando. — Pelo menos me dê algo para dizer.
— Pessoas que se creditam pelo trabalho dos outros geralmente ficam carecas, Sir Luke. Você deveria ter cuidado — disse Caron.
Luke mal conseguiu conter a vontade de dizer algo em resposta.
No entanto, Caron, que já estava se sentindo irritado, olhou diretamente para Luke e falou: — Hans, certifique-se de que isso entre no relatório.
— Sim, senhor, estou ouvindo — respondeu Hans.
— A Guarda Imperial não fez nada além de observar das laterais — disse Caron.
— ...Com todo o respeito — protestou Luke. — Foi sua decisão nos excluir da operação.
— O resultado é tudo o que importa — disse Caron, interrompendo-o. — Espere. Eu preciso fazer um relatório rápido para o Castelo Azureocean.
Ele enfiou a garrafa vazia de volta no bolso e puxou um orbe de comunicação, canalizando seu mana para ele.
— Avô? — ele chamou.
Na palavra "avô", tanto Hans quanto Luke congelaram. Caron estava falando com o Duque Halo — o lendário herói do continente.
No entanto, eles não puderam esconder seu choque com as palavras que se seguiram logo depois.
— O que diabos você esteve fazendo todo esse tempo? Por que você lidou com as coisas assim? Honestamente, estou tão frustrado! — Caron gritou para o orbe.
Luke e Hans trocaram olhares horrorizados. Este lunático estava repreendendo abertamente seu avô — a figura mais reverenciada em todo o continente.
Enquanto eles olhavam para Caron, ambos pensaram consigo mesmos...
Ele é completamente insano, pensou Luke.
Primeiro, foi Lorde Dales. Agora ele está indo atrás do chefe da família? Eu vou precisar enviar outro pedido formal de desculpas... pensou Hans.
Ninguém podia parar o Cão Louco.
E o próximo alvo de Caron era o próprio Duque Halo.