Capítulo 31
A Rainha da Máfia Quer Me Reivindicar Para Si (Em um Mundo Reverso)
— Por que está cheirando à sua esperma aqui, Adam? — ela pergunta, sua voz suave e plana, sem qualquer inflexão. A pergunta paira no ar entre nós, afiada como uma lâmina e duas vezes mais perigosa.
Engulo em seco, minha garganta de repente seca como um osso. O ar parece estar sendo sugado para fora do quarto, deixando nada além do silêncio opressivo entre nós e o trovão do meu coração contra minha caixa torácica.
— Eu estava excitado ontem à noite, então descarreguei uns tiros antes de ir para a cama — minto, as palavras saindo em um jorro. — Deve ter caído nos lençóis.
Minha voz soa estranha aos meus próprios ouvidos, tensa e em um tom ligeiramente alto demais. Suor em gotas na minha testa, apesar do frio da manhã. A mentira paira entre nós, pateticamente transparente.
A expressão de Caterina não muda. Nem um único músculo em seu rosto se contrai. Ela permanece perfeitamente, terrivelmente imóvel, como uma estátua esculpida em gelo. Apenas seus olhos se movem, desviando-se do meu rosto para os lençóis amassados, depois para uma mecha de cabelo castanho no travesseiro que claramente não é minha.
— Interessante — ela finalmente diz, a palavra caindo de seus lábios como uma pedra em água parada.
Ela se aproxima da cama, estendendo a mão para passar seus dedos bem cuidados sobre os lençóis. Ela os levanta ao rosto, inalando profundamente, suas narinas se dilatando ligeiramente. Algo escuro e primal lampeja em suas feições, ali e sumindo tão rapidamente que eu poderia ter imaginado.
Sem outra palavra, ela gira nos calcanhares e caminha em direção à porta, seus movimentos fluidos e predatórios.
— Cat, espere... — grito, minha voz cheia de medo.
Ela não para. Nem sequer reconhece que eu falei. Ela simplesmente desliza para fora do quarto com propósito mortal, seu terninho creme contrastando fortemente com o papel de parede floral caseiro do corredor.
Eu tropeço atrás dela, minha ressaca e terror tornando meus movimentos desajeitados.
Chego ao pé da escada a tempo de ver Caterina entrar na sala de estar, onde a família Harper e Connor se reuniram em tenso silêncio. Lara e Maddy pairam perto da entrada, suas posturas alertas apesar de suas expressões casuais.
O rosto de Caterina se transforma diante dos meus olhos, a raiva florescendo em suas feições como um time-lapse de uma flor mortal se abrindo. Seus olhos carmesins brilham com fogo profano.
— QUAL DE VOCÊS BOTOU SUAS MÃOZINHAS SUJAS NO MEU AMANTE? — ela grita, a violência repentina de sua voz estilhaçando o silêncio tenso.
O silêncio que se segue ao acesso de raiva de Caterina é absoluto, como se todo o oxigênio tivesse sido sugado da sala. Todos permanecem congelados, uma cena de choque e medo. A mão de June agarra o braço de Connor com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. April permanece rígida, seus olhos saltando entre Caterina e eu, calculando algo que não consigo começar a compreender. Gabby recuou contra a parede, sua postura geralmente confiante desmoronada em algo pequeno e defensivo.
Mas é Candice quem se move primeiro. Ela dá um passo à frente, seu queixo se erguendo ligeiramente enquanto ela encontra o olhar ardente de Caterina. Não há medo em sua postura, apenas resignação misturada com um estranho olhar de culpa.
— Eu sinto muito — diz Candice, sua voz firme apesar do leve tremor em suas mãos. Seus olhos piscam brevemente para mim, um olhar que contém um pedido de desculpas. — Fui eu que...
Antes que ela possa terminar sua confissão, a mão de Caterina se move com velocidade aterradora. A arma aparece como se conjurada do nada, uma extensão de sua raiva manifestada em aço frio. Não há hesitação, nenhum aviso, apenas três estalos ensurdecedores que rasgam o tecido da normalidade.
A primeira bala atinge Candice bem entre os olhos, sua expressão ainda presa naquela mistura de desafio e arrependimento. O segundo e o terceiro tiros são pura maldade, atingindo seu corpo já em queda. O sangue floresce em seu peito como flores terríveis, o carmesim se espalhando pelo tecido de seu roupão.
Candice desmorona no chão, o baque suave de seu corpo atingindo a madeira de lei de alguma forma mais alto do que os próprios tiros. Uma auréola escura começa a se espalhar sob sua cabeça, o rico marrom de seu cabelo agora indistinguível da crescente poça de sangue.
Os gritos das irmãs Harper se misturam em um único lamento de angústia que parece vir de todos os lugares e de lugar nenhum ao mesmo tempo. Connor avança, seu rosto contorcido de horror e descrença, mas June e April o seguram, seu instinto de autopreservação momentaneamente mais forte do que sua dor.
Minha visão se estreita, as bordas escurecendo enquanto eu encaro a forma imóvel de Candice. A sala se inclina nauseantemente ao meu redor, a realidade se distorcendo como um espelho de parque de diversões refletindo o pior pesadelo imaginável.
Caterina permanece sobre o corpo de Candice, a arma ainda fumegando em sua mão. Seu terninho creme permanece impecável, nem uma única gota de sangue manchando sua superfície intocada.
Os olhos carmesins de Caterina queimam com fúria profana enquanto ela se volta para seus cúmplices. — Lara, Maddy — ela diz, sua voz terrivelmente calma agora, como o olho de um furacão. — Acabem com o resto.
Maddy acena com a cabeça com eficiência praticada, sua mão já alcançando a arma guardada sob seu falso uniforme de policial. Mas ao lado dela, Lara hesita. Por uma fração de segundo, algo pisca em seu rosto, repulsa, talvez, ou medo antes que suas feições voltem à sua máscara usual de profissionalismo frio.
Minha mão se move antes que minha mente possa processar completamente o que estou fazendo. O peso da arma, escondida na minha cintura o tempo todo, está de repente na minha palma, o metal quente de tanto pressionar contra minha pele. Em um movimento fluido, eu a levanto não em direção a Caterina ou suas capangas, mas para minha própria têmpora. O cano está frio contra minha pele, um pequeno círculo de gelo que de alguma forma queima.
— Espera — eu digo, mas a palavra mal sai apesar do silêncio cavernoso que se segue ao assassinato de Candice.
Caterina lentamente se vira para mim, a arma ainda pendurada casualmente em sua mão como se não pesasse nada. Por um instante, seus olhos sustentam aquele olhar amoroso familiar, aquele que me fazia sentir como o centro de seu universo, precioso e insubstituível. Seus lábios se entreabrem ligeiramente, como se ela estivesse prestes a dizer algo gentil.
— Eu sei que você não lida bem com corpos… — ela começa, sua voz doce como mel.
Então ela vê a arma pressionada contra minha têmpora.
A transformação é instantânea. A expressão amorosa se dissolve, substituída por terror puro que remove todas as suas máscaras cuidadosamente construídas. Sua compostura perfeita se estilhaça como porcelana fina jogada contra o concreto, revelando a mulher crua e desesperada por baixo.
Seu rosto perde a cor, o sangue correndo de suas bochechas tão rapidamente que a deixa com uma aparência fantasmagórica contra o pano de fundo de seu cabelo dourado. Seus olhos carmesins se arregalam, as pupilas se dilatando de medo enquanto se fixam no cano pressionado contra minha pele.
— Adam — ela sussurra, meu nome uma coisa quebrada em sua boca. — O que você está fazendo?
Estou soluçando agora, lágrimas correndo descontroladamente pelo meu rosto, minha visão embaçada enquanto luto para manter a arma firme contra minha têmpora. Meu corpo inteiro treme com a força da minha dor, minha respiração vindo em suspiros irregulares que rasgam minha garganta.
— Você não pode matá-los — eu imploro, minha voz rachando. — Por favor. Caterina, por favor, você não pode matá-los.
Meu dedo treme contra o gatilho, aplicando pressão suficiente para deixar minhas intenções claras. O metal frio crava em minha pele, o peso disso ao mesmo tempo aterrorizante e reconfortante em sua finalidade.
— Eles são inocentes — continuo, cada palavra empurrada através do torno da minha garganta contraída. — Connor é meu amigo. Meu único amigo. Por favor.
Caterina dá um único passo em minha direção, sua mão estendida como para preencher a distância impossível entre nós. Seu rosto se contorce com uma mistura de raiva e desespero, o conflito visível em cada linha de seu corpo.
— Abaixe a arma, Adam — ela diz, sua voz anormalmente calma apesar do pânico em seus olhos. — Você sabe que eu não posso viver sem você.
— Deixe-os ir — eu engasgo, pressionando a arma com mais força contra minha têmpora, o metal mordendo minha pele. — Deixe-os viver, e eu irei com você de bom grado. Eu nunca mais tentarei escapar. Eu serei seu completamente.
Minha voz falha na última palavra, lágrimas escorrendo pelo meu rosto em rastros quentes e salgados.
— Eu juro que vou apertar o gatilho se você machucá-los. — As palavras saem com surpreendente firmeza, apesar do tremor na minha mão. — É isso que você quer? Me ver morrer bem na sua frente? Porque eu vou. Eu vou fazer isso, Cat.
Caterina permanece congelada, seus olhos carmesins arregalados de medo puro. Seu olhar salta entre mim e as irmãs Harper, calculando, pesando opções, procurando uma saída que não termine com meus miolos espalhados pelo pitoresco papel de parede da sala de estar.
Ela olha para a família com puro desdém, seu lábio superior se curvando ligeiramente. Eles se amontoam perto da parede, June e April flanqueando Connor protetoramente enquanto Gabby se ajoelha ao lado do corpo de sua mãe, ombros tremendo com soluços silenciosos enquanto ela agarra a mão sem vida de Candice.
Maddy tem sua arma apontada para eles, sua expressão profissionalmente vazia apesar do caos se desenrolando ao seu redor. Mas eu posso ver a incerteza em sua postura, a leve hesitação em seu dedo no gatilho enquanto ela espera o comando de Caterina.
— Espera! — Connor grita de repente, sua voz rachando de desespero. — Uhhh... coloquem a culpa do assassinato em mim! Certo? — Seus olhos saltam descontroladamente entre Caterina e seus associados, as palavras saindo em um jorro frenético. — Desse jeito, se a gente falar alguma coisa, eu vou me ferrar por isso. Você vai ter vantagem para sempre.
O silêncio que se segue à sua sugestão se estica como caramelo, espesso e desconfortável. O peito de Connor se eleva com respirações irregulares, seu rosto pálido de terror, mas seus olhos brilhando com cálculo desesperado. É um plano terrível, concebido às pressas sob o domínio do medo, mas eu vejo o que ele está tentando fazer, criar uma opção, qualquer opção, que não termine com todos mortos.
Lara quebra o silêncio, sua cabeça se inclinando como um pássaro curioso examinando algo incomum. — Chefe — ela diz, sua voz melodiosa incongruentemente leve contra o pano de fundo de morte e desespero —, eu provavelmente posso fazer isso funcionar.
Os olhos de Caterina se estreitam, a surpresa piscando em suas feições perfeitas. — É?
Lara acena com a cabeça, um brilho calculista substituindo a hesitação momentânea em seus olhos. — É realmente perfeito. A gente encena como um arrombamento que deu errado. Mas se alguém falar, a gente pode simplesmente dizer que Connor matou a mãe em um acesso de ciúme quando descobriu sobre Adam, então a gente deixa as impressões digitais dele na arma. Eles nunca vão falar porque ele se ferraria por assassinato.
Minha mão treme contra minha têmpora, a arma ficando mais pesada a cada segundo que passa. O cano crava em minha pele, o metal frio esquentando contra minha carne enquanto o suor se acumula na minha testa.
— Maddy? — Caterina pergunta, sua voz cuidadosamente controlada enquanto ela se vira para sua outra tenente.
Maddy encara a arma pressionada contra minha cabeça. Seus olhos saltam entre mim e Caterina, avaliando a situação com o cálculo frio de alguém que sobreviveu tomando as decisões certas em situações impossíveis.
— A gente teria que ter alguém observando eles — ela diz finalmente, seu tom medido e pragmático. — Alguém para garantir que eles nunca falem. Nunca.
— Tudo bem, tudo bem! — Connor grita, sua voz rachando de desespero. Ele dá um passo à frente apesar da mão restritiva de June em seu braço. — Coloquem alguém em cima de nós. Nos façam ser seguidos. O que vocês quiserem. Só, por favor, não matem mais ninguém.
As irmãs Harper permanecem congeladas, dor e terror gravados em cada linha de seus corpos. June permanece ligeiramente separada, seus olhos fixos em Connor com uma expressão de horror misturado com lealdade de partir o coração.
O olhar de Caterina salta entre elas, então volta para mim, seus olhos carmesins calculando sob o verniz de pânico. Eu quase posso ver as engrenagens girando por trás daqueles olhos, pesando opções, medindo riscos, procurando a solução que lhe dá o que ela quer com o mínimo de complicações.
— Adam — ela diz, meu nome suave em seus lábios enquanto ela dá outro passo cauteloso em minha direção. — Por favor, abaixe a arma. Nós podemos resolver isso.
Eu balanço a cabeça, pressionando o cano com mais força contra minha têmpora. — Prometa — eu exijo, minha voz mais firme do que me sinto. — Prometa que eles vivem. Todos eles.
Algo muda na expressão de Caterina, uma mudança sutil que transforma seu rosto de meramente bonito para quase angelical em sua sinceridade.
— Eu prometo — ela diz, e por um momento, eu acredito nela completamente. — Apenas volte para casa comigo, querido. Por favor.
— Eu não acredito em você.
Meus olhos vagueiam para a forma imóvel no chão, a poça crescente de carmesim sob sua cabeça. Candice se foi, apagada da existência por minha causa, porque eu trouxe essa escuridão para a porta dela.
— ADAM, SÓ ABAIXA A PORRA DA ARMA, CARA! — Connor grita, sua voz rachando de pânico puro. Seus olhos estão arregalados de terror, não por ele, mas por mim. — POR FAVOR! A gente vai dar um jeito nisso! Só não... não faça isso!
O desespero em sua voz me corta como uma faca. O pensamento de Connor me vendo morrer envia uma nova onda de angústia através do meu corpo, fazendo a arma vacilar ligeiramente contra minha pele.
Caterina vê a hesitação, o afrouxamento fracionário do meu aperto. Seus olhos carmesins suavizam, enchendo-se de lágrimas que parecem genuínas. — Querido — ela sussurra, dando outro passo cauteloso em minha direção, sua mão estendida como se estivesse se aproximando de um animal ferido. — Por favor. Eu te amo. Nós podemos recomeçar.
As palavras familiares me invadem, e por um momento, eu me sinto enfraquecendo. O peso da arma parece aumentar dez vezes, puxando músculos cansados de tensão e medo. Meu braço começa a abaixar, apenas ligeiramente, o cano se afastando da minha têmpora em pequenos incrementos que parecem quilômetros.
— Isso — Caterina encoraja. — Volte para mim.
Meu braço abaixa outra fração de polegada, o cano agora angulado ligeiramente para longe da minha cabeça.
— Apenas deixe ir, querido. Deixe-me cuidar de tudo.
Ela dá outro passo em minha direção. Sua mão se estende, dedos se esticando em direção à arma com lentidão agonizante.
A arma se move para baixo, meu braço finalmente se rendendo a Caterina enquanto ela a pega de mim.
— Bom garoto — ela diz, as palavras não mais calorosas, mas mecânicas, uma recompensa distribuída a um animal de estimação que finalmente obedeceu. Ela coloca minha arma no bolso, então estende a mão para dentro do blazer e produz uma braçadeira.
Eu não resisto enquanto ela pega meus pulsos, amarrando-os com movimentos rápidos e econômicos. O plástico crava em minha pele, apertado demais, cortando a circulação em pequenos incrementos que se tornarão agonia nas horas que virão. Mas eu mal noto a dor física. Meus olhos estão fixos em Connor e nas irmãs Harper, seus rostos congelados em dor e terror.
— Eu sinto muito — eu digo silenciosamente a eles enquanto Caterina agarra meus pulsos amarrados e começa a me puxar em direção à porta.
Caterina faz uma pausa na soleira, voltando-se para examinar a cena com o olhar crítico de um diretor avaliando um cenário. Seu olhar carmesim paira sobre o corpo de Candice, a poça crescente de sangue, a família chorosa amontoada contra a parede.
— Lara, Maddy — ela diz, sua voz nítida e profissional, todos os traços de emoção anterior cuidadosamente apagados. — Deixem essa porra de cadáver pronto. Façam parecer convincente.
Lara acena com a cabeça enquanto Caterina entrega uma arma a ela. Seus olhos azuis brilhando com entusiasmo renovado agora que a crise passou. Ela se move em direção ao corpo de Candice com a eficiência ansiosa de alguém que gosta muito do seu trabalho.
Caterina olha para as irmãs Harper, sua expressão friamente avaliadora. — Ajudem a família a criar uma história convincente? Certifiquem-se de que elas entendam o que acontece se alguma vez respirarem uma palavra sobre o que realmente aconteceu aqui hoje.
A luz do sol entrando pela porta aberta parece obscena contra a escuridão que desceu sobre esta casa. Caterina me puxa através da soleira e para a varanda, o ar da manhã fresco contra meu rosto manchado de lágrimas. Um SUV preto espera na calçada, motor funcionando, janelas escuras não revelando nada do que está dentro.
— Tudo vai ficar bem agora — Caterina sussurra enquanto me guia pelos degraus, sua voz uma paródia grotesca de conforto. — Você está voltando para casa, onde você pertence.