Escolha-me! Gacha Infinito

    Capítulo 273

    Escolha-me! Gacha Infinito

    Tradução: Nimsay

    No dia seguinte, quando os heróis começaram a ir para o septuagésimo oitavo andar, Qlqr1 não me chamou. Ela deve ter percebido que não era necessário acionar tudo o que tinha antes de chegar ao octogésimo andar.

    Assim, o Grupo Um teve um pouco de descanso.

    ‘Mas não iremos descansar por muito tempo.’

    Qlqr1 havia tomado uma decisão. Independentemente de dar certo ou não, ela estava pronta para encarar o desafio de frente.

    Estávamos subindo um andar por dia, acelerando para um empurrão final. Como sempre, quando ela achava que estávamos preparados, ela nos mandava para a ação sem hesitação.

    Era algo para o qual eu precisava estar mentalmente preparado.

    Mesmo nos meus dias de jogatina implacável, passei por momentos difíceis no octogésimo andar.

    Não posso garantir uma taxa de cem por cento de sucesso mesmo naquela época. O sucesso de conquistar o octogésimo andar dependia não apenas de habilidade, mas também de sorte.

    Mas mesmo assim, naquela epóca, Niflheimr agiu como se meu sucesso estivesse garantido.

    Quando a dificuldade de um jogo atinge níveis extremos, a sorte se torna tão crucial quanto a habilidade.

    Eles não puderam ver o quanto minhas mãos tremeram quando conquistei o octogésimo andar naquela época. Talvez pensassem que eu o havia superado suavemente. Mas não foi o caso. Eu estava incrivelmente tenso.

    Eu olhei para cima e o céu indicava que Qlqr1 estava mexendo no jogo. 

    Ultimamente, ela estava sempre conectada ao Escolha-me!, se preparando sem descanso. Ela reorganizou os esquadrões de ataque inúmeras vezes, reorganizou as ferramentas do centro tático, inspecionou a embarcação e nutriu os heróis. Pelo que parecia, ela não estava dormindo.

    A Mestra não parou.

    E era isso que importava, se ela tivesse medo do fracasso e parado a expedição, eu não teria ficado em Taoni. Embora a tenha xingado muito no começo, olhando para trás, eu escolhi a pessoa certa.

    ‘Bem, ao menos ela segue bem as instruções.’

    E ela também cuida bem dos heróis.

    Olhei para frente, vendo o salão de entrada da mansão. Uma grande vitrine de metal estava ali.

    ‘Finalmente concluído.’

    Uma coleção de mil estátuas de cavalos de guerra era um dos meus objetivos antes de deixar este lugar.

    Era como colecionar selos. Só lutar e treinar torna a vida muito chata. Embora alguns tenham sido perdidos durante um acidente explosivo, consegui completar a coleção de cavalos de guerra de alguma forma.

    Aproximei-me da primeira estátua na vitrine.

    Pelo marrom bem bronzeado e corpo musculoso. Seus dois cascos erguidos exalavam poder selvagem. Essa é a estátua número trinta e sete que foi escolhida como comandante da cavalaria. 

    Foi a única estátua que sobreviveu à explosão. Até dei o nome para ela.

    ‘Seris.’

    Ri disso por um momento, peguei um punhado de estátuas de cavalos da lateral e as coloquei no bolso, tocando o sino preso na parede.

    Ding! Um som claro ressoou e uma garota vestida de empregada saiu.

    Ela era a empregada doméstica exclusiva designada por Qlqr1 para cuidar de diversas tarefas domésticas.

    — Você chamou, Mestre Han.

    — Tenho um favor a pedir.

    A menina fez uma profunda reverência.

    — Quando eu for ao octogésimo andar, descarte todas essas estátuas.

    — …Perdão?

    — Você pode jogá-las no lixo ou queimá-las. Deixo isso com você.

    — M-mestre Han!

    Virei as costas e saí. Mas parei logo depois.

    — Ah, deve ser um desperdício descartar algo dado pela Mestra, né?

    — Talvez você deva reconsiderar…

    — Então eu as darei a você. Pegue todas. O que você acha?

    A expressão da garota ficou rígida. Quando voltou a falar, estava gaguejando.

    — C-como eu poderia… c-com itens tão valiosos que o mestre preza…

    — Você trabalhou duro todo esse tempo. Considere isso uma recompensa.

    A menina hesitou, mas pareceu tocada pelo presente de alto valor.

    ‘Afinal, eu já me diverti bastante com elas.’

    As estátuas me ajudaram a controlar o estresse e foram bem eficazes. 

    Aquela empregada também deve estar sob muito estresse, então espero que esse presente seja benéfico para sua saúde mental. Tendo feito isso, saí da mansão.

    Assim que o fiz, uma pontada de dor percorreu meu peito. Finalmente entendi como Gyebaek se sentiu quando matou sua própria família antes de ir para Hwangsanbeol###TAG###1###TAG###.

    ‘É uma pena… Não.’

    Balancei a cabeça.

    Os cavalos de guerra devem estar ansiosos para saírem do lugar depois de ficarem presos por tanto tempo. Será bom para eles encontrarem uma nova dona.

    A julgar pela atitude dela, a garota cuidaria bem deles. Assobiando, peguei o elevador para os andares inferiores.

    Num canto isolado da praça do segundo andar, a Sala dos Epitáfios###TAG###2###TAG### ficava em um local escondido, longe do tráfego de pedestres.

    Passei pelos guardas e entrei nas profundezas do columbário. Havia vitrines contendo as relíquias de antigos combatentes de Taoni. Cada vitrine tinha uma placa de identificação.

    Entre eles estava Eolka, que havia morrido no trigésimo quinto andar. Os primeiros membros do grupo um, Zeeth e Hanson, também estavam aqui. Não muito longe dali estava Edis, a ex-líder do grupo dois.

    Abri a caixa de vidro que fechava o columbário e coloquei as estátuas de cavalos do meu bolso lá dentro.

    ‘Sem arrependimentos…’

    Deixei Zeeth e Hanson morrerem no quinto andar. Não salvei Edis, que havia sido deixada sozinha na embarcação em chamas. Observei, no templo subaquático, Eolka sangrar até morrer…

    ‘Mas…’

    Logicamente isso é mentira. Tentei não fazer arrependimentos, mas não consegui evitá-los. Muitas vezes pensei em voltar para mudar o resultado.

    Olhei para o leque de alta qualidade e o casaco de pele dentro do armário, as relíquias de Eolka. A única da qual me arrependi repetidamente. 

    Eu ainda consigo vê-la sendo arrastada para o mar profundo se eu fechar os olhos###TAG###3###TAG###.

    ‘Eles disseram que a trariam de volta.’

    Se eu subisse até o topo, Taoni seria restaurada ao seu estado original. Mas eu ainda posso fazer essa promessa?

    Sentei-me na cadeira em frente à vitrine.

    [Você tem alguma coisa em mente?]

    Isel apareceu, espalhando poeira estelar. Ela devia estar me observando.

    Bem, dizem que quando as pessoas começam a fazer coisas incomuns, seu fim está próximo.

    — Só arrumando.

    [Arrumando?]

    — Eu posso morrer no octogésimo andar. Só para garantir que não haja pontas soltas.

    [Quê? Você, Loki, morrer? O mesmo Loki que derrotou El Cid e subiu ao octogésimo oitavo andar de Niflheimr? Que tolice!]

    Isel acenou com as mãos vigorosamente.

    Não respondi, apenas sorri.

    — Ei, Isel. Eu estava pensando.

    [Hum? O que é? Pergunte.]

    Recostei-me na cadeira, lembrando da cena que testemunhei durante a cerimônia de Fomento da sexta estrela. Não foi nada significativo, apenas um vislumbre de mim mesmo quando fui abandonado no orfanato.

    Meu objetivo era mais confirmar algo simples.

    — Que tipo de pessoa era Han Israt?

    [Han Israt?]

    — Não eu, aquele que originalmente deveria vir para cá. Ele se parecia comigo?

    [Não, de jeito nenhum!]

    Isel, sentada no meu ombro, começou a tagarelar.

    [Aquele cara era uma criança, não tinha nem dez anos. Como ele poderia ter alguma conexão com você, Loki? Eu soube assim que vi a lista de heróis.]

    — …Uma criança pequena###TAG###4###TAG###…

    [É, vocês dois não são nada parecidos. Vocês são muito diferentes em tamanho e constituição!]

    Isel batia os pés enquanto falava.

    [A representante trocou vocês dois. Normalmente, não há sobreposição entre dimensões superiores e inferiores, exceto em casos raros como este. Se alguém aqui tentasse ir para o planeta Terra, seria dilacerado pela pressão dimensional!]

    — Entendo.

    [Sim.]

    Resumindo, fui trocado com Han Israt, um herói padrão, pela deusa ‘Tell’. Não havia conexão entre mim e ele. Os seres de dimensões superiores e inferiores não podiam coexistir.

    ‘Só estou pensando em uma teoria sem fundamento.’

    Balancei a cabeça. É só um pensamento passageiro que nem faz sentido. Nada se encaixa nessa história e preciso focar minha energia mental em algo mais produtivo.

    Por exemplo, minha ascensão para sete estrelas.

    Depois de atingir o nível máximo de um seis estrelas, tentei ascender ao nível impossível, já que tenho o Livro que Desafia os Céus. Se a ascensão fosse bem-sucedida, poderia continuar a escalada em condições mais favoráveis.

    No entanto, foi um fracasso completo. Mesmo com Isel usando a autoridade da Mestra para verificar as coisas, a janela de Fomento não abria. É óbvio que estou esquecendo de algo, mas não sei o que é.

    ‘Vou lutar com seis estrelas por enquanto.’

    Qlqr1 também não esperaria mais.

    Olhei para o lado vendo Isel, ainda empoleirada no meu ombro, sorrindo para mim.  Pensei no quão despreocupada essa criaturinha está sendo e sorri de volta.

    Um tempo se passou depois disso. A cada dia, Qlqr1 subia mais um andar e, por fim, chegou ao septuagésimo nono.

    Dei uma olhada rápida nos registros das tentativas de Niflheimr no octogésimo andar para me preparar para o desafio final. O octogésimo andar apresentaria pelo menos três padrões complexos. Qlqr1 sozinha não seria capaz de lidar com isso.

    ‘Existem três grandes obstáculos.’

    O primeiro obstáculo é a Série Fragmentos, milhares deles invadirão o cenário e armas convencionais ou magia não podem causar dano a eles. Eles são uma das principais razões pelas quais muitos mestres falham.

    O segundo obstáculo é o príncipe herdeiro. Ele bloqueará meu caminho com dois seres antigos. A combinação dos Fragmentos e um chefão formidável deixou muitos mestres loucos durante suas tentativas de chegar ao octogésimo andar.

    O terceiro obstáculo é o padrão aleatório imprevisível. Ele altera a natureza da missão, introduzindo sub-objetivos que mudam constantemente, desorientando tanto o mestre quanto os heróis. Embora completá-los pudesse ajudar na missão, o octogésimo andar era tudo menos indulgente.

    ‘Isso será mais angustiante do que foi em Niflheimr.’

    Quando eu era Loki, podia enviar uma equipe de reconhecimento à frente para ter uma ideia da missão.

    Mas dessa vez, esse truque não funcionaria. Qlqr1 enviou uma equipe de prisioneiros para reconhecimento algumas vezes, mas eles foram eliminados quase imediatamente. Isso significa que terei que enfrentar o octogésimo andar sem nenhuma informação prévia.

    Respirei fundo e acalmei minha mente. 

    Não há tempo para pensamentos ociosos, preciso prosseguir com lógica e razão.

    E então, tarde da noite Qlqr1 começou a distribuir consumíveis para os heróis.

    O significado disso era evidente. Ela sempre fazia isso antes de cada Andar Principal.

    ‘Amanhã tentaremos finalizar o octogésimo andar.’

    Outros heróis notaram a atmosfera e começaram a se movimentar ativamente. Os oficiais, responsáveis ​​por liderar o ataque, reuniram-se no Salão de Estratégias para revisar as táticas de Qlqr1 e se preparar para a mobilização.

    Eu poderia participar se quisesse, mas tinha outras prioridades.

    O papel do Grupo Um era subjugar o chefão principal, o príncipe herdeiro Pryos Al Ragna.

    Conversei com Halkion e Assinis, aprendendo sobre as habilidades dos outros seres antigos e como eles poderiam se combinar para causar problemas enquanto elaborava estratégias com os membros do Grupo Um.

    ‘Seria ótimo se tivéssemos mais um membro.’

    Mesmo que não seja um grupo completo, a ausência daquela pessoa era palpável.

    — Então, finalmente chegamos a esse ponto.

    Um dia antes da subida ao octogésimo andar, sentei-me no meu quarto com Velkist e Jenna.

    — Ele parece ser muito forte… Nós vamos vencer, né?

    < Desde que sigamos o treinamento. >

    Halkion murmurou enquanto alisava o bico. Ao lado dele, Assinis, agora um furão branco, bicava algumas sementes.

    Velkist estava polindo sua espada.

    — Teria sido legal se Aaron estivesse aqui###TAG###5###TAG###. Quem sabe quando ele vai aparecer.

    — Talvez ele gostou de ficar por lá.

    — De jeito nenhum, ele definitivamente vai voltar.

    — Se ele vem ou não, não importa. Eu farei o que preciso fazer. — Velkist sacou sua espada e inspecionou seu fio. — Mas o que tem te incomodado tanto ultimamente?

    Olhei para trás em silêncio.

    Meus olhos caíram sobre um grande saco de couro, que chegava até o teto, no canto da sala.

    ‘Não tinha espaço sobrando?’

    Metade das estátuas não foram descartadas. Ela recusou, alegando que não havia espaço em seu pequeno aposento.

    Eu teria dado a ela com grande determinação.

    Olhei para o saco, cabisbaixo.

    — Amanhã iremos para o próximo andar — murmurei.

    — Sim.

    — E eu tenho um pedido. Vocês o farão?

    — Claro, o que é?

    Levantei-me, fui até o saco e abri a parte de cima.

    — Cada um deve pegar trezentas estátuas.

    1. Aqui ele faz referência a Batalha de Hwangsanbeol. Se quiserem saber mais é só pesquisar.[###TAG###↩]###TAG###
    2. Lembrei que o nome do lugar era esse. Se vocês relerem ou lembrarem de alguma parte com o nome Sala/Área de Armazenamento, ou depósito, me avisem para que eu possa mudar.[###TAG###↩]###TAG###
    3. Sabia, perder tantas pessoas assim deixa traumas.[###TAG###↩]###TAG###
    4. Pera, era para o original vir com dez anos? Mas o Han não veio como um jovem adulto…? Tem caroço nesse angu…[###TAG###↩]###TAG###
    5. Você pensou o que eu pensei. Cadê meu bebê mentalmente instável?[###TAG###↩]###TAG###