
Volume 1 - Capítulo 30
I Can Copy and Evolve Talents
Capítulo 30: Escudos de Carne
Enquanto marchavam, Northern inicialmente acreditou que estavam se dirigindo ao castelo. No entanto, para sua surpresa, eles continuaram além do castelo, sua jornada persistindo. A cada passo, o terreno da montanha gradualmente mudava do vermelho para o marrom, e à medida que se afastavam do castelo por quilômetros, transformava-se em um preto desolado.
Eles seguiram em frente, despercebidos e ignorados. Qualquer um dos prisioneiros que não conseguia acompanhar o ritmo e desmaiava era rapidamente esfaqueado e morto pelos implacáveis demônios. Nada impedia sua marcha, nem mesmo uma pausa momentânea.
Quando os outros monstros testemunharam essa demonstração brutal, o medo os dominou, obrigando-os a continuar andando, mesmo descalços. Eles atravessaram trilhas pedregosas sem nenhum tipo de calçado, embora parecesse que estavam acostumados a tais condições adversas. Para o único humano entre eles, no entanto, era uma experiência grosseira e desconfortável.
Quando acordou depois de ser capturado pelo Terror Noturno, Northern percebeu que a maioria de seus pertences havia desaparecido. Sua mochila, camisa e botas de couro tinham sumido. O que restou foi sua calça cinza, agora enegrecida e manchada com a sujeira e o sangue seco da mina. A calça pendia frouxamente de sua cintura, embora não o suficiente para cair sem algum esforço. Ocasionalmente, ele tinha que puxá-la para cima para evitar mais constrangimentos, especialmente quando revelava a linha de suas nádegas expostas.
Gradualmente, eles se afastaram do terreno rochoso e entraram em planícies negras. A cor do céu mudou sutilmente de cinza para preto, envolvendo-os em uma noite ainda mais escura do que aquela que haviam passado na mina-prisão. Northern havia perdido a conta de quanto tempo estavam caminhando, mas estimava que fossem pelo menos cinco quilômetros. As solas de seus pés ficaram dormentes, rasgadas pelas bordas afiadas das pedras em que pisava. Suas panturrilhas, joelhos, cintura e costas doíam a cada passo. Cada parte de seu corpo gritava de dor. Ele ansiava por descansar, mas sabia que não era uma opção. Esses monstros não hesitariam em cravar suas armas em seu abdômen se ele ousasse parar. Então, Northern, com a mente torturada, continuou a seguir em frente.
Finalmente, sua árdua jornada chegou ao fim. No entanto, o que Northern viu não lhe trouxe alívio. Diante deles, havia uma muralha de monstros, alinhados lado a lado, armados com armas rudimentares e emanando uma aura sanguinária. Os escravos seguiam atrás dos monstros, e ao chegarem, essas criaturas vis inesperadamente se separaram, permitindo que os escravos passassem como se fossem celebridades veneradas. Ao alcançarem a primeira fila, Northern finalmente compreendeu a gravidade da situação.
Uma horda de monstros fervilhando esperava, seus olhares escarlates diabólicos ardendo de fúria. Pernas reptilianas arranhavam o chão irregular sob suas peles escamosas e deformadas. Garras pretas curvas se estendiam de mãos nodosas, algumas empunhando armas cruéis que brilhavam cruelmente na escuridão. Fileiras e fileiras de presas irregulares alinhavam suas bocas grotescas, abertas e prontas para dilacerar a carne. Uma aura de selvageria primordial envolvia a multidão, suas posturas curvadas e tensas, prontas para atacar com violência desenfreada. Seu número esmagador impressionou Northern, uma massa de carne deformada que preenchia a extensão. No meio dessa horda selvagem estavam os escravos, alinhados na primeira fila ao lado dos monstros.
Os olhos de Northern se arregalaram com a compreensão. "Vamos ser usados como escudos de carne?", ele ponderou. Talvez ele estivesse superestimando esses monstros, mas não fazia sentido nenhum por que eles trariam todos os prisioneiros, marchando quilômetros até o coração de um campo de batalha. Eles não podiam lutar, e mesmo que pudessem, estavam acorrentados. No entanto, eles serviriam como escudos eficazes para os monstros do Reino da Mina Vermelha para obter vantagem na batalha. Parecia que o conflito estava apenas começando, pois os monstros também pareciam ter chegado recentemente.
Northern brevemente questionou essa ideia em sua mente, apenas para ser distraído pela emergência de figuras de ambos os lados. Primeiro, ele vislumbrou uma criatura corpulenta saindo da multidão oposta, emanando uma aura palpável de poder e autoridade malévola. Seus olhos ardiam como brasas, prontos para se inflamar em abismos de fogo infernal. Músculos ondulações sob suas escamas cruzadas por cicatrizes, cinzas e manchadas por respingos de sangue de batalhas passadas. Sua estrutura imponente exibia força sádica, cada centímetro marcado por um sentimento de maldade. A cada passo pesado, um rosnado sutil escapou de suas fauces, até que alcançou o centro da multidão, diretamente em frente a eles.
O olhar de Northern lentamente se voltou para o lado, onde outro monstro emergiu da multidão de escravos, avançando para a frente. Por sorte, Northern se viu em pé no centro da primeira fila. Seus olhos se arregalaram quando o monstro se aproximou dele. Raiva intensa invadiu suas veias quando ele reconheceu o rosto familiar. Quatro olhos vermelhos vazios brilhavam cruelmente com intenção predatória. Northern podia sentir as ondas de orgulho e poder bruto emanando do olhar e da postura imponente da criatura. Ali estava, o ser monstruoso, segurando um porrete pontiagudo com suas garras perversas como foices. Sua cauda sinuosa se enroscava sob suas pernas, pronta para uma ação letal.
Northern olhou para a criatura por trás, seus olhos se estreitando com uma intensidade feroz. Era uma constatação lamentável que, não importa o quanto estivesse consumido pela raiva ou o quanto ansiava por vencer esse monstro, ele permanecia totalmente despercebido, apesar de sua presença flagrante diante dele. O fato de ele não conseguir nem deixar um arranhão em sua forma formidável, muito menos matá-lo, acendeu os fogos da fúria de Northern. Era muito irritante que ele não estivesse sendo notado pela própria personificação do terror que ele tanto desprezava?
Desde que chegou a este continente escuro, Northern havia testemunhado um pouco de aspereza, mas nunca havia matado um monstro com suas próprias mãos. Exceto, claro, através das ações de seu clone. Ele não tinha as mãos ensanguentadas necessárias para empunhar a arma intangível da sede de sangue. Não importava o quão profundo seu ódio ou sede de vingança, sua falta de derramamento de sangue o tornava invisível para criaturas que transbordavam de um desejo insaciável de violência.
Com um olhar feroz gravado em seu rosto, Northern continuou a observar as costas do Terror Noturno. Pouco ele esperava que o próprio monstro que o atacara e o trouxera até ali fosse o comandante de todo o exército do Reino da Mina Vermelha. Uma mistura tumultuosa de orgulho e ódio surgiu dentro dele, este último decorrente de sua percepção de que este terror era a causa raiz de todo o seu sofrimento. A mera ideia disso fez seu sangue ferver descontroladamente. No entanto, ao lado de seu ressentimento, ele não pôde deixar de reconhecer a imensa força e poder possuídos por este terror. Será que ele estava secretamente torcendo pelo reino das Minas Vermelhas, apesar de tudo?
Quando o terror deu um passo à frente, suas garras se estenderam, revelando veias pretas inchadas pulsando sob sua pele. Plantando seus pés com garras firmemente no chão, ele soltou um rosnado gutural que ressoou pelo ar, ensurdecedor para os ouvidos. O comandante do exército opositor respondeu com um rosnado ecoante próprio. Em um instante, o Terror Noturno se lançou para frente, transformando-se em uma sombra que se fundiu perfeitamente com a escuridão envolvente da noite.