Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 6

Pai, Eu Não Quero Me Casar

— Ah, desculpa.

Sem querer ofender meu pai, me desculpei rapidamente. Tentei mexer a mão, mas meu pai segurou meu pulso.

— Fica quieta.

De repente, meu campo de visão oscilou. Deixei escapar um grito abafado quando me vi nos braços do meu pai, naquela carga de princesa constrangedora demais para ser mencionada em voz alta.

— Erm, p-pai?

Estava envergonhada por estar nessa posição diante de tanta gente, então comecei a gaguejar, o que não era típico de mim. Em vez de responder, ele começou a caminhar para algum lugar enquanto me carregava.

— Vamos voltar para a carruagem.

Ao ouvir isso, olhei para ele com surpresa.

Seus olhos azuis estavam gelados e seu rosto tenso. Parecia que estava chateado por eu ter interrompido seus planos.

— Pai, estou bem mesmo.

Tentei acalmá-lo, mas fui ignorada.

— Relaxe.

Preso na vergonhosa carga de princesa, me senti envergonhada.

“Por que hoje está sendo assim?”

Primeiro, o incidente na loja de armaduras antes e agora isso. Será que foi por estresse? Por alguma razão, minha cabeça ainda latejava de dor.

Quando finalmente me sentei na carruagem, meu pai começou a tirar meus sapatos, mas eu não consegui encontrar uma oportunidade para dizer nada.

“Ai, isso dói.”

Senti um formigamento na parte de trás do meu calcanhar, deixando claro que estava arranhado.

“Vou ter que passar um pouco de remédio quando chegar em casa.”

Enquanto eu suportava a dor, ouvi uma voz dura falar.

— Por que você não disse nada?

Parecia que meu pai estava de muito mau-humor por eu ter interrompido sua agenda.

“Por isso que eu disse que estava bem quando você insistiu em voltarmos.”

O estresse estava se acumulando bastante, mas me esforcei para não mostrar meu desconforto.

— Não é grande coisa, podemos retomar nossas compras.

Respondi calmamente, fingindo que nada havia acontecido. Assim, ele não me veria como inútil.

“Isso deve estar bom, certo?”

Contrariando minhas expectativas, ouvi uma voz fria e gélida.

— Estamos indo para casa.

— Eh? Mas…

— Pare de dizer besteira e fique quieta.

Fechando a boca diante de suas palavras que me impediram de dizer mais alguma coisa, suspirei. Mesmo fazendo o máximo para ser gentil e obediente o dia todo, a expressão do meu pai não era boa.

“Ah… é tão difícil agradá-lo.”

Pode ter sido pelo estresse acumulado, mas minha testa estava quente e minha cabeça ainda latejava.

“Por que tenho me sentido assim desde antes?”

Podia sentir que meu corpo estava um pouco mais estranho do que o normal.

— Juvelian.

Ao ouvir meu nome, olhei para o meu pai, que suspirou antes de abrir a boca novamente.

— Vou encontrar um belo… cor… teus pensamentos…

Isso é estranho. A voz do meu pai continuava cortando e, por alguma razão, minha cabeça estava dormente e eu não conseguia pensar direito.

“Bem, tanto faz. Deveria estar tudo bem se eu apenas concordar com tudo.”

Com medo de ofendê-lo se dissesse não, apenas assenti com a cabeça diante de suas palavras. Minha cabeça estava estranhamente pesada. Sentindo que mais forças me abandonavam, não consegui mais manter a cabeça erguida.

Ouvi a voz do meu pai:

— O que está acontecendo?

Felizmente, consegui ouvir isso claramente.

“Não é nada, então você não precisa se preocupar comigo.”

Mas antes que pudesse expressar meus pensamentos, vi seus olhos se abrirem surpresos.

— Juvelian?

O som do meu pai gritando meu nome foi a última coisa que lembrei antes que tudo se tornasse negro.

Uma carruagem com o brasão de uma flor de lírio branca e uma espada, simbolizando a Casa de Floyen, podia ser vista ao longe.

O mordomo, que esperava sua chegada, sorriu.

“Ele parecia tão ansioso para ter um encontro com a filha, espero que tenha corrido bem.”

Recordando a imagem de seu amo cedo pela manhã, questionando as criadas sobre os gostos da filha, o mordomo falhou em reprimir seu sorriso.

Logo, a carruagem chegou à mansão e o mordomo se curvou para cumprimentar seu amo.

— Sua excelência, voltou…

O sorriso desapareceu rapidamente do rosto do mordomo, seus olhos se arregalaram em choque.

— M-Minha Senhorita!

Juvelian, que parecia doente e pálida, estava nos braços do Duque como uma boneca sem vida.

— O que diabos…?

Aturdido, o mordomo ficou sem palavras, mas uma voz rouca o fez voltar à realidade.

— Derrick.

Embora seu rosto estivesse endurecido como gelo sólido, havia um sentimento de pânico nos olhos do Duque.

— Chame Allen imediatamente.

Quando era criança, às vezes eu ficava doente. Talvez porque nunca fosse grave, mas meu pai nunca aparecia durante esses momentos.

A indiferença do meu pai para comigo quando eu estava doente costumava me deixar bastante triste, mas eu não estava tão chateada como quando era mais jovem.

— … acorde…

Ao ouvir o som de um murmúrio abafado em meu ouvido, tentei abrir os olhos.

Embora minha visão estivesse bastante embaçada, pude distinguir o rosto distorcido de um homem. Meu corpo se sentia como se estivesse flutuando nas nuvens, não conseguia dizer se isso era um sonho ou realidade.

— Juvel!

Isso é estranho. Não há como você me chamar por esse nome ou me olhar com um rosto que parece prestes a chorar.

— Por favor, não, se eu também te perder…

Dizem que os sonhos são manifestações de sua inconsciência, que refletem seus desejos mais profundos.

— Por favor, acorde.

Realmente, que sonho cruel.

Com esse pensamento, afundei novamente na escuridão.

Quando finalmente recuperei a consciência, vi que estava na minha cama.

— Minha Senhorita, está se sentindo bem?

A primeira coisa que vi foi o rosto do médico da família, Allen. Só então lembrei que tinha desmaiado antes.

— Allen, quanto tempo eu fiquei fora?

— Você dormiu por quatro dias.

Olhei ao redor do quarto com um pouco de esperança. Vi as criadas me olhando com preocupação.

— Minha Senhorita, você está realmente bem?

Marilyn, Julia, Sella.

Como esperado, meu pai não estava à vista.

“Bem, não é como se eu estivesse esperando por ele de qualquer maneira.”

Quando meu pai nunca apareceu no meu baile de debutantes, eu sabia o que ele pensava de mim. Para ele, minha existência era apenas um subproduto irritante.

Allen se animou quando ouviu o som da porta se abrindo.

— Ele veio, senhor?

Pensando que provavelmente era Derrick, virei a cabeça, apenas para abrir os olhos em choque. Quem entrou pela porta foi meu pai, não Derrick.

“Como?”

Enquanto o olhava com espanto, ele colocou uma mão leve em minha cabeça.

— Vejo que você está acordada.

Ao contrário da voz baixa que eu tinha acabado de ouvir, a mão em cima da minha cabeça estava bastante quente.

“Estou sonhando?”

Ainda não conseguia acreditar na sensação estranha, nem percebi que o estava encarando. Sua mão caiu da minha cabeça.

— Descanse um pouco.

Olhando fixamente para a figura que saía da sala, soltei uma pequena risada.

“Não se adiante, Juvelian.”

Lembrei da imagem do meu pai que me havia marcado profundamente desde jovem, assim como a forma como ele me abandonou na história original. Não seria bom para seus subordinados ter a imagem de um pai sem coração, ignorando sua filha doente. Provavelmente, foi por isso que ele veio me ver um momento atrás.

Decidindo não ter expectativas ridículas, enterrei qualquer esperança persistente.

— É porque ele tem trabalhado demais. Por favor, tire um dia de folga.

Depois que Allen me aconselhou a ficar quieta e descansar completamente por pelo menos um dia, decidi ler um livro na minha cama.

“Estou tão entediada.”

Gostaria se fosse um romance geral, mas o livro que estava lendo era sobre gestão empresarial e de pessoal.

“É isso que acontece por não estudar.”

Alguém poderia se perguntar por que a única filha de um duque se incomodaria em estudar, mas era porque a realidade não era tão grandiosa quanto parecia.

As chances de meu pai dar seu título a uma pessoa incompetente como eu eram inexistentes, ele poderia até mesmo trazer uma nova esposa e ter um novo herdeiro. Nesse caso, eu me casaria e me tornaria independente dele, ou viveria apenas com alguma propriedade herdada.

Na verdade, eu não tinha planos de me casar.

“No momento em que me casar, os riscos que terei que enfrentar serão muito maiores.”

Neste Império conservador, havia muitas restrições sobre as atividades das mulheres casadas.

As mulheres devem ser diligentes para manter a reputação da família, bem como sua própria reputação como donas de casa. Além disso, se o marido fosse incompetente, ela poderia ter que restringir seus gastos considerando o marido e os filhos.

“Isso vai contra meus planos de poder viver minha vida, gastar e brincar tanto quanto eu quiser até o dia da minha morte.”

Isso deixava apenas uma opção.

“Se eu me tornar independente depois de receber parte da herança, tenho que ser capaz de proteger esse dinheiro.”

Claro, se tivesse sorte, poderia receber muito dinheiro e talvez até mesmo um título mais baixo, mas o problema estava no que viria depois.

Infelizmente, as únicas coisas que aprendi depois de reencarnar como Juvelian foram conhecimentos básicos e etiqueta que um nobre deve saber. Em outras palavras, eu teria dificuldade em sobreviver sozinha. Normalmente, nessas circunstâncias, alguém poderia alcançar independência aumentando sua riqueza, mas eu sabia meu lugar.

“Nem todo mundo pode administrar um negócio.”

Embora eu tivesse conhecimento do mundo moderno, não havia muitas coisas que eu soubesse fazer. Além disso, não sou boa em falar ou fazer negócios, nem tenho boas conexões. Provavelmente eu me endividaria e faliria.

“A resposta é receber e manter a quantidade certa de dinheiro do meu pai, mas ainda não descobri como fazer isso.”

Suspirei quando cheguei a uma conclusão insatisfatória. Então, ouvi um golpe na minha porta.

(Toc-Toc)

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